Esclerose múltipla: novo remédio no SUS
oferece maior qualidade de vida
A esclerose múltipla é uma doença neurológica
e autoimune que compromete o sistema nervoso central e atinge, principalmente,
pessoas entre 18 e 55 anos, segundo o Ministério da Saúde. A doença não tem
cura e é considerada rara, mas um novo tratamento disponível no Sistema Único
de Saúde (SUS) pode oferecer maior praticidade para pacientes, melhorando a
qualidade de vida.
O medicamento cladribina, conhecido pelo nome
comercial Mavenclad, foi incorporado ao sistema público de saúde em fevereiro,
e é a primeira terapia oral de curta duração para o tratamento da esclerose
múltipla.
Lançado no Brasil em 2020, o medicamento
possui posologia de curta duração, com 20 dias de administração ao longo de
dois anos de tratamento, com eficácia sustentada por pelo menos quatro anos, de
acordo com estudo clínico. Um único comprimido do medicamento pode ser
encontrado em farmácias por até R$ 19 mil, enquanto a distribuição no SUS
disponibiliza o remédio gratuitamente.
“A introdução da cladribina no SUS é,
realmente, um passo muito importante, porque traz um medicamento de ponta para
todos os brasileiros — e sabemos que a maioria da população não tem acesso a
planos de saúde”, afirma Guilherme Olival, neurologista, neurocientista e
especialista em esclerose múltipla, à CNN.
“Esse é um medicamento oral que funciona como
uma terapia de indução, ou seja, você utiliza por um período curto de tempo e
ele age prolongadamente, por anos, sem que seja necessário tomar o
medicamento”, explica Olival. “Isso traz uma vantagem do ponto de vista
logístico para o SUS e traz vantagens para o paciente, já que ele não fica
suscetível a efeitos colaterais prolongados”, completa.
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Em geral, a doença pode ser tratada com
corticoide em sua fase aguda, para tratar a inflamação cerebral, e com
medicamentos que impedem o sistema imunológico de atacar as bainhas de melina,
que envolve as células nervosas pelas quais passam os impulsos elétricos
responsáveis pelo controle das funções do organismo.
Esses medicamentos podem ser injetáveis por
via subcutânea ou infusionais, podendo ser aplicados em uma frequência mensal,
semanal ou, até mesmo, diária, a depender do tratamento. “O medicamento oral
traz um maior conforto posológico para o paciente”, afirma Olival.
<><> Para quem o medicamento é
indicado?
O Mavenclad é indicado para pacientes adultos
com esclerose múltipla recorrente altamente ativa, ou seja, uma forma da doença
que causa surtos recorrentes e inflamações cerebrais detectáveis em exames como
ressonância magnética. No SUS, o medicamento é indicado quando há necessidade
de substituir ou contraindicar outros tratamentos, e está disponível sob
prescrição médica.
O remédio é contraindicado para pessoas com
tuberculose ativa ou hepatite, que possuem sistema imunológico enfraquecido ou
que estão em tratamento imunossupressores, que estão em tratamento de câncer,
que possuem problemas moderados ou graves nos rins e para mulheres grávidas ou
que estão amamentando.
<><> Entenda o que é esclerose
múltipla
A esclerose múltipla é uma doença neurológica
autoimune que compromete o sistema nervoso central e pode levar a alterações na
visão, no equilíbrio e na capacidade muscular. Os sintomas mais comuns incluem:
• Perda
visual (neurite óptica);
• Diminuição
ou perda de movimentos dos membros (paresia);
• Sensação
de dormência ou formigamento (parestesia);
• Disfunções
da coordenação e do equilíbrio, inflamação da medula espinhal (mielite);
• Alterações
cognitivas e comportamentais.
Os pacientes podem apresentar, ainda,
alterações ligadas à fala e deglutição, fadiga e problemas no trato urinário e
digestivo.
Um dos desafios do estudo da esclerose
múltipla é definir a causa da doença. Até o momento, a ciência não tem uma
resposta sobre o que leva à deterioração da bainha de mielina. As hipóteses
consideram que a ação contra os tecidos do sistema nervoso seja induzida pelo
próprio sistema imunológico, de acordo com a predisposição genética.
• Exame
de sangue pode diagnosticar ELA com 98% de precisão, diz estudo
Um exame de sangue pode ser eficaz para
diagnosticar esclerose lateral amiotrófica (ELA) com 98% de precisão, segundo
novo estudo publicado na última quinta-feira (12). Na visão dos pesquisadores,
a descoberta é interessante por poder acelerar a detecção da doença, além de
apoiar o desenvolvimento de novos medicamentos.
A ELA é uma doença que afeta o sistema
nervoso de forma degenerativa e progressiva, acarretando paralisia motora
irreversível. Essa é a doença da qual o físico britânico Stephen Hawking, que
faleceu em 2018, era portador. Segundo o Ministério da Saúde, não há cura para
a esclerose lateral amiotrófica e o óbito ocorre, geralmente, entre três e
cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais
tempo, de acordo com a pasta.
Atualmente, o diagnóstico é feito pela
análise clínica e pelo exame físico, que podem mostrar algumas deficiências
físicas, sinais e sintomas relacionados à doença, como tremores, espasmos e
contrações musculares. Exames de sangue e de imagem, até então, são utilizados
apenas para descartar outras doenças que podem causar sintomas semelhantes.
Segundo os pesquisadores, as taxas de
diagnósticos incorretos iniciais chegam a 68%, o que atrasa o tratamento e,
consequentemente, os impactos mentais, custos com procedimentos e intervenções
desnecessárias.
“Diagnósticos mais rápidos permitirão um
tratamento mais precoce, o que melhorará os resultados dos pacientes”, diz
Sandra Banack, autora principal do estudo, em comunicado.
• Biomarcador
sanguíneo da ELA
Pesquisadores do Brain Chemistry Labs em
Jackson, Wyoming, nos Estados Unidos, identificaram um biomarcador sanguíneo
específico da ELA. Composto de oito microRNAs, ele pode ser detectado por meio
da coleta de sangue.
Usando sequenciamento e PCR em tempo real, a
equipe conseguiu analisar amostras de sangue de pacientes com ELA e de pessoas
com outras doenças neurológicas, como Esclerose Lateral Primária (ELP) e doença
de Parkinson, além de indivíduos saudáveis.
Os pesquisadores descobriram que o
biomarcador no sangue indica com precisão de até 98% a ELA, podendo
diferenciá-la da ELP e do Parkinson. Para confirmar sua confiabilidade, ele foi
testado em quatro grupos diferentes de pacientes, em dois laboratórios distintos,
com vários técnicos e métodos de coleta envolvidos. O biomarcador indicou
consistentemente resultados confiáveis.
Os pesquisadores acreditam que esse exame de
sangue pode ajudar neurologistas a diagnosticar a ELA e complementar as
avaliações clínicas atuais. Segundo comunicado divulgado pela Brain Chemistry
Labs, Paul Alan Cox, diretor-executivo da organização, espera garantir uma
parceria com uma empresa de diagnóstico e tornar este teste amplamente
disponível para neurologistas dentro de 18 a 24 meses.
Fonte: CNN Brasil

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