segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Poluição do ar pode estar relacionada a sinais de Alzheimer, diz estudo

Pessoas que estão mais expostas à poluição do ar relacionada ao tráfego podem estar mais propensas a ter grandes quantidades de placa amiloides em seus cérebros, o que é um sinal de risco para o Alzheimer. A descoberta é de pesquisa publicada nesta quarta-feira (21), na revista Neurology.

Para o estudo, os pesquisadores examinaram o tecido cerebral de 224 pessoas que concordaram em doar seus cérebros ao morrerem para pesquisas sobre demência. Os participantes faleceram com uma idade média de 76 anos.

Os investigadores, então, analisaram a exposição à poluição atmosférica relacionada ao tráfego dessas pessoas de acordo com o endereço residencial em Atlanta, nos Estados Unidos, no momento da morte. Para isso, os pesquisadores analisaram partículas finas de poluentes com menos de 2,5 mícrons de diâmetros suspensas no ar, que são fontes de poluição importantes relacionadas ao trânsito.

De acordo com o estudo, o nível médio de exposição a essas partículas no ano anterior à morte foi de 1,32 microgramas por metro cúbico (µg/m3) e 1,35 µg/m3 nos três anos anteriores à morte. Em seguida, os pesquisadores compararam essa exposição à poluição com medidas das placas amiloides e emaranhados de tau, sinais da doença de Alzheimer, no cérebro dos participantes.

Segundo os investigadores, pessoas com exposição maior que 1 µg/m3 às partículas poluentes no ano anterior à morte tinham quase duas vezes mais probabilidade de terem níveis elevados de placas amiloides. Além disso, aquelas com exposição elevada a essas partículas nos três anos antes da morte tinham 87% mais probabilidade de ter níveis mais elevados dessas placas.

“Isso sugere que fatores ambientais, como a poluição do ar, podem ser um fator que contribui para a doença de Alzheimer em pacientes nos quais a doença não pode ser explicada pela genética”, diz Anke Huels, uma das autoras do estudo.

No entanto, mais estudos são necessários para confirmar essa relação. Além disso, o estudo atual não confirma que a poluição do ar pode causar Alzheimer por aumentar as placas amiloides no cérebro, apenas mostra uma associação.

 

       Moradores de cidades com maior espaço verde têm melhor saúde mental

 

Morar em cidade grande com maiores espaços de área verde, como parques, praças públicas e jardins, pode ser benéfico para a saúde mental. Um novo estudo mostrou que moradores de áreas urbanas que são mais expostos a espaços verdes apresentam melhor bem-estar mental.

O estudo foi publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health no início de fevereiro e mostrou que, quanto maior a exposição a áreas verdes urbanas, menor é a necessidade de serviços de saúde mental, como consultas com psiquiatras e tratamentos para transtornos mentais.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Texas A&M University usaram uma ferramenta chamada NatureScore, que usa vários conjuntos de dados relacionados a poluição atmosférica, sonora e luminosa, presença de parques e copas de árvores para calcular a quantidade e qualidade de elementos naturais para qualquer endereço conhecido nos Estados Unidos e outros países do mundo.

O NatureScore avalia a qualidade da exposição à natureza de acordo com a seguinte pontuação:

•        Deficiente: 0 a 19 pontos;

•        Leve: de 20 a 40 pontos;

•        Adequada: de 40 a 60 pontos;

•        Rica: de 60 a 80 pontos;

•        Utópica: de 80 a 100 pontos.

“A associação entre a exposição à natureza e uma melhor saúde mental está bem estabelecida nos Estados Unidos e em outros lugares, mas a maioria dos estudos utiliza apenas uma ou duas medições desta exposição”, disse Jay Maddock, um dos autores do estudo em comunicado à imprensa. “Nosso estudo foi o primeiro a usar o NatureScore, que fornece dados mais complexos, para estudar a correlação entre a exposição à natureza urbana e a saúde mental”

Os investigadores também usaram dados sobre consultas de saúde mental contidos nos arquivos de dados públicos de pacientes ambulatoriais do Texas Hospital, de 2014 a 2019. Neles, havia informações como idade, sexo, raça/etnia, escolarização, situação profissional e socioeconômica, diagnóstico e CEP do paciente. Ainda assim, a identidade dos pacientes não foi divulgada.

Foram selecionados um total de 61.391.400 consultas ambulatoriais de adultos em cidades do Texas para depressão, transtornos bipolares, estresse e ansiedade. Além disso, a pesquisa incluiu dados de 1.169 endereços na área urbana do Texas, cuja nota média do NatureScore era de 85,8 pontos. Metade dos CEPs tinha notas elevadas (acima de 80 pontos) e cerca de 22% tinham notas abaixo de 40 pontos.

•        Resultados do estudo

De acordo com o estudo, quanto maior era a pontuação de um bairro no NatureScore, menor era a tendência de os moradores fazerem consultas ambulatoriais devido à saúde mental. Segundo os resultados, as taxas de consultas médicas foram 50% menores em bairros com pontuação acima de 60 pontos, em comparação com bairros que possuem pontuação mais baixa.

“Descobrimos que um NatureScore acima de 40 – considerado adequado – parece ser o limite para uma boa saúde mental”, disse Maddock. “As pessoas nesses bairros têm uma probabilidade 51% menor de desenvolver depressão e uma probabilidade 63% menor de desenvolver transtornos bipolares”.

Para Omar M. Makram, principal autor do estudo, essas descobertas podem ter implicações importantes para o planejamento urbano.

“Aumentar os espaços verdes nas cidades poderia promover o bem-estar e a saúde mental, o que é extremamente importante, dado que mais de 22% da população adulta nos Estados Unidos sofre de um distúrbio de saúde mental”, disse ele, em comunicado.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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