quarta-feira, 29 de março de 2023

Tacla Duran em depoimento deixa Moro em mal lençóis

O advogado Rodrigo Tacla Duran, que promete apresentar provas que podem incriminar o ex-juiz Sergio Moro, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira (27) ao juiz Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), no âmbito do processo que é réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht. 

Há anos Tacla Duran denuncia práticas ilegais da operação Lava Jato e o depoimento, marcado após a revogação de sua prisão preventiva, traz grandes expectativas de que sejam apresentadas provas contra Moro. 

Entre as denúncias, Tacla Duran afirma ter pagado US$ 613 mil a um advogado ligado a Moro para não ser preso.

·         Entenda

No auge da Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht entre 2011 e 2016, acusou o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro, de intermediar negociações paralelas dele com a força-tarefa da operação. 

As conversas de Zucolotto com Tacla Duran envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que o ex-advogado da Odebrecht deveria pagar em um acordo de delação premiada. Em troca, segundo Duran, Zucolotto seria pago por meio de caixa dois. O dinheiro serviria para "cuidar" das pessoas que o ajudariam na negociação, segundo correspondência entre os dois que o ex-advogado da Odebrecht diz ter em seus arquivos.

Tacla Duran foi acusado de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa pelo Ministério Público Federal. O advogado tentou fazer delação premiada, mas as negociações fracassaram. Ele teve a prisão decretada por Moro. Chegou a ser detido na Espanha em novembro de 2016. Em janeiro, foi libertado. O Brasil pediu a sua extradição, mas a Espanha negou – Tacla Duran tem dupla cidadania. 

Em 2018, já como ex-advogado da Odebrecht, Tacla Duran prestou um longo depoimento para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. À época, Duran afirmou que "as pessoas precisam conhecer o lado obscuro de Sergio Moro".

Arrolado como testemunha de defesa do então ex-presidente Lula, Tacla Duran teve o seu depoimento rejeitado cinco vezes por Moro. Duran, antes mesmo de o ex-juiz ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como juiz suspeito por atuar com parcialidade, alertava para os métodos do magistrado. 

“Moro emite opinião contra réu. Isso é pré-julgamento que viola um princípio básico de direitos humanos, pois os julgamentos precisam ser técnicos, isentos e imparciais. O dr. Moro me ofendeu em rede nacional, ao vivo, me prejulgou e me condenou. Ele feriu a Lei da Magistratura também por não me ouvir como testemunha do presidente Lula”, disse Tacla Duran na Comissão, em 2018. 

Em seguida, ele afirma que, mesmo tendo se apresentado de livre e espontânea à força tarefa da Lava Jato, sempre foi tratado como criminoso. “Desde 2016, quando me apresentei à força-tarefa da Lava Jato para dizer que era advogado da Odebrecht, sou tratado como criminoso. Nunca apresentaram provas contra mim. Aqui na Espanha já arquivaram acusações contra mim por falta de provas. A operação Lava Jato se tornou um polo de poder político capaz de moer reputações, de destruir empresas e instituições. Digo isso com tranquilidade, pois jamais fui filiado ou militei em qualquer partido político”, previu Tacla Duran. 

 

Ø  Luís Costa Pinto: denúncia de Tacla Duran contra Moro e Dallagnol foi um 'baita cavalo de pau da História'

 

Chefe da sucursal Brasília e diretor de projetos especiais do 247, o jornalista Luís Costa Pinto destacou nesta segunda-feira (27) a importância  da denúncia feita pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-juiz e ex-procurador da Operação Lava Jato, respectivamente.

"Baita cavalo de pau da História, ou duplo twist carpado, se preferirem. E o juiz Eduardo Appio, usando a Lei, a Norma e a Regra Processual, dá um tapa de Mestre no ex-juiz. Tacla Durán confirma que sofreu tentativa de extorsão e denuncia Moro e Dallagnol", escreveu Costa Pinto. 

"Appio encerrou a audiência quando surgiram os nomes do senador e do deputado e os encaminhou ao STF. Lá, o ministro Lewandowiski é prevento das ações relativas ao caso. O sucessor dele - que pode ser Cristiano Zanin - tende a herdar o caso. Tcharam! O Brasil não é para iniciantes", acrescentou.

·         Tacla Duran confirma que sofreu tentativa de extorsão e denuncia Moro e Dallagnol

A audiência em que o juiz Eduardo Appio ouviu Rodrigo Tacla Duran foi interrompida depois que o advogado que prestou serviços à Odebrecht denunciou Sergio Moro e Deltan Dallagnol, por envolvimento num caso de extorsão.

"Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, Deputado Deltan Dalagnol e o Senador Sério Moro, bem como as pessoas do advogado Zocolotto e do dito cabo eleitoral Fabio Aguayo, encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do Excelentíssimo Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, juiz natural do feito, porque prevento, já tendo despachado nos presentes autos", despachou o juiz, que é titular da 13a. Vara Federal de Curitiba, onde Moro atuava..

Tacla Duran diz que, em 2016, o advogado Carlos Zucolotto Júnior o procurou para exigir 5 milhões de dólares em troca de benefícios num acordo de colaboração. Na conversa, que Tacla Duran guardou através de um print de tela, Zucolotto disse que acertaria os termos com DD (iniciais de Deltan Dallagnol).

Um mês depois, Tacla Duran fez uma transferência de 613 mil dólares para o escritório de Marlus Arns. Tanto Zucolotto quanto Marlus Arns têm relação profissional com Rosângela Moro. Zucolotto era sócio da esposa do então juiz e Marlus atuava com Rosângela em casos da Apae e também e processos da chamada Máfia das Falências.

Zucolotto é também padrinho de casamento de Moro e Rosângela.

O juiz ainda não decidiu se liberará os vídeos da audiência. O processo, por enquanto, tramita em segredo de justiça. 

·         Tacla Duran também conversou com a PF e entregou áudio que liga Moro a escritório de advocacia

O advogado Rodrigo Tacla Durán também conversou com a delegada Paula Fontenelle, da Polícia Federal, nesta segunda-feira. Foi uma conversa de 20 minutos, por aplicativo, e outro depoimento será marcado.

A delegada acompanhou a audiência na 13a. Vara da Justiça Federal e, logo depois que o juiz Eduardo Appio decidiu encaminhar o processo para o STF, a delegada iniciou uma videoconferência com Tacla Durán, para colher o depoimento.

Tacla Durán disse que concordava com depoimento formal à PF, mas gostaria de aguardar a decisão do STF.

A ação foi encaminhada para o Supremo Tribunal Federal em razão da prerrogativa de foro de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, respectivamente senador e deputado federal.

Tacla Durán apresentou um áudio de um advogado que foi intermediário de uma proposta para contratar escritório de advocacia que seria de Sergio Moro.

O áudio foi exibido pelo ex-advogado da Odebrecht. Neste momento, pela citação de Moro, o juiz Eduardo Appio disse que encerraria a audiência, para não ficar impedido de atuar no processo, já que a prerrogativa para julgar senador e deputado é do STF. 

Pode haver interpretação divergente pelo fato dos supostos crimes atribuídos aos dois terem sido cometidos antes do início do mandato parlamentar.

No áudio, o advogado Sergio Martins conta que recebeu a visita de Carlos Zucolotto Júnior e de Fábio Aguayo no Sindicato dos Hotéis em São Paulo.

Tacla Durán tinha sido vice-presidente jurídico da entidade e, por isso, mantinha relação com Sergio Martins.

O advogado diz que Aguayo e Zucolotto sugeriram a contratação de um escritório de advocacia que seria de Moro, o que é ilegal no exercício da magistratura.

Tacla Durán também apresentou uma fotografia em que os dois aparecem, com diretores e o advogado na porta do Sindicato dos Hotéis.

O ex-advogado da Odebrecht conta que, por não aceitar a contratação do escritório, ele foi perseguido por Moro.

O juiz Appio disse que a Polícia Federal tem o "poder-dever" de iniciar uma investigação a partir das informações de Tacla Durán.

Fábio Aguayo é amigo e cabo eleitoral de Moro. Diretor do sindicato de bares e restaurantes de Curitiba, Aguayo é tão próximo de Moro que foi ele quem aproximou o então juiz do cantor Fagner.

 

Ø  Tacla Duran agora é oficialmente protegido pelo Estado brasileiro após denunciar Moro e Dallagnol

 

O advogado Rodrigo Tacla Duran foi incluído nesta segunda (27) pelo juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, no Programa Federal de Testemunhas Protegidas e agora é oficialmente protegido pelo Estado brasileiro. A decisão foi assinada logo após o advogado prestar depoimento em que denunciou o ex-juiz da operação Lava Jato e atual senador, Sergio Moro, e o ex-procurador e atual deputado federal, Deltan Dallagnol, de terem manipulado um esquema para extorqui-lo em troca de benefícios em uma delação.

Tacla Duran também relatou que após negar o envio de 5 milhões de dólares a um advogado que faria parte do esquema, passou a sofrer ameaças de um delator e uma série de processos em diversos países.

O juiz Eduardo Appio avalia que o depoimento de Duran pode ser crucial para que o Supremo Tribunal Federal possa julgar tanto o caso envolvendo a presente denúncia como o processo anterior, movido também contra Duran, em que é apurada possível corrupção na Petrobras. “Entendo que a presente habilitação deverá ser feita perante o gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, na medida em que não traduz medida de cunho urgente e os processos se encontram suspensos por decisão soberana do STF”, escreveu Appio.

Em seguida, reconhece que para habilitar a ida de Duran ao STF, é preciso garantir sua segurança. O juiz entendeu que Moro e Dallagnol podem ser pessoas perigosas para a testemunha, e sublinhou que gozam de amplo poder político e econômico antes de determinar que Tacla Duran ingresse no programa proteção a testemunhas.

“O acusado está sendo encaminhado ao programa federal de Testemunhas Protegidas por conta do grande poderio político e econômico dos envolvidos, sendo certo que toda e qualquer medida somente será apreciada por este Juízo Federal em caso de risco concreto à vida e/ou segurança das testemunhas e autoridades envolvidas”, escreveu.

 

Ø  Juiz da Lava Jato cita mensagens de Deltan e denuncia associação de Gabriela Hardt com MPF

 

O magistrado Eduardo Fernando Appio anulou uma decisão da juíza Gabriela Hardt - que ganhou notoriedade por quebrar o sigilo da Operação Sequaz - por "suposta associação com membros do Ministério Público MPF" em uma ação dentro do âmbito da Lava Jato.

Hardt estampou manchetes na mídia por ter assinado a operação do suposto caso de atentado do PCC contra o senador Sérgio Moro. Em 2021, diálogos que faziam parte da Vaza Jato e foram avaliados pelo STF na Operação Spoofing mostraram que Deltan Dallagnol fez uma "combinação" com Hardt.

A decisão de Appio - publicada originalmente no blog de Fausto Macedo, no Estado de São Paulo - afirma que Hardt não tinha impessoalidade para julgar o caso.

"A imparcialidade do juízo  é pressuposto de validade da decisão, sem o qual nenhuma decisão judicial pode produzir efeitos práticos", diz o texto.

A decisão em favor de Márcio Pinto de Magalhães acabou desbloqueando seus bens e valores. O ex-representante da multinacional Trafigura no Brasil era investigado por suposto pagamento de propina a executivos da Petrobras.

"Este tipo de modelo não foi aceito nem mesmo em períodos sombrios de nossa recente história, como na Alemanha nazista ou na União Soviética stalinista, quando ainda se reconhecia que a equidistância das partes produzia um profundo impacto no equilíbrio da relação processual", disse Appio na peça.

A decisão pode acabar anulando diversas decisões de Gabriela Hardt no âmbito da Lava Jato. Eduardo Fernando Appio, que assumiu recentemente a 13ª Vara Criminal de Curitiba, é conhecido por ter uma postura mais garantista frente aos processos e já anulou diversas decisões anteriores da investigação.

Nesta segunda-feira (27), o juiz irá ouvir o testemunho de Tacla Duran, advogado investigado pela Lava Jato que alega ter provas contra a operação.

 

Ø  PF vai investigar Moro e Dallagnol por tentativa de extorsão

 

O advogado Rodrigo Tacla Duran, acusado de ter praticado lavagem de dinheiro para a Odebrecht quando trabalhava para a construtora, foi ouvido nesta segunda-feira (27) pela 13ª Vara Federal de Curitiba, por meio do juiz Eduardo Appio. Em depoimento, denunciou o ex-juiz da mesma vara e hoje senador Sergio Moro e o ex-procurador e hoje deputado federal Deltan Dallagnol de estarem envolvidos em um caso de extorsão do qual foi vítima. Ao final do depoimento, Appio decidiu enviar a acusação para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde será investigada pela Polícia Federal.

De acordo com Tacla Duran, em 2016 o advogado Carlos Zucolotto Júnior teria exigido o pagamento 5 milhões de dólares para que pudesse obter benefícios em acordos de colaboração com a Lava Jato. Na conversa, feita por aplicativos de mensagens e da qual Duran alega ter capturas de tela, Zucolotto Júnior teria apontado que DD (Deltan Dallagnol) acertaria os termos do acordo. Cerca de um mês se passou até que Duran fizesse uma transferência de 613 mil dólares para o escritório de Marlus Arns.

Marlus atuava com Rosângela Moro em casos que envolviam a Apae e em processos relativos à chamada Máfia das Falências. Já Zucolotto era sócio da esposa de Moro e foi seu padrinho de casamento. Duran afirma que após a negativa em aderir ao esquema de extorsão, teria sido ameaçado por um outro delator, além de acusar o Ministério Público de utilizar subterfúgios para impedi-lo de prestar depoimentos.

“Com relação a Deltan Dallagnol e outros procuradores, inclusive coloquei na petição, que insistem em manter contatos extra conduto legal para continuar me perseguindo aqui na Espanha e em outros países. Ele se comunicava, tem provas nos autos, e tem uma questão de delator me ameaçando, por isso a urgência. Inclusive nessas trocas de mensagens foi comunicado que eu estava sendo ameaçado nos EUA por um relator. Precisa saber se o delator era a mando deles ou não, porque nada foi feito e as provas estão na própria petição”, denunciou.

Tacla Duran prossegue: “Fui testemunha em uma série de países onde há cooperação internacional sobre os casos da Odebrecht. Fui testemunha no Panamá, Argentina, Peru, Suíça, Andorra, vários países. É a primeira vez que sou ouvido no Brasil. Estou em causa própria nesse processo a um ano e pouco. E os subterfúgios processuais utilizados até agora para que eu não fosse ouvido são diversos”, relatou.

Duran também afirmou que tem de responder uma série de processos sobre o mesmo fato em cinco países diferentes como forma de perseguição por não ceder às pressões para extorsão. Ele vive na Espanha atualmente e prestou seu depoimento por vídeochamada.

“O processo penal no Brasil tem dois objetivos: a repatriação e a execução penal. O doutor foi contra a minha repatriação e a favor de me processar na Espanha, ao mesmo tempo em que tenta me citar. Eu realmente não sei o que o Ministério Público quer além de me perseguir. Fui processado pelo mesmo fato em 5 países, por uma simples questão de vingança, por eu não aceitar a extorsão. E porque eu não aceitei ser extorquido e, para falar no linguajar de cadeia que ele gosta, ‘arregado’, eu fui perseguido e sou até hoje", afirmou.

No momento da denúncia, o juiz interrompeu a audiência e enviou o caso para o Supremo Tribunal Federal, uma vez que dois dos citados, Dallagnol e Moro, agora são parlamentares. O caso deve ser investigado pela Polícia Federal e Tacla Duran terá seu nome encaminha para o Programa Federal de Proteção a Testemunhas, uma vez que o juiz entendeu que envolve acusações contra pessoas que possuem "grande poderio político e econômico".

“Diante da notícia crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, o deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro, bem como as pessoas do advogado Zocolotto e do dito cabo eleitoral Fábio Aguayo, encerro a presente audiência para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, na pessoa do ministro Ricardo Lewandowski”, despachou Appio.

 

Fonte: Fórum/Brasil 247

 

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