Com apoio
da Sudene, indústrias investem na instalação e modernização de projetos em sete
estados
A
Diretoria Colegiada da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste aprovou
os pleitos de 26 empresas que manifestaram o interesse em participar da
política de incentivos oferecida pela autarquia ao setor produtivo. A ação
permite a utilização de parte do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) como
fonte de novos investimentos para favorecer a implantação, modernização,
ampliação e diversificação de linhas de produtos. As indústrias estão
distribuídas pela Bahia (8), Maranhão (4), Minas Gerais (4), Paraíba (3),
Pernambuco (4), Ceará (1) e Alagoas (2).
Ao
todo, foram apresentados 11 pleitos para implantação, nove pleitos para
modernização de infraestrutura, dois para diversificação de linhas de produtos
e outros dois para reinvestimento, este último utilizado para complementação de
equipamentos. Duas empresas, por sua vez, solicitaram transferência de laudo,
que ocorre em virtude de alteração de quadro societário ou atualização de razão
social.
Para
o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, mesmo de caráter temporário, a
política de incentivos ainda é necessária para diminuir a disparidade entre o
desempenho da economia nordestina e os indicadores de outras regiões
brasileiras com índices mais positivos. “É importante reconhecer a importância
da política de incentivos para o Nordeste. É preciso mantê-los pelo menos
enquanto a região não atingir a equidade em relação a outras áreas do país”,
defendeu o gestor.
Os
projetos empregam, atualmente, 16.990 profissionais. Destas vagas, 4.318
correspondem a novos postos de trabalho abertos em virtude da instalação dos
empreendimentos.
Os
investimentos privados já realizados pelas empresas somam quase R$ 774 milhões.
O maior aporte foi declarado pela Ferrovia Norte-Sul S/A, sediada no Maranhão.
A empresa administra um trecho de 720 km da ferrovia, compreendido entre
Açailândia (MA) e Porto Nacional. O equipamento escoa produções de soja, milho,
e farelo de soja, além de fertilizantes, combustíveis, celulose e minério de
ferro.
Já
no agreste pernambucano, o frigorífico Masterboi desembolsou R$ 133 milhões
para a instalação de uma nova planta industrial no município de Canhotinho,
dedicada ao abate de gado e o beneficiamento de carne bovina fornecida por
criadores de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, além de Minas Gerais,
Espírito Santo e Pará.
Em
Jaguaruana (CE), a Meri Pobo Agropecuária registrou investimento de R$ 60
milhões para a implantação de empreendimento dedicado ao processamento de sucos
e concentrados de frutas orgânicas. A empresa emprega 313 pessoas.
“Esta
ação da Sudene desperta bastante o interesse de investidores, agregando ainda
mais valor à decisão de escolher o Nordeste como destino dos investimentos do
setor produtivo”, comentou o diretor de gestão de Fundos, Incentivos e de
Atração de Investimentos da Sudene, Heitor Freire.
Próximos
passos
De
posse do parecer positivo da Sudene, as 26 empresas deverão, agora, solicitar
autorização da Receita Federal para utilizar 75% ou 30% do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica para concretizar novos investimentos. Toda a atividade é
fiscalizada periodicamente por equipe especializada da Sudene.
• Legislação
Conforme
trata a MP 2.199-14, de 24 de agosto de 2001 e alterações posteriores, as
empresas situadas na área da Sudene poderão utilizar estes recursos para ações
de instalação, ampliação, modernização e diversificação. O prazo para
apresentação dos pleitos é até 31/12/2028. Como se trata, portanto, de ação que
vigora durante um determinado período, deverá ser novamente avaliada pelos
poderes Legislativo e Executivo para ser renovada.
• Avaliação aponta a eficácia do FNE no
aumento da geração de empregos
Com
o objetivo de avaliar os resultados e impactos das políticas e programas
públicos na área de atuação da Sudene, decorrentes da aplicação dos recursos do
Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), a Superintendência
firmou Termo de Execução Descentralizada (TED) com a Universidade Federal de
Viçosa (UFV), que analisou a eficácia e eficiência das aplicações dos recursos
do Fundo na geração de emprego e renda. Foram utilizados modelos regional e
setorial, em uma análise que considerou as contratações efetuadas entre os anos
de 2000 a 2018.
Nesse
período, destaca Glória Sistelos, coordenadora de Avaliação e Estudos da
Sudene, “a política de crédito do FNE se
mostrou eficaz na geração de emprego e no aumento da renda do trabalho, medida
pela massa salarial, quando se consideram os diversos setores e o porte das
empresas”. Em relação aos efeitos sobre
a geração de emprego, o crescimento no número de trabalhadores dos
empreendimentos que contam com o FNE variou, em média, de 9,9% (médio porte -
todos os setores) a 28,1% (micro/pequeno porte - todos os setores). A eficácia
na geração de emprego foi superior nas empresas de menor porte (micro e
pequenas empresas), sobretudo no setor secundário (industrial). Estas
contrataram, em média, 37,9% mais trabalhadores, quando comparadas com aquelas
que não contam com o Fundo. No setor primário (agropecuário), foi registrado um
aumento médio na contratação equivalente a 30,3%.
De
acordo com o diretor de Planejamento da Sudene, Álvaro Ribeiro, área
responsável pela pesquisa, a avaliação das políticas públicas, como o FNE, é
necessária para que elas sejam melhoradas constantemente. “O estudo aponta bons
resultados desse que é o maior fundo de desenvolvimento da América Latina. Ele
atende mais de dois mil municípios e é o principal instrumento financeiro da
Política Nacional de Desenvolvimento Regional para a região e um dos pilares do
Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste”, ressaltou o gestor.
Foram
avaliados, ainda, os efeitos sobre a geração de renda, medida pela massa
salarial, levando em consideração todos os setores e portes dos
empreendimentos, ficando constatado que as empresas que contrataram recursos do
FNE geraram, em média, 29,69% mais renda, em comparação com aquelas que não
foram financiadas pelo Fundo. Mais uma vez, o destaque ficou com as micro e
pequenas empresas, que registraram aumento da massa salarial entre 29,8% (setor
primário) e 39,43% (setor secundário).
Em
relação à análise da eficácia por programa de financiamento, o FNE Prodetec se
sobressaiu, com aumentos, respectivos, na geração de emprego e renda, de 38,41%
e 27,98%. Na sequência vêm FNE MPE (25,88% e 27,66%), além de um impulso na
produtividade média na casa dos 2,35%; e o FNE Comércio e Serviços, com aumento
de 3,03% na produtividade média.
A
avaliação apontou em quais setores ocorre maior eficiência no faturamento das
empresas (considerando os recortes municipal e setorial) e quais os mais
eficientes na geração de emprego, renda e faturamento dos beneficiários, em se
tratando de empresas financiadas pelo FNE. As análises consideraram três
períodos (2000 a 2008; 2009 a 2013; e 2014 a 2018) e constataram que as regiões
imediatas consideradas de “Alta Renda” pela Política Nacional de
Desenvolvimento Regional (PNDR), do Ministério da Integração e do
Desenvolvimento Regional (MIDR) alcançaram, em média, maiores indicadores de
eficiência. A região imediata de Salvador (BA) esteve na faixa de maior
eficiência para os três períodos.
Nos
dois primeiros períodos avaliados, os piores índices de eficiência foram das
regiões consideradas como “Baixa Renda”, enquanto as regiões classificadas como
“dinâmicas” apresentaram o pior índice médio de eficiência no terceiro período.
Entre os setores, os que se destacaram positivamente nos três períodos foram os
de construção, saúde humana e serviços. Indústria de Transformação e
Eletricidade e Gás apresentaram as maiores concentrações dos financiamentos com
melhores índices de eficiência técnica. Já os setores de Transporte,
Armazenagem e Correio; Atividades Imobiliárias e Arte, Cultura, Esporte e
Recreação estiveram entre os cinco piores em todas as fronteiras de eficiência.
“Há
evidências de que os setores mais eficientes são aqueles que empregam maior
quantidade de mão de obra”, destaca Glória. Ainda segundo a coordenadora, além
de verificar onde e em quais setores produtivos o FNE é mais eficiente na
geração de emprego, renda e faturamento dos beneficiários, a avaliação “obtém
insights sobre o que causa as ineficiências, para que estratégias sejam
elaboradas em busca de soluções”.
Ao
avaliar a efetividade da aplicação dos recursos do FNE, focando nos impactos
gerados pelos produtos/serviços, processos ou projetos, ficou constatado que os
municípios que receberam recursos do Fundo apresentaram impactos positivos
sobre as variáveis em termos per capita. Segundo as estimativas, 1% de aumento
no montante contratado do FNE resultou em um crescimento equivalente a 1,2% no
PIB per capita dos municípios tratados, 3,5%, 1,9% e 1,6%, no Valor adicionado
per capita do setores agropecuário (VAA), industrial (VAI) e de serviços (VAS),
respectivamente.
A
parceria entre Sudene UFV contemplou, também, um Diagnóstico socioeconômico da
área de atuação da Sudene, considerando o período de 2000 a 2019. Nessas duas décadas houve uma elevação nas
exportações de todas as categorias agregadas de produtos (básicos,
semimanufaturados e manufaturados). As exportações de produtos básicos (soja e
frutas, por exemplo) e semimanufaturados (como açúcar, celulose, óleo, farelo
de soja, algodão, madeira, borracha, couro) representaram mais da metade do
valor exportado pelos municípios da área da Sudene. O estudo identificou o
fortalecimento da produção agrícola na fronteira dos estados da Bahia, Maranhão
e Piauí com o estado do Tocantins (Matopiba).
Na
análise exploratória sobre a execução e distribuição dos financiamentos do FNE
no período de 2000 a 2018, a conclusão é de que o município enquadrado no
semiárido melhora as condições de crédito, com acesso a menores taxas de juros,
elevação dos valores de financiamento, maiores prazos de carência e de
financiamento. O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, explica que as
condições de oferta de crédito para municípios que integram o semiárido têm
características mais específicas, considerando os recursos do Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste. “Pela resolução, o FNE destina
praticamente metade destes recursos para projetos localizados neste
território”, enfatizou. As diretrizes, prioridades e programação financeira do
FNE são aprovadas anualmente pelo Conselho Deliberativo da Sudene. O orçamento
do Fundo para este ano é da ordem de R$ 38,7 bilhões.
O
Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) atende a mais de dois
mil municípios e é um dos principais instrumentos financeiros da Política
Nacional de Financiamento do Nordeste (PNDR) e do Plano Regional de
Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE). A finalidade básica do Fundo é contribuir
para o desenvolvimento econômico e social da área de atuação da Sudene, por
meio do financiamento dos setores produtivos. Só no período de 2010 a 2020,
foram mais de 871 mil empréstimos concedidos, que totalizaram R$ 186 bilhões,
com contratações a partir de R$ 1 mil, além de repasses para obras de
infraestrutura (produção e distribuição de eletricidade, gás e água) e
financiamentos industriais com valores superiores a R$ 500 milhões.
Fonte:
Ascom Sudene
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