segunda-feira, 29 de maio de 2023

Acelen: investimento de R$ 12 bilhões na Bahia pode ser cancelado

O presidente da Acelen, Luiz de Mendonça, deu detalhes sobre o pedido feito ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para adotar medidas preventivas contra a Petrobras (PETR3; PETR4).

Para ele, o imbróglio coloca em risco o crescimento do setor de refino no Brasil, inclusive os investimentos de R$ 12 bilhões em uma nova fábrica de biocombustíveis na Bahia, anunciados pela empresa em abril. A Acelen opera a Refinaria de Mataripe (ex-RLAM) pelo fundo de investimento árabe Mubadala.

“Lógico que pode [cancelar o investimento]. Preciso ter um posicionamento do Cade se a livre concorrência será defendida. Se a isonomia de preços de petróleo entre a empresa dominante que concorre comigo será garantida. A partir daí, o Cade vai dizer se existe um ambiente regulatório competitivo, confiável no Brasil. Se essas condições são dadas, a partir daí, é óbvio, confirmo todos os nossos planos de investimento”, disse o CEO em entrevista para o Broadcast/Estadão.

Na conversa, Mendonça ainda afirmou que a Petrobras vende petróleo para a Acelen 10% mais caro do que para as próprias refinarias, o que viola a isonomia da concorrência. “Ela é o competidor dominante, somos os agentes da ponta e estamos sendo apertados no petróleo", afirmou. "A gente não tem como escapar de comprar da Petrobras."

Para ele, o diálogo com a estatal se esgotou e, agora, cabe ao órgão da concorrência decidir se o País tem ou não regras claras de competição, uma decisão que pode afetar a imagem do Brasil.

·         Acelen diz que não seguirá redução de Petro

A Acelen informou que não seguirá a nova política de preços da Petrobras, que pôs fim ao modelo de paridade com o mercado internacional. Por conta da mudança, a estatal anunciou uma redução na gasolina, diesel e gás de cozinha, que já começam a vigorar nesta quarta-feira (17).

Em comunicado, a Acelen informou que os valores dos combustíveis produzidos na Refinaria de Mataripe, localizada em São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador, vão continuar seguindo os critérios que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, dólar e frete, em consonância com as práticas internacionais de mercado e que, portanto, os preços dos combustíveis não serão alterados neste momento.

Ainda na nota, a empresa ressaltou que possui “uma política de preços independente e transparente, a partir de uma fórmula objetiva, homologada pela agência reguladora, que assegura previsibilidade e preços justos, visando um mercado mais competitivo no país”.

Previsto desde a semana passada, a Petrobras finalmente anunciou nesta terça a redução no preço médio de venda do diesel e da gasolina para as distribuidoras a partir desta quarta.

O litro do diesel vai cair 40 centavos, de R$ 4,89 para R$ 4,49, o que significa um desconto de 8,17%. Já a gasolina vai ficar 6,9% mais barata, ou 20 centavos, passando de R$3,28 para R$3,08 por litro.

 

Ø  Advogados brasileiros entram com Ação Popular contra a Petrobras para que volte a fixar o preços dos combustíveis ao PPI

 

Os advogados Adilson Bolico e Rafael Mortari, parceiros da firma jurídica Mortari Bolico, conhecida por atuar nesta modalidade em defesa dos investidores individuais no mercado financeiro, apresentaram uma medida cautelar emergencial à Justiça Federal de São Paulo. A demanda é para que a Petrobras invalide a recente abordagem para a fixação de preços dos combustíveis e volte a empregar o Plano de Paridade Internacional (PPI) como referência.

·         Instituto Empresa auxilia na reivindicação

A campanha legal é apoiada pelo Instituto Empresa, um grupo de investidores que se concentra na Governança Corporativa e na Proteção dos Investidores. O objetivo é que o antigo método volte a ser implementado até que o governo e a nova direção da Petrobras consigam assegurar à sociedade e aos formuladores de opinião sobre a estabilidade e transparência do novo modelo. O julgamento da medida cautelar é aguardado nos próximos dias.

·         Questões Levantadas na Ação Popular

Na defesa, os signatários argumentam que houve uma clara desconexão entre a política de preços e a matriz de custos, um risco significativo para o futuro da companhia. “O único aspecto evidente na declaração significativa emitida para anunciar o novo regime é que os investidores não terão mais a capacidade de prever o lucro ou a perda futura da empresa”, afirma Bolico.

A petição solicita que a Petrobras revele, sem demora, uma simulação que mostre o efeito no custo de uma valorização da moeda estrangeira e como a pretendida nova metodologia reagiria em termos de preços. “Como o Brasil ainda depende da importação de petróleo e de insumos do exterior, é impossível ignorar que o custo é diretamente afetado pela taxa do dólar e por fatores externos”, acrescenta Mortari.

·         Preocupações referentes à nova metodologia de precificação dos combustíveis

Eles temem que o governo possa começar a usar a nova fórmula como um mecanismo de controle inflacionário, o que seria incoerente com seu papel como acionista controlador da Petrobras, cujo objetivo deve ser o benefício da própria empresa e dos demais acionistas.

“Estabelecer preços sem lastro no custo diminuirá o interesse na empresa, provocará perda de valor nos seus ativos, além de diminuir ou eliminar o pagamento de dividendos devido à queda nos lucros. Apenas em 2022, o Governo recebeu mais de R 55 bilhões que foram investidos, a seu critério, em programas e ações sociais. Esse tipo de benefício para a sociedade não pode ser colocado em risco”, alerta Mortari.

·         Demanda de Transparência da Justiça

A Ação conclui pedindo que a justiça analise os registros das investigações abertas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) sobre o assunto. O órgão avalia casos iniciados pela ACELEN, a maior refinaria privada do Brasil, e pela RefinaBrasil, Associação de Refinarias Privadas.

·         Sobre a firma Mortari Bolico

Criada em 2016, a firma Mortari Bolico tem se especializado na defesa de investidores desde 2019. Sendo responsável pela primeira arbitragem coletiva de indivíduos no mercado de capitais de grande expressão do país, a empresa define sua atuação pelo slogan “Investidores defendendo investidores”. A firma realiza ações que visam trazer segurança jurídica aos investimentos, seja no mercado financeiro, no setor imobiliário ou em empresas.

 

Fonte: BP Money/CPG

 

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