quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Lula garante que não dará ‘cavalo de pau’ na economia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (26) que, durante seu governo, a política econômica será mantida de uma forma “serena” e que não haverá mudanças bruscas de direção, nenhum “cavalo de pau”.

 “A economia vai continuar serena. Aqui ninguém vai dar cavalo de pau na economia, não vai inventar. Vai fazer o que precisa fazer”, afirmou o mandatário.

A fala do presidente aconteceu no momento em que defendia que seu governo continue a adquirir credibilidade e oferecer previsibilidade, tanto para os trabalhadores comuns, como para grandes empresários.

Lula participou na manhã desta terça-feira de evento no Palácio do Planalto para o lançamento de uma estratégia para o desenvolvimento do complexo industrial do setor de saúde no país.

O mandatário exaltou em diversos momentos o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiando a sua “serenidade” em diferentes momentos dos primeiros meses de governo, tanto em vitórias como em derrotas.

O governo anunciou nesta terça-feira (26) seis programas estruturantes do Complexo Econômico Industrial. Uma das prioridades é o reforço na produção de insumos de doenças determinadas socialmente, como tuberculose, doença de Chagas, hepatites virais.

A iniciativa conta também com investimento em doenças crônicas, como câncer, cardiovasculares, diabetes e doenças imunológicas.

Outro eixo é a parceria de desenvolvimento produtivo em articulação com o setor privado para a transferência de tecnologia. A estimativa é que o poder público atraia até 2026 em torno de R$ 23 bilhões do setor privado.

A intenção do Ministério da Saúde com a retomada do Complexo Econômico Industrial da Saúde, que ocorreu em abril deste ano, é produzir 70% das necessidades do SUS em até 10 anos.

A falta de IFA, por exemplo, para a fabricação de vacinas durante a pandemia e o desabastecimento de medicamentos essenciais expuseram a dependência do país a importações.

Em Cuba, ocorreu a assinatura de um protocolo de cooperação com foco no fortalecimento do complexo industrial. A intenção é a produção de medicamentos e vacinas para doenças crônicas para atender o PNI (Programa Nacional de Imunização) e as necessidades de Cuba.

A ministra da Saúde, Nisia Trindade, disse que o complexo visa reduzir a vulnerabilidade do SUS, isso porque o Brasil importa cerca de R$ 20 bilhões ao ano de insumos pela baixa produção nacional.

 “Essa política foi amplamente discutida com os movimentos sociais e com a participação da sociedade, que definiu o Complexo Econômico como uma política do estado comprometida com a demanda da sociedade brasileira”, disse.

>>> Os seis programas estruturantes do Complexo Industrial:

# Programa de parceria para o desenvolvimento produtivo: articulação do governo com o setor privado para a transferência de tecnologia;

# Programa de desenvolvimento e inovação local: investimento em iniciativas locais com foco tecnológico, como na inteligência artificial para a detecção precoce de doenças;

# Programa para preparação em vacinas, soros e hemoderivados: Estimula a produção nacional de tecnologias, como vacinas e medicamentos;

# Programa para populações e doenças negligenciadas: produção de medicamentos com foco em doenças negligenciadas, como tuberculose, hanseníase;

# Programa de modernização e inovação na assistência: Ampliação do Complexo Industrial deve ser articulada com entidades filantrópicas, responsáveis por 60% de todo atendimento de alta complexidade;

# Programa para ampliação e modernização da infraestrutura: Articula investimentos públicos e privados para a expansão produtiva e da infraestrutura do próprio Complexo.

 

       Lula diz que só ele ‘coloca ou tira’ presidente da Caixa, cargo desejado pelo Centrão. Será?

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 25, que só ele “coloca” ou “tira” alguém da presidência da Caixa Econômica Federal. A chefia do banco é desejada pelo Centrão e pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O grupo pressiona para emplacar um nome de sua confiança no cargo.

“Só eu tenho o direito de colocar, só eu tenho o direito de tirar. Então, fique tranquilo que isso será feito com a maior tranquilidade”, disse o presidente depois de questionado por jornalistas se haveria troca no banco. “Na hora em que eu tiver que mexer em alguma coisa, eu vou mexer”, declarou ele.

“O único cargo que eu não posso mexer é no meu e no do Alckmin, que foi o povo brasileiro que deu. Mas o restante eu posso mexer em qualquer um e posso dizer que, por enquanto, não estou disposto a mexer com nada”, disse o petista.

O presidente disse que nunca fica “nervoso” com a Câmara nem com o Senado, e que governar não lhe tira o sono. “Ninguém me ofereceu a Presidência da República, eu briguei para estar aqui”, afirmou ele.

<><> Lula recusa gênero e cor como critérios nas escolhas para o Supremo e a PGR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 25, que não tem pressa para indicar os nomes do sucessor de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República e do substituto da ministra Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Segundo o petista, as escolhas serão anunciadas “no momento certo” e “a questão de gênero e cor” não será usada como critério nas indicações.

O mandato de Aras no comando do Ministério Público termina nesta terça, 26, e Rosa Weber vai se aposentar da Corte nesta quinta-feira, 28 – o ministro Luís Roberto Barroso assumirá como presidente do STF, no lugar de Rosa. “Não precisa perguntar essa questão de gênero ou de cor. Eu já passei por tudo isso. No momento certo vocês vão saber quem eu vou indicar. Eu pretendo indicar a pessoa mais correta que eu conhecer e a pessoa que eu tenho mais fé de que vai ser uma grande pessoa na Suprema Corte, que é isso que o Brasil está precisando”, disse Lula em entrevista no Palácio do Planalto.

Diante da pressão pela escolha de uma mulher negra para o STF, o presidente afirmou que “o critério (de gênero e cor) não será mais esse” e que pretende indicar pessoas que possam “atender aos interesses e à expectativa do Brasil” e, no caso do STF, alguém que “vote adequadamente, sem precisar ficar votando pela imprensa”.

•        Gestão controversa

Os quatro anos da gestão Aras na Procuradoria-Geral da República foram marcados por polêmicas. Indicado fora da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) por Jair Bolsonaro (PL), ele é acusado por críticos de alinhamento ao governo passado por não ter dado andamento a investigações envolvendo a gestão Bolsonaro, sobretudo as solicitadas pela CPI da Covid.

Sob Aras, a PGR arquivou mais de cem pedidos de apuração sobre Bolsonaro. O procurador-geral foi ainda cobrado por realizar apenas “procedimentos preliminares” em casos com indícios de corrupção nas áreas da Saúde e da Educação do governo passado.

A extinção do modelo de forças-tarefa, que enterrou a Lava Jato, também ocorreu na gestão de Aras. Segundo ele, o Ministério Público deve agir “sem espetáculos midiáticos”. Neste terceiro mandato de Lula, o chefe do Ministério Público acenou ao novo governo ao enfatizar seu trabalho para “enfrentar e desestruturar as bases do lavajatismo”.

Em artigo publicado no Estadão, no sábado, Aras diz que foi alvo de “incompreensões e falsas narrativas”. “Parte das incompreensões deve-se à equivocada expectativa de o Ministério Público protagonizar ou mesmo apoiar projetos partidários. Nossa missão não é caminhar pela direita ou pela esquerda”, escreveu.

Entre especulações sobre o substituto de Aras e dúvidas se Lula seguirá a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República, o cargo será ocupado interinamente, a partir de amanhã, pela subprocuradora-geral Elizeta Maria de Paiva Ramos.

•        Lista

Tradicionalmente, a ANPR elege três nomes do Ministério Público Federal e apresenta a lista para o presidente da República, que não é obrigado a acatar a votação da categoria. Compõem a lista tríplice deste ano os subprocuradores-gerais da República Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino. Bolsonaro foi o primeiro chefe do Executivo a ignorar a lista tríplice, em 2019, quando indicou Aras para suceder a Raquel Dodge. O ex-presidente fez o mesmo em 2021, ao reconduzir Aras.

Lula já disse que também não pretende seguir a lista da ANPR. Em março, ele afirmou que a escolha para a Procuradoria-Geral da República será pessoal. Em julho, o líder do PT no Senado, Jaques Wagner (BA), declarou que “não tem lista para a PGR, a decisão é do presidente Lula”. Na ocasião, Wagner elogiou Aras e levantou a possibilidade de uma eventual recondução. A ideia, porém, foi criticada por aliados de Lula e integrantes do governo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que um novo mandato de Aras seria um “desastre”.

•        Cotados

Correndo por fora da lista tríplice está o vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet, que tem apoio dos ministros do STF Gilmar Mendes – de quem foi sócio no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) – e Alexandre de Moraes. Gonet defendeu a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em junho, afirmando que houve investida “ardilosa” contra a democracia.

Como mostrou a Coluna do Estadão, outro nome cotado é o do subprocurador Carlos Frederico Santos, responsável pelo denúncias criminais do 8 de Janeiro. O procurador Antonio Carlos Bigonha, por sua vez, é o favorito de ala do PT. Bigonha é amigo do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente do partido José Genoino. Também foi recebido por Lula recentemente o subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios.

•        STF

Apesar da pressão de aliados e de grupos progressistas para a indicação de uma mulher negra para a cadeira de Rosa Weber, os citados até agora são todos homens. Em 132 anos de história, o STF teve 171 ministros. Apenas três mulheres. Nunca houve uma mulher negra. O último negro a integrar a Corte foi Joaquim Barbosa, que se aposentou em 2014. Indicado por Lula em 2003, com aval do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, Barbosa se tornou o algoz do PT no julgamento do mensalão.

Entre os cotados estão o ministro da Justiça, Flávio Dino, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Ontem, Dino afirmou que “só Deus sabe” se ele terá o nome indicado para a Corte.

Em junho, Lula escolheu Cristiano Zanin para a vaga de Ricardo Lewandowski. Se o presidente indicar mais um homem, a Corte passará os próximos 14 anos sem uma mulher na presidência do tribunal. A tradição é que o ministro mais antigo, que ainda não tenha ocupado a presidência, seja eleito internamente para o cargo. O mandato é de dois anos.

Estão na lista de sucessão interna, por ordem de antiguidade, Barroso, Edson Fachin, Moraes, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Zanin. O indicado de Lula entrará no fim da fila.

 

       Lula reitera que Brasil não abre mão de compras governamentais em acordo Mercosul-EU

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou nesta terça-feira que o Brasil já informou à União Europeia que não "abre mão" da questão das compras governamentais no âmbito das negociações do acordo entre o bloco europeu e o Mercosul.

"Tem uma coisa que eu já disse à União Europeia que o Brasil não abre mão que são as compras governamentais", disse Lula durante live em suas redes sociais.

A UE defende a possibilidade de que empresas de membros dos dois blocos possam participar em pé de igualdade de licitações governamentais em todos os países pertencentes ao acordo, mas Lula destacou que as licitações podem beneficiar o crescimento de pequenas e médias empresas nacionais e que a concorrência europeia traria dificuldades a elas.

"São através das compras governamentais que a gente pode fazer com que pequenas e médias empresas brasileiras possam crescer e ficar grandes", acrescentou.

O acordo comercial entre Mercosul e UE foi alcançado em 2019, mas está suspenso devido a uma série de discordâncias entre os dois blocos. Além das compras governamentais, os países também não conseguem chegar a um consenso sobre questões ambientais.

No início deste ano, a União Europeia apresentou ao Mercosul um adendo ao acordo que incluía salvaguardas ambientais para atender às reservas de muitos Estados-membros do bloco europeu, mas os países sul-americanos têm repetidamente denunciado a ação como uma "ameaça".

O Brasil, que atualmente ocupa a presidência pro tempore do Mercosul e já afirmou seu desejo de concluir o acordo ainda neste ano, disse neste mês que a resposta do Mercosul aos pontos acrescentados pela UE já foram entregues.

Na segunda-feira, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse que interromperá as negociações caso as partes não cheguem a um acordo antes de 6 de dezembro, quando o Brasil entregará a presidência do bloco sul-americano ao seu país.

 

Fonte: Jornal de Brasília/Agencia Estado/Reuters

 

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