Neofacismo bolsonarista: Jair Bolsonaro não
cita Francisco ao falar da morte "da figura do papa"
Em um texto frio e calculista, para não
desagradar os seguidores radicais nas redes, Jair Bolsonaro (PL) sequer citou o
nome Francisco, adotado pelo argentino Jorge Mario Bergoglio ao assumir a
liderança da Igreja Católica em 2013. O ex-presidente, se limitou a falar da
"figura do Papa".
"O mundo e os católicos se despedem
daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o Papa. Mais
que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição
milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações",
iniciou Bolsonaro, que está na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do
Hospital DF Star, se recuperando de uma cirurgia no intestino.
No texto, o ex-presidente, que sempre atacou
Francisco - considerado um papa "comunista" pelos bolsonaristas -,
falou da "figura do Papa".
"Para o Brasil e o mundo, a figura do
Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos
convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da
espiritualidade como guia para tempos de incerteza", emendou.
A publicação incitou comentários de aliados
radicais que, assim como Bolsonaro, não nutrem quaisquer simpatia por
Francisco, que dedicou a vida aos pobres e oprimidos e no papado defendeu os
direitos da população marginalizada, como homossexuais, e do povo palestino
frente ao genocídio promovido pelo governo sionista de Israel em Gaza.
"Esse papa era estranho. O papa João
Paulo II era realmente um PAPA", comentou um seguidor. "Adios Comuna!
Já morreu faz tempo! Papa de verdade era Papa João Paulo", emendou outro,
puxando o coro de "papa comunista" na publicação do ex-presidente.
• Na
UTI, Bolsonaro ri e volta a desdenhar da morte do papa Francisco
Mostrando boa disposição, bem diferente da
foto mórbida que publicou nas redes sociais no domingo (20), Jair Bolsonaro
(PL) voltou a desdenhar da morte do Papa Francisco em entrevista ao vivo ao
SBT, de dentro da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital DF Star, em
Brasília, na noite desta segunda-feira (21).
Após confessar que será beneficiado pelo PL
da Anistia, o ex-presidente foi indagado pelo apresentado Cesar Filho sobre o
legado na Igreja Católica de Mario Jorge Bergoglio, o papa Francisco, cuja
morte causa comoção em todo o mundo.
Bolsonaro, no entanto, desdenhou sobre o fato
e chegou a rir em seu breve comentário.
"Eu lamento a morte, como lamento a
morte de qualquer pessoa... qualquer pessoa não, né?", disse, rindo da
própria escorregada. "Grande parte das pessoas pelo Brasil afora ai",
emendou.
"Mas, é um momento lamentável. Quero,
obviamente, que a fumaça branca apareça novamente mais rápido possível no
Vaticano", concluiu, novamente sem se referir ao nome do papa.
<><> Incitação
Bolsonaro foi um dos primeiros políticos a
publicar na rede X, por volta das 6h30, um comentário sobre a morte de
Francisco, ocorrido na madrugada desta segunda-feira.
Em um texto frio e calculista, para não
desagradar os seguidores radicais nas redes, o ex-presidente sequer citou o
nome Francisco, adotado pelo argentino Jorge Mario Bergoglio ao assumir a
liderança da Igreja Católica em 2013. Bolsonaro se limitou a falar da
"figura do Papa".
"O mundo e os católicos se despedem
daquele que ocupava uma das figuras mais simbólicas da fé cristã: o Papa. Mais
que um líder religioso, o papado representa a continuidade de uma tradição
milenar, guardiã de valores espirituais que moldaram civilizações",
iniciou Bolsonaro, que se recupera de uma cirurgia no intestino.
No texto, o ex-presidente, que sempre atacou
Francisco - considerado um papa "comunista" pelos bolsonaristas -,
falou da "figura do Papa".
"Para o Brasil e o mundo, a figura do
Papa sempre foi sinal de unidade, esperança e orientação moral. Sua partida nos
convida à reflexão e à renovação da fé, lembrando-nos da força da
espiritualidade como guia para tempos de incerteza", emendou.
A publicação incitou comentários de aliados
radicais que, assim como Bolsonaro, não nutrem quaisquer simpatia por
Francisco, que dedicou a vida aos pobres e oprimidos e no papado defendeu os
direitos da população marginalizada, como homossexuais, e do povo palestino
frente ao genocídio promovido pelo governo sionista de Israel em Gaza.
"Esse papa era estranho. O papa João
Paulo II era realmente um PAPA", comentou um seguidor. "Adios Comuna!
Já morreu faz tempo! Papa de verdade era Papa João Paulo", emendou outro,
puxando o coro de "papa comunista" na publicação do ex-presidente.
<><> Ataques ao papa
Em diversas ocasiões durante seu mandato - e
fora dele -, Bolsonaro atacou frontalmente o papa.
Um dos ataques mais emblemáticos foi quando
Francisco exortou "ao mundo inteiro para ajudar a despertar a estima e
solicitude pela Amazônia, que também é nossa", em meio aos incêndios na
floresta em 2020. A declaração foi feita após a divulgação do documento
"Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia”, que pedia a proteção
da floresta.
"Sonho com uma Amazônia que lute pelos
direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz
seja ouvida e sua dignidade promovida. #QueridaAmazonia", escreve o papa
na rede X, então Twitter.
Em uma de suas tradicionais lives, Bolsonaro
partiu para cima do papa dizendo que "a Amazônia é nossa. Não é como o
Papa tuitou ontem, não, tá?".
“Não pega fogo floresta úmida. Ninguém fala
na Austrália. Pegou fogo na Austrália toda, ninguém fala nada. Cadê o sínodo da
Austrália? O papa Francisco falou ontem que a Amazônia é dele, do mundo, de
todo mundo”, atacou no "cercadinho" do Planalto, em que falava com
aliados radicais.
“Por coincidência, estava aqui com o
embaixador da Argentina eu disse: O papa é argentino, mas Deus é brasileiro”,
emendou..
Na morte de Bento 16, em 2022, Bolsonaro
voltou a alfinetar Francisco, em tuite que diz que "Em defesa da verdade
do Evangelho, [Bento 16] criticou sem medo os erros da chamada teologia da
libertação, que pretende confundir o Cristianismo com conceitos equivocados do
marxismo".
• Ex-ministro
de Bolsonaro usa morte de papa Francisco pra fazer "piadinha" contra
governo de Lula
Presidente de fato como ex-ministro da Casa
Civil e tutor do chamado Orçamento Secreto, em parceria com Arthur Lira
(PP-AL), durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI)
fez uma publicação sórdida na manhã desta segunda-feira (21) usando a morte do
papa Francisco para fazer "piadinha" contra o governo Lula.
Presidente nacional do PP, partido do Centrão
que comanda com mãos de ferro, Nogueira vem tentando lacrar nas redes com
ataques ao governo e apanhou com a publicação cruel em um momento de dor pela
perda do líder católico, amigo pessoal de Lula.
"Habemus déficit!
Habemus fome! Habemus violência! Que Deus
ilumine o Brasil", escreveu Nogueira, antes de quaisquer comentário sobre
a morte de Francisco nas redes.
A publicação - que faz piada com o termo
usado no Conclave para anunciar a sucessão no Vaticano - causou indignação nas
redes.
"Habemus um senador de extrema direita
que não respeita a dor da perda do Papa Francisco, lamentemos", escreveu
uma seguidora. "Habemos centrão corrupto e vagabundo", emendou outro.
A publicação causou indignação até mesmo
entre bolsonaristas, que cobraram de Nogueira a posição dele em favor da Faria
Lima, que quer Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) como presidenciável.
"E seu chefe André Esteves como está???
Foi ele e os banqueiros que disseram ao centrão que não querem Eduardo
Bolsonaro como presidente?? Foi a globo que mandou recado para o centrão?? Ou
foi a faria lima dos lobistas que andam fluentemente pelos gabinetes em
Brasília?", comentou um bolsonarista.
• Gustavo
Gayer faz piada com morte de Papa Francisco nas redes sociais e gera revolta:
"gente má"
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO)
utilizou as suas redes sociais nesta segunda-feira (21) para zombar da morte do
Papa Francisco.
O parlamentar bolsonarista publicou uma
imagem feita por inteligência artificial mostrando o ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal, vestido como pontífice.
"Moraes deu 24 horas pra ser nomeado o
próximo papa", afirmou Gayer na publicação, feita às 13 horas desta
segunda.
A morte de Francisco havia sido anunciada
poucas horas antes, mas o parlamentar bolsonarista decidiu fazer piada com a
situação. Pior: sequer apagou a postagem, que segue no ar no momento de
publicação desta reportagem.
Diversos fiéis publicaram sua indignação com
o parlamentar goiano.
"Gustavo, sou de direita, conservador,
bolsonarista, admiro o seu trabalho, mas não brinque com morte, principalmente
com a morte do Papa, vai causar revolta entre os católicos, tem muitos
católicos de direita. Não devemos brincar com morte assim. É um momento de
tristeza. Repense", disse um comentário.
"Para nós, católicos, é como se
tivéssemos perdido um pai hoje. E você escolhe fazer piadinha de 5ª série.
Espero que Deus tenha piedade da sua alma", afirmou outro usuário.
"Dá muita tristeza assistir
"piadas" num momento de tanta dor para os católicos. Gente má, que só
usa o nome de Jesus em vão, pois, empatia e respeito ensinado pelo próprio
Cristo Jesus, vocês não conhecem", disse outra internauta.
• No
Telegram, bolsonaristas celebram morte de Francisco: "capeta
comunista" e "reptiliano"
O grupo Selva e Aço, no Telegram, é conhecido
por ser uma linha de transmissão de apoiadores de Bolsonaro com postagens
conspiratórias e antissemitas.
Neste sábado (21), diversos conteúdos foram
compartilhados, incluindo mensagens pedindo orações para Bolsonaro e
celebrações da morte de Papa Francisco.
"O reptiliano do Vaticano saiu de
cena...", diz uma postagem. "O Papa Capeta Comunista Francisco
morreu. (Isto é, está "confirmado" que ele estava morto há algum
tempo.) Curiosamente, a notícia de sua morte foi anunciada um dia depois da
visita do vice-presidente dos Estados Unidos ao Vaticano", diz outra.
Os emojis mostram reações positivas, com
sorrisos, e comentários do tipo: "Oficialmente agora, o mundo acordou
melhor".
Uma figura relembrada pelos bolsonaristas é a
do arcebispo Carlo Maria Viganò, figura ultraconservadora do catolicismo que
chegou a pedir um golpe contra Francisco.
Eles manifestam o desejo de que o religioso,
excomungado da Igreja no ano passado, assuma o posto de Papa.
Viganò se tornou um ídolo dos mais radicais
extremistas de direita após abraçar teorias da conspiração envolvendo Hillary
Clinton e outras tramas do movimento QAnon.
No Jornal da Cidade Online, um dos mais
famosos propagadores de fake news da extrema direita, uma carta de Viganò ao
ex-presidente Donald Trump ganhou destaque no ano de 2020.
No texto, ele afirmava que Trump era o
protagonista de uma luta entre os "filhos da luz" e os "filhos
das trevas", uma típica narrativa de extremíssima direita adotada pelos
conspiracionistas do bolsonarismo mais radical.
¨
Policiais militares do
Pará zombam da morte do papa Francisco
Policiais
militares do Pará foram flagrados fazendo comentários ofensivos sobre a morte
do papa Francisco em um grupo
interno de mensagens da corporação. As falas, que celebram a morte do
pontífice, geraram indignação tanto dentro quanto fora da instituição.
Nos
prints é possível ver um dos PMs compartilhando uma imagem do papa com a frase: “Menos um comunista na terra”,
em tom de comemoração. Outro policial responde logo abaixo: “Já vai tarde”, e
um terceiro completa: “O único homem santo que viveu entre nós foi Jesus”.
O episódio ocorre em meio à comoção
internacional pela morte do papa Francisco, ocorrida no domingo (20/4).
Reconhecido globalmente por seu compromisso com os direitos humanos, a justiça
social e o diálogo inter-religioso, Jorge Bergoglio recebeu homenagens de
líderes religiosos e políticos ao redor do mundo. No Pará, o governador Helder
Barbalho decretou luto oficial.
• Edir
Macedo ordenou que a Record ignorasse morte do Papa Francisco
A morte do Papa Francisco, confirmada na
manhã desta segunda-feira (21) pelo Vaticano, mobilizou emissoras de televisão
em todo o mundo. Enquanto canais interrompiam suas programações para cobrir o
falecimento do líder da Igreja Católica, a Record TV seguiu na contramão:
manteve sua grade de programação inalterada ao longo de todo o dia.
O comunicado oficial sobre a morte do
pontífice foi divulgado às 7h35 no horário de Roma, e imediatamente provocou
uma reação em cadeia nos veículos de comunicação internacionais e nacionais. No
Brasil, emissoras como Globo, SBT e Band deram início a uma cobertura especial,
com entradas ao vivo, análises e reportagens sobre o impacto da perda do papa
argentino, figura central do catolicismo contemporâneo.
Na Record, no entanto, a ordem foi clara:
nada de cobertura extensa. Segundo apuração da coluna GENTE, a orientação
partiu diretamente da direção da emissora, liderada pelo bispo Edir Macedo. A
única menção ao acontecimento foi feita de forma breve, em um boletim do JR
24h, sem qualquer aprofundamento jornalístico.
<><> Programação normal
Durante o restante do dia, a emissora
priorizou sua programação habitual, voltada ao entretenimento e aos noticiários
locais, ignorando o que já é considerado um dos eventos históricos mais
relevantes da década para milhões de fiéis em todo o mundo.
A decisão de não acompanhar o noticiário
internacional e de minimizar o impacto da morte do Papa reacende discussões
sobre o papel das convicções religiosas nas escolhas editoriais da emissora.
Enquanto a maioria dos veículos jornalísticos ampliou a cobertura diante da
comoção global, a Record optou pelo silêncio.
Fonte: Fórum

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