sexta-feira, 4 de abril de 2025

Estudo aponta dieta que dobra chance de chegar aos 70 anos com boa saúde

Seguir uma dieta rica em vegetais, com consumo médio ou baixo de alimentos saudáveis ​​de origem animal e poucos alimentos ultraprocessados ​​promove um envelhecimento saudável, ou seja, chegar aos 70 anos sem doenças crônicas graves e com boa saúde cognitiva, física e mental.

Esta é a principal conclusão de um estudo realizado pelas universidades de Harvard (Estados Unidos), Copenhague (Dinamarca) e Montreal (Canadá) e baseado no monitoramento de mais de 105 mil adultos de meia-idade durante mais de trinta anos.

O estudo — um dos primeiros a examinar padrões alimentares em relação a um envelhecimento saudável — ressalta que não existe uma dieta saudável que sirva para todos, mas sim dietas ideais para a saúde em geral.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados na "Nature Medicine", baseia-se em dados do Estudo sobre a Saúde dos Enfermeiros e do Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde para examinar dietas na meia-idade em mais de 105 mil mulheres e homens com idades entre 39 e 69 anos ao longo de 30 anos.

Esta é, aliás, a principal limitação do estudo: uma amostra composta exclusivamente por profissionais de saúde. Para confirmar os resultados, portanto, os autores defendem a repetição do estudo com indivíduos de diferentes ascendências e níveis socioeconômicos.

  • Oito padrões alimentares saudáveis

No estudo, os participantes relataram periodicamente suas dietas e foram pontuados em relação ao nível de adesão a oito padrões alimentares saudáveis:

  • o Índice de Alimentação Saudável Alternativa,
  • o Índice Mediterrâneo Alternativo,
  • Abordagens Dietéticas para Parar a Hipertensão,
  • a Intervenção Mediterrânea-DASH para Atraso Neurodegenerativo,
  • a dieta saudável baseada em vegetais,
  • o Índice de Dieta de Saúde Planetária,
  • o Padrão Empírico de Inflamação da Dieta e
  • o Índice alimentar empírico para hiperinsulinemia.

Todos eles enfatizam uma alta ingestão de frutas, verduras, grãos integrais, gorduras insaturadas, castanhas e legumes, e alguns também incluem uma ingestão baixa a moderada de alimentos saudáveis ​​de origem animal, como peixes e certos laticínios.

Os pesquisadores também avaliaram os participantes quanto à ingestão de alimentos ultraprocessados ​​e fabricados industrialmente, que geralmente contêm ingredientes artificiais, açúcares adicionados, sódio e gorduras não saudáveis.

  • Alimentos ultraprocessados: menos chances de envelhecer com saúde

O estudo concluiu que 9.771 participantes — 9,3% da população do estudo — envelheceram de forma saudável.

A adesão a qualquer um dos padrões alimentares saudáveis ​​foi associada ao envelhecimento saudável geral e seus âmbitos individuais, incluindo saúde cognitiva, física e mental.

A dieta líder em termos de saúde foi a Alimentação Saudável Alternativa, desenvolvida para prevenir doenças crônicas. Os participantes desse grupo tiveram 86% mais probabilidade de envelhecer com saúde aos 70 anos e 2,2 vezes mais probabilidade de envelhecer com saúde aos 75 anos, em comparação com aqueles com as pontuações mais baixas nesta dieta.

Esta dieta é rica em frutas, verduras, grãos integrais, castanhas, legumes e gorduras saudáveis ​​e pobre em carnes vermelhas e processadas, bebidas açucaradas, sódio e grãos refinados.

Outra dieta a favorecer o envelhecimento saudável foi o Índice de Dieta de Saúde Planetária, que prioriza a saúde humana e ambiental, dando preferência para alimentos de origem vegetal e minimizando alimentos de origem animal.

Em todos os casos, o maior consumo de alimentos ultraprocessados, especialmente carnes processadas e bebidas açucaradas e dietéticas, foi associado a menores chances de envelhecimento saudável.

"Esses resultados sugerem que padrões alimentares ricos em alimentos de origem vegetal, com inclusão moderada de alimentos saudáveis ​​de origem animal, podem promover um envelhecimento saudável em geral e ajudar a moldar futuras diretrizes alimentares", resume Marta Guasch-Ferré, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Copenhague.

"Nossas descobertas também mostram que não existe uma dieta única para todos. Dietas saudáveis ​​podem ser adaptadas às necessidades e preferências individuais", conclui a autora principal, Anne-Julie Tessier, da Universidade de Montreal.

¨      O etarismo deve ser encarado como um agravo à saúde, afirma médico. Por Mariza Tavares

Na coluna de terça-feira, publiquei entrevista com a economista Ana Amélia Camarano, que fez um alerta sobre a deterioração das condições de vida do idoso brasileiro, tema que abordou no XXIV Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia – que está sendo realizado em Belo Horizonte. Conversei também com outro participante do evento, o geriatra e perito Otavio Castello, professor colaborador de psiquiatria e psicologia médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, que é assertivo quando o assunto é o etarismo (ou idadismo). Para ele, o combate ao preconceito contra os mais velhos ainda está longe de ser uma política pública e cita o Artigo 22 do Estatuto da Pessoa Idosa, que estabelece que conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso devem fazer parte dos currículos escolares.

“As crianças aprendem sobre biodiversidade e diversidade de gênero. Aprendem a respeitar a natureza, mas nada sobre a pessoa idosa. O MEC até hoje não regulamentou a questão. Sou professor de psicologia médica, ensino atitude, conduta. Mostro aos alunos como fazer uma escuta atenta do paciente. No entanto, o etarismo não se restringe às faculdades de medicina, o fenômeno está em toda a sociedade”, afirmou.

Aliás, aproveito para transcrever a íntegra do artigo: “Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria”. O geriatra, que também é policial civil, chefia a seção de psiquiatria forense do IML de Brasília e é o representante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia no comitê nacional sobre política nacional judiciária da pessoa idosa do Conselho Nacional de Justiça. Na sua opinião, o idadismo é um agravo à saúde:

“Ficamos chocados com as agressões físicas, os abusos financeiros, a violência psicológica e sexual contra idosos, mas não nos damos conta de que o etarismo é estrutural em nossa sociedade e favorece a negligência. Quando associamos o velho a imagens estereotipadas e depreciativas, não lhe damos o devido acolhimento, o devido respeito. E deixamos de tomar as providências necessárias para o seu cuidado”, analisou.

O médico acrescentou que, quando uma pessoa recebe o diagnóstico de demência, todos à sua volta passam a considerá-la incapaz, mesmo quando ainda pode manter sua autonomia. “Essa é uma visão estigmatizante e etarista dos próprios profissionais de saúde”, criticou. Para finalizar, reforçou a necessidade de denunciar os casos de violência contra idosos nos diversos canais disponíveis – como o Disque 100, boletins de ocorrência on-line, conselhos municipais.

“Eu me guio por um ensinamento dos povos do Oriente Médio, segundo o qual todos devemos plantar uma tamareira. Como ela vai levar de 80 a 120 anos para dar frutos, quem se beneficia não é quem planta, e sim as gerações seguintes. Temos que promover as mudanças pelos nossos descendentes, pela humanidade”, finalizou.

 

Fonte: g1

 

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