Elias Jabbour: Xi Jinping
sobre 2024 - "crescemos na tempestade"
Em um forte discurso em
decorrência do ano novo o presidente chinês, Xi Jinping, renovou a confiança de
continuidade da trajetória de desenvolvimento da China. Tratou-se de um
verdadeiro, mas sintético balanço de um ano que marcou tanto o 75º aniversário
de fundação da República Popular da China quanto a 3ª sessão plenária do 20º
Comitê Central do Partido Comunista da China, ressaltando que os resultados
desta reunião serão marcados pelo aprofundamento das reformas e abertura de um
caminho mais promissor.
Mesmo em meio a mudanças e
turbulências jamais vistas nos últimos anos, a China avançou em todos os
aspectos. Desde a economia até a questões relativas a mudanças na governança e
a promoção da paz mundial e a rápida promoção de energia baseada em baixo
carbono. Segundo o líder chinês:
“Lidamos ativamente com os
impactos causados pelas mudanças nos ambientes interno e externo através de um
conjunto de políticas, promovendo com passos firmes o desenvolvimento de alta
qualidade. A economia do país voltou a crescer e apresenta uma tendência
otimista, com a previsão de que o PIB superará 130 trilhões de yuans neste ano.
A produção de grãos ultrapassou 700 milhões de toneladas. O desenvolvimento
regional obteve progresso coordenado, consolidando as realizações que já
alcançamos. A nova urbanização e o revigoramento rural alcançaram o
desenvolvimento integrado com uma perfeita sinergia. O desenvolvimento verde e
de baixo carbono foi expandido a níveis mais profundos, revelando assim um
cenário de uma bela China”.
Um estudo aprofundado do
discurso de Xi Jinping demonstra que uma série de esforços empreendidos pelo
país, principalmente no 14º Plano Quinquenal que se encerrará em 2025. Nos
últimos quatro anos a China avançou de forma surpreendente na construção de sua
soberania alimentar com a elevação constante das colheitas. Trata-se de um
projeto prioritário para que o país dependa menos do exterior e resultado de
políticas de sucesso como o de “revitalização rural”. A economia chinesa está
passando por uma grande transição marcada pelo advento de “novas forças
produtivas de qualidade”, contribuindo para uma dinâmica mais centrada na
inovação tecnológica e na promoção de cadeias produtivas baseadas em baixa
emissão de carbono.
O presidente chinês nos
trouxe alguns dados fundamentais para entender este novo cenário: “A produção
anual de veículos de nova energia bateu a casa de 10 milhões de unidades, e
novos resultados foram alcançados nos setores de circuito integrado,
inteligência artificial e comunicação quântica. A missão Chang’e-6 coletou pela
primeira vez amostras do lado oculto da Lua, o navio Mengxiang explorou as
profundezas do oceano, a Ligação Shenzhen-Zhongshan conecta as duas cidades
através do mar, e a estação de pesquisa Qinling foi erguida no campo de gelo na
Antártica”.
Os dados demonstram o que já
é muito claro para o público especializado: a China avança no rumo de sua
autossuficência tecnológica apesar da tentativa desesperada dos Estados Unidos
em impedir este avanço. Muitos especialistas não percebem que a China construiu
ao longo das últimas décadas um grande edifício industrial e financeiro que
serve de base a um sistema nacional de ciência e tecnologia capaz de lidar com
os maiores desafios. A economia chinesa, baseada na propriedade pública da
grande produção e do sistema financeiro, vai demonstrando superioridade.
Superioridade esta que vai além da competição com outros países. É a
superioridade do socialismo com características chinesas.
Neste contexto de elevação
do poderio econômico chinês, as contribuições do país para a estabilidade
mundial ocorrem de forma concreta. Neste discurso de ano novo, o presidente Xi
Jinping nos lembra de uma série de iniciativas chinesas no exterior, conforme
suas próprias palavras, “aprofundando a solidariedade e a cooperação com o Sul
Global”. Trata-se, principalmente do papel cumprido pela China com a Iniciativa
Cinturão e Rota que se trata atualmente do maior programa de investimentos em
infraestruturas e cooperação em vários níveis jamais vistos na história humana.
São milhares de projetos conjuntos entre a China e mais de 100 países do mundo
de promoção de ligações por terra e mar, levando possibilidades novas de
desenvolvimento econômico aos países mais pobres e vulneráveis. Trata-se de uma
globalização promovida pela China baseada em princípios de solidariedade e
respeito mútuo em detrimento da escalada de guerras, sanções, cercos e
bloqueios promovidos pelas potências ocidentais contra países que buscam seus
próprios caminhos para a promoção do desenvolvimento.
O discurso de ano novo é um
ato que ocorre em todo último dia do ano. O que percebemos de diferente neste
discurso em 2024 é a demonstração de adiantamento de resultados promissores do
14º Plano Quinquenal e apontando que a China tem construído seu próprio caminho
para enfrentar as grandes adversidades do cenário externo. Como já dissemos
mais acima, poucos percebem, mas a governança chinesa preparou-se muito bem nas
últimas décadas para a chegada de um momento onde seu desenvolvimento iria
passar por grandes provas e testes. O discurso de ano novo de Xi Jinping é uma
matéria a ser lida e estudada pelos interessados no presente e no futuro da
China.
¨ China
anuncia aumento de financiamento com títulos para estimular crescimento em 2025
A China aumentará
drasticamente o financiamento de títulos do tesouro ultralongos em 2025 para
estimular o investimento empresarial e as iniciativas de estímulo ao
consumidor, disse um funcionário do planejamento estatal na sexta-feira,
conforme Pequim aumenta o estímulo fiscal para revitalizar a economia.
Os títulos especiais do
tesouro serão usados para financiar atualizações de equipamentos em larga
escala e trocas de bens de consumo, disse Yuan Da, secretário-geral adjunto da
Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), em uma coletiva de
imprensa.
"O tamanho dos fundos
de títulos públicos especiais ultralongos será aumentado drasticamente este ano
para intensificar e expandir a implementação das duas novas iniciativas",
disse Yuan.
De acordo com o programa
lançado no ano passado, os consumidores podem trocar carros ou eletrodomésticos
antigos e comprar novos com desconto, e um programa separado subsidia
atualizações de equipamentos em larga escala para empresas.
As famílias também terão
direito a subsídios para comprar três tipos de produtos digitais este ano,
incluindo telefones celulares, tablets, relógios e pulseiras inteligentes,
disse Yuan.
Em dezembro, a NDRC disse
que Pequim havia alocado todos os recursos de 1 trilhão de iuanes (136,68
bilhões de dólares) em títulos do tesouro especiais ultralongos em 2024, com
cerca de 70% dos recursos financiando "dois grandes projetos" e o
restante indo para as novas iniciativas.
Os líderes chineses
prometeram impulsionar "vigorosamente" o consumo este ano, aumentando
as expectativas de mais medidas para estimular a demanda e combater os riscos
de deflação.
Milhões de funcionários
públicos em toda a China receberam aumentos salariais surpresa nesta semana,
segundo pessoas afetadas pela medida.
A China também aumentará o
financiamento de títulos especiais do tesouro e ampliará o escopo de outro
programa que se concentra no apoio a setores estratégicos importantes, disse
Zhao Chenxin, vice-chefe do planejador estatal, na coletiva de imprensa.
O governo aprovou
antecipadamente projetos para 2025 no valor de 100 bilhões de iuanes sob esse
esquema, disse ele.
Os principais programas
referem-se a projetos como a construção de ferrovias e aeroportos, o
desenvolvimento de terras agrícolas e a construção de capacidade de segurança
em áreas importantes, de acordo com documentos oficiais.
A segunda maior economia do
mundo tem enfrentado dificuldades nos últimos anos devido a uma grave crise
imobiliária, alta dívida do governo local e fraca demanda do consumidor. As
exportações, um dos poucos pontos positivos, poderiam enfrentar mais tarifas
dos EUA em um segundo governo de Donald Trump.
A Reuters informou no mês
passado que as autoridades concordaram em emitir títulos do tesouro especiais
no valor de 3 trilhões de iuanes em 2025, o que seria o maior valor já
registrado.
EXPECTATIVA DE FORTE
ESTÍMULO FISCAL
É provável que a China permita
que os governos locais aumentem a emissão de títulos especiais para 4,7
trilhões de iuanes este ano, ante 3,9 trilhões de iuanes em 2024, disse Zhang
Ming, economista sênior da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um importante
think tank estatal.
A combinação de títulos do
tesouro especial e títulos locais e o déficit orçamentário anual pode chegar a
13 trilhões de iuanes este ano, ou 9-10% do Produto Interno Bruto, disse Zhang
em um artigo publicado no site do China Chief Economist Forum.
"Esse nível de déficit
de base ampla seria raro na história", disse Zhang.
A Reuters noticiou no mês
passado que os líderes chineses concordaram em aumentar o déficit orçamentário
para 4% do PIB em 2025, o maior já registrado na China, enquanto mantêm uma
meta de crescimento econômico de cerca de 5%.
¨ Sanções da China atingem empresas dos EUA após vendas
de armas para Taiwan, diz mídia
A China sancionou
dez empresas de defesa dos EUA nesta quinta-feira (2) devido à venda de armas
para Taiwan, na segunda rodada de medidas em menos de uma semana contra
empresas norte-americanas.
Segundo o
Ministério do Comércio da China, várias subsidiárias da Lockheed Martin,
General Dynamics e Raytheon que "participaram da venda de armas para
Taiwan" foram adicionadas à "Lista de Entidades Não Confiáveis"
por Pequim.
De acordo com o South
China Morning Post (SCMP), ao todo, a China proibiu a exportação de produtos
de dupla utilização para
28 empresas de defesa dos EUA, uma medida
retaliatória em
função do comércio de armas entre Washington e Taipé — uma atividade
condenada por Pequim, pois considera Taiwan parte inalienável de seu território
nacional em conformidade com o princípio de Uma Só China, princípio ao qual os
EUA aderiram.
A General Dynamics,
a Lockheed Martin Corporation e a Boeing Defence, Space & Security foram
adicionadas "para salvaguardar a segurança e os interesses
nacionais e cumprir as obrigações internacionais como a não
proliferação"
de armas, disse o ministério segundo a apuração.
Ainda no dia 27 de
dezembro, a China
anunciou sanções
a sete empresas militares-industriais dos EUA, incluindo a subsidiária da
Boeing Insitu, também relacionada à assistência militar norte-americana,
cuja última venda foi de US$ 571,3 milhões (cerca de R$ 3,5 bilhões) a
Taiwan.
De acordo com
Pequim, tais movimentos "interferem nos assuntos internos da China e minam
a soberania e a integridade territorial da China", disse um porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores chinês em uma coletiva de imprensa no dia 27
de dezembro.
Exército da China
adverte que a inteligência artificial não pode substituir humanos
Os militares
chineses alertam que a inteligência artificial não pode substituir a tomada de
decisões por humanos no campo de batalha porque a IA não assume
responsabilidade por seus atos.
"A IA deve
operar em conjunto com os humanos que tomam decisões para otimizar a eficácia
do comando, melhorando mas não substituindo as ações humanas", indica um
artigo publicado no diário do Exército da China (ELP), citado pelo South
China Morning Post.
Destaca-se que a IA
pode ser usada para aumentar as capacidades
humanas -
através da análise de dados, simulações ou planejamento - mas não pode
substituí-las.
"À medida que
a IA evolui, ela deve permanecer uma ferramenta guiada pelo julgamento humano,
garantindo que responsabilidade, criatividade e adaptabilidade estratégica
permaneçam no primeiro plano da tomada
de decisões militares",
ressalta a mídia.
Uma vez que a IA
opera dentro de limites algorítmicos predefinidos e suas respostas muitas vezes
não têm originalidade, a autonomia e a criatividade humanas são indispensáveis
no campo de batalha.
O ELP aponta que
prefere uma estrutura onde as máquinas analisam dados, fornecem informações e
sugerem ações potenciais. No entanto, "as decisões finais ficam com
os comandantes humanos, protegendo contra erros decorrentes da natureza de
caixa preta da IA".
O artigo acrescenta
que outra fraqueza da tecnologia é sua incapacidade de refletir sobre suas
próprias ações ou assumir a responsabilidade por suas decisões, ao contrário
dos comandantes
humanos que
podem refinar seus planos em resposta às circunstâncias.
¨ Moscou: Ocidente e Kiev são responsáveis pela
interrupção do fornecimento de gás russo via Ucrânia
Moscou considera
Washington e Kiev responsáveis pela interrupção do fornecimento de gás à Europa
pelo gasoduto russo que passa pela Ucrânia, disse a representante do Ministério
das Relações Exteriores, Maria Zakharova nesta quinta-feira (2).
"A
responsabilidade pelo término do fornecimento de gás russo recai
inteiramente sobre os Estados Unidos, o regime fantoche em Kiev e as
autoridades dos Estados europeus, que sacrificaram o bem-estar de seus cidadãos
em prol do apoio financeiro à economia norte-americana", disse ela em
comunicado.
A Ucrânia interrompeu
o trânsito de
gás russo por razões geopolíticas. O principal beneficiário das mudanças
no mercado de energia europeu são os Estados Unidos, acrescentou Zakharova.
"A interrupção
do fornecimento
de energia russa competitiva
e ecologicamente limpa não apenas enfraquece o potencial econômico da
Europa, mas também tem um impacto mais negativo no padrão
de vida dos
cidadãos europeus", argumentou a representante.
O fornecimento de
gás russo via Ucrânia terminou às 08h00 da manhã, horário de Moscou (02h00
no horário de Brasília), nesta quarta-feira (1º), após o encerramento
do contrato entre
a Gazprom e a Naftogaz. A empresa também disse que foi
privada da
capacidade de fornecer gás à Ucrânia devido à "recusa repetida e explícita
da parte ucraniana em estender esses acordos".
¨ Especialistas alertam para crise energética na UE após
interrupção de gás da Rússia via Ucrânia
Após o fim do
trânsito de gás russo barato e confiável pela Ucrânia, os custos de energia
devem aumentar, fortalecendo as pressões inflacionárias e ampliando a crise do
custo de vida, alertam especialistas.
O fornecimento de
gás russo via Ucrânia terminou às 08h00 da manhã, horário de Moscou (02h00
no horário de Brasília), nesta quarta-feira (1º), após o encerramento
do contrato entre
a Gazprom e a Naftogaz.
Kiev já havia
feito declarações sucessivas sobre não ter intenção ou interesse de
estender o acordo, o que reacendeu o medo de uma nova
crise energética na
Europa, alertaram especialistas citados pela Xinhua.
"Se houver uma
crise no fornecimento de energia, a Europa será a mais afetada e isso enfraquecerá
ainda mais seu poder econômico", observou o analista político croata
Robert Frank.
A cessação do
trânsito de gás russo "provavelmente intensificará as pressões de
custo para as indústrias eslovenas e, por extensão, aumentará os preços
ao consumidor",
enfatizou Joze P. Damijan, professor de economia na Universidade de Liubliana.
A Europa ainda não
se recuperou de sua atitude míope de cortar drasticamente sua dependência
do gás russo, o que desencadeou um aumento maciço na inflação e desaceleração
econômica.
O gasoduto
Urengoy-Pomary-Uzhgorod transportou
cerca de
15,5 bilhões de metros cúbicos de gás no ano passado, respondendo
por aproximadamente 4,5% do consumo total de gás na União Europeia (UE),
de acordo com a Gazprom. Moldávia e quatro países da UE — Eslováquia, Áustria,
Itália e República Tcheca — receberam gás russo por esta rota.
O Balkan Stream,
alimentado pelo gasoduto Turkish Stream, continua sendo agora a única fonte de
gás russo para a Europa — garantindo fornecimento para Romênia, Grécia,
Macedônia do Norte, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Hungria.
Fonte: Brasil 247/Sputnik
Brasil/Reuters
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