Ricardo Nêggo Tom: Michelle Bolsonaro - a profetisa do inferno
neopentecostal brasileiro
Em conversa com uma figura que transita com facilidade e frequência no
mundo empresarial e político brasileiro, já tendo, inclusive, estado
pessoalmente com ela durante um jantar de negócios, ouvi a seguinte colocação
sobre Michelle Bolsonaro: “Ela tem uma energia dominadora, uma oratória de
pastora. O marido não é ninguém perto dela. Ela é capaz de fazer qualquer coisa
para conseguir o que quer”. Por uma questão de ética, uma vez que a nossa
conversa foi em “off”, vou declinar de revelar o nome da minha interlocutora,
mas posso lhes garantir que a observação não teve a intenção de ser elogiosa.
Pelo contrário, revelava um certo temor com relação ao futuro aproveitamento
político da ex-primeira dama desta república bananeira e cada vez mais
contaminada pelo discurso neopentecostal. Michelle é a nova Eva do paraíso
evangélico que pretende se instalar no país, através da qual o fruto da
dissimulação será oferecido ao povo como fonte de libertação e o pecado da
perversidade será transformado em virtude.
Apesar de ser mais esperta do que a maioria, principalmente da esquerda,
possa supor, Michelle se deixa trair por lapsos verbais que revelam a sua
verdadeira essência. Como na ocasião em que obrigou a deputada Amália Barros a
retirar a sua prótese ocular para satisfazer o seu sadismo, sob a alegação não
menos sádica, de que “amava” ver a sua correligionária do PL sem o olho. Uma
clara demonstração de regozijo com a dor do outro. Ou quem mais amaria e
sentiria prazer em ver alguém sem um olho? Mais recentemente, a profetisa do
inferno neopentecostal brasileiro cometeu mais um de seus lapsos. Dessa vez, o
alvo foram os autistas. Durante um evento do PL Mulher no Espírito Santo,
Michelle inicia sua fala dizendo que abriu mão de um período sabático após
quatro anos de trabalhos incansáveis, ressignificando o papel de primeira dama
– Me permitam uma pausa para gargalhadas – porque ela sempre teve vocação para
o trabalho e para o voluntariado, para lutar pela recuperação da nação.
Entenda-se: lançar-se como um quadro político.
O media training evangélico de Michelle se funde de tal maneira com o
seu maquiavelismo pessoal, que ela bate no peito cada vez que exalta algo em si
mesmo, para reafirmar, ainda que esse algo não exista em si, a sua
superioridade diante dos presentes. Uma superioridade que ela impõe sob uma
falsa humildade característica de boa parte dos líderes do seu segmento
religioso, para instar os ouvintes a creditá-la como alguém digna de confiança.
Afinal, parafraseando o Imperador romano Júlio César, a mulher de Bolsonaro não
basta ser desonesta, tem que parecer honesta. E Michelle parece. Assim como
toda a casta neopentecostal que se esconde atrás da “palavra de Deus” para
tirar o máximo proveito de suas dóceis e manipuláveis ovelhas. O que Michelle
oferece em seu storytelling não é nenhuma novidade, mas ela sabe que a
repetição é que leva à absorção. E no caso das mentiras que ela propaga, o
parecer honesta para torná-las críveis é mais do que fundamental.
E lá vai Michelle, revestida de mulher virtuosa e cheia de bondade no
coração, convocar mais uma guerra do “bem contra o mal”, deixando a maldade que
há dentro dela escapar em seu discurso, para a alegria das mentes distópicas
que a seguem. Quando Michelle diz: “eu agradeço a Deus todos os dias, porque eu
não precisei passar por nenhum problema. Eu não tenho um filho autista, eu não
fui abusada sexualmente, eu não passei por violência doméstica”, ela mais uma
vez está se colocando em condição de superioridade às demais mulheres, sob a
égide da graça de Deus em sua vida. Como se uma mulher que é mãe de uma criança
autista ou que tenha sofrido violência sexual e doméstica não fosse abençoada
por Deus e ela possa ser enxergada como exemplo de merecimento divino. Além, é
claro, de ser subliminarmente perversa ao ponto de relacionar autismo com abuso
sexual e violência doméstica.
As entrelinhas de Michelle são sordidamente calculadas para o seu
endeusamento pessoal e para aumentar o brilho de sua imagem. É a mulher que
dobra os joelhos e clama a Deus pelo país, é a esposa sábia que edifica o lar e
a vida do marido escolhido por Deus para governar a nação, é a mãe agraciada
com filhos “perfeitos” e sem nenhum problema, é o estereótipo da feminilidade
instituída por Deus para as mulheres, é a incansável trabalhadora da luz que
luta para que o mal não prevaleça, e, finalmente, é a mulher perfeita para
governar o país em nome de Deus, da família e dos bons costumes. Se o diabo de
fato existir, eu diria que ele é o seu media training. Como disse o jornalista
e diretor-presidente do Brasil 247, Leonardo Attuch, no Bom dia 247 deste domingo,
“é uma gigantesca irresponsabilidade da classe dominante brasileira, considerar
a Michelle como uma hipótese política”. É um alerta para o possível novo
projeto de destruição do país, sobretudo, das minorias representativas, a ser
engendrado pela elite do atraso.
No mesmo evento em que Michelle agradece a Deus por não ter um filho
autistas, ela reforça o seu ódio pelas diferenças e classifica as feministas
como mulheres com “estereótipos estranhos” que se opõem a naturalidade feminina
que Deus deu a ela e as suas colegas de partido, as quais ela considera como
“princesas do senhor” e, por isso, serão “amadas de seus maridos”. Michelle
também conceituou as mulheres como “ajudadoras”, uma categoria da qual ela
também é o exemplo a ser seguido. O que deixa claro quando cutuca Janja,
dizendo que a atual primeira-dama tenta imitá-la quando vai comprar uma gravata
para o presidente Lula ou se coloca ao seu lado durante um pronunciamento
passando bilhetinhos com o que ele deve falar. Como se Lula fosse um idiota
igual a Bolsonaro, que mal consegue ler um teleprompter com um texto de três
frases. Caso entre na política, e não difícil que aconteça, Michelle terá um
poder destruidor poucas vezes visto no Brasil. Lembram do que a minha fonte
disse, de que Bolsonaro perto dela não é ninguém?
Todo o sucesso do atual projeto de governo de Lula, que recuperou a
credibilidade do país com a sua imagem de estadista, atraindo investidores
internacionais para o Brasil e nos devolvendo o protagonismo econômico global
que ele mesmo tinha conseguido em seus dois governos anteriores, volta a ser
combatido pela pauta moral e de costumes que Michelle e o evangelistão
representam. Um grupo que prefere ver pessoas excluídas, marginalizadas e
morrendo de fome, em nome de um deus fascista que elas criaram para estabelecer
o seu projeto de poder. Michelle é perigosa e tem pretensões inimagináveis em
sua mente soturna, na sua vivacidade sombria e na sua virtuosidade hipócrita. A
morte mora ao lado de suas aspirações e não podemos cogitar a possibilidade de
sermos vizinhos desse mal e de voltar a habitar um país que promete o paraíso,
mas oferece o inferno como salvação.
Ø Irmã Mônica
humilha Michelle Bolsonaro: "Ignorante. Não vale nada"
A influenciadora evangélica Irmã
Mônica publicou um vídeo em suas redes sociais na segunda-feira (4), onde
critica a postura hipócrita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em relação à
comunidade PCD.
Para a religiosa, Michelle Bolsonaro "ataca os PCD". "Sua Micheque
Bolsonaro, com que autoridade você ataca os PCD? Quem é você para agredir os
meus PCD? Você não se atreve a tocar naquilo pelo qual a Irmã Mônica ora. Não
mexa com os meus PCD! Respeite-os! Cuidado com suas palavras! Povo, acorde! Ela
agrediu os PCD, amém! Essa mulher não vale nada! Sua 'Mijóia!", declara
Irmã Mônica.
Além disso, na legenda que acompanha o vídeo, Irmã Mônica também destaca
a postura contraditória de Michelle Bolsonaro. "Não era você que vivia
dentro das igrejas falando sobre igualdade e 'amor'? Você, além de falsa,
também é ignorante. É preciso que você entenda que não é superior a ninguém
para agredir. Seu dia também está chegando", escreveu.
Micheque Bolsonaro, quem você pensa que é para
atacar os PCD? Não era você que vivia dentro das igrejas falando sobre
igualdade e "amor" você além de falsa também é ignorante, você
precisa entender que você não é maior que ninguém para atacar, seu dia também
tá chegando ?? — Irmã Mônica (@IrmaMonicaofc) December
4, 2023
O comentário de Irmã Mônica refere-se a um ataque que Michelle Bolsonaro
fez contra pessoas autistas durante um encontro do PL. "Agradeço a Deus
todos os dias, porque eu não precisei passar por nenhum problema, Adriana. Eu
não tenho filho autista como você. Eu não fui abusada sexualmente",
declarou Michelle.
João Pedro, o desenhista autista, também rebateu as declarações da
ex-primeira-dama.
Ø ORCRIM
BOLSONARISTA: Michelle Bolsonaro usa Malafaia para atacar Flávio Dino
Após baixar o nível contra a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman,
Michelle Bolsonaro (PL) agora está usando um discurso do pastor midiático Silas
Malafaia para atacar a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
No ataque, a dupla Michelle e Malafaia usam um velho chavão da
ultradireita fascista para criar terror principalmente entre neopentecostais e
cristãos conservadores.
Colocada na linha de frente dos ataques sórdidos contra o governo,
Michelle iniciou os ataques ao ministro, indicado para ocupar a vaga de Rosa
Weber, na madrugada desta quinta-feira (30) compartilhando um vídeo em que
Malafaia diz que "Lula afronta os cristãos indicando um comunista para o
STF". "Flávio Dino comunista", escreveu a ex-primeira-dama.
O vídeo foi publicado também no feed do Instagram: "o comunismo
mata, aprisiona, persegue e empobrece", diz Michelle. No vídeo, Malafaia
coloca Alexandre de Moraes como sendo de "esquerda" e Dino de
"extrema esquerda", regurgitando uma série de fake news contra o
indicado de Lula à suprema corte.
Madrugada adentro, Michelle baixa o nível e diz que Dino é "câncer
do Brasil" em publicação compartilhada da deputada extremista Júlia
Zanatta (PL-SC) que publicou uma montagem com o ministro com uma foice e um
martelo nas mãos.
Em outra publicação, compartilhando um declaração de Dino na GloboNews,
Michelle diz que "a estratéfia da esquerda só pode vir do miolo do
inferno".
Fonte: Brasil 247/Fórum
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