sábado, 11 de março de 2023


 Maior dívida da história: como vai o orçamento de Biden lidar com a economia dos EUA?

O presidente Biden divulgou sua proposta de orçamento para 2024 na quinta-feira (9), com um déficit de quase US$ 2 trilhões (R$ 10,3 trilhões), sendo que a dívida nacional subiu para mais de US$ 31 trilhões (R$ 160,1 trilhões). O Washington Post acaba de publicar um artigo sobre a situação atual da economia dos EUA.

Situação grave

Primeiramente, os autores do artigo afirmam que o povo norte-americano atingiu um ponto perigoso em que sua dívida em porcentagem do PIB é a mais alta desde a Segunda Guerra Mundial.

"Se nada mudar, os Estados Unidos logo estarão em um cenário desconhecido, que enfraquece sua segurança nacional, põe em risco sua capacidade de investir no futuro, sobrecarrega injustamente as gerações futuras e exigirá cortes em programas críticos", diz o artigo.

Atualmente, a dívida pública atinge 98% do PIB e está em vias de atingir 118% em uma década, de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso.

Os autores avisam que, até 2033, o país vai gastar mais no serviço da dívida (reembolso de empréstimos) do que em todo o orçamento da Defesa.

Isto se deve principalmente, segundo a edição, a um forte aumento nos gastos do governo e à aposentadoria das pessoas nascidas entre 1945 e 1965, a chamada geração Baby Boomer, a maior da sociedade norte-americana.

Simultaneamente o artigo aponta que, em qualquer caso, não será possível evitar aumentos fiscais ou cortes nos programas sociais.

"Os legisladores teriam que aumentar os impostos ou cortar os gastos em US$ 16 trilhões para equilibrar o orçamento durante a próxima década. Mesmo a meta mais modesta de tentar estabilizar a dívida em relação ao tamanho da economia equivaleria a cerca de US$ 8 trilhões".

Mas nenhum político quer admitir a responsabilidade pela situação.

Biden culpa o ex-presidente Donald Trump, embora ele mesmo também tenha aumentado significativamente a dívida com a ajuda pandêmica adicional às empresas, aprovada apenas pelos democratas.

Ao mesmo tempo, o orgulho de Biden de ter reduzido o déficit orçamentário foi refutado pelos analistas do The Washington Post, uma vez que a maior parte das reduções deveria acontecer de qualquer forma, já que a ajuda de emergência pandêmica terminou.

·         Propostas de mitigação

Biden propôs poupar cerca de US$ 3 trilhões (R$ 15,5 trilhões) na próxima década, principalmente através do aumento dos impostos sobre os mais ricos e pedindo ao governo que reduza a comparticipação no preço dos medicamentos em programas como o Medicare e o Medicaid.

No projeto de orçamento federal da administração Biden para o ano fiscal de 2024 apresentado ontem (9) se preveem gastos de US$ 6,883 trilhões (R$ 35,55 trilhões).

Ao mesmo tempo, as receitas do Tesouro norte-americano são de apenas 5,036 trilhões (R$ 26,01 trilhões), de acordo com o documento publicado no site da Casa Branca.

Por sua vez, os republicanos defendem cortes nos gastos com a previdência social e a ajuda externa.

Os democratas propõem aumentar os impostos sobre as grandes empresas e os mais ricos e talvez cortar um pouco na defesa para atingir as metas necessárias.

¨       Presidente da Câmara dos EUA diz que proposta do orçamento 2024 de Biden é 'completamente insensata'

Segundo líder da Câmara dos Representantes norte-americana, Washington tem um problema de gastos e "não um problema de receita", e que o orçamento proposto pela administração Biden propõe trilhões em novos impostos para os estadunidenses.

Nesta quinta-feira (9), o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, criticou o orçamento de 2024 do presidente Joe Biden o classificando como "completamente insensata", minutos após a Casa Branca divulgar seu plano ao público.

"O presidente Biden acabou de entregar seu Orçamento ao Congresso e é completamente insensato. Ele propõe trilhões em novos impostos que você e sua família pagarão diretamente ou por meio de custos mais altos. Sr. Presidente: Washington tem um problema de gastos, NÃO um problema de receita", afirmou McCarthy em seu Twitter.

McCarthy também divulgou uma declaração ao lado do líder da maioria na Câmara, Steve Scalise, e outros importantes republicanos da Câmara que se opõem ao orçamento proposto.

"Nossa dívida é uma das maiores ameaças para a América e a hora de enfrentar esta crise é agora. No entanto, o presidente Biden está propondo gastos fora de controle e atrasando as negociações da dívida, seguindo seu padrão de encolher os ombros e ignorar quando confrontado com uma crise", disse o comunicado.

Biden divulgou sua proposta de orçamento, que inclui bilhões em financiamento para a Ucrânia e um aumento de 3,2% no financiamento do Departamento de Defesa.

A proposta orçamentária surge quando os EUA se aproximam do calote de sua dívida nacional, que é de aproximadamente US$ 31,46 trilhões (R$ 161 trilhões), segundo dados do Departamento do Tesouro.

 

Ø  Financial Times: EUA pedem para comerciantes mundiais negociarem petróleo russo sem medo

 

As autoridades dos EUA instaram os maiores comerciantes de commodities a não ter medo de concluir acordos sobre o fornecimento de petróleo da Rússia, que é negociado dentro do teto de preço estabelecido pelo Ocidente, segundo o Financial Times, citando fontes informadas.

Segundo o jornal, os funcionários do Departamento do Tesouro norte-americano realizaram reuniões com executivos e comerciantes da Trafigura e Gunvor. Embora os EUA não impedissem que o petróleo russo fosse negociado de acordo com o teto de preço, os principais comerciantes de petróleo tinham medo de ter contato com a Rússia.

De acordo com um dos participantes do encontro, os americanos "chamaram ativamente" para retomar o comércio de petróleo russo.

Como aponta a publicação, Washington está tentando reduzir as receitas de Moscou com a venda de matérias-primas, mas ao mesmo tempo quer preservar o suprimento de petróleo da Rússia, temendo a interrupção do fornecimento de um dos maiores exportadores.

O porta-voz da Casa Branca declarou ao jornal que eles são encorajados pela estabilidade do mercado de petróleo, apesar do declínio nas recitas da Rússia.

A decisão da União Europeia de impor um embargo tanto aos produtos petrolíferos como ao petróleo foi tomada já no verão europeu passado. As sanções de seis meses contra o petróleo entraram em vigor em 5 de dezembro e as de combustível entraram em vigor dois meses depois, em 5 de fevereiro.

Rússia também preparou suas contrassanções em resposta às ações dos países ocidentais. No final do ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto proibindo a exportação de petróleo e produtos petrolíferos russos se o contrato com as partes especificasse direta ou indiretamente um teto de preço.

A proibição do petróleo está em vigor desde 1º de fevereiro, devendo a data para os produtos petrolíferos ser determinada pelo governo. A duração total do decreto é limitada a 1º de julho deste ano.

¨       Mundo não será capaz de abrir mão da energia nuclear russa facilmente, diz NYT

Apesar das alegações dos países europeus de que estão abandonando a cooperação energética com a Rússia, isso não é tão fácil quanto parece, escreve o The New York Times.

Segundo o jornal, a Rússia tem uma posição muito forte no mercado de combustível necessário à produção de eletricidade nas usinas nucleares. Ela controla 38% da conversão mundial de urânio e 46% da capacidade de enriquecimento de urânio – passos essenciais na produção de combustível usado nas usinas nucleares.

"A Rússia, através de sua gigantesca empresa estatal de energia nuclear, a Rosatom, domina a cadeia global de fornecimento de combustível nuclear. Em 2021, era o terceiro maior fornecedor de urânio da Europa, respondendo por 20% do total", diz o artigo.

Ressalta-se que, em cinco países da União Europeia (UE), todos os reatores – 18 no total – foram construídos pela Rússia. Além disso, a Rosatom está construindo reatores na Eslováquia e na Hungria, cimentando parcerias com a Rússia para o futuro.

"Com poucas alternativas prontas, tem havido pouco apoio às sanções contra a Rosatom - apesar da insistência do governo ucraniano em Kiev", refere a autora do artigo.

Além destes, outros países da Europa necessitam de manutenção regular de suas usinas nucleares pela Rosatom, e especialmente fora da União Europeia e dos Estados Unidos, seus serviços continuam sendo atraentes.

Cadeias de fornecimento nuclear são complexas, estabelecer novas é caro e leva anos

Apesar de, após o início do conflito ucraniano, muitos países ocidentais terem declarado que não cooperavam com a Rosatom, o poder da empresa no mercado é demasiado forte para se poder desistir dela tão facilmente, afirma o jornal.

"A Rosatom provou ser um sucesso único tanto como empresa comercial quanto como veículo de influência política russa [...] ela pode fornecer aos países um pacote com tudo incluído: materiais, treinamento, suporte, manutenção, eliminação de resíduos nucleares, desativação e, talvez o mais importante, financiamento em condições favoráveis", sublinha a autora.

Ademais, a indústria de energia nuclear norte-americana recebe até 20% de seu urânio enriquecido da Rússia, o máximo permitido por um recente tratado de não-proliferação, de acordo com a Associação Internacional de Energia.

A França também importa de Moscou 15% de seu urânio. China, Índia e Irã possuem reatores fabricados na Rússia.

A construção da primeira usina nuclear na Turquia já começou e, de acordo com a Associação Internacional de Energia, a Rosatom assinou memorandos de entendimento com 13 países.

Segundo o artigo, mesmo com os novos acordos nucleares com outros fornecedores, as entregas só começarão dentro de um ano ou, em alguns casos, daqui a vários anos.

No momento, cerca de um quarto do fornecimento de eletricidade da UE provém da energia nuclear.

No contexto da agenda climática dominante, se espera que o papel da energia nuclear na política energética global venha a crescer nos próximos anos.

 

Ø  Analista vê prontidão de Biden em largar Kiev ao tentar culpar Ucrânia por explosões do Nord Stream

 

A campanha dos EUA para enquadrar a Ucrânia como a culpada no ataque aos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) pode indicar que o governo Biden esteja agora pronto para abandonar Kiev ou pressioná-la a negociar com a Rússia, de acordo com analistas ouvidos pela Sputnik.

A mídia dos EUA informou anteriormente que um "grupo pró-ucraniano" estava por trás da explosão do Nord Stream. Enquanto isso, os veículos de imprensa alemães relataram que o grupo usou um barco alugado de uma empresa com sede na Polônia, aparentemente de propriedade de dois ucranianos.

Ambas as histórias surgiram após a reportagem do famoso jornalista investigativo dos EUA, Seymour Hersh, que disse que Washington teria estado por trás na sabotagem nos gasodutos russos.

Na quarta-feira (8), a imprensa dos EUA relatou que a CIA, meses antes do incidente, supostamente alertou as contrapartes europeias que um grupo estava planejando um ataque ao Nord Stream, conselheiros sêniores de Biden suspeitaram do envolvimento da Ucrânia, e a Casa Branca estava preocupada que isso abalasse os laços de Kiev com a Alemanha e outros aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O comentarista político Alex Krainer, fundador da Krainer Analytics, acredita que a tentativa de culpar os ucranianos pelas explosões indica que o presidente ucraniano Vladimir Zelensky e seu regime em Kiev agora não têm importância para a administração Biden.

"É importante que isso também indica que eles estão prontos para abandonar o regime ucraniano, provavelmente pedindo um acordo negociado para a guerra e reagrupamento", disse o comentarista à Sputnik.

Krainer avaliou como pouco credível a história que agora circula na mídia sobre como os ucranianos supostamente realizaram o ataque aos gasodutos russos.

"Eles [administração Biden] esperam que sejamos todos burros e contam com que os líderes políticos sigam e propaguem isso como a explicação mais credível para o que aconteceu", disse ele. "Quantas [pessoas] vão acreditam nisso hoje é secundário, esta será a verdade 'designada' para a posteridade e será forçada a [entrar] em livros de história."

O historiador e analista em política externa Jeremy Kuzmanov disse que o trabalho de Hersh exerceu grande pressão sobre o governo de Joe Biden para encontrar uma narrativa alternativa. Ele também disse que a investigação de Hersh foi uma revelação devastadora em relação à natureza da condução da política na administração Biden.

"O relatório de Hersh mostra que os EUA são uma potência agressiva que leva a cabo um ato descarado de terrorismo internacional que equivale a um ato de guerra contra a Rússia", disse o analista.

·         Lavrov adverte sobre consequências da interrupção da investigação sobre Nord Stream

A Rússia retaliará ao Ocidente se a investigação sobre os gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte) for encerrada, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, no canal de TV Pervy.

"Este ataque terrorista grosseiro não vai ficar sem investigação. Se a investigação objetiva, imparcial e transparente for bloqueada, é claro que pensaremos como responder ao Ocidente a esse ataque direto, um atentado direto à nossa propriedade", enfatizou o diplomata.

Segundo ele, as mídias ocidentais "fizeram um golpe sujo" com as publicações sobre o envolvimento de um oligarca ucraniano no ataque ao Nord Stream, levantando na mente das pessoas comuns mais questões sobre os resultados do apoio a Kiev.

O ministro apontou que nesta situação, assim como no contexto do aumento dos preços dos combustíveis, os europeus podem questionar a justeza da decisão de enviar armas a Kiev e a adesão do país à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Recentemente, o New York Times noticiou, com base em dados de inteligência, que um grupo pró-ucraniano teria estado por trás da sabotagem dos gasodutos Nord Stream.

Por sua vez, o jornal alemão Die Zeit escreveu que os vestígios do ataque aos gasodutos levam na direção da Ucrânia.

No entanto, o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov chamou as publicações que apontam para o envolvimento da Ucrânia de "operação coordenada de desinformação".

Segundo a versão do jornalista norte-americano Seymour Hersh, os explosivos nos gasodutos foram plantados por especialistas estadunidenses, apoiados por mergulhadores noruegueses, sob a cobertura do exercício BALTOPS 2022 da OTAN, que ocorreu em junho de 2022. Ele acredita que a operação foi realizada sob ordens diretas da Casa Branca.

 

Fonte: Sputnik Brasil

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