Chega de Neymardependência. Contusões graves,
vida extracampo desregrada e desgaste aos 33 anos
Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco
Polo del Nero, e o próprio Ednaldo Rodrigues, fizeram de Neymar o centro de
toda a preparação para as Copas de 2014, 2018 e 2022. As contusões, o desgaste
físico aos 33 anos, fazem com que a CBF acabe com essa obsessão
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Ednaldo Rodrigues evita falar em público.
Talvez o ‘segredo’ fique entre os presidentes
de Federações, que confia.
A vergonhosa goleada para a Argentina, por 4
a 1, já havia ferido profundamente a confiança em Dorival Júnior.
Mas ao checar o planejamento para o jogo, com
o coordenador Rodrigo Caetano, o presidente da CBF se revoltou.
E decidiu mandar Dorival embora.
O vivido técnico fez todo o estudo da
partida, meses antes do confronto, e apostou que um jogador seria fundamental
no confronto.
E baseou sua convocação nele.
Neymar.
Não levou em consideração seu histórico
atual, o profundo desgaste físico, aos 33 anos.
Os quase quatro anos sem jogar, acumulando,
42 lesões, contabilizadas as menores.
Não o quis enxergar como um veterano, que não
levou a carreira de maneira espartana.
Como, por exemplo Messi e Cristiano Ronaldo.
O meia/atacante foi cortado, sabotando toda
preparação do jogo mais importante das Eliminatórias.
O mais representativo.
Veio o vexame da pior derrota em
Eliminatórias, em todos os tempos.
4 a 1, com direito a olé e críticas no mundo
todo.
Ednaldo já havia dado uma última chance a
Dorival, depois do fracasso na Copa América.
O Brasil não chegou sequer à decisão, em uma
competição fraquíssima tecnicamente.
O treinador havia treinado por quase um mês o
time.
Veio a vergonhosa goleada e a demissão
sumária.
Dorival jamais cogitou que Neymar se
contundiria, mesmo voltando de um ano e meio parado.
E uma sequência alucinada de sete partidas
pelo Santos, pedida pelo próprio jogador.
Agiu como se não tivesse perdido quase quatro
anos na carreira, contundido.
Ao mandar Dorival Júnior embora, Ednaldo
também questionou o trabalho de Rodrigo Caetano.
Como o coordenador da Seleção também foi tão
ingênuo e otimista em relação ao jogador?
O presidente da CBF analisou que desde 2011 a
situação é a mesma.
Dirigentes, treinadores, coordenadores e
mídia acabaram iludidos por Neymar.
Ele não pedia.
Apenas se aproveitava do fato de ser o único
jogador fora de série na Seleção Brasileira.
Jamais o Brasil dependeu de um só atleta.
Por exemplo, em 1958, havia Garrincha, Pelé,
Didi, Nilton Santos...
Em 1962, Garrincha, Amarildo, Didi, Zito...
1970, Pelé, Tostão, Rivellino, Gerson,
Jairzinho
1994, Romário, Bebeto, Mauro Silva, Mazinho,
Dunga
2002, Rivaldo, Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos,
Ronaldinho Gaúcho
Mano Menezes, Felipão, Dunga, Tite, Ramon
Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior fizeram de Neymar o ‘centro do
universo’ da Seleção.
Os jogadores perceberam que toda a estrutura
tática favorecia o jogador, que quis e teve a camisa 10 de Oscar, por exemplo.
E eles se submeteram.
Gabriel Jesus, Fred, Philippe Coutinho,
Vinicius Júnior, Richarlison, Rodrygo e tantos outros, corriam por ele.
E preferiam passar a bola a Neymar do que
chutar a gol, mesmo livres, durante as últimas Copas do Mundo.
Situação estarrecedora em qualquer seleção do
planeta.
Mas que era aceita pela CBF.
Os coordenadores, homens vividos no futebol,
como Edu Gaspar e Juninho Paulista, não interferiam.
Assim como Ricardo Teixeira, José Maria
Marin, Marco Polo del Nero, Rogério Caboclo.
E o próprio Ednaldo Rodrigues.
Não tiveram visão para enfrentar a pressão
midiática fabulosa de Neymar.
Os mais de 270 milhões de seguidores nas
redes sociais, os patrocinadores de alcance mundial.
A mídia de todo o mundo implorando por uma
palavra do jogador.
Daí os privilégios eternos.
Como seu pai entrar no vestiário do Brasil.
Sua família ser a única a se hospedar no
hotel da Seleção na Rússia.
Seus parças terem direito a acompanhar os
treinos para a disputa da Copa.
Ninguém jamais teve tanta regalia, desde que
surgiu a Seleção Brasileira, formada pela primeira vez, em 1914.
Mas Neymar nunca conseguiu ser o líder, o
comandante, retribuir nas Copas do Mundo que disputou.
Saiu contundido na melhor delas, em 2014.
Mas em 2018, virou meme mundial por suas
simulações, que Tite fazia de conta que não via.
E em 2022, outra vez mal fisicamente, teve
todo o privilégio tático e não conseguiu fazer o Brasil ir além das quartas.
Ednaldo percebeu que não seria agora, aos 33
anos, com um currículo de 42 lesões, que merecia ser, de novo, o centro da
preparação à Copa dos Estados Unido.
A letargia dos dirigentes passou.
A goleada para a Argentina foi a gota d’água.
Rodrigo Lasmar é o médico da Seleção
Brasileira.
E ele tem detalhadamente o assustador
histórico de lesões do jogador.
Ednaldo percebeu que, depois da Copa do Mundo
do Catar, ele atuou apenas quatro partidas pelo Brasil.
Quatro!
Ficou de fora de 17 outros confrontos.
A contusão que acabou de sofrer no Santos o
deixará de fora por pelo menos seis semanas.
O prazo que os presidentes de Federações
comentam é de oito semanas.
Ou seja, dois meses.
Ele estará fora dos confrontos contra Equador
e Paraguai, quando o Brasil já deverá ter novo técnico, de acordo com o próprio
Ednaldo.
Ou seja, o treinador que deverá chegar ao
Mundial já não contará com Neymar, logo de cara.
Quer o cargo seja dado a Jorge Jesus, Carlo
Ancelotti ou qualquer outro.
Demorou, mas chegou o grito de liberdade da
Seleção.
Chega de Neymardependência, de acordo o atual
presidente da CBF.
Não é uma afronta.
Só a constatação do que muitos insistem em
não enxergar.
Neymar é um veterano e que na Copa estará com
34 anos e quatro meses.
E que já teve privilégio tático em 2018 e
2022, quando não precisava marcar ninguém.
Ou seja, a ilusão de que poderá repetir o que
Messi fez no Catar, pela primeira vez, é irreal.
Tite fez com que o time todo corresse por ele
em dois Mundiais.
E fracassou.
Ednaldo Rodrigues se reelegeu até 2030.
Ele sentiu o peso do fracasso como presidente
em 2022.
Politicamente se fragilizou a ponto de perder
o cargo na Justiça.
O recuperou, se reelegeu.
Mas sabe o quanto é importante para a própria
sobrevivência, o Brasil ir muito bem no Mundial.
Entre a própria sobrevivência e Neymar, o
dirigente opta por sobreviver.
Ele não aceitará o planejamento para o
Mundial depender, de novo, deste jogador.
A aposta será no conjunto, na estrutura
tática, com uma equipe competitiva, vibrante.
Neymar, se estiver bem fisicamente, estará no
grupo dos Estados Unidos.
Mas não como ele mesmo sonhava.
Camisa 10, capitão, com o time dependendo
dele para respirar.
Ednaldo quer um treinador que não se submeta.
Sem meias palavras, Jorge Jesus o dispensou
do Al-Hilal, por falta de condições físicas.
Carlo Ancelotti não dá privilégios táticos
para ninguém no Real Madrid ou por onde passou.
A um ano e dois meses do início da Copa do
Mundo, a cúpula da CBF despertou.
Chega de Neymardependência.
De submissão.
Desta vez, de verdade, não só no discurso.
Até porque não há a menor certeza que
fisicamente ele poderá sequer jogar o Mundial.
Foram 14 anos de esperança, de submissão a um
só atleta.
O Brasil pagou caro pela aposta.
E promete se preparar para o que parecia
impossível.
Não depender taticamente de Neymar.
O Brasil nunca trabalhou a sério esta
circunstância, desde 2011.
As contusões e o desgaste exagerado para um
atleta de 33 anos tiveram consequências.
Fizeram a CBF acordar.
Chega de Neymardependência.
Até que enfim...
Fonte: Por Cosme Rímoli, em R7

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