O
que é uma guerra comercial e aonde vai a disputa China-EUA
Há
pouco mais de um mês o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da
China, Lin Jian, subiu ao pódio em Pequim para responder às tarifas anunciadas
pelos Estados Unidos contra seu país.
"Se
os Estados Unidos persistirem em travar uma guerra tarifária, uma guerra
comercial ou qualquer outro tipo de guerra, o lado chinês lutará até o fim", disse ele em 4 de março.
Se esse
era o tipo de retórica empregada quando a alíquota era de 20%, poucos podem
duvidar agora que os EUA e a China estejam envolvidos em uma séria guerra
comercial, visto que a alíquota tarifária americana disparou para mais de 100% da noite para o dia.
Nenhum
dos lados parece querer ceder.
A China
retaliou as novas tarifas americanas, anunciando nesta quarta-feira (09/04) que
aumentaria as taxas sobre todos os produtos americanos para 84% a partir do dia
seguinte. Pouco depois, Trump dobrou a aposta, anunciando um aumento, com efeito
imediato, das tarifas contra Pequim para 125%. O aumento
provavelmente está colocando a economia global no caminho de um conflito
econômico que pode ser extremamente prejudicial.
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O que é uma guerra comercial?
Uma
guerra comercial é um conflito econômico no qual os países implementam e
aumentam tarifas e outras barreiras não tarifárias uns contra os outros.
Normalmente, é gerada por protecionismo econômico extremo e geralmente envolve
as chamadas "medidas de retaliação", em que cada lado aumenta as
tarifas em resposta ao outro.
Ao
longo da história ocorreram diversas disputas comerciais. No século 17, muitas
guerras reais, como a Primeira e a Segunda Guerras Anglo-Holandesas, foram
causadas por disputas comerciais, enquanto a Primeira Guerra do Ópio entre o
Império Britânico e a China, no século 19, também foi causada por uma disputa
comercial.
Diversas
guerras comerciais ocorreram nos últimos dois séculos, às vezes com foco em
produtos específicos e outras vezes em todo o comércio entre países e blocos
econômicos.
Historicamente,
muitas guerras e disputas comerciais foram resolvidas por meio de resolução de
disputas, mediada por órgãos como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Acordos e acordos de livre comércio também podem pôr fim a uma guerra
comercial.
Um
importante ponto de virada na resolução de conflitos comerciais foi o Acordo
Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) — uma estrutura legal acordada em 1947
que visava reduzir tarifas e promover o comércio internacional.
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Qual a dimensão desta guerra?
Embora
a guerra comercial entre EUA e China tenha atingido um nível de escalada sem
precedentes esta semana, ela já dura, na prática, desde o primeiro mandato de
Trump.
Em
janeiro de 2018, seu governo impôs tarifas sobre as importações chinesas, o que
levou à retaliação de Pequim. Embora um acordo tenha sido firmado entre os
países em 2020, a maioria das tarifas permaneceu em vigor até as últimas
escaladas.
O
comércio de mercadorias entre a China e os EUA foi de cerca de 585 bilhões de
dólares (R$ 3,5 trilhões) em 2024. A China tem um enorme superávit comercial
com os EUA, quer dizer: exporta muito mais para os EUA do que importa dos
americanos.
Em
2024, os EUA importaram cerca de 440 bilhões de dólares em bens e serviços da
China, em comparação com 145 bilhões de dólares na direção oposta.
As
estimativas variam, mas muitos economistas concordam que a nova tarifa dos EUA
sobre a China é de 104%. As tarifas chinesas na direção oposta são estimadas em
cerca de 56%, mas esse número deve aumentar à medida que a retaliação continua.
Em
termos de barreiras não tarifárias, a China impôs proibições à exportação de
terras raras e iniciou uma investigação antitruste sobre a subsidiária chinesa
da empresa química americana DuPont.
Embora
as tarifas ainda possam aumentar drasticamente em ambos os lados, o mesmo pode
ocorrer com barreiras não tarifárias, como proibições à exportação e restrições
ao investimento.
Pequim
poderia tomar medidas retaliatórias contra empresas americanas com operações na
China, como a Apple. Já iniciou investigações antimonopólio contra os grupos de
tecnologia Google e Nvidia. Também poderia tentar impedir que empresas chinesas
invistam nos EUA.
Do lado
americano, Trump deixou claro que está disposto a continuar aumentando as
tarifas. Ele também poderia restringir ainda mais o investimento de empresas
chinesas nos EUA e restringir o investimento de empresas americanas em
tecnologias estratégicas na China, com o objetivo de impedir o desenvolvimento
tecnológico de Pequim.
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Haverá outras guerras comerciais?
Nesta
terça-feira, as chamadas "tarifas recíprocas" de Trump entraram em
vigor com alíquotas variáveis contra
dezenas de países ao redor do mundo, com alíquotas
gerais de 10% já impostas a todos os países.
Embora
alguns líderes estrangeiros tenham buscado negociar com a Casa Branca, o risco
de múltiplas guerras comerciais é significativo. Isso é especialmente verdade
considerando que Trump e seus assessores econômicos afirmaram que a redução de
tarifas contra os EUA não é suficiente e que esperam um comércio equilibrado,
além de outras concessões.
A
Comissão Europeia afirmou na segunda-feira que ofereceu um acordo tarifário
"zero por zero" para evitar uma guerra comercial. Mas também propôs
suas primeiras tarifas retaliatórias de 25% sobre uma série de importações dos
EUA em resposta às tarifas de aço e alumínio de Trump. A Comissão ainda não
apresentou uma resposta formal às tarifas recíprocas de 20% que Trump impôs
contra a UE.
Embora
a resposta da UE tenha sido contida até o momento, espera-se que o bloco
produza um conjunto maior de contramedidas até o final de abril. O comissário
de Comércio do bloco, Maros Sefcovic, afirmou que a UE mantém todas as suas
opções sobre a mesa. Isso inclui seu Instrumento Anticoerção (ACI) – um
conjunto de medidas que pode incluir a limitação de investimentos dos EUA na
Europa e medidas contra serviços americanos, incluindo empresas de tecnologia.
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Como tudo isso pode acabar?
Isso é
uma incógnita. A primeira rodada de tarifas impostas por Trump à China em 2018
levou a negociações e ao chamado acordo comercial de Fase Um. No entanto, as
tarifas entre os países ficaram muito mais altas após o acordo do que antes do
início da disputa.
Alguns
países podem fechar acordos que podem levar a tarifas mais baixas. Por exemplo,
Trump disse na segunda-feira que o Japão estava enviando uma equipe para
negociar, sugerindo que Tóquio era o primeiro na fila para um acordo
preferencial.
No
entanto, quando se trata da China, os sinais de um acordo rápido ou favorável
parecem escassos. Ambos os lados se consideram em vantagem, dado o tamanho de
suas economias, e nenhum deles mostra atualmente qualquer sinal de que vai
recuar.
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Tarifaço de Trump provoca boicote a produtos dos EUA
Apesar
de o pacote das assim chamadas "tarifas do Dia da Libertação" de Donald Trump ter sido momentaneamente suspenso e um
tanto amenizado, consumidores internacionais têm mantido o boicote a
produtos dos Estados Unidos. Os parceiros comerciais tradicionais estão entre
os mais atingidos e, do Canadá à Europa, ganham cada vez mais adeptos as
iniciativas de "compre local", quer organizadas nas redes sociais,
quer em lojas físicas.
Em 2 de
abril, Trump impôs uma sobretaxa geral sobre todas as importações para os EUA e
supostas "tarifas recíprocas" contra determinadas nações – embora, em
9 de abril, tenha abrandado o tom, anunciando uma pausa de 90 dias no tarifaço
e baixando a maioria das sanções para a taxa básica de 10%.
A única
exceção a esse esquema mais brando é a China, que agora enfrenta
tarifas de 125%, pois, segundo o mandatário americano, teria demonstrado
"falta de respeito" com "os mercados do mundo".
Enquanto
os governos de alguns países afetados decretam suas próprias barreiras
comerciais, os cidadãos reagem com campanhas próprias. Na União Europeia –
castigada com uma sobretaxa de 20% sobre suas exportações, antes do recuo de 9
de abril –, os consumidores estão tentando pôr de cabeça para baixo – em parte
literalmente – a posição dos EUA no mercado.
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Mobilização virtual e empresarial
Desde
que a Casa Branca ameaçou com medidas tarifárias, foram criados no Facebook
diversos grupos para organizar boicotes e campanhas. O francês "Boycott
USA: Achetez Français et Européen!" (Comprem francês e europeu!) já passa
de 30 mil participantes. E os suecos "Bojkotta varor från USA" e
"Boykot varer fra USA" (Boicote aos produtos dos EUA), já contam,
juntos, mais de 180 mil membros, unidos com o fim de pressionar pelo fim
das sanções.
Na Alemanha, parece haver apoio
para uma postura semelhante. O grupo de pesquisa Cuvey concluiu que 64% da
população preferiria evitar os artigos americanos, se possível. Uma pequena
maioria afirmou que suas decisões de consumo já estão sendo afetadas pelas
políticas trumpistas.
Por sua
vez, um movimento online nas redes sociais e fóruns como o Reddit conclamou os
consumidores europeus e canadenses a colocarem os produtos dos EUA de cabeça
nas prateleiras dos supermercados, como sinal visual para dissuadir eventuais
compradores.
Companhias
europeias estão igualmente se articulando contra as firmas americanas: o maior
varejista da Dinamarca, Salling Group, prometeu marcar os produtos da Europa
com uma estrela negra para ajudar os consumidores a identificá-los.
No
LinkedIn, o diretor executivo da companhia, Anders Hagh, informou que
continuará vendendo produtos americanos, mas a nova etiqueta é "um serviço
extra para fregueses que querem comprar artigos de marcas europeias".
Outras
empresas estão tomando medidas ainda mais concretas: a fornecedora norueguesa
de óleo e combustível para navios Haltbakk Bunkers anunciou que vai parar de
suprir as embarcações da Marinha dos EUA.
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Vendas da Tesla despencam
A marca
americana mais exposta à ira dos consumidores globais é a Tesla, de Elon Musk – maior doador da campanha eleitoral
trumpista e atual consultor especial da Casa Branca para cortar a burocracia
estatal através força-tarefa do Departamento de Eficiência Governamental
(Doge).
A
empresa perdeu 40% de sua cotação na bolsa de valores, e tem sido alvo de protestos públicos – por vezes
violentos – em todo o mundo. Suas vendas globais caíram 13% no primeiro
trimestre de 2025, apesar de descontos e ofertas de financiamento nas
concessionárias. A queda foi mais pronunciada na Europa, onde as vendas de
janeiro de 2025 foram 45% inferiores às do ano anterior, segundo a Associação
de Construtores de Automóveis Europeus.
Quem
sai ganhando são os fabricantes locais: no primeiro trimestre de 2025, a
Volkswagen foi a campeã de vendas de carros elétricos, à frente da BMW e de
três subsidiárias do conglomerado VW, a Skoda, Audi e Seat. A Tesla, antes no
topo do setor, ficou apenas em oitavo lugar.
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Clima anti-Trump no Canadá favorece liberais
Em
março, Trump impôs uma sobretaxa de 25% ao aço, alumínio e automóveis
canadenses, assim como aos bens não incluídos no acordo de livre-comércio EUA-México-Canadá
(USMCA).
O
crescente clima anti-Trump valeu um aumento dramático de popularidade para o
Partido Liberal, antes liderado pelo ex-primeiro-ministro Justin Trudeau e atualmente
por seu sucessor, Mark Carney, ao ponto de a legenda apresentar uma dianteira
apertada nas intenções de voto para as eleições de 24 de abril.
A
rejeição popular no Canadá contra os produtos americanos também é forte. Em
março, o governador de Ontário, Doug Ford, encerrou um contrato de
100 milhões de dólares canadenses (R$ 412 milhões) com a empresa de
telecomunicações Starlink, de Elon Musk. E comentou na plataforma X, do
multibilionário: "Ontário não faz negócios com quem está doido para
destruir a nossa economia."
Várias
firmas lançaram campanhas "Buy Canadian". O Conselho de Bebidas
Alcoólicas de Ontário disse que pararia de estocar o uísque bourbon e vinhos
dos EUA, entre outras bebidas. Províncias como Colúmbia Britânica e New
Brunswick adotaram medidas semelhantes.
Criaram-se
ainda diversos websites e apps, como Buy Beaver e Maple Scan, para ajudar o
consumidor a identificar e evitar artigos americanos. Comentando o sucesso
recente de seu site Made in CA, o fundador Dylan Lobo comentou à
revista Business Insider: "Há muito patriotismo no momento,
neste país. Há um forte sentimento de que os canadenses querem apoiar outros
canadenses."
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Mais um caso de "freedom fries"?
Para
além da Europa e do Canadá, diversos líderes econômicos estão cientes das
potenciais retaliações contra os produtos dos EUA e de como elas poderão afetar
seus negócios. Entre eles, chefes de companhias que adquiriram marcas
americanas.
Poucas
semanas após Trump retomar a Casa Branca, Takeshi Niinami, diretor executivo da
gigante japonesa de bebidas Suntory Holdings – proprietária de marcas como o
uísque bourbon Jim Beam – antecipou que os produtos do país seriam boicotados
pelos consumidores internacionais.
"Nós
elaboramos o plano estratégico e orçamentário para 2025 partindo do princípio
de que os produtos americanos, inclusive o uísque, serão menos aceitos fora do
país, por causa, em primeiro lugar, das tarifas, e em segundo, de emoção",
comentou à revista Financial Times.
O
professor de história Garritt van Dyk percebe nesse repúdio às mercadorias
americanas ecos de uma famigerada campanha de 2003, quando a oposição da França
à invasão do Iraque resultou em que
as batatas fritas fossem rebatizadas de french fries para freedom
fries" (da liberdade).
"Em
outros momentos no passado houve essa reação esquisita de 'a gente não quer
mais pertencer a essa cultura'", observa o docente da Universidade de
Waikato, na Nova Zelândia. Em sua opinião, o sentimento de dano à reputação
pelas firmas e fabricantes americanos pode acabar sendo relevante, já que,
"num mercado superlotado, as pessoas podem fazer suas próprias
escolhas".
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Cargas abandonadas revelam o caos da guerra tarifária
Empresas
grandes e pequenas disseram à CNBC que a última rodada
de tarifas do presidente Donald Trump , visando países do mundo todo e elevando
as taxas comerciais aos níveis mais altos em um século, pode resultar no
abandono de cargas nos portos, já que proprietários e CEOs com dificuldades
financeiras rejeitam mercadorias que podem causar prejuízos financeiros.
Rick
Muskat, presidente da varejista de calçados familiar Deer Stags, que importa
cerca de dois milhões de sapatos por ano — com cerca de 98% de seus calçados
masculinos e infantis feitos na China e vendidos na Macy’s, Kohl’s, JCPenney e
na Amazon — está entre os empresários que se preparam para assumir taxas de
importação exponencialmente maiores, mas diz que o prejuízo financeiro e a
divisão do prejuízo entre sua empresa e os varejistas serão difíceis.
Seus
pares de sapatos masculinos que custavam US$ 50 e os sapatos infantis de US$ 35
para meninos já subiram de US$ 80 para US$ 65, respectivamente, após recentes
medidas de guerra comercial dos EUA, com a Deer Stags pronta para pagar uma
tarifa nova de mais de 104% sobre produtos chineses, acumulada sobre tarifas
anteriores.
Antes
dos aumentos tarifários em 2025, sua empresa pagava uma taxa de 6% sobre seus
calçados.
“Depois,
as tarifas foram aumentadas em 10% duas vezes, elevando minhas tarifas para
26%. Na semana passada, Trump adicionou 34% e agora os 50% cobrados hoje. Todas
essas tarifas elevam meu total de tarifas para 110% sobre meus sapatos sem
couro. Meus sapatos de couro agora têm uma tarifa de 120%. Como vocês conseguem
orçar isso?”, perguntou Muskat.
Ele
estima que o custo dos pedidos de frete sujeitos às novas tarifas aumentará de
US$ 60.000 para algo entre US$ 600.000 e US$ 1 milhão.
“O
problema imediato é o fluxo de caixa”, disse ele. “Não temos capital para lidar
com isso. Só existe uma pilha de dinheiro e eu pago por isso, mas isso
significa que não vou pagar por mais nada. Vamos pagar o imposto porque não
temos escolha.”
Muskat
afirmou que não rejeitará os contêineres no porto, o que forçaria o fornecedor
a aceitar a carga de volta, mas pediu a uma fábrica que suspendesse os
embarques por uma ou duas semanas para ver como as coisas se desenrolam. As
conversas com os varejistas estão em andamento.
Espera-se
que outros importadores dos EUA abandonem mercadorias nos portos, que podem
então retornar ao fabricante ou ser leiloadas ou destruídas nos EUA.
Na
quarta-feira, Trump acrescentou mais uma mudança à situação instável, afirmando
que alguns países, além da China, teriam uma pausa de 90 dias na implementação
de tarifas , mas as novas tarifas sobre a China aumentariam para 125%. Segundo
uma estimativa, mais da metade dos US$ 2 bilhões em tarifas de importação
diárias a serem cobradas pelos EUA serão sobre produtos chineses, e as tarifas
sobre esses produtos chegarão a mais de US$ 1 bilhão por dia.
“A
principal tendência que observamos é que os transportadores estão relutando em
aceitar suas cargas”, disse Joseph Esteves, CEO da Maine Pointe, consultoria
global de cadeia de suprimentos. “Muitas dessas empresas estão financeiramente
alavancadas. Elas não têm as necessidades de capital de giro e não têm caixa.
Então, elas simplesmente não podem simplesmente assumir isso e esperar para ver
o que acontece. Elas não têm liquidez para fazer isso”, disse ele. Os balanços
patrimoniais e os níveis de caixa estavam mais sensíveis a grandes mudanças nos
custos, com a desaceleração da demanda do consumidor, “antes de toda essa
bobagem”, disse ele. “Todos os CEOs com quem conversamos parecem estar apenas
esperando. Eles simplesmente não estão aceitando neste momento.”
Atualmente,
muitas empresas estão instruindo suas unidades de produção a adiar o embarque e
não embarcar a carga. Se as mercadorias chegarem ao porto e não puderem pagar
as tarifas de importação, elas ficarão retidas no porto e a empresa será
cobrada com custosas taxas de retenção.
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Para muitos importadores, ‘não há fábricas nos Estados Unidos’
Bruce
Kaminstein, investidor-anjo da New York Angels e fundador e ex-CEO da empresa
de produtos de limpeza Casabella, conhece os desafios da indústria
manufatureira na China. Kaminstein conseguiu contornar as tarifas na primeira
guerra comercial com a China, mas alerta que as startups não têm os recursos
das grandes empresas para suportar a crise de capital.
“Os
produtos serão deixados em contêineres porque os varejistas não os aceitarão”,
disse Kaminstein.
Por
enquanto, qualquer carga por via marítima não estará sujeita às novas tarifas .
Em um guia atualizado sobre as tarifas da China, divulgado pela Alfândega dos
EUA na terça-feira, uma “cláusula sobre a água” explicou que as cargas que
chegarem aos portos hoje ou nas próximas semanas não estarão sujeitas às
tarifas, que não serão aplicadas a nenhuma mercadoria que chegue até 27 de
maio.
Mas
Kaminstein diz que leva anos para que as cadeias de suprimentos de fabricação
sejam estabelecidas.
“Uma
empresa de utilidades domésticas de médio porte, por exemplo, fatura US$ 20
milhões. Elas não têm capital para abrir uma fábrica. … Não há empresas, nem
fábricas por aí que produzam produtos para outras marcas”, disse ele. “Esse é o
ponto principal. Se você tem uma ótima ideia, onde você vai para fabricá-la?
Não há fábricas aqui nos Estados Unidos fabricando produtos para outras
marcas.”
Mary
Rollman, estrategista organizacional e executiva de parcerias da KPMG US, disse
que as empresas têm análises melhores e mais sofisticadas para avaliar o custo
de mover uma cadeia de suprimentos hoje, mas acrescentou que leva anos para
encontrar e qualificar um fornecedor.
“As
empresas precisam avaliar o custo de restaurar uma cadeia de suprimentos”,
disse Rollman. “Elas analisarão os dados concretos sobre custos fixos,
analisando a força de trabalho para verificar se há trabalhadores suficientes
para atender à demanda. Elas também precisam avaliar se ainda é economicamente
viável manter a produção fora dos EUA ou migrar para outros países com tarifas
mais baixas, porque ainda é mais barato do que voltar.”
A outra
opção, ela disse, é permanecer no país onde a fabricação ocorre atualmente e
contar com uma nova administração em quatro anos, que pode revogar as tarifas.
“Usamos
componentes de todos os lugares”, disse Kaminstein. “Muito raramente os
produtos são feitos em um só lugar. Estamos acostumados a uma cadeia de
suprimentos global. Na Casabella, trouxemos produtos do mundo todo e fabricamos
produtos nos Estados Unidos.”
A
Administração de Pequenas Empresas disse à CNBC em um e-mail que o plano
comercial de Trump apoiará, em última análise, os empresários dos EUA.
Em um
e-mail, um porta-voz da SBA escreveu: “A SBA apoia totalmente os esforços do
Presidente Trump para restaurar o comércio justo, o que trará de volta empregos
e revitalizará a indústria americana, capacitando empreendedores com condições
equitativas para competir e vencer. Combinado com a nova iniciativa de
manufatura da SBA, incluindo nosso esforço para cortar US$ 100 bilhões em
burocracia, este governo desencadeará uma oportunidade histórica para pequenas
empresas e trabalhadores.”
As
“margens mínimas” da Deer Stags a impediam de fornecer produtos
antecipadamente, e os consumidores podem ter que pagar. Muskat afirma que
negociações difíceis com os varejistas sobre preços estão em andamento.
“Tivemos
uma conversa com um varejista que concordou em dividir o aumento, mas não
acreditava que conseguiria aumentar o preço. A maior parte da comunidade
varejista ainda está tentando descobrir o que fazer”, disse ele. “É tão fluido.
Como planejar? Esperança não é uma estratégia, mas a maioria das pessoas espera
que Trump e Xi conversem. Ambos estão falando duro, mas isso será prejudicial
para ambos os países.”
“As
tarifas sobre bens que os consumidores compram todos os dias, como roupas, ou
que não podem ser cultivados aqui, como café ou bananas, acabaram de triplicar
ou mais”, disse Josh Teitelbaum, consultor sênior da Akin. “Devemos esperar que
isso tenha repercussões na economia.”
“É
importante lembrar que as novas tarifas serão pagas pelos importadores
americanos”, disse Jon Gold, vice-presidente de cadeia de suprimentos e
política alfandegária da Federação Nacional do Varejo. “Embora os varejistas
tentem mitigar o máximo possível, infelizmente não conseguirão absorver todo o
aumento de custos. Com algumas tarifas próximas a 50% e outras acima de 100%,
muitos varejistas serão forçados a aumentar os preços. Incentivamos o governo a
negociar rapidamente acordos com os países com os quais mantemos relações
comerciais.”
Fonte: DW
Brasil/CNBC/O Cafezinho
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