quinta-feira, 28 de setembro de 2023

4 conclusões sobre a participação de Joe Biden no piquete de grevistas

Na terça-feira (26), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se tornou o primeiro ocupante do cargo a se juntar a um piquete de grevistas. O momento histórico ofereceu uma antevisão da eleição de 2024 no país, em que o democrata deve ser candidato à reeleição, e sublinhou o compromisso de longo prazo do mandatário com uma economia centrada no trabalhador.

A visita de Biden antecedeu em um dia a do ex-presidente Donald Trump, que deve enfrentá-lo na disputa e espera reduzir o apoio do atual presidente entre os eleitores operários.

O fato criou um dos contrates mais diretos entre os prováveis adversários, à medida em que cada um deles olha cada vez menos para as primárias e mais para as eleições gerais.

Pouco após o anúncio da greve pelo United Auto Workers (UAW) — sindicato que representa trabalhadores do setor automotivo –, Biden expressou seu apoio à causa.

Ele também enfrentou pressão de seus colegas de partido para parecer proativo depois de prever, publicamente, no início de setembro, que não ocorreriam paralisações.

Apenas quando o presidente do sindicato convidou publicamente o chefe do Executivo, ele mudou sua agenda de viagens e definiu uma ida a Michigan.

Nessa altura, Trump já havia anunciado seus próprios planos de visitar o estado — contrariando a recomendação do UAW.

Usando um boné do sindicato e um megafone para se pronunciar, Biden demonstrou uma ruptura com as tentativas de neutralidade de seus antecessores. Ofereceu o exemplo mais explícito de sua premissa econômica, centrada nos trabalhadores, e não nas corporações.

“Agora eles estão incrivelmente bem”, disse ele, sobre os lucros das montadoras após receber assistência federal. “E adivinhe: você também deveria estar incrivelmente bem”.

·         Biden vs. Trump no campo de batalha de Michigan

Pela primeira vez nesta temporada de campanha, Biden e Trump competem diretamente pelos mesmos eleitores, cada um tentando apelar aos trabalhadores sindicalizados.

“Vocês merecem um aumento significativo”, disse Biden na visita. “Nós os salvamos, já é hora de eles nos defenderem.”

As visitas sublinham uma semelhança em identidades políticas amplamente divergentes: reivindicar a posição de defensor da classe trabalhadora. O poderoso bloco eleitoral poderá ajudar a decidir as eleições do próximo ano. Biden venceu Michigan por pouco em 2020, mas Trump conquistou o estado em 2016.

As circunstâncias, contudo, evidenciam diferenças: enquanto Biden foi convidado, Trump não é “bem-vindo” nos atos, conforme o presidente do sindicato.

Embora o republicano tenha anunciado seus planos antes do atual presidente, a Casa Branca insiste que a visita desta terça não foi estimulada pelo antecessor.

Trump, que não planeja aderir a um piquete, falará em um local não sindicalizado. O sindicato não considera o evento na Drake Enterprises em Clinton Township, Michigan, como uma manifestação de solidariedade ao UAW, segundo uma fonte sindical.

·         Biden anda na linha tênue com as montadoras

Embora se denomine o “presidente mais pró-sindical da história”, Joe Biden adota um limite quando se trata de apoio soa trabalhadores do setor automotivo.

Quando um repórter questionou se um aumento salarial de 40% para a área deveria ser aplicado, os grevistas gritaram que “sim”, e foram acompanhados pelo democrata.

Contudo, a Casa Branca alega “não estar envolvida” nas negociações. Antes da viagem do presidente, a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre afirmou que “é algo para as partes envolvidas decidirem como vai funcionar”.

Biden manteve contato com executivos da indústria automotiva, inclusive por telefone, nos dias que antecederam a paralisação, mas não se reuniu com eles durante a visita a Michigan.

Uma greve prolongada poderá repercutir na economia do país, o que pode provocar aumento nos preços dos veículos e mudanças na cadeia de abastecimento.

Ainda que o presidente esteja claramente ao lado do sindicato, ocupantes de seu cargo habitualmente trabalham pela neutralidade em disputas trabalhistas. O próprio Biden interviu, no início de seu mandato, para evitar uma greve no setor ferroviário.

·         À procura de apoio

Ao sair do Força Aérea Um, avião oficial da presidência norte-americana, em Michigan, Joe Biden disse “não estar preocupado” com o que seria necessário para obter o apoio do sindicato responsável pelo movimento.

A agremiação tem tradicionalmente apoiado o Partido Democrata, e é difícil visualizá-la caminhando na direção de Donald Trump em 2024.

Ainda assim, o UAW tem expressado preocupação com os esforços do presidente pela transição da frota automotiva norte-americana em veículos elétricos.

Dadas as atuais negociações contratuais da área, não surpreende que o sindicato adie o apoio a qualquer candidato, buscando as melhores condições que conseguir para isso.

O presidente do UAW, Shawn Fain, elogiou Biden por sua participação no piquete, e falou duramente contra os executivos do setor: “Eles pensam que são donos do mundo, mas nós é que fazemos ele se movimentar”.

·         Aparição histórica

Primeiro presidente em exercício a participar de um piquete. A Casa Branca procurou realçar o fato realizado por Joe Biden, retratando-o como um momento em que a história foi escrita.

Em 2019, o democrata esteve em Kansas, onde vestiu uma camiseta vermelha do UAW e subiu na carroceria de uma caminhonete. No ano seguinte, se juntou aos trabalhadores de cassinos, em Las Vegas. Em ambos os casos, ainda não ocupava o cargo atual, que assumiu em 2021.

Embora alguns de seus correligionários na posição tenham expressado apoio aos sindicatos historicamente, suas posições foram mais discretas. John F. Kennedy, por exemplo, permitiu aos trabalhadores federais o direito à negociação coletiva, mas alertou-os sobre os riscos econômicos envolvidos em uma greve.

Durante seus mandatos, Bill Clinton e Barack Obama procuraram resolver paralisações que poderiam ter amplas repercussões na economia local.

Existem razões práticas para que eles tenham buscado a neutralidade: o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, cujos membros são nomeados pelo presidente, mas que deve funcionar de forma independente, tem 28 casos pendentes que foram movidos pelo United Auto Workers.

 

Ø  Juiz de Nova York declara Trump e filhos responsáveis por fraudes

 

Um juiz de Nova York decidiu nesta terça-feira (26/09) que o ex-presidente dos EUA Donald Trump cometeu fraude durante anos enquanto construía o império imobiliário que o catapultou para a fama e também para a Casa Branca e ordenou que algumas das empresas do político republicano sejam retiradas de seu controle e dissolvidas.

O juiz Arthur Engoron concordou com a procuradoria-geral de Nova York, que acusou Trump e diretores da Trump Organization, incluindo os filhos Donald Jr. e Eric, de inflacionar artificialmente durante anos o patrimônio da organização para obter melhores condições em empréstimos e outros benefícios econômicos.

Os imóveis cujos valores foram exagerados incluem a propriedade de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, a cobertura na Trump Tower, em Manhattan, e vários edifícios de escritórios e campos de golfe, afirma a ação movida em setembro de 2022.

Na semana passada, os promotores haviam solicitado um julgamento sumário parcial sobre a principal acusação do caso, a de fraude, deixando outros seis crimes a serem abordados no julgamento sem júri programado para a próxima segunda-feira (02/10).

Engoron considerou que a acusação, liderada pela procuradora-geral Letitia James, demonstrou que há responsabilidade por parte dos réus e ordenou que as licenças comerciais de todos em Nova York sejam canceladas.

Conglomerado de várias empresas

Nos próximos 10 dias, os réus devem recomendar até três pessoas para administrar a dissolução das empresas relacionadas a essas licenças canceladas, de acordo com a decisão.

O conglomerado empresarial inclui várias empresas, imóveis residenciais e hotéis de luxo, passando por clubes de golfe.

Engoron avaliou que Trump fez declarações que triplicavam o tamanho real de seu apartamento na Trump Tower e que uma "discrepância de tal magnitude, por parte de um promotor imobiliário que exagera seu próprio espaço de vida por décadas, só pode ser considerada fraude".

Numa audiência na semana passada, o juiz já parecia se inclinar para os argumentos dos procuradores, que lembraram que, num único ano, Trump exagerou seus ativos em 2,2 bilhões de dólares.

Restringir a capacidade de Trump de fazer negócios no estado de Nova York era um dos objetivos da ação apresentada por James em 2022, que cobra uma multa de 250 milhões de dólares, uma questão que deverá ser abordada no julgamento da próxima segunda-feira.

Engoron também rejeitou uma moção paralela da defesa de Trump, que pedia que todas as acusações fossem rejeitadas, e ordenou multas de 7.500 dólares para cinco advogados do ex-presidente.

·         Revés para a candidatura

A decisão representa um duplo revés judicial para Trump, que apesar de ser o claro favorito para conseguir a candidatura do Partido Republicano para a próxima eleição presidencial, enfrenta uma longa lista de processos nos próximos meses, o que pode complicar sua campanha à Casa Branca.

Além desse caso, que será julgado em menos de uma semana, Trump enfrentará quatro processos criminais separados no próximo ano, que abrangem 91 acusações criminais.

A maioria desses crimes está relacionada à acusação de guarda irregular de documentos confidenciais na mansão de Trump na Flórida (40 acusações) e a subornos a uma atriz pornô durante a campanha presidencial de 2016 (34 acusações).

Ele também enfrenta 13 acusações sob a lei estadual de extorsão na Geórgia por tentar reverter ilegalmente os resultados da eleição de 2020 e outras quatro acusações em Washington relacionadas à mesma questão, por suas falsas alegações de fraude eleitoral.

 

Ø  Congresso dos EUA tem quatro dias para evitar paralisação do governo

 

A quarta paralisação parcial do governo dos Estados Unidos em uma década está a quatro dias de distância nesta quarta-feira, com os republicanos da Câmara dos Deputados do país rejeitando preventivamente um projeto de lei bipartidário que avançava no Senado e que financiaria as agências federais norte-americanas até meados de novembro.

Centenas de milhares de funcionários federais receberão licença de seus postos e uma ampla gama de serviços, desde a divulgação de dados econômicos até benefícios nutricionais, serão suspensos se o Congresso não conseguir aprovar uma proposta que o presidente democrata Joe Biden possa sancionar até a meia-noite de sábado.

O Senado votou por uma esmagadora maioria de 77 votos a 19 na terça-feira para iniciar o debate sobre uma medida que financiaria o governo até 17 de novembro, além de autorizar cerca de 6 bilhões de dólares para respostas a desastres domésticos e outros 6 bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia.

Os principais republicanos da Câmara dos Deputados rejeitaram a medida temporária do Senado, dizendo que qualquer medida de financiamento de curto prazo a ser aprovada pelo Congresso com o apoio deles deve abordar o fluxo de imigrantes através da fronteira dos EUA com o México.

"O projeto de lei do Senado continua financiando o plano de fronteira aberta de Biden. O país quer resolver a questão da fronteira aberta. Precisamos resolver o problema da fronteira aberta", disse o líder da maioria na Câmara, Steve Scalise, o segundo republicano mais importante da Casa.

Mas os republicanos, que controlam a Câmara por uma margem estreita de 221 a 212, não propuseram sua própria medida para financiar totalmente o governo e, em vez disso, estão tentando aprovar uma série de projetos de lei para o ano fiscal completo que começa no domingo.

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, está enfrentando ameaças de membros da linha dura de seu próprio partido, que rejeitaram um acordo que ele negociou com Biden em maio para 1,59 trilhão de dólares em gastos discricionários no ano fiscal de 2024, exigindo, em vez disso, outros 120 bilhões de dólares em cortes.

Um pequeno número de membros da linha dura republicana também ameaçou destituir McCarthy de sua função de presidente da Casa se ele aprovar um projeto de lei de gastos que exija qualquer voto democrata para ser aprovado.

McCarthy disse que os republicanos da Câmara provavelmente apresentarão sua própria medida temporária na sexta-feira.

O impasse ocorre quatro meses depois que Washington flertou com a possibilidade de não pagar a dívida de mais de 31 trilhões de dólares do país, uma medida que teria abalado os mercados financeiros em todo o mundo. A repetição do impasse político tem preocupado as agências de classificação de crédito, e a Moody's alertou esta semana que uma paralisação poderia prejudicar a capacidade de crédito do país.

Outro rebaixamento da classificação de crédito dos EUA poderia elevar ainda mais os custos dos empréstimos - e a dívida do país.

 

Ø  EUA restringem importações de mais empresas chinesas ligadas a trabalho forçado de uigures

 

Os Estados Unidos restringiram a entrada de produtos de mais três empresas chinesas no país nesta terça-feira, como parte de um esforço para eliminar da cadeia de suprimentos norte-americana produtos fabricados com o trabalho forçado de minorias uigures.

Xinjiang Tianmian Foundation Textile, Xinjiang Tianshan Wool Textile e Xinjiang Zhongtai Group foram adicionadas à Lista de Entidades da Lei de Prevenção ao Trabalho Forçado Uigur (UFLPA, na sigla em inglês), de acordo com uma publicação do governo, elevando o número total de entidades na lista para 27.

As três empresas foram sofreram restrição como resultado de suas práticas comerciais envolvendo minorias uigures e outros grupos perseguidos, disse o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos em comunicado.

"Não toleramos empresas que usam trabalho forçado, que abusam dos direitos humanos de indivíduos com o objetivo de obter lucro", disse o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, no comunicado.

As três empresas foram escolhidas por trabalharem com o governo de Xinjiang para recrutar e transportar, abrigar ou usar o trabalho forçado de uigures, cazaques, quirguizes ou membros de outros grupos perseguidos fora da região, disseram os Estados Unidos.

A Xinjiang Tianmian Foundation Textile produz fios e outros produtos têxteis, segundo o comunicado. A Xinjiang Zhongtai Group produz e vende policloreto de vinila (PVC) e outros materiais têxteis, químicos e de construção. A Xinjiang Tianshan Wool Textile vende roupas de caxemira e lã, entre outros produtos. Todas as três estão sediadas em Xinjiang.

A UFLPA, promulgada em 2021, proíbe a importação de produtos que sejam produzidos em Xinjiang ou por empresas identificadas na lista para os Estados Unidos, a menos que o importador possa provar que os produtos não foram produzidos com trabalho forçado.

As autoridades norte-americanas acreditam que as autoridades chinesas têm estabelecido campos de trabalho para uigures e outros grupos minoritários muçulmanos na região de Xinjiang, no oeste da China. Pequim nega qualquer abuso.

Alguns grupos e ativistas uigures ficaram frustrados com o ritmo e a qualidade da aplicação da Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur. O senador norte-americano Marco Rubio, que ajudou a introduzir a legislação, pediu ao governo Biden que adicione mais empresas à lista.

"Há potencialmente milhares de empresas e entidades sediadas na China cúmplices do trabalho escravo", disse Rubio em comunicado. "O ritmo lento encoraja aqueles que lucram com o trabalho escravo."

 

Fonte: CNN Brasil/Deutsche Welle/Reuters

 

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