quarta-feira, 29 de março de 2023

Balão deglutível: entenda como funciona novo método de emagrecimento

A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. De acordo com o atlas da Federação Mundial da Obesidade divulgado esse ano, 51% da população será obesa ou terá sobrepeso até 2035. Para tentar resolver esse cenário, existem diversas alternativas disponíveis no mercado para auxiliar o paciente no emagrecimento: a mais nova é o balão em forma de cápsula, que é engolido pelo usuário.

O balão intragástrico deglutível foi aprovado pela Anvisa em outubro de 2022 e chegou ao Brasil em fevereiro deste ano. O médico Fábio Miranda, pós graduando em cirurgia geral e endoscopia digestiva, foi um dos primeiros profissionais a se qualificar e iniciar o procedimento no país. Segundo ele, o método é indicado não só para obesos, mas também para pessoas com leve sobrepeso.

·         Como funcionam os balões deglutíveis?

Entre as inovações do tratamento, o balão deglutível se destaca primeiramente por ser uma cápsula que o paciente engole. O dispositivo sofreu uma alteração em seu formato e agora é elíptico, proporcionando melhor adaptação no estômago. Miranda explica que o procedimento para a implantação é feito de maneira simples, sem a necessidade de endoscopia, anestesia e nem internação hospitalar.

“O paciente engole a cápsula, que vem ligada a um catéter, com um gole de água. Após a deglutição, é realizado um raio-x no próprio local para verificar a posição da cápsula no estômago e, através do catéter, o balão é preenchido com 550 ml de um líquido específico”, explica o profissional.

Após essa etapa, outro raio-x é feito para confirmar a posição do objeto. Todo o procedimento dura em média 15 minutos. Já no estômago, o balão passa a ocupar em média 30% do órgão, promovendo saciedade e facilitando a realização de dietas hipocalóricas para um emagrecimento mais efetivo.

Após quatro meses, o objeto se rompe sozinho e é eliminado por meio das fezes do paciente, segundo Miranda.

·         Acompanhamento e adaptação

Aliado ao balão, o programa de emagrecimento conta com o auxílio de um smartwatch e uma balança inteligente para monitorar a evolução do tratamento. Os dispositivos são conectados a uma plataforma digital, onde a equipe médica pode auxiliar e acompanhar o paciente de forma mais personalizada.

Segundo o médico, o emagrecimento pode chegar a 33% do peso total. “No primeiro mês, a perda de peso fica em média de 6% do peso corporal total. Em casos específicos, o tratamento poderá ser prolongado em até 18 meses e chega a ter uma perda de aproximadamente 33%, de acordo com a disciplina de cada paciente”, afirma Miranda.

O programa de emagrecimento com o balão deglutível dura seis meses e custa em torno de R$ 18 mil reais. Além disso, todos os pacientes que optam pelo método são acompanhados por uma equipe multidisciplinar envolvendo o médico, nutricionista e psicólogo.

·         Conforto e bem-estar

A empresária Érica Seabra, de 39 anos, conta que chegou a pesar 94 quilos. Ela já tinha usado o balão intragástrico tradicional anteriormente, e emagreceu 33 kg em um ano. Recentemente, ela optou por colocar o balão deglutível com Miranda.

O período de adaptação das versões tradicionais dura em média três a cinco dias. Já com os balões deglutíveis, esse ajuste tende a ser mais favorável. Érica conta que sentiu a diferença, e lembra que passou muito mal na fase de adaptação anteriormente.

“No sexto dia com o outro balão, eu sentia muitas dores abdominais, uma enorme pressão na boca do meu estômago, além de apresentar muito enjoo e episódios de vômito. Com o deglutível, eu tive desconforto apenas nos três primeiros dias até a adaptação. Depois disso, eu nem lembrava mais que estava com ele”, revela.

A empresária conta que, com apenas dez dias de uso da versão deglutível, conseguiu eliminar 6 kg.

 

Ø  Sutura gástrica: técnica sem corte promete efeito de bariátrica

 

A bariátrica, conhecida como redução do estômago, é um dos procedimentos mais conhecidos por pessoas obesas que precisam perder uma quantidade significativa de peso. A cirurgia é bastante invasiva e, por isso, é recomendada apenas para casos onde o paciente tem um quadro grave de obesidade ou não teve bons resultados com outros tratamentos.

Mas uma alternativa pode começar a ser utilizada no lugar da operação: a gastroplastia endoscópica, ou sutura gástrica. Ela foi aprovada pela Agência Nacional de Saúde (Anvisa) no final de 2016 e é indicada para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30. Ao contrário da bariátrica, a sutura pode ser realizada até mesmo em pacientes com obesidade leve, e é feita sem cortes.

“A maior vantagem do procedimento é que, ao contrário da cirurgia de redução de estômago, ele é realizado sem que haja nenhum corte no paciente, evitando complicações no pós-operatório e possibilitando uma melhor recuperação”, explica o cirurgião do aparelho digestivo Eduardo Grecco, coordenador do Serviço e da Residência Médica de Endoscopia da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo.

Ele conta que o paciente recebe alta no mesmo dia e já pode voltar às atividades normais após dois ou três dias, apesar de precisar de dieta pastosa por até um mês. Já na cirurgia bariátrica, o indivíduo requer mais cuidados, especialmente devido ao tempo de internação e recuperação.

Diferenças entre procedimentos

A sutura gástrica é realizada por meio de um tubo flexível, o endoscópio, que é introduzido pela boca do paciente sob anestesia geral. O cirurgião utiliza a câmera embutida no aparelho para ver as imagens do estômago em tempo real, fazendo costuras no órgão para diminuir a sua capacidade.

“Na cirurgia bariátrica, o indivíduo não terá só o tamanho do estômago reduzido, mas também pode ter dificuldade com a absorção de nutrientes, produzindo uma alteração das ações metabólicas. A pessoa absorve menos nutrientes, gorduras e açúcares, e irá precisar de cuidados constantes, como suplementação de ferro e vitaminas. Na sutura endoscópica, você não tem esse tipo de alteração vitamínica porque o estômago continua exercendo todas as suas funções”, afirma Grecco.

O cirurgião comenta que o procedimento ajuda a diminuir a fome e aumentar a saciedade com menor ingestão de alimento da mesma forma que a bariátrica. Mas o mais importante é manter uma dieta balanceada antes e depois da cirurgia, além de ter uma equipe multidisciplinar e apoio psicológico trabalhando junto com o paciente.

Ele ressalta que a redução de peso é menor na gastroplastia endoscópica: enquanto na bariátrica a redução é de até 40% do peso corporal, o emagrecimento resultante do procedimento menos invasivo é de até 25%.

Para quem é indicado

As indicações clássicas da cirurgia endoscópica são para pessoas com quadro de obesidade leve e sobrepeso, mas o médico afirma que existem pacientes que deveriam realizar a bariátrica e optam pelo procedimento menos invasivo para “não mexer com o intestino”, ou devido aos riscos da operação.

“Esses pacientes podem realizar a gastroplastia endoscópica, porém, devem estar cientes da questão do resultado. Para um paciente com 100 kg que deveria pesar 60kg, o ideal é uma cirurgia bariátrica. Porém, com a sutura gástrica, ele sai desse patamar de 100kg e vai para 80kg, e, com isso, inicia o processo de emagrecimento”, explica.

Grecco lembra que há contraindicações para pessoas com algum tipo de distúrbio psiquiátrico importante, como compulsão alimentar, ou doenças que prejudiquem a coagulação do sangue. Pacientes com gastrite, esofagite ou outras doenças podem realizar o procedimento, desde que ele seja comunicado e tratado previamente.

 

 Fonte: Metrópoles

 

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