Maior dívida da história: como vai o orçamento de Biden lidar com a economia dos EUA?
O
presidente Biden divulgou sua proposta de orçamento para 2024 na quinta-feira
(9), com um déficit de quase US$ 2 trilhões (R$ 10,3 trilhões), sendo que a
dívida nacional subiu para mais de US$ 31 trilhões (R$ 160,1 trilhões). O
Washington Post acaba de publicar um artigo sobre a situação atual da economia
dos EUA.
Situação
grave
Primeiramente,
os autores do artigo afirmam que o povo norte-americano atingiu um ponto
perigoso em que sua dívida em porcentagem do PIB é a mais alta desde a Segunda
Guerra Mundial.
"Se
nada mudar, os Estados Unidos logo estarão em um cenário desconhecido, que
enfraquece sua segurança nacional, põe em risco sua capacidade de investir no
futuro, sobrecarrega injustamente as gerações futuras e exigirá cortes em
programas críticos", diz o artigo.
Atualmente,
a dívida pública atinge 98% do PIB e está em vias de atingir 118% em uma
década, de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso.
Os
autores avisam que, até 2033, o país vai gastar mais no serviço da dívida
(reembolso de empréstimos) do que em todo o orçamento da Defesa.
Isto
se deve principalmente, segundo a edição, a um forte aumento nos gastos do
governo e à aposentadoria das pessoas nascidas entre 1945 e 1965, a chamada
geração Baby Boomer, a maior da sociedade norte-americana.
Simultaneamente
o artigo aponta que, em qualquer caso, não será possível evitar aumentos
fiscais ou cortes nos programas sociais.
"Os
legisladores teriam que aumentar os impostos ou cortar os gastos em US$ 16
trilhões para equilibrar o orçamento durante a próxima década. Mesmo a meta
mais modesta de tentar estabilizar a dívida em relação ao tamanho da economia
equivaleria a cerca de US$ 8 trilhões".
Mas
nenhum político quer admitir a responsabilidade pela situação.
Biden
culpa o ex-presidente Donald Trump, embora ele mesmo também tenha aumentado
significativamente a dívida com a ajuda pandêmica adicional às empresas,
aprovada apenas pelos democratas.
Ao
mesmo tempo, o orgulho de Biden de ter reduzido o déficit orçamentário foi
refutado pelos analistas do The Washington Post, uma vez que a maior parte das
reduções deveria acontecer de qualquer forma, já que a ajuda de emergência
pandêmica terminou.
·
Propostas
de mitigação
Biden
propôs poupar cerca de US$ 3 trilhões (R$ 15,5 trilhões) na próxima década,
principalmente através do aumento dos impostos sobre os mais ricos e pedindo ao
governo que reduza a comparticipação no preço dos medicamentos em programas
como o Medicare e o Medicaid.
No
projeto de orçamento federal da administração Biden para o ano fiscal de 2024
apresentado ontem (9) se preveem gastos de US$ 6,883 trilhões (R$ 35,55
trilhões).
Ao
mesmo tempo, as receitas do Tesouro norte-americano são de apenas 5,036
trilhões (R$ 26,01 trilhões), de acordo com o documento publicado no site da
Casa Branca.
Por
sua vez, os republicanos defendem cortes nos gastos com a previdência social e
a ajuda externa.
Os
democratas propõem aumentar os impostos sobre as grandes empresas e os mais
ricos e talvez cortar um pouco na defesa para atingir as metas necessárias.
¨ Presidente da
Câmara dos EUA diz que proposta do orçamento 2024 de Biden é 'completamente
insensata'
Segundo
líder da Câmara dos Representantes norte-americana, Washington tem um problema
de gastos e "não um problema de receita", e que o orçamento proposto
pela administração Biden propõe trilhões em novos impostos para os
estadunidenses.
Nesta
quinta-feira (9), o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos,
Kevin McCarthy, criticou o orçamento de 2024 do presidente Joe Biden o
classificando como "completamente insensata", minutos após a Casa
Branca divulgar seu plano ao público.
"O
presidente Biden acabou de entregar seu Orçamento ao Congresso e é
completamente insensato. Ele propõe trilhões em novos impostos que você e sua
família pagarão diretamente ou por meio de custos mais altos. Sr. Presidente:
Washington tem um problema de gastos, NÃO um problema de receita", afirmou
McCarthy em seu Twitter.
McCarthy
também divulgou uma declaração ao lado do líder da maioria na Câmara, Steve
Scalise, e outros importantes republicanos da Câmara que se opõem ao orçamento
proposto.
"Nossa
dívida é uma das maiores ameaças para a América e a hora de enfrentar esta
crise é agora. No entanto, o presidente Biden está propondo gastos fora de
controle e atrasando as negociações da dívida, seguindo seu padrão de encolher
os ombros e ignorar quando confrontado com uma crise", disse o comunicado.
Biden
divulgou sua proposta de orçamento, que inclui bilhões em financiamento para a
Ucrânia e um aumento de 3,2% no financiamento do Departamento de Defesa.
A
proposta orçamentária surge quando os EUA se aproximam do calote de sua dívida
nacional, que é de aproximadamente US$ 31,46 trilhões (R$ 161 trilhões),
segundo dados do Departamento do Tesouro.
Ø
Financial
Times: EUA pedem para comerciantes mundiais negociarem petróleo russo sem medo
As
autoridades dos EUA instaram os maiores comerciantes de commodities a não ter
medo de concluir acordos sobre o fornecimento de petróleo da Rússia, que é
negociado dentro do teto de preço estabelecido pelo Ocidente, segundo o
Financial Times, citando fontes informadas.
Segundo
o jornal, os funcionários do Departamento do Tesouro norte-americano realizaram
reuniões com executivos e comerciantes da Trafigura e Gunvor. Embora os EUA não
impedissem que o petróleo russo fosse negociado de acordo com o teto de preço,
os principais comerciantes de petróleo tinham medo de ter contato com a Rússia.
De
acordo com um dos participantes do encontro, os americanos "chamaram
ativamente" para retomar o comércio de petróleo russo.
Como
aponta a publicação, Washington está tentando reduzir as receitas de Moscou com
a venda de matérias-primas, mas ao mesmo tempo quer preservar o suprimento de
petróleo da Rússia, temendo a interrupção do fornecimento de um dos maiores
exportadores.
O
porta-voz da Casa Branca declarou ao jornal que eles são encorajados pela
estabilidade do mercado de petróleo, apesar do declínio nas recitas da Rússia.
A
decisão da União Europeia de impor um embargo tanto aos produtos petrolíferos
como ao petróleo foi tomada já no verão europeu passado. As sanções de seis
meses contra o petróleo entraram em vigor em 5 de dezembro e as de combustível
entraram em vigor dois meses depois, em 5 de fevereiro.
Rússia
também preparou suas contrassanções em resposta às ações dos países ocidentais.
No final do ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto
proibindo a exportação de petróleo e produtos petrolíferos russos se o contrato
com as partes especificasse direta ou indiretamente um teto de preço.
A
proibição do petróleo está em vigor desde 1º de fevereiro, devendo a data para
os produtos petrolíferos ser determinada pelo governo. A duração total do
decreto é limitada a 1º de julho deste ano.
¨ Mundo não será
capaz de abrir mão da energia nuclear russa facilmente, diz NYT
Apesar
das alegações dos países europeus de que estão abandonando a cooperação
energética com a Rússia, isso não é tão fácil quanto parece, escreve o The New
York Times.
Segundo
o jornal, a Rússia tem uma posição muito forte no mercado de combustível
necessário à produção de eletricidade nas usinas nucleares. Ela controla 38% da
conversão mundial de urânio e 46% da capacidade de enriquecimento de urânio –
passos essenciais na produção de combustível usado nas usinas nucleares.
"A
Rússia, através de sua gigantesca empresa estatal de energia nuclear, a
Rosatom, domina a cadeia global de fornecimento de combustível nuclear. Em
2021, era o terceiro maior fornecedor de urânio da Europa, respondendo por 20%
do total", diz o artigo.
Ressalta-se
que, em cinco países da União Europeia (UE), todos os reatores – 18 no total –
foram construídos pela Rússia. Além disso, a Rosatom está construindo reatores
na Eslováquia e na Hungria, cimentando parcerias com a Rússia para o futuro.
"Com
poucas alternativas prontas, tem havido pouco apoio às sanções contra a Rosatom
- apesar da insistência do governo ucraniano em Kiev", refere a autora do
artigo.
Além
destes, outros países da Europa necessitam de manutenção regular de suas usinas
nucleares pela Rosatom, e especialmente fora da União Europeia e dos Estados
Unidos, seus serviços continuam sendo atraentes.
Cadeias
de fornecimento nuclear são complexas, estabelecer novas é caro e leva anos
Apesar
de, após o início do conflito ucraniano, muitos países ocidentais terem
declarado que não cooperavam com a Rosatom, o poder da empresa no mercado é
demasiado forte para se poder desistir dela tão facilmente, afirma o jornal.
"A
Rosatom provou ser um sucesso único tanto como empresa comercial quanto como
veículo de influência política russa [...] ela pode fornecer aos países um
pacote com tudo incluído: materiais, treinamento, suporte, manutenção,
eliminação de resíduos nucleares, desativação e, talvez o mais importante,
financiamento em condições favoráveis", sublinha a autora.
Ademais,
a indústria de energia nuclear norte-americana recebe até 20% de seu urânio
enriquecido da Rússia, o máximo permitido por um recente tratado de
não-proliferação, de acordo com a Associação Internacional de Energia.
A
França também importa de Moscou 15% de seu urânio. China, Índia e Irã possuem
reatores fabricados na Rússia.
A
construção da primeira usina nuclear na Turquia já começou e, de acordo com a
Associação Internacional de Energia, a Rosatom assinou memorandos de
entendimento com 13 países.
Segundo
o artigo, mesmo com os novos acordos nucleares com outros fornecedores, as
entregas só começarão dentro de um ano ou, em alguns casos, daqui a vários
anos.
No
momento, cerca de um quarto do fornecimento de eletricidade da UE provém da
energia nuclear.
No
contexto da agenda climática dominante, se espera que o papel da energia
nuclear na política energética global venha a crescer nos próximos anos.
Ø
Analista
vê prontidão de Biden em largar Kiev ao tentar culpar Ucrânia por explosões do
Nord Stream
A
campanha dos EUA para enquadrar a Ucrânia como a culpada no ataque aos
gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) pode indicar que o governo Biden
esteja agora pronto para abandonar Kiev ou pressioná-la a negociar com a
Rússia, de acordo com analistas ouvidos pela Sputnik.
A
mídia dos EUA informou anteriormente que um "grupo pró-ucraniano"
estava por trás da explosão do Nord Stream. Enquanto isso, os veículos de
imprensa alemães relataram que o grupo usou um barco alugado de uma empresa com
sede na Polônia, aparentemente de propriedade de dois ucranianos.
Ambas
as histórias surgiram após a reportagem do famoso jornalista investigativo dos
EUA, Seymour Hersh, que disse que Washington teria estado por trás na sabotagem
nos gasodutos russos.
Na
quarta-feira (8), a imprensa dos EUA relatou que a CIA, meses antes do
incidente, supostamente alertou as contrapartes europeias que um grupo estava
planejando um ataque ao Nord Stream, conselheiros sêniores de Biden suspeitaram
do envolvimento da Ucrânia, e a Casa Branca estava preocupada que isso abalasse
os laços de Kiev com a Alemanha e outros aliados da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
O
comentarista político Alex Krainer, fundador da Krainer Analytics, acredita que
a tentativa de culpar os ucranianos pelas explosões indica que o presidente
ucraniano Vladimir Zelensky e seu regime em Kiev agora não têm importância para
a administração Biden.
"É
importante que isso também indica que eles estão prontos para abandonar o
regime ucraniano, provavelmente pedindo um acordo negociado para a guerra e
reagrupamento", disse o comentarista à Sputnik.
Krainer
avaliou como pouco credível a história que agora circula na mídia sobre como os
ucranianos supostamente realizaram o ataque aos gasodutos russos.
"Eles
[administração Biden] esperam que sejamos todos burros e contam com que os
líderes políticos sigam e propaguem isso como a explicação mais credível para o
que aconteceu", disse ele. "Quantas [pessoas] vão acreditam nisso
hoje é secundário, esta será a verdade 'designada' para a posteridade e será
forçada a [entrar] em livros de história."
O
historiador e analista em política externa Jeremy Kuzmanov disse que o trabalho
de Hersh exerceu grande pressão sobre o governo de Joe Biden para encontrar uma
narrativa alternativa. Ele também disse que a investigação de Hersh foi uma
revelação devastadora em relação à natureza da condução da política na
administração Biden.
"O
relatório de Hersh mostra que os EUA são uma potência agressiva que leva a cabo
um ato descarado de terrorismo internacional que equivale a um ato de guerra
contra a Rússia", disse o analista.
·
Lavrov
adverte sobre consequências da interrupção da investigação sobre Nord Stream
A
Rússia retaliará ao Ocidente se a investigação sobre os gasodutos Nord Stream
(Corrente do Norte) for encerrada, disse o ministro das Relações Exteriores
russo, Sergei Lavrov, no canal de TV Pervy.
"Este
ataque terrorista grosseiro não vai ficar sem investigação. Se a investigação
objetiva, imparcial e transparente for bloqueada, é claro que pensaremos como
responder ao Ocidente a esse ataque direto, um atentado direto à nossa
propriedade", enfatizou o diplomata.
Segundo
ele, as mídias ocidentais "fizeram um golpe sujo" com as publicações
sobre o envolvimento de um oligarca ucraniano no ataque ao Nord Stream,
levantando na mente das pessoas comuns mais questões sobre os resultados do
apoio a Kiev.
O
ministro apontou que nesta situação, assim como no contexto do aumento dos preços
dos combustíveis, os europeus podem questionar a justeza da decisão de enviar
armas a Kiev e a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN).
Recentemente,
o New York Times noticiou, com base em dados de inteligência, que um grupo
pró-ucraniano teria estado por trás da sabotagem dos gasodutos Nord Stream.
Por
sua vez, o jornal alemão Die Zeit escreveu que os vestígios do ataque aos
gasodutos levam na direção da Ucrânia.
No
entanto, o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov chamou as publicações que
apontam para o envolvimento da Ucrânia de "operação coordenada de
desinformação".
Segundo
a versão do jornalista norte-americano Seymour Hersh, os explosivos nos
gasodutos foram plantados por especialistas estadunidenses, apoiados por
mergulhadores noruegueses, sob a cobertura do exercício BALTOPS 2022 da OTAN,
que ocorreu em junho de 2022. Ele acredita que a operação foi realizada sob
ordens diretas da Casa Branca.
Fonte:
Sputnik Brasil
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