quinta-feira, 25 de julho de 2024

Política externa neoconservadora de Harris será 'mais do mesmo', explica analista

A ex-senadora da Califórnia e procuradora-geral do estado tem sido uma forte defensora do militarismo dos EUA, afirma analista.

"Devemos estar ao lado de Israel", declarou a então senadora Kamala Harris, sob aplausos, na conferência política de 2017 do Comitê de Assuntos Públicos Israelo-Americano. "Nossa relação de defesa é crítica para ambas as nações. É por isso que apoio o compromisso dos Estados Unidos de fornecer a Israel US$ 38 bilhões [cerca de R$ 212,2 bilhões] em assistência militar durante a próxima década."

O apoio dos EUA ao seu aliado do Oriente Médio se tornou cada vez mais controverso à medida que o número oficial de mortos durante a operação militar israelense de meses de duração na Faixa de Gaza se aproxima dos 40.000. Ativistas democratas montaram uma campanha para ganhar centenas de milhares de votos "não comprometidos" durante as primárias do partido no início deste ano, como um protesto contra o apoio do presidente Biden a Israel, enquanto algumas figuras conservadoras, como o comentarista Tucker Carlson, também questionaram o apoio contínuo dos EUA.

Mas a relação EUA-Israel continua a ser um artigo de fé para a grande maioria dos legisladores de ambos os lados do corredor, observa Jeremy Kuzmarov, editor da CovertAction Magazine. O autor falou à Sputnik nesta semana sobre o histórico de apoio de Harris ao país e a visão mais ampla da política externa da recém-nomeada candidata presidencial democrata.

"Isso faz parte do padrão em que eles estão realmente subvertendo a democracia", disse Kuzmarov sobre o controverso processo pelo qual o Partido Democrata afirmou Harris como sua candidata, "porque se sabe há muito tempo que Joe Biden estava com a saúde debilitada e ficando senil e ainda assim ele continuou na corrida".

"O que ele poderia ter feito foi desistir em dezembro [ou] janeiro, e isso permitiria um processo primário aberto", afirmou. "Então as pessoas poderiam realmente escolher o candidato que quisessem. Seria provavelmente um candidato popular com grandes chances de derrotar Donald Trump. Mas o que temos visto nos últimos anos é que a hierarquia do Partido Democrata não quer primárias abertas. Eles não valorizam a democracia, apesar da sua retórica."

O processo de nomeação presidencial do Partido Democrata foi abalado por dois ciclos sucessivos pela candidatura insurgente do senador de Vermont, Bernie Sanders, em 2016 e 2020. O social-democrata declarado tem criticado abertamente a direção do partido desde a década de 1990, durante a qual traçou um crescimento cada vez mais dedicado aos negócios, um rumo econômico neoliberal.

Os críticos afirmam que uma decisão do Supremo Tribunal de 2010, que anulou grande parte da lei de financiamento de campanhas dos Estados Unidos, tornou os partidos ainda mais dependentes do apoio de doadores ricos e de interesses empresariais. Os líderes democratas responderam apoiando candidatos conservadores fiscais, tanto a nível estadual como nacional.

"Eles querem selecionar candidatos de tipo corporativo e uma primária aberta levaria à probabilidade de surgir alguém com as opiniões de Bernie Sanders — o candidato popular", disse Kuzmarov. "Seu público, tenho certeza, lembrará que o que aconteceu nos últimos dois ciclos é que as primárias foram claramente fraudadas contra Bernie Sanders que, quaisquer que fossem suas falhas, representava um candidato mais progressista e democrático que promovia políticas que desafiariam o poder corporativo e que eram populares entre grandes setores do eleitorado, incluindo coisas como o Medicare for All [cuidado de saúde para todos]."

"Mas a hierarquia democrata está ligada a grandes interesses corporativos e não quer um candidato emergente do tipo [Bernie] Sanders, um candidato genuinamente popular [...]. Então, [Kamala Harris] pode ser a sucessora ou alguém como ela e não haverá votação, não nas primárias."

Kuzmarov comparou o processo primário moderno dos democratas à seleção de Harry Truman pelo establishment do partido como companheiro de chapa do ex-presidente Franklin Roosevelt nas eleições de 1944. Os líderes do partido insistiram no "Guerreiro Frio" Truman em vez do anterior vice-presidente de Roosevelt, o mais progressista Henry Wallace. Truman se tornaria presidente quando Roosevelt morreu, menos de três meses após sua posse, no ano seguinte.

A virada neoliberal do Partido Democrata coincidiu com uma política externa assertiva dos EUA, com Kuzmarov argumentando que ambos os principais partidos estão "praticamente alinhados" na política relativa a Israel, que ele afirmou "realizar grande parte do trabalho sujo dos EUA no Oriente Médio".

"Ela está ligada ao tipo de ala Biden-Clinton do partido, que é a ala pró-império e pró-guerra do partido", disse Kuzmarov sobre Harris. "Quando ela [Kamala Harris] era candidata nas últimas primárias, havia uma candidata pela paz, Tulsi Gabbard, que era muito progressista nas suas opiniões de política externa, e Kamala Harris usou táticas para descredibilizar Tulsi Gabbard e acusou-a de ser uma amante de Putin, uma amante de Assad e esse tipo de coisa quando Gabbard defendia a paz e a diplomacia."

"Isso saiu do manual de Joseph McCarthy e dos 'guerreiros frios' da década de 1950", argumentou Kuzmarov. "Então eu acho que é aí que Harris está. Quero dizer, ela apoiou a política de [Joe] Biden em relação à Ucrânia, onde forneceram bilhões em armamento [...]. Os EUA estão construindo bases militares nas Filipinas como parte da estratégia de confrontar a China. E Harris foi a pessoa indicada para negociar com Ferdinand Marcos Jr., filho de um ditador horrível, para obter essas novas bases", lembrou o analista.

"Não devemos esquecer que se trata de dólares dos contribuintes, bilhões dos dólares dos nossos contribuintes estão sendo investidos nestas políticas externas militaristas e imperialistas. E isso não é dinheiro que vai para onde é necessário aqui em casa, incluindo o plano de [Bernie] Sanders para o Medicare para todos, que é o que muitos norte-americanos querem. Portanto, Harris não é progressista de forma alguma, ela é militarista", concluiu.

<><> Kamala Harris garante ter apoio suficiente para nomeação democrata

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, anunciou nesta terça-feira (23) que já conta com o apoio suficiente de delegados do Partido Democrata, a fim de garantir sua nomeação nas eleições presidenciais de novembro próximo, em substituição ao presidente Joe Biden, que desistiu do pleito no último fim de semana.

"Me disseram que conseguimos o apoio de delegados suficientes para assegurar a nomeação democrata", disse Harris durante um comício em Milwaukee, Wisconsin. Na ocasião, Harris ainda se comprometeu a dedicar as próximas semanas a unir o partido para as eleições, que terá como adversário o ex-presidente republicano Donald Trump.

O Partido Democrata realizará de 19 a 22 de agosto a Convenção Nacional em Chicago, quando há expectativa de Kamala Harris ser nomeada após a recente decisão do presidente Joe Biden de deixar a campanha pela reeleição. Biden não resistiu aos diversos questionamentos internos.

Sobre seu eventual duelo nas urnas contra Trump, Harris disse que conhece o "tipo" do candidato republicano, fazendo referência à sua experiência como promotora e procuradora-geral da Califórnia, quando lidou com vários criminosos.

"Antes de ser eleita senadora dos Estados Unidos, fui procuradora-geral do Estado da Califórnia e, antes, fui promotora nos tribunais. Nesses papéis, enfrentei perpetradores de todos os tipos, predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que enganaram os consumidores, trapaceiros que quebraram as regras para seu próprio benefício. Então acreditem em mim quando digo que conheço o tipo de Donald Trump", disse.

Por enquanto, a vice-presidente recebeu o apoio do líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, e também do líder da bancada na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries.

"Estamos aqui para brindar nosso apoio à vice-presidente Kamala Harris", disse Schumer em coletiva de imprensa junto com Jeffries, que disse que a eventual candidata democrata "está pronta e é capaz de liderar os EUA para o futuro".

No último domingo (21), Biden abandonou a corrida pela reeleição, depois de vários democratas expressarem preocupação sobre a viabilidade da candidatura após um desempenho medíocre no debate contra Trump.

<<<< Pesquisa aponta empate técnico com Trump

A vice-presidente lidera por uma curta vantagem na disputa contra o ex-presidente Donald Trump. A diferença é de apenas 2 pontos percentuais (p. p.) na corrida presidencial dos EUA de 2024, mostrou uma pesquisa da Reuters/Ipsos também nesta terça. O índice apresenta um empate técnico por conta da margem de erro.

É um dos primeiros levantamentos divulgados desde que Biden anunciou desistir do pleito. Ao todo, 44% dos entrevistados demonstraram apoio a Harris, enquanto 42% indicaram Trump. Já Biden aparece na última pesquisa, dois pontos atrás do republicano.

Apesar do resultado, há denúncias de supostas falhas da Reuters/Ipsos, observando que foram entrevistados 426 democratas contra 376 republicanos, um viés a favor de Harris. A margem de erro da pesquisa é de mais ou menos 3 p. p.

¨      Após Trump dizer que Kim 'sente sua falta', Coreia do Norte afirma 'não se importar' com EUA

A Coreia do Norte rejeitou comentários feitos pelo ex-presidente Donald Trump sobre os bons laços com o líder Kim Jong-un, dizendo "não nos importamos" e alertou que seu arsenal nuclear está pronto para qualquer líder eleito nos Estados Unidos.

A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) disse em um comentário nessa quarta-feira (24) que, enquanto Trump tentava promover relações pessoais, Pyongyang via a política dos EUA como permanecendo hostil, acrescentando que o ex-presidente "não trouxe nenhuma mudança positiva substancial".

"Mesmo que qualquer administração tome posse nos EUA, o clima político, que é confuso pelas lutas internas dos dois partidos, não muda e, consequentemente, não nos importamos com isso", disse o comentário da agência, citado pela Bloomberg.

As declarações da mídia estatal são as primeiras desde que Trump alardeou seus laços pessoais com Kim quando discursou na Convenção Nacional Republicana na semana passada. O republicano disse que se dava bem com o presidente norte-coreano, o qual, provavelmente, queria o ex-presidente de volta à Casa Branca.

"Acho que ele sente minha falta, se você quer saber a verdade", declarou Trump.

Em 2017, Trump prometeu liberar "fogo e fúria" contra Kim pelos testes de bombas nucleares e mísseis, enquanto a KCNA o chamou de "caducifólio" e rotulou seus enviados como "gangsters".

Mas depois que os dois realizaram uma cúpula histórica em Cingapura em 2018, o tom mudou, com autoridades norte-coreanas dizendo que os dois líderes tinham uma química "misteriosamente maravilhosa".

Pyongyang ainda não fez nenhum comentário sobre a decisão de Joe Biden de não tentar a reeleição e não fez nenhuma menção à vice-presidente Kamala Harris em seus principais meios de comunicação estatais.

<><> Serviço Secreto dos EUA pede que campanha de Trump cesse manifestações ao ar livre

Autoridades do Serviço Secreto dos EUA estão incentivando a campanha de Donald Trump a evitar comícios ao ar livre e outros eventos que atraiam grandes multidões após a recente tentativa de assassinato do ex-presidente.

É o que informou nesta terça-feira (23) o The Washington Post.

Segundo a publicação, agentes do Serviço Secreto expressaram preocupações sobre grandes comícios ao ar livre em prol do candidato presidencial republicano, citando três pessoas familiarizadas com o assunto.

Em resposta, a equipe de Trump está explorando potenciais locais fechados capazes de atender à sua capacidade de público, geralmente grande. No entanto, comícios fechados costumam ser mais caros e têm menor capacidade de público do que em locais ao ar livre, apesar de serem mais fáceis de garantir.

Diretora renuncia

A diretora do Serviço Secreto dos Estados Unidos, Kimberly Cheatle, renunciou ao cargo após apelos generalizados para sua retirada devido à tentativa de assassinato do candidato republicano Donald Trump, informou a NBC News nesta terça-feira (23), citando três fontes.

A renúncia da diretora do Serviço Secreto dos EUA (USSS, na sigla em inglês), Kimberly Cheatle, ocorreu depois que ela foi sabatinada pelos legisladores da Câmara dos EUA na segunda-feira (22), sob o fracasso da agência em garantir a segurança no comício de Trump no dia 13 de julho em Butler, na Pensilvânia.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o presidente da Câmara dos

O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou que o relatório final da força-tarefa especial da Câmara dos Representantes dos EUA, que investiga a tentativa de assassinato contra o ex-presidente Donald Trump, será divulgado até 13 de dezembro.

"Estamos estabelecendo uma força-tarefa especial na Câmara que será bipartidária", disse Johnson durante coletiva de imprensa. "Um relatório final será entregue pelo comitê até 13 de dezembro", afirmou.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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