Jean
Menezes de Aguiar: ‘Por que bolsonaristas juram que não são bolsonaristas?’
Em
defesa do capitão. Ou, pra não dizer que não falei das flores. (Perdoe-me
Vandré).
Como
ninguém absolutamente é bolsonarista – sim, muitos idolatram a mitologia, e só
reenviam mensagens enaltecedoras, ou carnificiniais sobre Lula, dá no mesmo,
mas juram que não são bolsonaristas, e só nos resta acreditar, ou fingir,
afinal nossos amigos não poderiam (...) ser ‘mentirosos’-, a conclusão é que
não existem bolsonaristas no Brasil.
O
gancho da negação é promissor. Outorga direitos paralascivos e paradevassos.
Mas como isso é feio, deixemos de lado. E salvemos o capitão, de suas insônias.
Uma
primeira observação é sobre a mentira, ou não, de quem alega ‘não ser
bolsonarista’. Como a Constituição garante a intimidade e a liberdade do voto,
não se ousará adentrar neste quase ‘seer’ heideggeriano, tipo de ser não
tematizável. Assim, quem ousará penetrar nestas profundezas? Verdade ou
mentira, a negação se torna algo apenas idiossincrático.
Como
meio do caminho, consideremos o pensamento lacratista, última moda para quem
não produz p*. nenhuma, só reenvia alegorias. Quanta melancolia intelectual.
Esse pensamento nasce dum tropeço espasmódico da compreensão contestatória que
faz o sujeito reagir em imediatismo não-pensante para copiar e colar uma
mensagem reenviada, acreditando, piamente, que provará qualquer coisa. Oh dó.
Este parece ser o máximo de conhecimento alcançado aí. Deve haver nestes
reenvios um onanismo coletivo em um reenviador massagear as partes do colega do
lado e assim sucessivamente ao infinito. O fato é que os reenvios de mensagens
geram frissons e parahisterias ideológicos, ainda que não alterem, em
absolutamente nada, qualquer estado de coisas.
Um
ponto importante é o imediatismo no uso altamente ressalvante do ‘mas eu não
sou bolsonarista!’ A rigor, é mais que uma defesa personalista, é quase que uma
ameaça ao interlocutor. Que medo! Uma característica que poderia ser
investigada aí é a certeza de que quem usa esta admoestação acredita seriamente
que o interlocutor é um néscio. Se é para atender a um amigo, ok. Somos
analfabetos lisérgicos. Mas em o que as criaturas acreditam é algo muito íntimo
e secretizável.
Outra
característica epistemologicamente alvissareira é o sentimento de culpa
escapado quando alguém ralha ‘mas eu não sou bolsonarista!’ É tipicamente um
ser algo que não se quer ser. Bolsonaro teve o grande mérito de explodir o
‘armário’ para a direita enrustida. Sim, ela fazia suas ‘brincadeiras’
pornoideológicas secretamente, entre si, espremida nos armários do comedimento,
mas não tinha coragem de negar a Ciência, dizer-se racista orgulhosamente e em
público, escancarar homofobia em palanques etc. Nenhum político pós-ditadura
conseguiu tamanha proeza. E veja que vários tentaram, timidamente. O armário
era de madeira boa. Precisou do poderoso capitão, um político originário do
baixo-clero para alforriar o ultraconservadorismo violento e vingativo, o ultra
pieguismo que se alia a um neopentecostalismo fundamentalista. E mais, a ponto
de tudo chegar a um ruptural 8/1, que, de novo, e nada surpreendentemente,
negam ter existido. Que povo ‘inteligente’, ou, que marasmo pensante...
Buscando
qualquer possibilidade de explicar o porquê bolsonaristas negam sê-lo, há
variáveis interessantes. Uma possibilidade é a timidez com a ultrarradical
direita, afinal ela assusta – mas seduz não é? Confesse!- quem apenas era
modicamente da direita ‘normal’. Outra explicação é um padrão cultural de se
mentir os preconceitos e as discriminações. Como muita gente foi educada sendo
preconceituosa – isto é Brasil!-, mas sabendo que tinha que mentir no quesito,
ao encontrar uma direita radical vibrante, praticamente nazista em tudo – olha
que Disneylândia ideológica!- vive o drama de rejeitar sua educação ‘polida’,
ou de ‘bom tom’, ou como na música Senhas, da tesuda Adriana Calcanhoto,
chamada de ‘bom gosto’, para rasgar a fantasia e correr para a Parada do
Orgulho Gay, ops, parada do orgulho bolsonarista.
Mas
corre por fora o fortíssimo sentimento de que se dizer bolsonarista é algo
ruim. Aí há algo de paradoxal. Quem ama/idolatra Jesus, Alá, Maomé, Buda, Deus
e Iemanjá não tem qualquer pudor em assumir. É estranho quem ama e idolatra
exatamente igual a Bolsonaro, fugir, como o lógico Diabo foge da cruz, de
assumir. Há aí psicanálises secretas que só Freud descubra.
Fica
o mistério em aberto. Adoradores, amantes e devotos do capitão, paradoxalmente
não se dizem bolsonaristas. É até uma ingratidão para com o líder, ou coach
ideológico. Será por causa dos crimes que ele é investigado e aí teria ‘cedida’
a fé no sujeito? Será por medo de, após eventual condenação criminal transitada
em julgado, estar-se ligado a um condenado? Estas entranhas são muito profundas
para um artiguinho destes.
Registre-se
a ingratidão dos bolsonaristas raízes, assumidos e verdadeiros, ou dos que
apenas se dizem ‘ligeiramente’ da direita, e que, ávidos, correram para o colo
capitão, que negam ser bolsonaristas.
Esta
é uma ingratidão dos próprios apaixonados, todos viuvinhas do 8/1. E como este
artigo obedece à verdade-porquê do título, e é em polida ‘defesa’ do capitão,
admita-se, Bolsonaro não merecia esta negação tão ‘verdadeira’ de seus próprios
neolibertos do armário.
*
Porcaria! (jamais seria a outra forma, muito mais viva, poética e jovem de ser
dita).
¨
No Pará, trabalhadores
rurais bloqueiam rodovia para evitar visita de Bolsonaro
A
visita de Jair Bolsonaro (PL) a Parauapebas, município localizado no sudeste do
Pará, a aproximadamente 700 km de Belém, foi marcada por manifestações de
trabalhadores da agricultura familiar. Na manhã desta terça-feira (2), segundo
a Folha de S. Paulo, membros da diretoria regional da Federação Estadual dos
Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf) bloquearam a
rodovia PA-275, ateando fogo em pneus como forma de protesto.
O
bloqueio foi organizado para coincidir com a passagem de Bolsonaro, que cumpre
uma agenda de compromissos no interior do estado desde o último domingo (30).
Os manifestantes da Fetraf-PA expressaram insatisfação com o que consideram um
"descaso" do governo do ex-presidente em relação à agricultura
familiar no Pará.
Noemi
Gonçalves, coordenadora estadual da Fetraf-PA, esclareceu que a manifestação
era uma resposta ao fechamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e
à interrupção das políticas de reforma agrária durante a gestão de Bolsonaro.
"O manifesto é uma resposta ao descaso do governo Bolsonaro em relação à
agricultura familiar no Pará", afirmou Gonçalves.
Durante
o bloqueio vídeos circularam nas redes sociais mostrando discussões acaloradas
entre apoiadores de Bolsonaro e membros do movimento sindical.
Em
sua fala em Parauapebas, Bolsonaro abordou diretamente as críticas.
"Comigo não teve nenhuma maldade com produtor rural. Não demarquei nenhuma
terra indígena, nenhuma área ambiental", declarou.
¨
Recado mostra que Lula
compreende a lição do golpe que derrubou Jango. Por Paulo Moreira Leite
Como
tem ocorrido durante suas viagens pelo interior do país, nesta segunda-feira,
em Salvador, Lula mandou uma mensagem clara ao país.
Referindo-se
à resistência que permitiu a recuperação de seus direitos políticos, a anulação
da Lava Jato e o retorno à Presidência, ele fez questão de reconhecer sua
dívida – acima de tudo política – com a grande massa de homens e mulheres que
permitiram o retorno ao Planalto para cumprir um terceiro mandato.
"Não
tenho que prestar contas a nenhum ricaço ou banqueiro desse país," disse.
"Tenho de prestar contas ao povo pobre", acrescentou, durante uma
cerimônia de anúncios de investimentos do governo federal em Salvador.
No
discurso, onde também mencionou a perseguição sofrida por Dilma Rousseff, Lula
lembrou que em 2016 "esse país entrou num processo de retrocesso de
conquistas sociais. Inventaram mentiras, me prenderam, disseram que agora
acabou, mas não vão acabar comigo, porque eu não sou eu, eu sou vocês."
Antes
de encerrar, o presidente acrescentou: "o que deixa meus adversários
nervosos são vocês."
É
preciso recordar os traços fundamentais do golpe de 1964, que marcou com ferro
e sangue a formação política de várias gerações de brasileiros e brasileiras –
Lula tinha 19 anos na época – para compreender o sentido dessas palavras, que
possuem uma gravidade fora do comum no rame-rame convencional das visitas
presidenciais.
Sabemos
que João Goulart, retirado da presidência após uma campanha infame de mentiras
que tentava atingir inclusive sua família, era um chefe de governo com apoio
popular muito superior ao que dizia a mídia adversária.
Num
segredo que só seria revelado em 2020, 46 anos depois do golpe, o mesmo
empresariado que contratou o Ibope para fazer um levantamento de opinião
destinado a alimentar a campanha para derrubar um presidente legítimo impediu
que os números fossem divulgados na época. O motivo era óbvio. Os dados eram
bons para Jango e para a democracia, e péssimos para os golpistas.
Apurada
entre 9 e 25 de março, e só divulgada publicamente quatro décadas depois, a
pesquisa mostrava que para 30% dos eleitores entrevistados, o governo Goulart
era bom. Para 15%, chegava a ser ótimo. Para 46%, era regular. Embora os
grandes jornais estivessem em campanha aberta pela deposição de Jango, apenas
16% consideravam seu governo péssimo.
Apesar
disso, na semana seguinte, o golpe avançou com apoio dos grandes grupos de
comunicação, numa imensa conspiração, ajuda escancarada da CIA e outros
serviços do império.
Meio
século depois, ao se tornar o único político a ocupar a presidência da
República pela terceira vez – sempre pelo voto direto – Lula tem razão em
lembrar ao povo seu papel único na História do país.
Num
tempo de muitas incertezas, Lula mantém uma conversa olho no olho de cada um
dos presentes, para percorrer infinitos séculos de evolução humana quando diz,
encarando aquela multidão de rostos humanos que ousam encarar a própria
História: "O que deixa meus adversários nervosos são vocês."
Alguma
dúvida?
¨
O Brasil não está em
crise e a mídia entrou em pânico porque percebeu que Lula é favorito à
reeleição. Por Leonardo Attuch
Abri
os jornais nesta manhã e me deparei com a notícia de que o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava fechando, no dia de hoje, seu pior
semestre dos três já decorridos neste terceiro mandato.
"Como
assim?", eu me questionei.
Nesta
semana mesmo, o IBGE anunciou que, sob o comando do presidente Lula, a taxa
de desemprego recuou ao menor nível em dez anos. Esta é apenas uma das boas notícias no campo econômico.
A arrecadação é a maior em 29 anos, a massa salarial é recorde, os grandes investimentos públicos
e privados voltaram e os brasileiros estão mais otimistas em relação ao próprio
futuro. Em relação ao PIB, ainda que as projeções de crescimento, entre 2% e
3%, estejam claramente abaixo do potencial da economia brasileira, elas são
melhores do que vinha sendo projetado pelo chamado "mercado".
Crise
mesmo só há na imprensa corporativa brasileira, que, em associação com o atual
presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem comandando um ataque
especulativo contra o real, a moeda que completa trinta anos nesta semana.
Mesmo com a armação, tudo o que Campos Neto e seus parceiros na imprensa
conseguiram foi uma pequena desvalorização de cerca de 12% da moeda brasileira,
com o real caindo de R$ 5 para R$ 5,6 em relação ao dólar.
A
questão é: por que a moeda brasileira não cai mais, diante das provocações de
Campos Neto e da inação do Banco Central, que deixou de realizar leilões contra
ataques especulativos? Porque qualquer agente econômico sério percebe que os
fundamentos da economia brasileira são muito mais sólidos do que aquilo que vem
sendo pintado nas páginas econômicas. O superávit comercial é de US$ 100
bilhões ao ano, as agências internacionais de risco vêm melhorando as
perspectivas para o Brasil e o País atrai cada vez mais investimentos diretos,
com o aumento do poder de compra da população. Por isso mesmo, o presidente
Lula, nesta semana, afirmou que "quem apostar contra o real", em
associação com os "cretinos" da imprensa, vai perder dinheiro. Lula
tem razão. A julgar pelos fundamentos, a moeda brasileira poderia, inclusive,
estar sendo negociada abaixo dos R$ 5.
A
histeria da mídia se deve a um único fator: a percepção de que o presidente
Lula não apenas é candidato à reeleição em 2026, como também é franco favorito.
Dias atrás, o presidente fixou em seu perfil no X, antigo Twitter, uma mensagem
dizendo que, aos 80 anos, se vê em seu auge físico e intelectual. E mais: que
está pronto para seguir na presidência caso sua participação seja necessária
para enfrentar os "trogloditas".
Lula
não apenas se declarou candidato, como passou a agir como tal. Nos últimos
dias, Lula viajou pela Bahia, Piauí, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Rio de
Janeiro. Mais do que colocar o pé na estrada, o presidente também passou a
conceder entrevistas às rádios regionais, demonstrando força não apenas para
desconstruir as falácias da mídia tradicional, como também para pautar o debate
no País.
Com
isso, os setores da direita tradicional brasileira, que se agarraram ao
presidente Lula para atirar ao mar o lixo fascista ao qual se associaram em
2018, começaram a se dar conta de que o atual governo não é uma ponte para o
neoliberalismo, mas sim um projeto de oito anos. Só isso explica a pancadaria.
E não há antídoto melhor contra essa cretinice do que a palavra constante do
presidente. Fala mais, Lula. Quanto mais, melhor.
Fonte:
Brasil 247
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