O paradoxo da ineficiência ocidental
A
imposição de políticas protecionistas por EUA e, em parte, pela União Europeia,
aparentemente motivadas por objetivos geoeconômicos apresentados como legítimos
(reindustrialização), é responsável por um paradoxo da ineficiência do
investimento, que deixa antever, uma vez mais, o real caráter que se esconde
por detrás das agendas ocidentais: despejar dinheiro sobre a economia,
afunilando os recursos econômicos disponíveis para uma acumulação de riqueza
sem paralelo na história humana, promovendo um sistema cada vez mais
ineficiente e que, de tão viciado em rendimentos, tende a optar sempre pelas
estratégias mais dispendiosas e, consequentemente, mais desastrosas os nossos
destinos coletivos. Quem o diz não sou eu, é a Golden Sachs, no seu relatório “Carbonomics
– Tariffs, deglobalization and the cost of decarbonization”.
Este
comportamento, visível, especialmente desde o início do século XXI, acelerou
com a crise econômica do Subprime, ao abrigo da qual, ao invés de
se punirem e responsabilizarem os verdadeiros culpados pela especulação
desenfreada, os poderes instalados em Washington e os seus servidores na União
Europeia, FMI, BCE e Banco Mundial, optaram antes por transferir a culpa para
os povos do sul, nomeadamente do sul da Europa, plantando nas suas cabeças o
preconceito de que teriam andado a “viver acima das suas possibilidades”, ao
passo que, através de uma política de choque austericidário, não só pilharam os
recursos nacionais disponíveis (empresas públicas e recursos fiscais) para
fazer face à urgência dos “credores”, como ainda despejaram sobre as economias
ocidentais trilhões de euros, alimentando o monstro voraz que se esconde por
detrás da economia de casino na sua fase gangsterizada.
Como
seria de esperar, nada disto resolveu problema algum. Bem pelo contrário!
Alimentou-se o monstro da ineficiência e da insensatez, com o único objetivo de
promover a circulação, cada vez maior e mais rápida, de capital com destino à
acumulação. Como vieram demonstrar crises posteriores, o caso da Covid 19, da
guerra da Ucrânia ou, mais recentemente, da “crise da segurança”, este monstro
sugador de recursos produzidos pelo trabalho, tornou-se especialista em
inventar “crises”, cuja urgência, gravidade e carácter, precedem sempre a
anterior, obrigando, sem excepção e de forma tão repetida quanto previsível, a
desviar recursos que outrora eram destinados à educação, habitação, saúde ou
segurança social.
Como
referiu o canal Substack Another Angry Voice em um dos seus artigos, chegámos à fase
final do capitalismo. Nos últimos 35 anos (pós-URSS) assistimos a uma
aceleração tal do sistema capitalista ocidental (o núcleo central do domínio
deste modo de produção), que passámos da social democracia – a qual, apesar da
sua degeneração já nos anos 1990, ainda conseguia reter uma parte importante
dos recursos produzidos para serviços públicos -, para o neoliberalismo e, mais
recentemente, para uma versão ainda mais brutal deste, à qual Yanes Varoufakis
chamou de “Tecnofeudalismo”, mas que não passa de capitalismo monopolista – Sam
Altman da Open AI dizia que fazia parte daqueles que trabalham
para o monopólio, pois a concorrência é para os fracos –, para agora entrarmos
na fase “gangsterista”.
O
resultado é simples: não existe uma única pessoa no ocidente que me consiga
demonstrar que a vida dos trabalhadores desta região (a esmagadora maioria da
população) no essencial melhorou, em qualquer que seja o aspecto considerado.
Não só não melhorou, como piorou em todos!
A
explicação é fácil, de quantitative easing em quantitative
easing, tornou-se demasiado fácil à oligarquia exigir dinheiro aos estados
e vê-lo jorrar para os seus bolsos em quantidades absolutamente loucas,
agravando o nível de endividamento dos países ocidentais, que por sua vez leva
ao déficit e, por sua vez ainda, leva a mais austeridade, num
processo rotativo de constante esmagamento e sucção dos recursos destinados aos
serviços públicos, aos serviços para todos.
Atente-se
ao caso alemão. Um governo constituído pela CDU aprova uma revisão
constitucional irregular, para aprovar uma derrogação da regra do déficit das
contas públicas, para que se possa gastar mais dinheiro na guerra. Esta CDU, ao
tempo de Angela Merkel e Shoebel, era o mesmo partido que, em plena crise Subprime obrigou
os PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha) a aplicarem austeridade brutal,
provocando miséria, fome, mortes nas urgências dos hospitais, porque não podiam
haver excepções às “contas certas”. Há quem chame isto de “democracia”.
Mas
ainda não tínhamos recuperado a respiração de tanto esticão orçamental e já os
estados-membros, e a União Europeia, se preparam para fazer jorrar mais uns
trilhões para as “empresas” poderem enfrentar os efeitos das tarifas de Trump.
O governo Português, que se prepara para gerir um déficit orçamental (governo
da direita liberal (PSD) com a direita reacionária (CDS) e com apoio da direita
ultraliberal (IL)), o que já não sucedia há mais de oito anos, vem também
destinar mais 10 mil milhões de euros para enfrentar o problema. Ou seja, são
os trabalhadores quem irá pagar tudo mais caro, mas é o patronato quem leva os
subsídios. Enquanto isto, cada vez mais trabalhadores portugueses, incluindo
licenciados, vivem e dormem na rua.
O que
esta realidade demonstra é que, toda a dificuldade, qualquer ténue turbulência,
é amplificada a níveis inauditos por um exército de “órgãos de comunicação
social”, comentadores, analistas, politólogos, consultores, com a cartilha tão
bem estudada que mais parecem um exército de drones saído
de A Guerra das Estrelas, com a função de gerar o alarmismo, o
drama, o medo e a consternação, de forma a justificar mais uma excepção, mais
um fundo público, num interminável ciclo de apropriação e concentração.
Os
dados não deixam mentir, só a União Europeia destinou 1,17 trilhões de dólares
para “salvar” a banca, sem que fosse feita qualquer exigência ou contrapartida
social. Foi só encaixar e distribuir sob a forma de dividendos aos acionistas.
Já durante a crise Covid-19, assistimos a políticas monetárias expansionistas,
que beneficiaram, uma vez mais a banca, que se financiava a juro 0% junto do
BCE e emprestava a juros comerciais de 10, 20 ou 30%, entregando-se trilhões de
euros a grandes corporações (só o Plano de Resiliência e Recuperação foram 700
mil milhões de euros sem contar com o que os estados-membros haviam dado
durante a crise pandémica).
Com a
“guerra da Ucrânia”, para além das “ajudas” ao desgraçado país apanhado nas
garras do Tio Sam, a União Europeia destinou fundos avultados para a crise
energética do gás, para o aumento dos custos com a energia, nomeadamente para
os sectores com “uso energético intensivo”, aprovou incentivos fiscais,
subsídios para o restabelecimento de cadeias de suprimentos e incentivos à
transição energética, da “dependência da Rússia” para a “dependência dos EUA”.
Tudo
isto acompanhado de desregulação do mercado de trabalho, ataques aos sindicatos
e silenciamento das vozes dissonantes. Quando Rui Tavares, do Partido Livre
(uma espécie de Baerbock à portuguesa, mas com barbas) acusa Victor Orban de
atacar o estado de direito, engrossa o movimento daqueles que aprovaram a maior
vergonha democrática na Europa ocidental desde os tempos do fascismo: a
anulação das eleições romenas, o impedimento de candidatos de concorrerem por
delito de opinião e a escolha administrativa, pela OTAN, de candidatos
possíveis, apenas do quadrante pró-Aliança Atlântica, logo na Roménia que nem
águas tem no Oceano Atlântico!
O fato
é que, já desde os anos 20 do século XX – o período dos barões da máfia – que
os EUA já não assistiam a um nível tão elevado de concentração da riqueza (EUA têm maior
concentração de riqueza desde os anos 20). De referir que tal período foi também um
período em que se desenvolveu a primeira Red Scare (purga
vermelha). Os 0,1% mais ricos têm hoje 14% da riqueza nacional, naquele que é
um recorde absoluto.
Segundo
o próprio FED, a metade mais pobre (trabalhadores mais mal
remunerados, desempregados, idosos, crianças…), fica apenas com 2,5% da riqueza
nacional, enquanto a metade mais rica (a que vota e sustenta o sistema
oligárquico), fica com 97,5% da riqueza (Ricos cada vez mais
ricos: nos EUA, o 0,1% no topo agora detém 14% da riqueza nacional, um recorde). Talvez contentes
com o nível de democraticidade da coisa, os candidatos dos principais partidos
(PS, PSD, IL e Chega), apenas dirigem o seu discurso à “classe média”,
nomeadamente quando referem a necessidade de “construir casas para a classe
média”. Há quem lhe chame “liberdade”.
A
adicionar a isto tudo, ainda podemos dizer com grande dose de objetividade que,
consideradas as políticas de transição verde e descarbonização no ocidente, e
tomando a “crise” como verdadeira, não apenas os trabalhadores ocidentais
pagarão muito do seu bolso, como pagarão para condenar o planeta à morte. É
isto mesmo que nos prova o relatório da Golden Sachs que acima referi.
Provam
os dados e as conclusões retiradas que as tarifas e incentivos à produção local
de tecnologias verdes elevam os custos globais de descarbonização em pelo menos
até 30%, contradizendo diretamente as metas do Acordo de Paris. Adianta também
o relatório Carbonomics 2025 da Goldman Sachs que a tensão
criada entre “soberania industrial” e “sustentabilidade ambiental” pode
comprometer seriamente a transição energética global.
Ou
seja, não apenas despejámos fundos brutais numa transição verde que está agora
ameaçada de morte, a não ser que despejemos ainda mais fundos, como teremos de
pagar para recuperar industrias que perdemos, apenas e tão só, por causa do
neoliberalismo globalista e da financeirização da economia ocidental.
Reindustrialização que agravará a transição ambiental que financiámos. O
contribuinte europeu financia a doença, a cura, o tratamento e a eutanásia do
doente!
Estas
conclusões estão amplamente suportadas no relatório em causa, do qual é
possível extrair que o “protecionismo verde” da EU/EUA, que resultou em tarifas
aos veículos eléctricos, baterias, painéis fotovoltaicos e turbinas eólicas,
tem um custo oculto brutal e que raramente é quantificado pelos governos.
A produção local de painéis solares e baterias, na Europa e EUA, custa 58% a
115% mais que as importações chinesas.
Para
mitigar essa diferença, seriam necessárias tarifas médias de 115% sobre painéis
solares e 55% sobre baterias de veículos eléctricos – medidas que
inflacionariam o custo total de descarbonização global em 30%. Ou seja, tanto
dinheiro gasto para sermos colocados perante um dilema impossível: ou
descarbonizamos, ou ficamos sem trabalho! Eis a eficiência das políticas
ocidentais em todo os eu esplendor! Como sempre, pagaremos para as duas, para
nada se conseguir.
Por
outro lado, tendo deixado transitar para o Oriente, em função de uma visão
espartilhada, horizontal, deslocalizada, da economia, daquilo que se considera
por “Tecnologias maduras (solar, baterias)”, o fato é que hoje, segundo a
Goldman Sachs, as inovações chinesas em 2024 representaram uma redução de
custos em pelo menos 30%. Ou seja, os povos europeus pagaram trilhões para
financiar o seu sistema econômico e o resultado é que criaram um monstro da
ineficiência e do desperdício, viciado em dinheiro fácil sem metas e
contrapartidas. Acresce que, agora, dizem-nos que vamos ter de o refinanciar,
desta feita, para, ao abrigo de um suposto “reshoring” (trazer para a
nossa costa) dessas tecnologias, passarmos nós a produzir o que os outros,
também por nossa culpa e pela melhor governação deles, produzem mais, melhor e
mais barato que nós.
Há um
exemplo concreto desta situação que é paradigmático: uma pequena Câmara
municipal em Portugal, gerida pelo PSD (partido liberal ou neoliberal), no
norte do país, numa pequena cidade chamada Monção, faz um alarido enorme por
ter comprado 5 autocarros eléctricos por 2,1 milhões de euros. Ou seja, mais
de 400 mil euros cada um. Ora, estes
autocarros podem ser comprados na China a menos de 60 mil euros cada. Assim
sendo, resta perguntar: então vamos pagar mais para quê? Porque são feitos na
União Europeia? Ora, este argumento só valeria se o fizéssemos com tudo, mas
como no que interessa aos interesses oligárquicos continuamos a comprar na
China e em todo o lado, só resta uma conclusão óbvia: é que isto é mesmo para
ser assim e trata-se de um imenso jackpot aos gangsters
do greenwashig (lavagem verde) que operam no Ocidente.
Mas o
relatório da Goldman Sachs ainda aponta outra contradição que corrobora
precisamente isto que disse, ou seja, o desenvolvimento de tecnologias
brutalmente dispendiosas, mas que justificam os enormes subsídios atribuídos e
a rotação e enormes quantidades de capital, que engordarão ainda mais as
contas offshore, detidas por uma nova categoria de sanguessugas
capazes de sugar continentes inteiros, designadas de super-ricos.
Trata-se
do desenvolvimento de “Tecnologias emergentes (hidrogênio verde, SAF)” que
provocam a estagnação ou alta de custos por falta de escala global associada. A
incapacidade para respeitar e negociar com a Índia, China, Rússia e todos os
BRICS, esquemas à escala global, a birra em querer dominar toda a indústria de
ponta e em querer controlar as cadeias de valor e suprimentos, faz com que o
ocidente esteja a investir em quimeras que têm como função extorquir mais e
mais dinheiro aos seus contribuintes, sabendo que não são competitivas nem
escalonáveis. Afinal, as designadas políticas de “friend-shoring”
(trazer para os amigos) concentram investimentos em tecnologias menos
competitivas, enquanto penalizam sectores onde a cooperação internacional
poderia acelerar ganhos de eficiência. E não sou eu que o digo, é a Golden
Sachs.
Por
fim, para agravar este paradoxo geopolítico-climático, a União Europeia e os
EUA destinam US$ 1.7 trilhões/ano em subsídios verdes, mas cada dólar investido
em produção local de energia solar tem eficiência climática 58% menor versus as
importações asiáticas. Ou seja, esta teoria de que temos de ser nós a fazer o
que outros já fazem, só porque pensávamos, em primeira mão, que iriamos ganhar
a corrida às tecnologias verdes e ficar com o jackpot inteiro,
está a fazer-nos embarcar num paradoxo da insustentabilidade: quanto mais
dinheiro colocamos nas tecnologias verdes em concorrência à Ásia (para não
dizer China), menos eficiência carbónica e ambiental temos! Fantásticos
governantes! É o milagre da subtração!
O facto
é que a transição verde exige um reequilíbrio entre segurança econômica e
eficiência climática. Como mostra o Carbonomics 2025, a
fragmentação das cadeias de suprimentos verdes não só encarece a
descarbonização como retarda o ponto de inflexão tecnológico necessário para
sectores difíceis de abater, como o caso dos sectores ligados às energias
fósseis. Não apenas gastamos mais dinheiro, como tornamos tudo mais difícil e
tardio. Como diz a própria Goldman Sachs, a solução não reside no isolamento,
mas na arquitetura de novos pactos industriais-globais que harmonizem
interesses nacionais com imperativos climáticos, económicos e sociais,
acrescento eu. Ou seja, ao invés de guerras frias e quentes, devemos
proteger-nos, sim, mas também cooperando. Algo que o ocidente deixou de saber
fazer com quem não lhe agrada. Se é que algum dia soube.
O
relatório da Goldman Sachs evidencia que as políticas protecionistas
ocidentais, de tão bem desenhadas que foram (talvez tenham sido desenhadas
pelos mesmos que desenharam as deslocalizações, privatizações, etc.) criam um
ciclo vicioso de custos elevados e dependência de subsídios estatais através de
três mecanismos principais:
(i) Subsídios
industriais como compensação artificial, pois as políticas de “reshoring”
(relocalização industrial) exigem investimentos massivos para tornar viáveis
sectores estratégicos em território nacional. Por exemplo: a União Europeia
destinou US$ 1.7 trilhões/ano em subsídios para tecnologias verdes, porém com
eficiência climática 58% inferior às importações asiáticas, e os EUA aplicam
tarifas de até 54% sobre produtos chineses, mas precisam compensar empresas
locais com créditos fiscais equivalentes a 30% do custo de produção. Estes mecanismos
geram um efeito de “custos duplos”, pois protegem indústrias menos competitivas
e transferem o ônus financeiro para os contribuintes. Fantástico negócio.
(ii)
Fragmentação de cadeias de suprimentos, pois o protecionismo força a duplicação de
infra-estruturas críticas, por exemplo: os Painéis solares custam mais 115% que
as importações, aumentando o seu preço em 40% para os sistemas residenciais; as
baterias para VE custam mais 55% do que os fornecedores globais, aumentando o
custo médio dos veículos em 8.000$. Esta fragmentação exige financiamentos
estatais contínuos para manter a viabilidade de sectores estratégicos,
criando dependência crónica de fundos públicos. Mas depois, quem ouve os
Trumpistas, o André Ventura do partido mais reacionário em Portugal, os Orbans,
Melonis e muitos outros, são só imigrantes quem leva o dinheiro e são os
ciganos quem recebe mais subsídios.
(iii)
Efeito dominó geopolítico, pois as tarifas ocidentais desencadeiam retaliações
que amplificam custos sistémicos, amplificados, por exemplo, com a resposta
chinesa, da União Europeia, BRICS e outros. Cada medida protecionista gera
novas distorções de mercado, obrigando os Estados a injetar recursos adicionais
para neutralizar impactos negativos não previstos.
Não que
eu seja contra todas as formas de protecionismo, muito pelo contrário. Contudo,
este protecionismo, uma vez mais e tal como quando se deu a abertura das
economias ocidentais à globalização, não visa proteger os trabalhadores e as
suas condições de vida. Visa, isso sim, proteger as condições de acumulação de
uma elite cada vez mais rica, que se sente incapaz de competir com aqueles que
antes via como inferiores.
A
própria paranoia da inteligência artificial generativa é também outro logro que
qualquer dia será responsável por nos colocar novamente à luz da vela, para que
meia dúzia de iluminados possam usá-la para virtualmente enriquecerem. Como
refere também a Golden Sachs no seu briefing semanal, a
Inteligência artificial aumentará a demanda de eletricidade em 165% até 2030. O problema é que é
mesmo para ser assim, muito dinheiro público a jorrar para uma área de negócio
profundamente ineficiente, como veio provar o DeepSeek, sobre o qual escrevi
também no passado.
Em
conclusão, se dúvidas havia que este sistema está condenado ao fracasso,
vejamos como as várias fases dos eu desenvolvimento apenas nos trouxeram à
dependência, ineficiência e ao atraso em relação aos competidores que tanto
parecem assustar a nossa oligarquia. Quanto mais medo têm a China e da Rússia,
mais nos trouxeram ao paradoxo da ineficiência ocidental: quanto mais se
investe o dinheiro dos contribuintes, mais atrasados ficamos e mais medo temos!
Uma espiral destrutiva imparável e sem fundo à vista.
E como
se não estivessem contentes, como se não tivessem falhado todas as estratégias
trazidas até aqui, como se o neoliberalismo não tivesse deslocalizado a nossa
capacidade industrial instalada e know-how, como se o monopolismo
tecnológico não tivesse empobrecido milhões e milhões de trabalhadores e como
se o gangsterismo capitalista não tivesse usado todos os fundos públicos, a ele
destinados desde o início do século, apenas para enriquecer uma minúscula
fracção populacional, agora, querem obrigar-nos a pagar mais 800 mil milhões de
euros porque identificaram mais uma “crise”. O resultado será simples: quanto
mais medo tivermos da Rússia, da China, do Irã, da Coreia do Norte, mais
dinheiro gastaremos, tudo para descobrir, no final, que eles continuam sempre a
ser mais poderosos.
O facto
é que a nossa “crise” é só uma: fazermos crescer o monstro da ineficiência
sistémica que nos asfixia. Eis o paradoxo da ineficiência ocidental: quanto
mais crises financiamos, mais crises enfrentamos. Até perecermos de vez!
Fonte: Por Hugo Dionísio, em A Terra é
Redonda

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