Generais Paulo Assis, Mourão e Partido Militar firmaram pacto em 2018:
pouco depois Mourão foi convidado para vice
Hamilton Mourão e Paulo Assis, poucos meses antes
do acerto com Jair Bolsonaro para emplacar Mourão como candidato a vice,
estavam em tratativas junto de lideranças do Partido Militar, projeto ainda em
construção com apoio do Deputado Capitão Augusto e militares de patentes médias
das Forças Armadas.
Na época, ouvidas pela Revista Sociedade militar,
lideranças da sigla informaram que Mourão havia declarado apoio ao policial do
Bope André Monteiro para candidatura ao governo do Estado do Rio de Janeiro,
com base no chamado “projeto vencedor”, que consistia – entre outras medidas –
em instituir militares, oficiais ou praças, como presidentes de diretórios em
todos os municípios do estado.
Já se enxergava naquele momento que a tendencia da
sociedade em seguir as orientações políticas dos militares das Forças armadas e
auxiliares poderia alavancar candidaturas. O ex-deputado federal Professor
Joziel foi um dos políticos eleitos com a ajuda do projeto.
Poucos meses antes, em abril de 2018, o deputado
Flávio Bolsonaro havia declarado apoio a lideranças militares no estado do Rio
de Janeiro e vice-versa.
Trecho da notícia publicada em 08/05/2018na época:
“O Partido Militar-RJ – que tem diretórios em várias cidades do estado – recentemente realizou evento que contou com a
presença de Flávio Bolsonaro, onde lançou vários pré-candidatos a deputado
federal, deputado estadual e governador. A sigla, que ainda não é registrada,
tem boas relações com o PRTB, mas deve lançar as candidaturas também por outros
partidos. No EVENTO ocorrido no dia 15 de abril foram apresentados, além de
membros da diretoria, o Professor Joziel, pré-candidato para deputado federal e
Andre Monteiro (Militar do BOPE), para governador do Rio de Janeiro.”
Desde 2013
O Partido Militar era um sonho antigo compartilhado
por Jair Bolsonaro e outros militares. Desde 2013 o político comparecia a
eventos da sigla, que naquela época havia sido rechaçada pela diretoria do
Clube Militar do Rio de Janeiro. O clube não enxergava no projeto do Capitão
Augusto um futuro promissor.
General
investigado por fraude em compra de coletes balísticos afirma que General Braga
Netto prometeu ajudar
O General da reserva Paulo Assis encontra-se no
centro de uma investigação de fraude. As suspeitas giram em torno de compras
realizadas durante uma intervenção federal de segurança pública no Rio de
Janeiro.
Segundo a Folha de São Paulo, o Palácio do Planalto
teria recebido a visita de Assis 25 vezes durante o governo de Jair Bolsonaro,
entre 2019 e 2022.
O militar da reserva é suspeito de interferir em
favor da empresa norte-americana CTU Security. A empresa, especializada em
equipamentos de segurança, aparece no relatório da Polícia Federal.
Algumas das visitas de Assis ao Palácio do Planalto
coincidiriam com os dias em que ele teria interferido a favor da CTU Security.
A Operação Perfídia, conduzida pela Polícia
Federal, está investigando a aquisição de coletes balísticos pelo Gabinete de
Intervenção Federal.
Este gabinete era liderado pelo General da reserva
Valter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro.
A CTU Security teria recebido uma carta de crédito
de R$ 35,9 milhões em janeiro de 2019 para fornecer coletes balísticos. No
entanto, o material nunca foi entregue.
O contrato foi suspenso em setembro de 2019 devido
a suspeitas na documentação da empresa.
Após a suspensão do contrato, representantes da CTU
entraram em contato com o general Paulo Assis. Ele prometeu usar sua influência
para ajudar a destravar o processo.
No entanto, o contrato foi anulado.
Assis fez várias visitas ao Palácio do Planalto,
onde se encontrou com o órgão responsável pela análise do caso.
Ele também se referiu a encontros com Braga Netto,
que na época era chefe do Estado-Maior do Exército.
Assis afirmou que Braga Netto prometeu interferir a
favor da CTU Security.
Braga Netto afirmou, em nota, que “os contratos do
Gabinete de Intervenção Federal seguiram absolutamente todos os trâmites legais
previstos na lei brasileira”.
O que
significa a fala do general Maurício Vieira: Militares “deixaram de fazer o que
deveriam fazer”
A questão das armas “desaparecidas” do Arsenal de
Guerra do Exército em São Paulo foi encarada como um dos mais graves
acontecimentos dos últimos anos envolvendo o Exército Brasileiro. O Exército,
extremamente exposto na mídia por conta dos acontecimentos políticos dos
últimos meses, comandado pelo general Tomás Miguel Miné, acabou envolvido em
outra grande crise e dessa vez foi apontado como instituição irresponsável no
trato com equipamentos de alto poder de fogo, como as metralhadoras .50.
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira
(1º), o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste, general Maurício
Vieira Gama, responsabilizou parte dos militares que atuavam no Arsenal de São
Paulo, em Barueri, no interior paulista, pelo furto de 21 armas do quartel.
Dezenove militares foram inicialmente presos como medida disciplinar.
Ao ser ouvido sobre a situação ocorrida, o oficial
general disse que: “O fator responsável por esse episódio foram as pessoas que
deixaram de fazer o que deveriam fazer. Isso está muito bem diagnosticado.
Essas pessoas foram sancionadas disciplinarmente e podem também estar
criminalmente envolvidas. E aí o inquérito criminal militar é que chegará a
essa conclusão.”
As declarações indicam que o comando local já tem
praticamente certo quem são os responsáveis, que inclusive tiveram seus pedidos
de prisão preventiva feitos pela autoridade militar. A fala do oficial
significa que alguns militares, apesar de não serem cúmplices do crime,
possivelmente deixaram de cumprir rotinas e tarefas previamente estabelecidas
nos regimentos internos do quartel, como inspeções e verificações nos paióis de
munições e armamento, o que acabou facilitando o furto das metralhadoras
Browning e posterior retirada de dentro da instituição militar. A falta de
vistoria na viatura oficial do comandante do quartel ao passar pelo portão
também é uma questão a considerar.
Na semana passada, veículos de imprensa revelaram
que um cabo é suspeito de usar um carro oficial do Exército, usado para
transporte do então diretor do Arsenal de Guerra para retirar do quartel as 13
metralhadoras antiaéreas calibre .50 e oito metralhadoras calibre 7,62
furtadas. O cabo era o motorista pessoal do tenente-coronel que dirigia a
unidade militar.
Derrotas
e assédio do Planalto minam os planos do PL para as eleições de 2024
O PL anunciou, no sábado, mais um pré-candidato às
eleições de 2024. Em evento com presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, a
deputada federal Rosana Valle (SP) foi apresentada como a aposta da legenda
para a Prefeitura de Santos (SP). Ela se soma ao ex-ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, pré-candidato em João Pessoa, e ao deputado estadual Bruno Engler, em
Belo Horizonte.
Mas os planos do presidente do partido, Valdemar
Costa Neto, de tornar o PL um campeão em conquista de prefeituras — projetou
vencer em aproximadamente 1,5 mil municípios —, está ruindo, na opinião de
analistas políticos. E por duas razões principais: as inelegibilidades,
decretadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, de Bolsonaro e Walter Braga Netto
— que era visto como potencial candidato da legenda à Prefeitura do Rio de
Janeiro — e a manobras do governo Lula para isolar os radicais da extrema
direita na bancada do PL na Câmara.
O general da reserva foi condenado pelo TSE por
abuso de poder político nos atos do Bicentenário da Independência em 2022 — era
vice de Bolsonaro na chapa à reeleição. Com chances remotas de recuperar o
direito de ser votado, Valdemar apresentou o deputado Alexandre Ramagem (RJ)
como substituto nas corrida. A indicação pareceu não ter agradado ao senador
Flávio Bolsonaro (RJ), que também estava cotado para ser lançado na disputa.
Porém, contra Ramagem pesa a acusação de ter
tornado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que presidiu de 2019 a
2022, um braço de Bolsonaro para bisbilhotar inimigos, críticos e adversários.
Para isso foi utilizado o software First Line, desenvolvido por uma empresa
israelense e capaz de rastrear sinais de celular.
Além dos problemas internos, o Palácio do Planalto
vem fazendo acenos para que setores do PL passem à órbita do governo. Na semana
passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu o Conselho Político de
Coalizão, no Palácio do Planalto. Nesse grupo, estavam pelo menos oito
presidentes de partidos, líderes e vice-líderes que apoiaram Bolsonaro em 2022.
A estratégia é isolar o ex-presidente e voltar a derrotá-lo nas prefeituras.
• Adesismo
No PL, um bom número de parlamentares tem votado
com o governo. No final de maio, a legenda orientou que os deputados fossem contra
a medida provisória que reestruturava os ministérios do governo Lula. Porém,
sete deputados da sigla decidiram votar com o Planalto. Já na aprovação do
projeto das offshores, 12 deputados fecharam com os governistas.
Outro episódio foi quando o PL determinou que os
deputados votassem contra um destaque em um texto do Planalto que retomou o
Programa de Aquisição de Alimentos — oito deputados acompanharam a base
governista. Em agosto, a sigla orientou posição contrária a uma medida
provisória do governo que concedia um reajuste salarial de 9% a servidores
públicos federais. Dezesseis parlamentares da sigla não seguiram a indicação.
Em setembro, o PL determinou uma obstrução a outra
medida que abriria um crédito de R$ 200 milhões para combater a gripe aviária.
Sete decidiram apoiar a proposta do Executivo.
Alguns deputados do partido têm sido notados pelas
vezes que votaram com o governo. Como João Carlos Bacelar (BA) e Júnior
Lourenço (MA). Outro é Robinson Faria (RN), pai de Fabio Faria, ex-ministro das
Comunicações no governo Bolsonaro. A essa lista se soma Samuel Viana (MG).
Bacelar foi aliado do ex-governador da Bahia e
atual ministro da Casa Civil, Rui Costa. Em maio, foi agraciado com uma
indicação a um cargo de chefia na Superintendência do Patrimônio da União na
Bahia.
Na campanha eleitoral do ano passado, Lourenço
anunciou nas redes sociais que apoiaria Flávio Dino (PSB-MA) para o Senado —
está licenciado para ocupar o posto de ministro da Justiça e Segurança Pública.
Já Robinson, quando era filiado ao PSD, foi eleito governador do Rio Grande do
Norte, em 2014, em uma coligação com o PT.
Samuel é filho do senador Carlos Viana
(Podemos-MG), que foi candidato do PL ao governo mineiro. Mas se distanciou de
Bolsonaro, em março, e se desfiliou da sigla.
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), não é
visto como um "radical" no Palácio. Na reunião do conselho, o
ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma citação
elogiosa à postura não só de Côrtes, mas também do líder do PSDB, Adolfo Viana
(BA). Disse que "mesmo não sendo da base, ajudam no diálogo".
• Irmão
de Tasso Jereissati é o maior doador do partido de Arthur Lira
O empresário
Carlos Jereissati, irmão do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), é, até o
momento, o maior doador individual do PP, partido do presidente da Câmara,
Arthur Lira (AL).
Um dos donos da rede de shoppings Iguatemi, Carlos
doou R$ 141,8 mil para o PP em março deste ano, conforme a prestação de contas
apresentada pela legenda à Justiça Eleitoral.
Apesar de ser irmão de um dos principais caciques
do PSDB, o empresário costuma priorizar o PP em suas doações. Nas eleições de
2022, por exemplo, ele doou R$ 300 mil para a diretório nacional da sigla de
Lira.
• Candidatos
agraciados
Carlos também doou diretamente para candidatos, mas
nenhum deles era tucano. Entre os agraciados, estavam o deputado Eunício
Oliveira (MDB-CE) e o atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE),
eleito senador.
Fora do Ceará, o empresário doou para dois
candidatos do PP. Foram R$ 150 mil para Alexandre Baldy, que tentou se eleger
senador por Goiás, e R$ 100 mil para o deputado estadual Delegado Olim (SP).
Fonte: Revista Sociedade Militar/Agência
Estado/Metrópoles
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