quinta-feira, 17 de abril de 2025

Esclerose múltipla: novo remédio no SUS oferece maior qualidade de vida

A esclerose múltipla é uma doença neurológica e autoimune que compromete o sistema nervoso central e atinge, principalmente, pessoas entre 18 e 55 anos, segundo o Ministério da Saúde. A doença não tem cura e é considerada rara, mas um novo tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) pode oferecer maior praticidade para pacientes, melhorando a qualidade de vida.

O medicamento cladribina, conhecido pelo nome comercial Mavenclad, foi incorporado ao sistema público de saúde em fevereiro, e é a primeira terapia oral de curta duração para o tratamento da esclerose múltipla.

Lançado no Brasil em 2020, o medicamento possui posologia de curta duração, com 20 dias de administração ao longo de dois anos de tratamento, com eficácia sustentada por pelo menos quatro anos, de acordo com estudo clínico. Um único comprimido do medicamento pode ser encontrado em farmácias por até R$ 19 mil, enquanto a distribuição no SUS disponibiliza o remédio gratuitamente.

“A introdução da cladribina no SUS é, realmente, um passo muito importante, porque traz um medicamento de ponta para todos os brasileiros — e sabemos que a maioria da população não tem acesso a planos de saúde”, afirma Guilherme Olival, neurologista, neurocientista e especialista em esclerose múltipla, à CNN.

“Esse é um medicamento oral que funciona como uma terapia de indução, ou seja, você utiliza por um período curto de tempo e ele age prolongadamente, por anos, sem que seja necessário tomar o medicamento”, explica Olival. “Isso traz uma vantagem do ponto de vista logístico para o SUS e traz vantagens para o paciente, já que ele não fica suscetível a efeitos colaterais prolongados”, completa.

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Em geral, a doença pode ser tratada com corticoide em sua fase aguda, para tratar a inflamação cerebral, e com medicamentos que impedem o sistema imunológico de atacar as bainhas de melina, que envolve as células nervosas pelas quais passam os impulsos elétricos responsáveis pelo controle das funções do organismo.

Esses medicamentos podem ser injetáveis por via subcutânea ou infusionais, podendo ser aplicados em uma frequência mensal, semanal ou, até mesmo, diária, a depender do tratamento. “O medicamento oral traz um maior conforto posológico para o paciente”, afirma Olival.

<><> Para quem o medicamento é indicado?

O Mavenclad é indicado para pacientes adultos com esclerose múltipla recorrente altamente ativa, ou seja, uma forma da doença que causa surtos recorrentes e inflamações cerebrais detectáveis em exames como ressonância magnética. No SUS, o medicamento é indicado quando há necessidade de substituir ou contraindicar outros tratamentos, e está disponível sob prescrição médica.

O remédio é contraindicado para pessoas com tuberculose ativa ou hepatite, que possuem sistema imunológico enfraquecido ou que estão em tratamento imunossupressores, que estão em tratamento de câncer, que possuem problemas moderados ou graves nos rins e para mulheres grávidas ou que estão amamentando.

<><> Entenda o que é esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença neurológica autoimune que compromete o sistema nervoso central e pode levar a alterações na visão, no equilíbrio e na capacidade muscular. Os sintomas mais comuns incluem:

•        Perda visual (neurite óptica);

•        Diminuição ou perda de movimentos dos membros (paresia);

•        Sensação de dormência ou formigamento (parestesia);

•        Disfunções da coordenação e do equilíbrio, inflamação da medula espinhal (mielite);

•        Alterações cognitivas e comportamentais.

Os pacientes podem apresentar, ainda, alterações ligadas à fala e deglutição, fadiga e problemas no trato urinário e digestivo.

Um dos desafios do estudo da esclerose múltipla é definir a causa da doença. Até o momento, a ciência não tem uma resposta sobre o que leva à deterioração da bainha de mielina. As hipóteses consideram que a ação contra os tecidos do sistema nervoso seja induzida pelo próprio sistema imunológico, de acordo com a predisposição genética.

•        Exame de sangue pode diagnosticar ELA com 98% de precisão, diz estudo

Um exame de sangue pode ser eficaz para diagnosticar esclerose lateral amiotrófica (ELA) com 98% de precisão, segundo novo estudo publicado na última quinta-feira (12). Na visão dos pesquisadores, a descoberta é interessante por poder acelerar a detecção da doença, além de apoiar o desenvolvimento de novos medicamentos.

A ELA é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva, acarretando paralisia motora irreversível. Essa é a doença da qual o físico britânico Stephen Hawking, que faleceu em 2018, era portador. Segundo o Ministério da Saúde, não há cura para a esclerose lateral amiotrófica e o óbito ocorre, geralmente, entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais tempo, de acordo com a pasta.

Atualmente, o diagnóstico é feito pela análise clínica e pelo exame físico, que podem mostrar algumas deficiências físicas, sinais e sintomas relacionados à doença, como tremores, espasmos e contrações musculares. Exames de sangue e de imagem, até então, são utilizados apenas para descartar outras doenças que podem causar sintomas semelhantes.

Segundo os pesquisadores, as taxas de diagnósticos incorretos iniciais chegam a 68%, o que atrasa o tratamento e, consequentemente, os impactos mentais, custos com procedimentos e intervenções desnecessárias.

“Diagnósticos mais rápidos permitirão um tratamento mais precoce, o que melhorará os resultados dos pacientes”, diz Sandra Banack, autora principal do estudo, em comunicado.

•        Biomarcador sanguíneo da ELA

Pesquisadores do Brain Chemistry Labs em Jackson, Wyoming, nos Estados Unidos, identificaram um biomarcador sanguíneo específico da ELA. Composto de oito microRNAs, ele pode ser detectado por meio da coleta de sangue.

Usando sequenciamento e PCR em tempo real, a equipe conseguiu analisar amostras de sangue de pacientes com ELA e de pessoas com outras doenças neurológicas, como Esclerose Lateral Primária (ELP) e doença de Parkinson, além de indivíduos saudáveis.

Os pesquisadores descobriram que o biomarcador no sangue indica com precisão de até 98% a ELA, podendo diferenciá-la da ELP e do Parkinson. Para confirmar sua confiabilidade, ele foi testado em quatro grupos diferentes de pacientes, em dois laboratórios distintos, com vários técnicos e métodos de coleta envolvidos. O biomarcador indicou consistentemente resultados confiáveis.

Os pesquisadores acreditam que esse exame de sangue pode ajudar neurologistas a diagnosticar a ELA e complementar as avaliações clínicas atuais. Segundo comunicado divulgado pela Brain Chemistry Labs, Paul Alan Cox, diretor-executivo da organização, espera garantir uma parceria com uma empresa de diagnóstico e tornar este teste amplamente disponível para neurologistas dentro de 18 a 24 meses.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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