Sara York:
O impacto perigoso de Elon Musk na propagação de ideias racistas nas redes
sociais
Nos últimos anos, Elon Musk
tem se envolvido ativamente com uma conta de extrema direita no Twitter, que
compartilha ideias profundamente racistas. Embora muitos o vejam como um
visionário da tecnologia, suas interações com esses grupos têm levantado sérias
preocupações sobre o impacto que ele pode ter na propagação de ideologias
perigosas, incluindo o racismo científico. Racismo científico? Parece novo,
ne?!
Tenho pesquisado a
transfobia científica enquanto conceito que se refere à discriminação e
preconceito que se manifestam no âmbito científico e acadêmico em relação a
pessoas transgêneras e de gênero não binário. A partir das minhas constatações,
podemos entender esse fenômeno como uma série de crenças e práticas que
perpetuam estigmas e desinformação sobre as identidades de gênero.
Aqui estão alguns
pontos-chave que podem ajudar a conceituar a transfobia científica:
Crenças Negativas: A
transfobia científica se baseia em crenças negativas e estereótipos sobre
pessoas trans, que podem influenciar a pesquisa e a interpretação de dados.
Quando na verdade negar parte da população já o é constante nos processos
sociais e acadêmicos.
Deslegitimação de
Identidades: O truque "somos todos iguais", mas quem não é chamada
para casamentos e batismos ainda somos nós. Muitas vezes, a ciência
deslegitimou as identidades trans ao não reconhecer a diversidade de
experiências e expressões de gênero, o que pode levar à exclusão dessas identidades
em estudos e políticas.
Pesquisa Tendenciosa: A
falta de representação de pessoas trans em estudos científicos pode resultar em
conclusões tendenciosas que não refletem a realidade de suas vidas e
necessidades. Gosto de pensar nos trabalhos desenvolvidos com primatas por
mulheres no início dos anos 1970. Como não havia mulher nas pesquisas, os
cientistas* realmente descreveram o "macho-alfa" como o mais esperto
do bando. Anos depois, as mulheres comprovaram serem fêmeas.
Impacto em Políticas de
Saúde: A transfobia científica pode influenciar a forma como as políticas de
saúde são desenvolvidas, afetando o acesso a tratamentos e recursos adequados
para pessoas trans.
Recusa à Autodeterminação:
Muitas vezes, a transfobia científica se manifesta na negação do direito das
pessoas trans de se definirem a si mesmas, o que pode ter consequências graves
em seu bem-estar psicológico e social. Seria como ser uma Pablo Vitar onde só
se consideram cantoras Maria Bethania e Callas. Sem a percepcao inventiva de
outros grupos, como sociologicamente, etnografá-los, por exemplo?
Mas retornemos ao grande
Elon Musk e seu brinquedo de manipulação de mentes.
·
O ressurgimento do racismo
científico
O termo “racismo científico”
se refere ao uso distorcido de dados científicos para justificar ideias
preconceituosas sobre a superioridade de certos grupos raciais. Musk, ao
retuitar e interagir com uma conta que promove esse tipo de conteúdo, contribui
para a amplificação de ideias baseadas em pseudo-ciência.
A conta em questão compartilha
alegações racistas que argumentam que pessoas negras são “intelectualmente
inferiores” por natureza, uma ideia amplamente desacreditada pela ciência há
gerações. No entanto, esses grupos continuam a ser alimentados por figuras
públicas influentes, como Elon Musk, que, com um simples retweet, dá
visibilidade a tais noções, alcançando milhões de pessoas.
·
A influência de Musk: de
“paciente zero” a multiplicador de ideias racistas
O impacto de Musk nesse
cenário é notável. Ele foi descrito como “paciente zero” para a propagação de
ideias racistas nas redes sociais, um termo que sugere que ele, ao interagir
com tais contas, iniciou ou acelerou um movimento de disseminação dessas
ideias.
Musk, com sua enorme base de
seguidores no Twitter, ao engajar com esses perfis, gera picos no número de
seguidores dessas contas marginalizadas, amplificando suas mensagens nocivas. A
simples resposta de Musk serve como uma espécie de validação, atraindo atenção
para conteúdos altamente prejudiciais e permitindo que as ideias racistas se
espalhem mais rapidamente do que teríamos em cena aberta.
·
A armadilha das simples
correlações
Um dos métodos usados pelos
defensores do chamado “racismo científico” é a manipulação de dados de QI
(quociente de inteligência) para afirmar que as pessoas de origem europeia são,
de alguma forma, intelectualmente superiores. Esses grupos utilizam gráficos
simples e dados fora de contexto para reforçar suas alegações, distorcendo os
fatos para promover um ponto de vista preconceituoso.
Por exemplo, gráficos que
comparam o QI de “americanos negros” com “americanos brancos”, apontando uma
diferença de valores, são apresentados como prova de uma suposta diferença
biológica entre as raças. No entanto, como apontam os principais críticos desse
movimento, essa é uma falácia básica: correlação não é uma justificativa nessa
causa. Ou seja, os dados de QI não explicam, por si só, as complexas questões
sociais, culturais e históricas que influenciam esses resultados.
·
O perigo do racismo
disfarçado de ciência
Embora Musk tenha acesso a
informações científicas e tecnologias de ponta, ele tem sido criticado por
alimentar essas ideias com base na “aparência” de que essas afirmações têm um
respaldo científico. Como bem destaca o Dr. Sasha Gusev (que também segue atento
as redes sociais), professor associado da Harvard Medical School, o conceito de
raça não tem base biológica real. Já sabíamos desde o projeto GENOMA, lembram?
O modelo evolutivo da diversidade genética é muito mais complexo do que as
divisões raciais rígidas e isoladas que ainda são promovidas por esses grupos.
A Dra. Edmea Santos, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, tem
trabalhado na etnografia de vários movimentos sociais e em rede e garante que
"tais movimentos são cíclicos e previsíveis, basta que voltemos a atenção
à nossa história e memória".
Para Gusev, quando Musk
compartilha e dá visibilidade a tais conteúdos, ele reforça uma visão falha da
variação genética humana, ao mesmo tempo em que confunde o público, fazendo-o
acreditar que há uma base científica para o racismo, quando, na verdade, não
há.
O que está em jogo aqui não
é apenas uma simples questão de desinformação; é a segurança e o bem-estar das
pessoas, especialmente de grupos historicamente marginalizados. Quando figuras
públicas de alto perfil como Elon Musk dão atenção a essas ideias, elas ganham
uma legitimidade falsa. Isso cria um ciclo em que mais pessoas são expostas a
essas teorias, mais dispostas a aceitá-las e a compartilhá-las.
Além disso, os dados mal
interpretados e os gráficos simplistas têm um apelo imediato e emocional,
tornando mais difícil para o público em geral entender as complexas falácias
científicas que estão sendo apresentadas. Isso pode levar a uma aceitação
inconsciente de ideias perigosas, o que torna ainda mais urgente a atuação de
especialistas para desmentir essas afirmações.
·
A responsabilidade das
figuras públicas
A principal questão
levantada é que as figuras públicas com grande alcance e influência têm a
responsabilidade de questionar e refutar esses conteúdos, em vez de
amplificá-los. Os cientistas que realmente entendiam de onde esses dados vêm e
como ao serem distorcidos se engajam ativamente no debate para educar o público
e combater a desinformação.
Elon Musk, sendo uma das
figuras mais influentes do mundo atual, tem uma enorme responsabilidade em suas
ações e palavras. Ao apoiar ou dar visibilidade a essas ideias, ele não apenas
amplia um discurso de ódio, mas também contribui para a normalização de teorias
cientificamente falsas e racistas. A sua influência, em vez de ser usada para
promover a inovação e o progresso, está sendo direcionada para a perpetuação de
velhas ideias que deveriam ter sido deixadas no passado.
·
A necessidade de crítica e
educação
É fundamental que todos,
especialmente aqueles em posições de grande influência, compreendam o peso das
palavras e das ações que tomam nas redes sociais. Ao espalharem conteúdo
racista disfarçado de ciência, como tem ocorrido com Elon Musk, o que está em
jogo não é apenas a liberdade de expressão, mas a saúde intelectual e moral da
sociedade.
A batalha contra o racismo
científico e a desinformação nas redes sociais é longa, mas é um esforço
coletivo que exige a participação de todos, desde especialistas até o público
em geral. Só assim será possível evitar que ideias nocivas se enraízem ainda
mais em nossa cultura e que as gerações futuras não caiam nas armadilhas do
passado.
Mas é isso que sabemos, os
comportamentos preconceituosos nunca andam sozinhos: Quando nao transfóbico,
racista, gordofóbico, aporofóbico, sorofóbico e tantas outras formas de sofrer
e causar sofrimento ao/no mundo!
Sigamos!
¨ Promessa de clemência de Trump para invasores do
Capitólio: o que esperar?
Em março, Trump
escreveu em sua conta no Truth Social que um de seus primeiros atos como
presidente dos EUA seria "libertar os reféns de 6 de janeiro que estavam
presos injustamente".
As expectativas são
altas para que o presidente
eleito Donald
Trump cumpra sua promessa de conceder rapidamente perdões aos envolvidos
na revolta no Capitólio em 6 de janeiro de 2021, informou a Bloomberg.
"Qualquer ação
antecipada sobre os perdões de 6 de janeiro definiria o tom de como ele [Donald
Trump] poderia exercer a presidência para recompensar os leais e punir os
oponentes", destacou a agência.
Anistia aos
invasores do Capitólio?
A reportagem foi
publicada no momento em que a republicana Marjorie Taylor Greene disse que
estava fazendo
lobby para
Trump perdoar todos que participaram do cerco, dizendo que "muitas
dessas pessoas estão na prisão desde 2021".
"Mesmo aqueles
que lutaram contra a Polícia do Capitólio e causaram danos ao Capitólio, acho
que eles cumpriram sua pena, e acho que todos eles deveriam ser perdoados
e libertados da prisão. [...] acho que é uma injustiça. É um sistema de justiça
de dois níveis, e é hora de acabar com isso", acrescentou ela.
Promessa de Trump
Trump disse
anteriormente à mídia dos EUA que ele "provavelmente" concederia
perdões aos
manifestantes na "primeira hora" ou mesmo nos "primeiros
nove minutos" de sua presidência, que começa em 20 de janeiro.
Consequências da
revolta no Capitólio
Milhares de pessoas
se reuniram para atacar o prédio do Capitólio em Washington em 6 de janeiro de
2021, para interromper a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden em
2020, incitadas pelas alegações
de fraude eleitoral de
Trump. Cinco pessoas, incluindo um policial, morreram como resultado do
ataque. Mais de 140 policiais ficaram feridos.
Mais de 1.570
pessoas se declararam culpadas ou foram condenadas após julgamentos em conexão
com o ataque, segundo o gabinete do procurador dos EUA em Washington. Pelo
menos 645 foram sentenciadas à prisão, com penas variando de alguns dias a 22
anos.
¨ Biden quer bloquear exploração de petróleo em mais de
250 mi de hectares de águas dos EUA
Segundo a imprensa
norte-americana, o presidente cessante Joe Biden estaria procurando promulgar
um decreto para impedir permanentemente a exploração de petróleo e gás em
algumas águas costeiras dos EUA. A equipe do presidente eleito Donald Trump
criticou a medida.
Segundo
fontes próximas
da Casa Branca que falaram com a agência
Bloomberg, a ordem executiva busca se basear na Lei das Terras da Plataforma
Continental Exterior de 1953, que concede aos presidentes dos EUA ampla
discricionariedade para proteger permanentemente as águas do
arrendamento de petróleo e gás.
Espera-se que Biden
alargue a proibição — que seria de cerca de 252 milhões de hectares — a partes
do oceano Pacífico perto da Califórnia e do leste do golfo do México, perto do
estado da Flórida, que são consideradas águas costeiras críticas. Além disso,
a declaração não afetará as atividades de perfuração ou outras atividades
de extração nos
arrendamentos existentes.
Segundo a mídia,
após sua promulgação, a proibição não será revogável por outro presidente.
A agência observa que, embora os presidentes tenham modificado
as decisões dos
seus antecessores, os tribunais nunca validaram uma reversão completa.
Durante o seu
primeiro mandato, Trump tentou revogar a ordem do ex-presidente Barack Obama
de proteger mais de 50 milhões de hectares nos oceanos Ártico e Atlântico,
mas a iniciativa
foi rejeitada por
um tribunal federal e o assunto nunca mais foi retomado.
Nesse sentido, Karoline
Leavitt, porta-voz da equipe
de transição de
Trump, criticou o possível decreto em um e-mail citado pelo The
Washington Post.
"Essa é uma
decisão vergonhosa destinada a vingar-se da política do povo norte-americano
que deu ao presidente Trump o mandato para aumentar a perfuração e reduzir
os preços do gás. Fique tranquila, Joe Biden vai falhar e nós perfuraremos,
querida, nós perfuraremos", disse Trump à porta-voz.
Vale lembrar que
Trump prometeu durante a campanha presidencial deste ano que, caso voltasse à
Casa Branca, aumentar significativamente a produção
de petróleo e gás,
com o objetivo, disse, de tornar o país norte-americano independente em
questões energéticas.
"Vou me
concentrar na perfuração", disse o presidente eleito no mês passado,
durante uma entrevista na televisão.
No entanto, Trump,
durante o último ano da sua primeira
presidência, impôs
uma moratória de dez anos à exploração de petróleo offshore nas costas da
Flórida, Geórgia e Carolina do Sul durante a sua malsucedida campanha de
reeleição em 2020.
"Isso protege
o seu belo golfo e o seu lindo oceano, e assim será por muito tempo",
disse Trump na época, em uma medida que foi interpretada como eleitoreira pelos
moradores desses estados.
¨ Pfizergate: do que a chefe da Comissão Europeia Ursula
von der Leyen é acusada?
Um tribunal em
Liège, Bélgica, deve considerar se a presidente da Comissão Europeia, Ursula
von der Leyen, tem imunidade legal contra acusações de corrupção relacionadas
ao seu envolvimento obscuro na compra de vacinas contra o coronavírus. Do que
se trata o escândalo? A Sputnik explica.
O The New York
Times descreveu o acordo da
vacina de COVID-19 da presidente da Comissão Europeia com o CEO da Pfizer como
"um alinhamento impressionante de sobrevivência política e agitação
corporativa".
Em 2022, a mídia
dos EUA relatou que von der Leyen havia se comunicado com Albert Bourla,
presidente-executivo da gigante farmacêutica norte-americana Pfizer, sobre
fechar um contrato de longo prazo para comprar 1,8 bilhão de doses de
vacinas para COVID-19 no valor de € 35 bilhões (cerca de R$ 226,06
bilhões), antes mesmo de passarem pelos testes
clínicos.
As negociações
sobre o acordo foram conduzidas informalmente no final de 2020 por
meio de mensagens SMS e sem o consentimento prévio dos Estados-membros da União
Europeia (UE).
A presidente da
Comissão Europeia também enviou uma mensagem de texto para seu marido,
Heiko von der Leyen, que atua como diretor médico na Orgenesis, uma empresa que
colabora com a Pfizer. Todas as mensagens foram acidentalmente
apagadas,
afirmou Ursula von der Leyen.
Como
resultado, ela
foi acusada de
"usurpação de funções e título", destruição de documentos públicos e
acusações de corrupção de alto nível iniciadas pelo lobista belga Frederic
Baldan.
A primeira
audiência sobre sua queixa foi realizada em 17 de maio de 2024, quando o
tribunal de Liège confirmou que o chamado caso Pfizegate está de acordo
com sua jurisdição e não deve ser entregue ao Ministério Público
Europeu (EPPO, na sigla em inglês), criado por iniciativa da própria von
der Leyen, devido a um conflito
óbvio de interesses.
A segunda audiência
marcada para 5 de dezembro foi interrompida devido a uma diligência do EPPO,
que enviou uma contra-solicitação ao tribunal pela imunidade de von der Leyen.
O EPPO argumenta que von der Leyen tem imunidade contra processo por corrupção.
O porta-voz da
Comissão Europeia, Stefan de Keersmaecker, disse em 5 de janeiro que von der
Leyen havia cancelado todos os "compromissos externos" nos próximos
dias após contrair "pneumonia grave".
Fonte: Brasil 247/Sputnik
Brasil
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