quarta-feira, 1 de maio de 2024

Mais de R$ 10 bilhões para projetos estratégicos: ministra detalha prioridades da Ciência no Brasil

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) vem atuando como fio condutor para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil por meio de diversas políticas públicas.

É o que afirmou, em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, a ministra da pasta, Luciana Santos. Regulamentação do uso de inteligência artificial, fomento à Agência Espacial Brasileira (AEB) e mitigações das mudanças climáticas estão no radar.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), de 2018 a 2022, especialmente em 2021, o MCTI sofreu um corte de 87% em sua verba. A decisão, capitaneada pelo Ministério da Economia, fez com que o orçamento caísse de R$ 690 milhões para míseros R$ 89 milhões naquele ano.

Dados disponibilizados pela Câmara dos Deputados em junho de 2022 apontam que nos últimos sete anos o orçamento para pesquisa científica caiu em mais de R$ 80 bilhões no país.

Segundo a ministra, primeira mulher a ocupar o posto, essa realidade já está mudando. Ela ressaltou que desde o início da nova gestão, uma das prioridades da pasta sob o seu comando, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi e está sendo a retomada de investimentos nas áreas de ciência e tecnologia.

"Para isso, uma das principais medidas foi o descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [FNDCT], que em 2024 vai contar com mais de R$ 10 bilhões para o investimento em projetos estratégicos", sublinhou Santos à reportagem.

·        Inteligência artificial e inovação

Questionada sobre a estratégia do MCTI para aumentar os investimentos em alta tecnologia, a exemplo da inteligência artificial e da biotecnologia, a ministra pontuou que os caminhos já estão sendo traçados.

"Este ano estamos promovendo a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, em junho, onde vamos elaborar a estratégia que vai definir as prioridades de CT&I [Ciência, Tecnologia e Inovação] dos próximos dez anos. É a partir daí que poderemos definir como serão os investimentos nos setores de alta tecnologia", afirmou à reportagem a chefe do ministério.

Acerca dos investimentos em inteligência artificial, Luciana Santos sinalizou que a pasta está acompanhando de perto os debates sobre a regulamentação e revisando a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA) que, segundo adiantou, deve ser concluída no primeiro semestre deste ano.

"O tema da bioeconomia já integra algumas políticas do governo federal, como a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica, sendo considerado um dos principais direcionadores do desenvolvimento sustentável do país e da reinserção nacional no cenário global enquanto protagonista dos debates", destacou.

·        Agência Espacial Brasileira

Em dezembro de 2023, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ao lado da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), celebrou investimentos de R$ 1 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Entre os projetos contemplados estão iniciativas relacionadas ao lançamento de artefatos espaciais e desenvolvimento de veículos não tripulados.

"São iniciativas voltadas ao lançamento de artefatos espaciais e desenvolvimento de veículos não tripulados feitos por empresas brasileiras. Esse é o tipo de investimento que gera novas tecnologias e produtos, além de formar mão de obra qualificada", explicou a ministra.

O setor de tecnologia brasileiro, no que tange ao sistema aeroespacial, atua com parcerias internacionais.

"Com a China, por exemplo, o Brasil já lançou seis satélites de sensoriamento remoto e se prepara para desenvolver o CBERS-6, que vai aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia ao permitir a geração de dados em qualquer condição climática. Já com a Argentina, o Brasil desenvolveu o satélite SABIA-Mar, voltado para o monitoramento do oceano", detalhou Santos à Sputnik.

·        O ministério e as mudanças climáticas

Sondada sobre o papel do MCTI diante dos desafios globais, como as mudanças climáticas, a chefe da pasta sinalizou que o ministério é "um dos principais interlocutores com países e organizações internacionais sobre as mudanças climáticas, em relação à ciência e à pesquisa".

"Compreendemos que o papel do MCTI nessa agenda é contribuir com o avanço da fronteira do conhecimento e colocar esses dados e informações à disposição dos tomadores de decisão, fazendo a interface entre ciência e políticas públicas. […] um dos exercícios mais relevantes que executamos é a elaboração das comunicações nacionais, que são os documentos em que os governos nacionais informam à comunidade internacional sobre a implementação da Convenção do Clima no país. Agora estamos elaborando o nosso primeiro Relatório Bienal de Transparência, que atende ao arranjo fortalecido de transparência do Acordo de Paris", comentou.

No Brasil, segundo reforçou, a agenda de transparência climática é de responsabilidade da Ciência e Tecnologia.

"Temos aqui [na pasta brasileira] sistemas de informações sobre emissões de gases de efeito estufa e de análises sobre os impactos das mudanças climáticas, pensando na agenda de adaptação. Temos uma rede de pesquisadores sobre mudanças climáticas globais (Rede Clima) que nos apoia com orientação técnico-científica, uma unidade que faz monitoramento e emite alertas de desastres. Além disso, as diversas unidades de pesquisa estão trabalhando para fortalecer o conhecimento e, a partir disso, propor soluções. Estamos imbuídos em contribuir com o desenvolvimento sustentável, combatendo as desigualdades sociais e as mudanças climáticas", concluiu.

 

¨      Petrobras planeja construir o 1º parque eólico offshore do país até 2029

 

É o que prevê o acordo assinado, nesta segunda-feira (29), entre o governo do Rio Grande do Norte e a petrolífera brasileira.

O memorando de entendimento dá o pontapé inicial para o projeto-piloto envolvendo a instalação de uma usina de energia eólica em alto mar (offshore). O objetivo é avaliar as potencialidades dessa modalidade no estado.

O início das instalações seria ainda neste ano, com operação prevista para 2029. Embora os investimentos ainda não estejam definidos, estima-se que serão necessários pelo menos R$ 2 milhões para o projeto-piloto, conforme sinalizou o presidente da companhia, Jean Paul Prates.

"A ideia é a instalação de uma usina-piloto, com um aerogerador, provavelmente próximo ao porto de Areia Branca, mas a locação ainda está sendo analisada. [...] a usina vai testar a relação dos empreendimentos futuros com as comunidades e o meio ambiente. Vai ser um laboratório com custo avançado da atividade de geração de energia eólica no mar no Brasil", disse Jean Paul.

Após a assinatura do memorando, a Petrobras, em colaboração com institutos de pesquisa, realizará estudos sobre o impacto da produção de energia eólica offshore no meio ambiente e nas comunidades locais.

Além disso, serão avaliadas as condições locais para o desenvolvimento da matriz energética, visando adaptar os equipamentos necessários. Jean Paul Prates mencionou que a usina provavelmente será instalada próximo ao Porto de Areia Branca, mas essa decisão dependerá dos estudos em andamento.

 

¨      Minas inaugura biofábrica para produção de mosquitos com bactéria que impede transmissão da dengue

 

Em meio a uma das piores epidemias de dengue no Brasil, o Ministério da Saúde e o governo de Minas Gerais inauguraram nesta segunda-feira (29) a biofábrica Wolbachia em Belo Horizonte, capital do estado.

A estrutura vai ampliar a capacidade nacional de produção da bactéria que evita a transmissão da doença pelo mosquito Aedes aegypti, uma das principais tecnologias de combate à proliferação do vírus.

Conhecido como método Wolbachia, a técnica consiste em inserir em laboratório a bactéria nos ovos do mosquito transmissor da dengue. Com isso, eles perdem a capacidade de transportar o vírus que provoca a doença, além de zika, chikungunya e até febre amarela. Quando são liberados na natureza, esses mosquitos passam a Wolbachia, que está presente em cerca de 60% desses insetos, com exceção do próprio Aedes, durante a reprodução.

Menos insetos capazes de transmitir o vírus, menor contaminação dos seres humanos, pontua a pasta. Inicialmente, a fábrica administrada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) terá capacidade de produzir ovos que serão liberados nos 22 municípios da bacia do rio Paraopeba, afetada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O projeto estava previsto no acordo de reparação da mineradora por conta do desastre.

"Estamos trabalhando em conjunto com o governo do estado [de Minas] para […] fazer com que essa fábrica possa expandir, não só para os 22 municípios, mas para todos os municípios de Minas Gerais, depois do Brasil e da região das Américas", declarou à Agência Brasil a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel.

Além da biofábrica em Minas, há uma estrutura no Rio de Janeiro, e a expectativa do Ministério da Saúde é ampliar o projeto. "Teremos [ainda] uma no Ceará, outra no Paraná e um plano de expansão para que a tecnologia desse mosquito, que tem uma bactéria que impede a transmissão da doença, possa então substituir a população de mosquitos que não têm a bactéria", acrescentou.

·        Niterói iniciou projeto com a Wolbachia em 2015

O primeiro município brasileiro que recebeu os mosquitos modificados com a bactéria Wolbachia foi Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ainda em 2015. No ano passado, 100% do território passou a ser coberto pelo método, o que ajudou a reduzir em cerca de 70% os casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas de atuação do projeto. Até abril deste ano, diferentemente do restante do país que vive uma epidemia, a cidade registrou apenas nove casos de dengue.

A expectativa é que ainda este ano o método seja implantando em mais seis cidades brasileiras: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina e Foz do Iguaçu, ambas no Paraná, e Joinville (SC). Apesar da eficácia da técnica, os especialistas alertam que ações que evitem a proliferação do mosquito, como evitar água parada, devem continuar.

¨      Samarco e acionistas fazem proposta de mais de R$ 90 bilhões em novo acordo de reparação

Em meio às negociações por um novo acordo de reparação pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), a mineradora e as acionistas Vale e BHP fizeram uma proposta de aportarem mais R$ 90 bilhões em recursos para as ações de recuperação dos danos ambientais, sociais e econômicos na região afetada.

O desastre aconteceu em novembro de 2015 e afetou toda a bacia do rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, além de deixar 19 pessoas mortas. Mesmo após quase nove anos, o distrito de Bento Rodrigues ainda não foi concluído, apesar da entrega de casas ter sido iniciada no fim de 2022.

Desse total, R$ 72 bilhões seriam repassados em dinheiro e outros R$ 18 bilhões em ações implementadas pela própria Samarco, informou a Agência Brasil. Há mais de dois anos, o poder público busca uma repactuação do acordo de reparação por conta da falta de efetividade das ações da Fundação Renova, entidade criada para realizar a reparação ao longo da bacia.

A negociação com as mineradoras é realizada pelos governos federal, de Minas Gerais e Espírito Santo, além do Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União. Em janeiro, a Justiça Federal chegou a condenar Samarco, Vale e BHP a pagarem quase R$ 48 bilhões em danos morais coletivos pelo rompimento da barragem, mas as empresas recorreram. Caso o acordo seja selado, a ação pode ser suspensa.

"Entidades que representam os atingidos não foram chamadas para participar das negociações. Críticas da nova proposta das mineradoras, elas avaliam que concretamente se trata de R$ 72 bilhões em dinheiro, o que seria insuficiente para cobrir a reparação integral dos danos causados. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) manifestou a expectativa de que a oferta seja recusada pelos governos e pelas instituições de Justiça. A entidade considera que caso seja feito um novo acordo de cúpula, sem participação das vítimas, não será possível resolver os principais problemas", apontou a publicação.

·        Processo no Reino Unido

Cerca de 700 mil atingidos, entre moradores da bacia, empresas e prefeituras, fazem parte de um processo no Reino Unido contra a BHP, que tem sede em Londres. O grupo é representado pelo escritório de Pogust Goodhead e a expectativa é de que a ação só seja concluída em 2027. Ao todo, o pedido solicita cerca de R$ 230 bilhões.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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