sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Dinheiro pelo ralo: Novo VLT de Salvador deve custar R$ 3,5 bilhões

Os novos editais do VLT de Salvador devem ser lançados até o próximo dia 30 de setembro. A ideia é anunciar no final do mês não apenas o projeto para o trecho entre Paripe e Calçada, que substituirá o tradicional trem do Subúrbio, mas também os trechos entre Paripe e Águas Claras, através da Estrada do Derba, e entre Águas Claras e Piatã, entre as avenidas 29 de Março e Orlando Gomes.

Conforme documentos oficiais obtidos pelo portal A TARDE, o custo das obras está estimado na soma de R$ 3.491.037.125,29, considerando os três trechos do VLT de Salvador e as intervenções complementares nas vias em que passará o novo modal de transporte.

A maior parte do custo está no trecho considerado prioritário pelo governo da Bahia: o Subúrbio Ferroviário. Serão R$ 1.691.134.607,18 investidos no sistema VLT entre Paripe e a Calçada, substituindo a antiga ferrovia que atravessava a Avenida Suburbana. 

Os trechos que atravessam a Estrada do Derba e as avenidas 29 de Março e Orlando Gomes também têm previsão de alto investimento, mas abaixo do trecho suburbano. São R$ 1.127.762.518,11 entre Paripe e Águas Claras e R$ 672.140.000,00 para interligar a nova rodoviária estadual, nas proximidades da BR-324, à Orla Atlântica, em Piatã.

Os valores seriam referentes a todo o sistema VLT, com obra estática de suporte, operação, equipamentos rodantes, trens, parte elétrica, comunicação e outros detalhes que envolvem o modal de transporte.

Os trechos da Suburbana e da Estrada do Derba já estão com praticamente tudo definido e chegaram a ter previsão de lançamento dos editais para esta sexta-feira, 1º de setembro. Entretanto, a pedido do governador Jerônimo Rodrigues (PT), os textos editalícios só devem ser publicados no final do mês, para que o terceiro trecho do VLT também esteja com seu projeto todo definido.

A intenção do governo da Bahia é finalizar as licitações até o final do ano, para entrar em 2024 com as obras já iniciadas.

Procurada pelo portal A TARDE nesta quinta-feira, 31, a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira (PSD), confirmou que a ideia é lançar o projeto completo no final de setembro, ligando Paripe a Calçada, mas também a Piatã. A prioridade, porém, é o Subúrbio, com quem o governo da Bahia se sente em dívida.

“O projeto que nós estamos concebendo, e foi exatamente por isso a demora, é até Piatã. Nós vamos licitar todo o projeto junto. A prioridade continua sendo o trecho do Subúrbio, mas estamos deixando o projeto todo pronto, porque a decisão do governador é levar até Piatã. Estamos em débito com a comunidade do Subúrbio, mas vamos fazer o projeto inteiro”, reforçou a secretária.

VAGÕES

Nesta quarta-feira, 30, o portal A TARDE revelou que o governo da Bahia está em negociações para adquirir todo o equipamento rodante do VLT do Mato Grosso, que ligaria os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, mas acabou não sendo colocado em prática. O material negociado entre os estados é composto por 40 trens, somando 280 vagões.

Comprados pelo governo do Mato Grosso em 2012 junto a uma empresa espanhola, os vagões nunca foram utilizados, já que o VLT de Cuiabá-Várzea Grande jamais ficou pronto. De acordo com apuração do portal A TARDE, o equipamento tem uma vida útil de 30 anos e custou R$ 497 milhões ao estado matogrossense.

O governo da Bahia tem interesse na compra de todo o equipamento, considerando que a quantidade é necessária para o funcionamento eficiente do VLT de Salvador e que a negociação do material rodante por inteiro pode facilitar o entendimento entre as partes.

•        Trens do VLT de Cuiabá têm vida útil de 30 anos

Alvo de interesse do Governo da Bahia para implantação no VLT do Subúrbio Ferroviário de Salvador, os trens que inicialmente integrariam o VLT de Cuiabá-MT, foram adquiridos em 2012, possuem vida útil de 30 anos e estão sob responsabilidade de um consórcio, que dá manutenção periódica ao modal desde a aquisição. O equipamento tem capacidade de transportar mais de 160 mil pessoas por dia.

O governo do Mato Grosso comprou os trens em 2012, por R$ 497 milhões, junto à empresa CAF, com matriz na Espanha, antes mesmo do início das obras do modal na cidade, que deveria ser entregue em 2014, antes da Copa do Mundo no Brasil.

A empresa é uma das integrantes do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande. A obra não deu sequência e o modal foi substituído pelo BRT. Como consequência disso, os vagões nunca foram utilizados, ficando parados pelos últimos 11 anos.

O Portal A TARDE revelou na quarta-feira, 30, detalhes da negociação envolvendo os dois governos estaduais, inclusive, confirmando o interesse do governo baiano na aquisição de todos os trens, por parte da secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira.

Temos sim interesse. O TCU está promovendo a intermediação das negociações e se realizar nos facilitará muito a implantação podendo inclusive reduzir prazos de entrega - secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira

As negociações se iniciaram na última sexta-feira, 25, com a criação de um grupo de trabalho (GT), por parte do Tribunal de Contas da União (TCU), que busca uma solução consensual acerca da destinação dos vagões do VLT de cuiabá, que acabou tendo seu contrato rescindido.

O GT é formado por representantes dos dois governos estaduais, além do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) e do Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE-MT).

No caso da Bahia, o governo Jerônimo está sendo representado pela Casa Civil, do secretário Afonso Florence (PT), e pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), da procuradora Bárbara Camardelli, que têm o prazo de 30 dias para realizar o levantamento das informações e avaliar as soluções juridicamente viáveis.

>> O que diz o governo da Bahia

Por meio da Casa Civil, envolvida diretamente na negociação, o governo da Bahia afirmou que está disposto a adquirir os equipamentos rodantes do VLT do Mato Grosso, para dar celeridade ao processo de construção do novo modal do Subúrbio Ferroviário de Salvador. O governador Jerônimo Rodrigues ainda não falou abertamente sobre a aquisição.

>> O que diz o governo do Mato Grosso

Após a Casa Civil do Mato Grosso não ter se manifestado sobre o interesse, a secretária de Comunicação do Estado, Laice Souza, afirmou que as informações sobre o tema devem ser tratadas diretamente com o TCU.

No entanto, o governador Mauro Mendes (União Brasil-MT) afirmou à imprensa de Cuiabá que o Estado não tem nenhuma objeção quanto à criação do Grupo de Trabalho para negociar a venda dos trens e que busca a “destinação consensual” dos vagões do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).

Segundo o gestor, o único interesse do governo “é receber de volta os valores gastos com as compras dos vagões”.

>> Interesse da Câmara dos Deputados

O assunto referente à venda dos trens do VLT de Cuiabá já chegou na Câmara dos Deputados e uma subcomissão formada por parlamentares membros e não membros da Comissão de Desenvolvimento Urbano já está se debruçando sobre o assunto.

“Estamos estabelecendo uma subcomissão para acompanhar justamente isso. Essa venda não há ainda um posicionamento firme de todas as partes. Não temos nenhuma posição firme e queremos saber como vai ser feita essa negociação, se tem segurança jurídica. Tem que ver se no futuro o Estado do Mato Grosso não terá de devolver o dinheiro, se a Bahia vai manter o negócio até o final. A gente não quer atrapalhar negócio para nenhuma das partes”, afirmou o deputado federal Abilio Brunini (PL-MT) ao Portal A TARDE.

>> VLT do Subúrbio

Recentemente, o governo da Bahia rescindiu o contrato que tinha com o consórcio chinês Skyrail, para a construção de um novo modal de transporte no Subúrbio de Salvador. A obra já estava contratada, mas nunca foi iniciada, devido a discordâncias entre as partes acerca do valor a ser investido pelo estado na construção.

Após conversas com a participação do TCE-BA, o governo da Bahia e a Skyrail decidiram rescindir o contrato de forma amigável, encerrando a ideia de construir um monotrilho entre os bairros de Paripe e do Comércio, na Cidade Baixa de Salvador.

O governo da Bahia avalia agora a elaboração de um novo edital para a construção do VLT, que só deve sair após o fim das negociações no GT com o estado do Mato Grosso. Também não está descartada a possibilidade de uma gestão direta, com obras e administração sob responsabilidade da gestão estadual baiana.

•        Bruno Reis comenta investida do Estado nos vagões do VLT de Cuiabá

O prefeito Bruno Reis (UB) comentou nesta quinta-feira, 31, sobre a investida do Governo do Estado para a aquisição dos 40 trens que fazem parte do sistema de VLT de Cuiabá-MT. Os detalhes da negociação foram revelados pelo Portal A TARDE, na quarta-feira, 30.

Segundo Bruno, se a compra dos 40 trens for a saída mais rápida do governo para o restabelecimento do sistema de transporte do Subúrbio de Salvador, terá todo o apoio da Prefeitura.

"Não, não estou acompanhando. Eu sou a favor do VLT, como eu sou a favor da ponte, sou a favor de qualquer iniciativa que melhore a vida das pessoas. Se essa for a melhor solução, for a solução mais rápida para restabelecer esse modal de transporte que prejudicou tanto a população do Subúrbio, que foi a retirada dos trilhos do antigo trem, do funcionamento do antigo trem, conta com todo o apoio da Prefeitura", afirmou.

Em outra matéria exclusiva do Portal A TARDE, já nesta quinta-feira, 31, traz a informação de que o novo VLT de Salvador deve custar R$ 3,5 bilhões

Conforme apuração de A TARDE, os novos editais do VLT de Salvador devem ser lançados até o próximo dia 30 de setembro. A ideia é anunciar no final do mês não apenas o projeto para o trecho entre Paripe e Calçada, que substituirá o tradicional trem do Subúrbio, mas também os trechos entre Paripe e Águas Claras, através da Estrada do Derba, e entre Águas Claras e Piatã, entre as avenidas 29 de Março e Orlando Gomes.

O plano do governo Jerônimo Rodrigues (PT), inclusive, é entrar em 2024 com as obras iniciadas, com prioridade para o Subúrbio.

 

Fonte: A Tarde

 

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