Política externa neoconservadora de Harris
será 'mais do mesmo', explica analista
A ex-senadora da
Califórnia e procuradora-geral do estado tem sido uma forte defensora do
militarismo dos EUA, afirma analista.
"Devemos estar ao
lado de Israel", declarou a então senadora Kamala Harris, sob aplausos, na
conferência política de 2017 do Comitê de Assuntos Públicos Israelo-Americano.
"Nossa relação de defesa é crítica para ambas as nações. É por isso que
apoio o compromisso dos Estados Unidos de fornecer a Israel US$ 38 bilhões
[cerca de R$ 212,2 bilhões] em assistência militar durante a próxima
década."
O apoio dos EUA ao seu
aliado do Oriente Médio se tornou cada vez mais controverso à medida que o
número oficial de mortos durante a operação militar israelense de meses de
duração na Faixa de Gaza se aproxima dos 40.000. Ativistas democratas montaram
uma campanha para ganhar centenas de milhares de votos "não
comprometidos" durante as primárias do partido no início deste ano, como
um protesto contra o apoio do presidente Biden a Israel, enquanto algumas
figuras conservadoras, como o comentarista Tucker Carlson, também questionaram
o apoio contínuo dos EUA.
Mas a relação
EUA-Israel continua a ser um artigo de fé para a grande maioria dos
legisladores de ambos os lados do corredor, observa Jeremy Kuzmarov, editor da
CovertAction Magazine. O autor falou à Sputnik nesta semana sobre o histórico
de apoio de Harris ao país e a visão mais ampla da política externa da
recém-nomeada candidata presidencial democrata.
"Isso faz parte
do padrão em que eles estão realmente subvertendo a democracia", disse
Kuzmarov sobre o controverso processo pelo qual o Partido Democrata afirmou
Harris como sua candidata, "porque se sabe há muito tempo que Joe Biden
estava com a saúde debilitada e ficando senil e ainda assim ele continuou na
corrida".
"O que ele
poderia ter feito foi desistir em dezembro [ou] janeiro, e isso permitiria um
processo primário aberto", afirmou. "Então as pessoas poderiam
realmente escolher o candidato que quisessem. Seria provavelmente um candidato
popular com grandes chances de derrotar Donald Trump. Mas o que temos visto nos
últimos anos é que a hierarquia do Partido Democrata não quer primárias
abertas. Eles não valorizam a democracia, apesar da sua retórica."
O processo de nomeação
presidencial do Partido Democrata foi abalado por dois ciclos sucessivos pela
candidatura insurgente do senador de Vermont, Bernie Sanders, em 2016 e 2020. O
social-democrata declarado tem criticado abertamente a direção do partido desde
a década de 1990, durante a qual traçou um crescimento cada vez mais dedicado
aos negócios, um rumo econômico neoliberal.
Os críticos afirmam
que uma decisão do Supremo Tribunal de 2010, que anulou grande parte da lei de
financiamento de campanhas dos Estados Unidos, tornou os partidos ainda mais
dependentes do apoio de doadores ricos e de interesses empresariais. Os líderes
democratas responderam apoiando candidatos conservadores fiscais, tanto a nível
estadual como nacional.
"Eles querem
selecionar candidatos de tipo corporativo e uma primária aberta levaria à
probabilidade de surgir alguém com as opiniões de Bernie Sanders — o candidato
popular", disse Kuzmarov. "Seu público, tenho certeza, lembrará que o
que aconteceu nos últimos dois ciclos é que as primárias foram claramente
fraudadas contra Bernie Sanders que, quaisquer que fossem suas falhas,
representava um candidato mais progressista e democrático que promovia
políticas que desafiariam o poder corporativo e que eram populares entre
grandes setores do eleitorado, incluindo coisas como o Medicare for All
[cuidado de saúde para todos]."
"Mas a hierarquia
democrata está ligada a grandes interesses corporativos e não quer um candidato
emergente do tipo [Bernie] Sanders, um candidato genuinamente popular [...].
Então, [Kamala Harris] pode ser a sucessora ou alguém como ela e não haverá
votação, não nas primárias."
Kuzmarov comparou o
processo primário moderno dos democratas à seleção de Harry Truman pelo
establishment do partido como companheiro de chapa do ex-presidente Franklin
Roosevelt nas eleições de 1944. Os líderes do partido insistiram no
"Guerreiro Frio" Truman em vez do anterior vice-presidente de
Roosevelt, o mais progressista Henry Wallace. Truman se tornaria presidente
quando Roosevelt morreu, menos de três meses após sua posse, no ano seguinte.
A virada neoliberal do
Partido Democrata coincidiu com uma política externa assertiva dos EUA, com
Kuzmarov argumentando que ambos os principais partidos estão "praticamente
alinhados" na política relativa a Israel, que ele afirmou "realizar
grande parte do trabalho sujo dos EUA no Oriente Médio".
"Ela está ligada
ao tipo de ala Biden-Clinton do partido, que é a ala pró-império e pró-guerra
do partido", disse Kuzmarov sobre Harris. "Quando ela [Kamala Harris]
era candidata nas últimas primárias, havia uma candidata pela paz, Tulsi Gabbard,
que era muito progressista nas suas opiniões de política externa, e Kamala
Harris usou táticas para descredibilizar Tulsi Gabbard e acusou-a de ser uma
amante de Putin, uma amante de Assad e esse tipo de coisa quando Gabbard
defendia a paz e a diplomacia."
"Isso saiu do
manual de Joseph McCarthy e dos 'guerreiros frios' da década de 1950",
argumentou Kuzmarov. "Então eu acho que é aí que Harris está. Quero dizer,
ela apoiou a política de [Joe] Biden em relação à Ucrânia, onde forneceram bilhões
em armamento [...]. Os EUA estão construindo bases militares nas Filipinas como
parte da estratégia de confrontar a China. E Harris foi a pessoa indicada para
negociar com Ferdinand Marcos Jr., filho de um ditador horrível, para obter
essas novas bases", lembrou o analista.
"Não devemos
esquecer que se trata de dólares dos contribuintes, bilhões dos dólares dos
nossos contribuintes estão sendo investidos nestas políticas externas
militaristas e imperialistas. E isso não é dinheiro que vai para onde é necessário
aqui em casa, incluindo o plano de [Bernie] Sanders para o Medicare para todos,
que é o que muitos norte-americanos querem. Portanto, Harris não é progressista
de forma alguma, ela é militarista", concluiu.
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Kamala Harris garante ter apoio suficiente para nomeação democrata
A vice-presidente dos
Estados Unidos, Kamala Harris, anunciou nesta terça-feira (23) que já conta com
o apoio suficiente de delegados do Partido Democrata, a fim de garantir sua
nomeação nas eleições presidenciais de novembro próximo, em substituição ao presidente
Joe Biden, que desistiu do pleito no último fim de semana.
"Me disseram que
conseguimos o apoio de delegados suficientes para assegurar a nomeação
democrata", disse Harris durante um comício em Milwaukee, Wisconsin. Na
ocasião, Harris ainda se comprometeu a dedicar as próximas semanas a unir o
partido para as eleições, que terá como adversário o ex-presidente republicano
Donald Trump.
O Partido Democrata
realizará de 19 a 22 de agosto a Convenção Nacional em Chicago, quando há
expectativa de Kamala Harris ser nomeada após a recente decisão do presidente
Joe Biden de deixar a campanha pela reeleição. Biden não resistiu aos diversos
questionamentos internos.
Sobre seu eventual
duelo nas urnas contra Trump, Harris disse que conhece o "tipo" do
candidato republicano, fazendo referência à sua experiência como promotora e
procuradora-geral da Califórnia, quando lidou com vários criminosos.
"Antes de ser
eleita senadora dos Estados Unidos, fui procuradora-geral do Estado da
Califórnia e, antes, fui promotora nos tribunais. Nesses papéis, enfrentei
perpetradores de todos os tipos, predadores que abusaram de mulheres,
fraudadores que enganaram os consumidores, trapaceiros que quebraram as regras
para seu próprio benefício. Então acreditem em mim quando digo que conheço o
tipo de Donald Trump", disse.
Por enquanto, a
vice-presidente recebeu o apoio do líder da maioria democrata no Senado, Chuck
Schumer, e também do líder da bancada na Câmara dos Representantes, Hakeem
Jeffries.
"Estamos aqui
para brindar nosso apoio à vice-presidente Kamala Harris", disse Schumer
em coletiva de imprensa junto com Jeffries, que disse que a eventual candidata
democrata "está pronta e é capaz de liderar os EUA para o futuro".
No último domingo
(21), Biden abandonou a corrida pela reeleição, depois de vários democratas
expressarem preocupação sobre a viabilidade da candidatura após um desempenho
medíocre no debate contra Trump.
<<<< Pesquisa
aponta empate técnico com Trump
A vice-presidente
lidera por uma curta vantagem na disputa contra o ex-presidente Donald Trump. A
diferença é de apenas 2 pontos percentuais (p. p.) na corrida presidencial dos
EUA de 2024, mostrou uma pesquisa da Reuters/Ipsos também nesta terça. O índice
apresenta um empate técnico por conta da margem de erro.
É um dos primeiros
levantamentos divulgados desde que Biden anunciou desistir do pleito. Ao todo,
44% dos entrevistados demonstraram apoio a Harris, enquanto 42% indicaram
Trump. Já Biden aparece na última pesquisa, dois pontos atrás do republicano.
Apesar do resultado,
há denúncias de supostas falhas da Reuters/Ipsos, observando que foram
entrevistados 426 democratas contra 376 republicanos, um viés a favor de
Harris. A margem de erro da pesquisa é de mais ou menos 3 p. p.
¨ Após Trump dizer que Kim 'sente sua falta', Coreia do Norte
afirma 'não se importar' com EUA
A Coreia do Norte
rejeitou comentários feitos pelo ex-presidente Donald Trump sobre os bons laços
com o líder Kim Jong-un, dizendo "não nos importamos" e alertou que
seu arsenal nuclear está pronto para qualquer líder eleito nos Estados Unidos.
A Agência Central de
Notícias da Coreia (KCNA) disse em um comentário nessa quarta-feira (24) que,
enquanto Trump tentava promover relações pessoais, Pyongyang via a política dos
EUA como permanecendo hostil, acrescentando que o ex-presidente "não trouxe
nenhuma mudança positiva substancial".
"Mesmo que
qualquer administração tome posse nos EUA, o clima político, que é confuso
pelas lutas internas dos dois partidos, não muda e, consequentemente, não nos
importamos com isso", disse o comentário da agência, citado pela
Bloomberg.
As declarações da
mídia estatal são as primeiras desde que Trump alardeou seus laços pessoais com
Kim quando discursou na Convenção Nacional Republicana na semana passada. O
republicano disse que se dava bem com o presidente norte-coreano, o qual,
provavelmente, queria o ex-presidente de volta à Casa Branca.
"Acho que ele
sente minha falta, se você quer saber a verdade", declarou Trump.
Em 2017, Trump
prometeu liberar "fogo e fúria" contra Kim pelos testes de bombas
nucleares e mísseis, enquanto a KCNA o chamou de "caducifólio" e
rotulou seus enviados como "gangsters".
Mas depois que os dois
realizaram uma cúpula histórica em Cingapura em 2018, o tom mudou, com
autoridades norte-coreanas dizendo que os dois líderes tinham uma química
"misteriosamente maravilhosa".
Pyongyang ainda não
fez nenhum comentário sobre a decisão de Joe Biden de não tentar a reeleição e
não fez nenhuma menção à vice-presidente Kamala Harris em seus principais meios
de comunicação estatais.
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Serviço Secreto dos EUA pede que campanha de Trump cesse manifestações ao ar
livre
Autoridades do Serviço
Secreto dos EUA estão incentivando a campanha de Donald Trump a evitar comícios
ao ar livre e outros eventos que atraiam grandes multidões após a recente
tentativa de assassinato do ex-presidente.
É o que informou nesta
terça-feira (23) o The Washington Post.
Segundo a publicação,
agentes do Serviço Secreto expressaram preocupações sobre grandes comícios ao
ar livre em prol do candidato presidencial republicano, citando três pessoas
familiarizadas com o assunto.
Em resposta, a equipe
de Trump está explorando potenciais locais fechados capazes de atender à sua
capacidade de público, geralmente grande. No entanto, comícios fechados
costumam ser mais caros e têm menor capacidade de público do que em locais ao
ar livre, apesar de serem mais fáceis de garantir.
Diretora renuncia
A diretora do Serviço
Secreto dos Estados Unidos, Kimberly Cheatle, renunciou ao cargo após apelos
generalizados para sua retirada devido à tentativa de assassinato do candidato
republicano Donald Trump, informou a NBC News nesta terça-feira (23), citando
três fontes.
A renúncia da diretora
do Serviço Secreto dos EUA (USSS, na sigla em inglês), Kimberly Cheatle,
ocorreu depois que ela foi sabatinada pelos legisladores da Câmara dos EUA na
segunda-feira (22), sob o fracasso da agência em garantir a segurança no
comício de Trump no dia 13 de julho em Butler, na Pensilvânia.
A vice-presidente dos
EUA, Kamala Harris, e o presidente da Câmara dos
O presidente da
Câmara, Mike Johnson, afirmou que o relatório final da força-tarefa especial da
Câmara dos Representantes dos EUA, que investiga a tentativa de assassinato
contra o ex-presidente Donald Trump, será divulgado até 13 de dezembro.
"Estamos
estabelecendo uma força-tarefa especial na Câmara que será bipartidária",
disse Johnson durante coletiva de imprensa. "Um relatório final será
entregue pelo comitê até 13 de dezembro", afirmou.
Fonte: Sputnik Brasil
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