Editor de tabloide sensacionalista admite
que omitiu matérias que prejudicariam Trump
O ex-presidente Donald
Trump voltou ao tribunal em Nova York onde passa por julgamento criminal. Na
audiência, um ex-editor de um tabloide sensacionalista fez fortes acusações e
disse que ocultou matérias para beneficiar o então candidato à Casa Branca.
A promotoria acusa
Trump de incorrer em “fraude eleitoral” após o pagamento feito por seu então
advogado pessoal, Michael Cohen, de 130 mil dólares (671 mil reais em valores
atuais) à ex-atriz de cinema pornô Stormy Daniels para comprar seu silêncio na
reta final das eleições nas quais ele derrotou a democrata Hillary Clinton.
A defesa do
republicano, no entanto, alega que a prática é comum nos jornais e que as
supressões foram feitas para evitar constrangimentos familiares.
Ex-editor do National
Enquirer, David Pecker descreveu ao longo da semana as práticas de um dos
tabloides mais populares do país para publicar apenas informações positivas
sobre Trump e negativas sobre seus rivais políticos.
No seu terceiro dia de
testemunho para o júri, Pecker disse que o National Enquirer pagou para
"pegar e matar" duas dessas matérias que poderiam prejudicar as
chances do republicano de vencer a eleição contra a democrata Hillary Clinton.
Pecker admitiu que
suprimiu um relato sobre o suposto caso de Trump com a ex-modelo da Playboy
Karen McDougal, entre 2006 e 2007, mesmo que esse assunto pudesse alavancar as
vendas de seu jornal. Ele disse ainda que houve um pagamento de US$ 150 mil (R$
775 mil) por parte da editora pela exclusividade do conteúdo.
Segundo ele, seu
objetivo era proteger Trump para que esse tipo de notícia negativa não
interferisse em sua campanha eleitoral. "Compramos a história para que não
fosse publicada em nenhum outro meio", disse Pecker. "Não queríamos
que prejudicasse Trump ou causasse danos à sua campanha."
A estratégia não teve
o sucesso esperado, já que o The Wall Street Journal a publicou na véspera das
eleições, o que não agradou e gerou cobranças diretas de Trump a Pecker.
À medida que os
possíveis escândalos se acumulavam no período que antecedeu a eleição de 2016,
Pecker teria sugerido ao advogado pessoal do republicano, Michael Cohen, que
ele realizasse o pagamento à atriz pornô Stormy Daniels para silenciá-la acerca
de um suposto caso extraconjugal com Trump. "Não sou um banco", teria
dito o editor a Cohen.
Pecker é a primeira
testemunha no caso, que acusa o ex-presidente de falsificar registros
comerciais para encobrir o pagamento a Daniels. A defesa argumentou que o
pagamento foi feito para poupar o constrangimento de sua família, não para
reforçar sua campanha. Trump nega que o caso tenha ocorrido.
Durante o
interrogatório, o advogado de Trump, Emil Bove, tentou minar a credibilidade de
Pecker. Bove perguntou à testemunha sobre outro pagamento de US$ 30 mil (R$ 155
mil) a um zelador da Trump Tower que disse que o magnata havia gerado um filho
fora do casamento.
"Teria sido uma
grande perda para a editora perder o controle da história?", perguntou o
advogado, ao que a testemunha assentiu.
Pecker teria
falsificado o lançamento do pagamento em seus registros comerciais. A revista,
mais tarde, concluiu que a história era falsa, mas o então advogado de Trump,
Cohen, instruiu a editora a não liberar o porteiro do acordo realizado até o
fim das eleições.
– “Pegar e matar” –
Pecker contou que
esteve envolvido no pagamento a um porteiro da Trump Tower que vendia uma
informação aparentemente falsa de que Trump teria um filho fora do casamento, e
em outro a Karen McDougal, uma modelo de Playboy que afirmava ter tido um caso
de um ano com ele.
Em uma prática que a
imprensa anglo-saxã denomina de “pegar e matar”, Pecker revelou o pagamento de
150 mil dólares (775 mil reais em valores atuais) por parte da editora do
National Enquirer a McDougal para que não revelasse a suposta relação.
“Compramos a história
para que não fosse publicada em nenhum outro meio”, reconheceu Pecker à
promotoria. “Não queríamos que prejudicasse Trump ou causasse danos à sua
campanha”, afirmou.
À medida que os
possíveis escândalos se acumulavam no período que antecedeu a eleição de 2016,
Pecker teria sugerido ao advogado do magnata que ele realizasse o pagamento a
Stormy Daniels. “Não sou um banco”, disse ele a Cohen.
Encoberto como gastos
legais do advogado, esse pagamento levou o magnata para o banco dos réus, em
plena campanha eleitoral para sua provável revanche contra o presidente
democrata Joe Biden nas eleições de 5 de novembro.
Diante dos 12 jurados
e seis suplentes que selarão o destino do republicano, o advogado de defesa
procurou desmascarar a noção da acusação de que foi um esquema orquestrado para
ajudar Trump, dizendo que é uma prática padrão dos tabloides.
A promotoria acusa o
ex-presidente de 34 falsificações de documentos para encobrir o pagamento a
Daniels por uma suposta relação que teriam mantido em 2006 e que Trump sempre
negou.
Trump se declara
inocente das 34 acusações de falsificação de registros comerciais apresentadas
pelo promotor distrital de Manhattan e nega ter tido um encontro sexual com a
atriz em 2006.
O empresário é o
primeiro ex-presidente a enfrentar acusações criminais. O julgamento, que deve
se estender até maio, pode ser o único de seus quatro processos criminais a ser
concluído antes de sua revanche eleitoral de 5 de novembro contra Joe Biden.
Um desses casos, que
acusa o ex-presidente de tentar anular sua derrota em 2020 para Biden, foi
adiado pela Suprema Corte dos EUA, que ainda avalia o argumento de Trump de que
os presidentes devem ser imunes por ações realizadas enquanto estão no cargo.
O juiz Juan Merchan
ainda não se pronunciou sobre um pedido dos promotores para punir Trump por
supostamente violar uma ordem de silêncio que o impede de criticar publicamente
testemunhas, alguns funcionários do tribunal e seus parentes.
Merchan disse que
realizaria uma audiência na próxima quinta-feira para examinar o que os
promotores dizem ser outras violações da determinação. Trump poderia ser
multado em US$ 1.000 por cada violação ou ser preso, embora os promotores digam
que não estão buscando a prisão neste momento.
– Aniversário de
Melania –
Após Pecker, outras
duas pessoas depuseram: Rhona Graff, braço direito de Trump por décadas, que
confirmou que os números de telefone de McDougal e Daniels estavam registrados
entre seus contatos; e Gary Farro, que havia ajudado Cohen a enviar o dinheiro
a Daniels.
O depoimento de Farro
continuará na terça-feira, já que na segunda não há audiência.
Ao chegar ao tribunal,
o ex-presidente republicano parabenizou sua esposa Melania pelo aniversário
dela e disse que a encontraria à noite, no final da audiência desse julgamento
“horrível e inconstitucional”.
O magnata reclama que
enquanto ele é obrigado a passar o dia inteiro no tribunal, seu adversário
Biden está fazendo campanha.
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Biden diz que ficaria
‘feliz em debater’ com Trump, sem definir data
O presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, disse em uma entrevista nesta sexta-feira (26) que
está disposto a debater publicamente com seu adversário republicano, o
ex-presidente Donald Trump, a quem enfrentará nas eleições de novembro.
Quando o popular
apresentador Howard Stern lhe perguntou se participaria de um debate público
com seu antecessor (2017-2021), o democrata de 81 anos, que disputará um
segundo mandato, afirmou: “Estou disposto, em algum lugar, não sei quando.
Ficarei feliz em debater com ele.”
Há meses a equipe de
Biden vinha se mantendo em silêncio sobre a disposição do presidente em manter
a tradição de um debate televisionado entre os candidatos, que costuma ser
mediado por um jornalista renomado.
Nos últimos meses,
Trump não quis participar dos debates das primárias republicanas, mas isso não
o impediu de ganhar com folga uma prévia atrás da outra. E seus rivais foram
gradualmente abandonando a disputa.
O ex-presidente, no
entanto, parece entusiasmado com a ideia de debater com o homem que o derrotou
nas eleições de 2020.
“A QUALQUER MOMENTO,
ONDE FOR, EM QUALQUER LUGAR”, afirmou Trump, nesta sexta, em sua rede, Truth
Social.
“Proponho na
segunda-feira à noite, na terça à noite ou na quarta à noite durante o meu
comício em Michigan”, acrescentou.
Na mesma mensagem,
sugeriu realizar o debate “esta noite, no tribunal”. “Ficarei esperando!”
O republicano é
julgado em Nova York por falsificação de registros comerciais para ocultar um
pagamento a uma atriz pornô a fim de comprar seu silêncio sobre um suposto caso
extraconjugal antes das eleições de 2016.
Biden, que classifica
Trump como uma ameaça para a democracia, disse a jornalistas no mês passado que
um possível debate com o bilionário dependeria “de seu comportamento”.
A Comissão de Debates
Presidenciais (CPD), uma organização apartidária, agendou três datas e locais
para que Trump e Biden se enfrentem cara a cara antes das eleições de 2024 em
universidades americanas em setembro e outubro.
Mas Trump criticou a
CPD por considerá-la enviesada a favor do democrata por ter previsto, em 2020,
realizar um terceiro e último debate no formato de videoconferência por causa
da pandemia de covid-19.
O então presidente
Trump participou do segundo debate de 2020 contra Biden apenas três dias antes
de testar positivo para a covid.
Biden disse, então,
que não participaria de outro debate presencialmente com o republicano enquanto
ele ainda estivesse doente.
¨
'Em qualquer lugar, a
qualquer hora': Trump convoca Biden para debate
O ex-presidente dos
Estados Unidos Donald Trump (2017–2021) convidou o atual presidente, Joe Biden,
para debater nesta sexta-feira (26), depois de Biden ter dito que ficaria
"feliz" em fazê-lo.
"O corrupto Joe
Biden acaba de anunciar que está disposto a debater! Todo mundo sabe que ele
não quis dizer isso, mas se o fizer, eu digo que seria 'em qualquer lugar, a
qualquer hora', uma expressão antiga usada pelos combatentes. Teremos o debate no
tribunal hoje à noite [transmitido] pela televisão, para todo o país",
postou Trump em sua rede social Truth Social.
O magnata de 77 anos
se referia ao tribunal onde voltou a testemunhar sobre o caso conhecido como
"Hush money", no qual está para ser julgado por alegadamente ter
pagado a atriz de filmes adultos Stormy Daniels, antes das eleições de 2016,
para que ela não revelasse detalhes de um suposto encontro sexual entre os
dois.
Na manhã desta
sexta-feira, Biden afirmou que ficaria "feliz" em debater em público
com o seu provável adversário nas próximas eleições presidenciais, mas garantiu
que não sabe quando será possível organizar tal encontro.
Fonte: FolhaPress/IstoÉ/Sputnik
Brasil
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