quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Sara York: O impacto perigoso de Elon Musk na propagação de ideias racistas nas redes sociais

Nos últimos anos, Elon Musk tem se envolvido ativamente com uma conta de extrema direita no Twitter, que compartilha ideias profundamente racistas. Embora muitos o vejam como um visionário da tecnologia, suas interações com esses grupos têm levantado sérias preocupações sobre o impacto que ele pode ter na propagação de ideologias perigosas, incluindo o racismo científico. Racismo científico? Parece novo, ne?!

Tenho pesquisado a transfobia científica enquanto conceito que se refere à discriminação e preconceito que se manifestam no âmbito científico e acadêmico em relação a pessoas transgêneras e de gênero não binário. A partir das minhas constatações, podemos entender esse fenômeno como uma série de crenças e práticas que perpetuam estigmas e desinformação sobre as identidades de gênero.

Aqui estão alguns pontos-chave que podem ajudar a conceituar a transfobia científica:

Crenças Negativas: A transfobia científica se baseia em crenças negativas e estereótipos sobre pessoas trans, que podem influenciar a pesquisa e a interpretação de dados. Quando na verdade negar parte da população já o é constante nos processos sociais e acadêmicos.

Deslegitimação de Identidades: O truque "somos todos iguais", mas quem não é chamada para casamentos e batismos ainda somos nós. Muitas vezes, a ciência deslegitimou as identidades trans ao não reconhecer a diversidade de experiências e expressões de gênero, o que pode levar à exclusão dessas identidades em estudos e políticas.

Pesquisa Tendenciosa: A falta de representação de pessoas trans em estudos científicos pode resultar em conclusões tendenciosas que não refletem a realidade de suas vidas e necessidades. Gosto de pensar nos trabalhos desenvolvidos com primatas por mulheres no início dos anos 1970. Como não havia mulher nas pesquisas, os cientistas* realmente descreveram o "macho-alfa" como o mais esperto do bando. Anos depois, as mulheres comprovaram serem fêmeas.

Impacto em Políticas de Saúde: A transfobia científica pode influenciar a forma como as políticas de saúde são desenvolvidas, afetando o acesso a tratamentos e recursos adequados para pessoas trans.

Recusa à Autodeterminação: Muitas vezes, a transfobia científica se manifesta na negação do direito das pessoas trans de se definirem a si mesmas, o que pode ter consequências graves em seu bem-estar psicológico e social. Seria como ser uma Pablo Vitar onde só se consideram cantoras Maria Bethania e Callas. Sem a percepcao inventiva de outros grupos, como sociologicamente, etnografá-los, por exemplo?

Mas retornemos ao grande Elon Musk e seu brinquedo de manipulação de mentes.

·        O ressurgimento do racismo científico

O termo “racismo científico” se refere ao uso distorcido de dados científicos para justificar ideias preconceituosas sobre a superioridade de certos grupos raciais. Musk, ao retuitar e interagir com uma conta que promove esse tipo de conteúdo, contribui para a amplificação de ideias baseadas em pseudo-ciência.

A conta em questão compartilha alegações racistas que argumentam que pessoas negras são “intelectualmente inferiores” por natureza, uma ideia amplamente desacreditada pela ciência há gerações. No entanto, esses grupos continuam a ser alimentados por figuras públicas influentes, como Elon Musk, que, com um simples retweet, dá visibilidade a tais noções, alcançando milhões de pessoas.

·        A influência de Musk: de “paciente zero” a multiplicador de ideias racistas

O impacto de Musk nesse cenário é notável. Ele foi descrito como “paciente zero” para a propagação de ideias racistas nas redes sociais, um termo que sugere que ele, ao interagir com tais contas, iniciou ou acelerou um movimento de disseminação dessas ideias.

Musk, com sua enorme base de seguidores no Twitter, ao engajar com esses perfis, gera picos no número de seguidores dessas contas marginalizadas, amplificando suas mensagens nocivas. A simples resposta de Musk serve como uma espécie de validação, atraindo atenção para conteúdos altamente prejudiciais e permitindo que as ideias racistas se espalhem mais rapidamente do que teríamos em cena aberta.

·        A armadilha das simples correlações

Um dos métodos usados pelos defensores do chamado “racismo científico” é a manipulação de dados de QI (quociente de inteligência) para afirmar que as pessoas de origem europeia são, de alguma forma, intelectualmente superiores. Esses grupos utilizam gráficos simples e dados fora de contexto para reforçar suas alegações, distorcendo os fatos para promover um ponto de vista preconceituoso.

Por exemplo, gráficos que comparam o QI de “americanos negros” com “americanos brancos”, apontando uma diferença de valores, são apresentados como prova de uma suposta diferença biológica entre as raças. No entanto, como apontam os principais críticos desse movimento, essa é uma falácia básica: correlação não é uma justificativa nessa causa. Ou seja, os dados de QI não explicam, por si só, as complexas questões sociais, culturais e históricas que influenciam esses resultados.

·        O perigo do racismo disfarçado de ciência

Embora Musk tenha acesso a informações científicas e tecnologias de ponta, ele tem sido criticado por alimentar essas ideias com base na “aparência” de que essas afirmações têm um respaldo científico. Como bem destaca o Dr. Sasha Gusev (que também segue atento as redes sociais), professor associado da Harvard Medical School, o conceito de raça não tem base biológica real. Já sabíamos desde o projeto GENOMA, lembram? O modelo evolutivo da diversidade genética é muito mais complexo do que as divisões raciais rígidas e isoladas que ainda são promovidas por esses grupos. A Dra. Edmea Santos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, tem trabalhado na etnografia de vários movimentos sociais e em rede e garante que "tais movimentos são cíclicos e previsíveis, basta que voltemos a atenção à nossa história e memória".

Para Gusev, quando Musk compartilha e dá visibilidade a tais conteúdos, ele reforça uma visão falha da variação genética humana, ao mesmo tempo em que confunde o público, fazendo-o acreditar que há uma base científica para o racismo, quando, na verdade, não há.

O que está em jogo aqui não é apenas uma simples questão de desinformação; é a segurança e o bem-estar das pessoas, especialmente de grupos historicamente marginalizados. Quando figuras públicas de alto perfil como Elon Musk dão atenção a essas ideias, elas ganham uma legitimidade falsa. Isso cria um ciclo em que mais pessoas são expostas a essas teorias, mais dispostas a aceitá-las e a compartilhá-las.

Além disso, os dados mal interpretados e os gráficos simplistas têm um apelo imediato e emocional, tornando mais difícil para o público em geral entender as complexas falácias científicas que estão sendo apresentadas. Isso pode levar a uma aceitação inconsciente de ideias perigosas, o que torna ainda mais urgente a atuação de especialistas para desmentir essas afirmações.

·        A responsabilidade das figuras públicas

A principal questão levantada é que as figuras públicas com grande alcance e influência têm a responsabilidade de questionar e refutar esses conteúdos, em vez de amplificá-los. Os cientistas que realmente entendiam de onde esses dados vêm e como ao serem distorcidos se engajam ativamente no debate para educar o público e combater a desinformação.

Elon Musk, sendo uma das figuras mais influentes do mundo atual, tem uma enorme responsabilidade em suas ações e palavras. Ao apoiar ou dar visibilidade a essas ideias, ele não apenas amplia um discurso de ódio, mas também contribui para a normalização de teorias cientificamente falsas e racistas. A sua influência, em vez de ser usada para promover a inovação e o progresso, está sendo direcionada para a perpetuação de velhas ideias que deveriam ter sido deixadas no passado.

·        A necessidade de crítica e educação

É fundamental que todos, especialmente aqueles em posições de grande influência, compreendam o peso das palavras e das ações que tomam nas redes sociais. Ao espalharem conteúdo racista disfarçado de ciência, como tem ocorrido com Elon Musk, o que está em jogo não é apenas a liberdade de expressão, mas a saúde intelectual e moral da sociedade.

A batalha contra o racismo científico e a desinformação nas redes sociais é longa, mas é um esforço coletivo que exige a participação de todos, desde especialistas até o público em geral. Só assim será possível evitar que ideias nocivas se enraízem ainda mais em nossa cultura e que as gerações futuras não caiam nas armadilhas do passado.

Mas é isso que sabemos, os comportamentos preconceituosos nunca andam sozinhos: Quando nao transfóbico, racista, gordofóbico, aporofóbico, sorofóbico e tantas outras formas de sofrer e causar sofrimento ao/no mundo!

Sigamos!

¨      Promessa de clemência de Trump para invasores do Capitólio: o que esperar?

Em março, Trump escreveu em sua conta no Truth Social que um de seus primeiros atos como presidente dos EUA seria "libertar os reféns de 6 de janeiro que estavam presos injustamente".

As expectativas são altas para que o presidente eleito Donald Trump cumpra sua promessa de conceder rapidamente perdões aos envolvidos na revolta no Capitólio em 6 de janeiro de 2021, informou a Bloomberg.

"Qualquer ação antecipada sobre os perdões de 6 de janeiro definiria o tom de como ele [Donald Trump] poderia exercer a presidência para recompensar os leais e punir os oponentes", destacou a agência.

Anistia aos invasores do Capitólio?

A reportagem foi publicada no momento em que a republicana Marjorie Taylor Greene disse que estava fazendo lobby para Trump perdoar todos que participaram do cerco, dizendo que "muitas dessas pessoas estão na prisão desde 2021".

"Mesmo aqueles que lutaram contra a Polícia do Capitólio e causaram danos ao Capitólio, acho que eles cumpriram sua pena, e acho que todos eles deveriam ser perdoados e libertados da prisão. [...] acho que é uma injustiça. É um sistema de justiça de dois níveis, e é hora de acabar com isso", acrescentou ela.

Promessa de Trump

Trump disse anteriormente à mídia dos EUA que ele "provavelmente" concederia perdões aos manifestantes na "primeira hora" ou mesmo nos "primeiros nove minutos" de sua presidência, que começa em 20 de janeiro.

Consequências da revolta no Capitólio

Milhares de pessoas se reuniram para atacar o prédio do Capitólio em Washington em 6 de janeiro de 2021, para interromper a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden em 2020, incitadas pelas alegações de fraude eleitoral de Trump. Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram como resultado do ataque. Mais de 140 policiais ficaram feridos.

Mais de 1.570 pessoas se declararam culpadas ou foram condenadas após julgamentos em conexão com o ataque, segundo o gabinete do procurador dos EUA em Washington. Pelo menos 645 foram sentenciadas à prisão, com penas variando de alguns dias a 22 anos.

¨      Biden quer bloquear exploração de petróleo em mais de 250 mi de hectares de águas dos EUA

Segundo a imprensa norte-americana, o presidente cessante Joe Biden estaria procurando promulgar um decreto para impedir permanentemente a exploração de petróleo e gás em algumas águas costeiras dos EUA. A equipe do presidente eleito Donald Trump criticou a medida.

Segundo fontes próximas da Casa Branca que falaram com a agência Bloomberg, a ordem executiva busca se basear na Lei das Terras da Plataforma Continental Exterior de 1953, que concede aos presidentes dos EUA ampla discricionariedade para proteger permanentemente as águas do arrendamento de petróleo e gás.

Espera-se que Biden alargue a proibição — que seria de cerca de 252 milhões de hectares — a partes do oceano Pacífico perto da Califórnia e do leste do golfo do México, perto do estado da Flórida, que são consideradas águas costeiras críticas. Além disso, a declaração não afetará as atividades de perfuração ou outras atividades de extração nos arrendamentos existentes.

Segundo a mídia, após sua promulgação, a proibição não será revogável por outro presidente. A agência observa que, embora os presidentes tenham modificado as decisões dos seus antecessores, os tribunais nunca validaram uma reversão completa.

Durante o seu primeiro mandato, Trump tentou revogar a ordem do ex-presidente Barack Obama de proteger mais de 50 milhões de hectares nos oceanos Ártico e Atlântico, mas a iniciativa foi rejeitada por um tribunal federal e o assunto nunca mais foi retomado.

Nesse sentido, Karoline Leavitt, porta-voz da equipe de transição de Trump, criticou o possível decreto em um e-mail citado pelo The Washington Post.

"Essa é uma decisão vergonhosa destinada a vingar-se da política do povo norte-americano que deu ao presidente Trump o mandato para aumentar a perfuração e reduzir os preços do gás. Fique tranquila, Joe Biden vai falhar e nós perfuraremos, querida, nós perfuraremos", disse Trump à porta-voz.

Vale lembrar que Trump prometeu durante a campanha presidencial deste ano que, caso voltasse à Casa Branca, aumentar significativamente a produção de petróleo e gás, com o objetivo, disse, de tornar o país norte-americano independente em questões energéticas.

"Vou me concentrar na perfuração", disse o presidente eleito no mês passado, durante uma entrevista na televisão.

No entanto, Trump, durante o último ano da sua primeira presidência, impôs uma moratória de dez anos à exploração de petróleo offshore nas costas da Flórida, Geórgia e Carolina do Sul durante a sua malsucedida campanha de reeleição em 2020.

"Isso protege o seu belo golfo e o seu lindo oceano, e assim será por muito tempo", disse Trump na época, em uma medida que foi interpretada como eleitoreira pelos moradores desses estados.

¨      Pfizergate: do que a chefe da Comissão Europeia Ursula von der Leyen é acusada?

Um tribunal em Liège, Bélgica, deve considerar se a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tem imunidade legal contra acusações de corrupção relacionadas ao seu envolvimento obscuro na compra de vacinas contra o coronavírus. Do que se trata o escândalo? A Sputnik explica.

O The New York Times descreveu o acordo da vacina de COVID-19 da presidente da Comissão Europeia com o CEO da Pfizer como "um alinhamento impressionante de sobrevivência política e agitação corporativa".

Em 2022, a mídia dos EUA relatou que von der Leyen havia se comunicado com Albert Bourla, presidente-executivo da gigante farmacêutica norte-americana Pfizer, sobre fechar um contrato de longo prazo para comprar 1,8 bilhão de doses de vacinas para COVID-19 no valor de € 35 bilhões (cerca de R$ 226,06 bilhões), antes mesmo de passarem pelos testes clínicos.

As negociações sobre o acordo foram conduzidas informalmente no final de 2020 por meio de mensagens SMS e sem o consentimento prévio dos Estados-membros da União Europeia (UE).

A presidente da Comissão Europeia também enviou uma mensagem de texto para seu marido, Heiko von der Leyen, que atua como diretor médico na Orgenesis, uma empresa que colabora com a Pfizer. Todas as mensagens foram acidentalmente apagadas, afirmou Ursula von der Leyen.

Como resultado, ela foi acusada de "usurpação de funções e título", destruição de documentos públicos e acusações de corrupção de alto nível iniciadas pelo lobista belga Frederic Baldan.

A primeira audiência sobre sua queixa foi realizada em 17 de maio de 2024, quando o tribunal de Liège confirmou que o chamado caso Pfizegate está de acordo com sua jurisdição e não deve ser entregue ao Ministério Público Europeu (EPPO, na sigla em inglês), criado por iniciativa da própria von der Leyen, devido a um conflito óbvio de interesses.

A segunda audiência marcada para 5 de dezembro foi interrompida devido a uma diligência do EPPO, que enviou uma contra-solicitação ao tribunal pela imunidade de von der Leyen. O EPPO argumenta que von der Leyen tem imunidade contra processo por corrupção.

O porta-voz da Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker, disse em 5 de janeiro que von der Leyen havia cancelado todos os "compromissos externos" nos próximos dias após contrair "pneumonia grave".

 

Fonte: Brasil 247/Sputnik Brasil

 

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