Bebidas com açúcar podem aumentar o
risco de morte, aponta estudo
Bebidas açucaradas podem deixar um gosto amargo devido
ao seu possível impacto na mortalidade, conforme aponta um novo estudo.
“Esta é uma crise de saúde pública que requer ação
urgente”, afirmou o autor principal da pesquisa, Dariush Mozaffarian,
cardiologista e diretor do Instituto Food is Medicine da Universidade Tufts.
O estudo, publicado na segunda-feira (6) na
revista Nature
Medicine,
analisou dados globais sobre bebidas açucaradas consumidas em todo o mundo,
estudos observacionais e randomizados, e a prevalência de diabetes e doenças
cardiovasculares.
Com as evidências, os pesquisadores criaram um modelo
de risco comparativo e estimaram que as bebidas açucaradas “causam mais
de 330.000 mortes anuais por diabetes e doenças cardiovasculares”, disse
Mozaffarian.
O problema é particularmente grave na América Latina e
no Caribe, que apresentaram o maior número de casos de doenças cardiovasculares
relacionadas a bebidas, e na África Subsaariana, que também teve o maior número
de casos de diabetes tipo 2 por bebidas açucaradas, acrescentou, com base no
modelo dos pesquisadores.
O estudo também examinou a demografia dos mais afetados
por bebidas adoçadas — principalmente homens jovens adultos com maior escolaridade
em áreas urbanas, disse Toby Smithson, nutricionista registrada, membro da
Academia de Nutrição e Dietética e gerente sênior de nutrição e bem-estar da
Associação Americana de Diabetes, que não participou do estudo.
“É hora de prestar atenção e tomar ações prioritárias
para lidar com esse sofrimento trágico e evitável”, disse Mozaffarian por
e-mail.
·
Por
que o açúcar líquido age tão rápido?
Como o estudo não testou um comportamento ou
intervenção contra um grupo de controle, os pesquisadores não podem afirmar que
as bebidas açucaradas estão causando diabetes e doenças cardiovasculares — eles
só podem estimar o impacto.
Os pesquisadores coletaram dados valiosos em 184
países, mas o estudo não considerou todos os níveis de renda e o aumento do
risco de diabetes e doenças cardiovasculares entre grupos étnicos de alto
risco, disse Smithson.
Mas a constatação de que bebidas açucaradas são
prejudiciais faz sentido, já que muitos estudos demonstraram uma ligação entre
essas bebidas e impactos negativos à saúde, disse Mozaffarian.
Bebidas açucaradas têm “calorias vazias” — ou calorias
sem benefícios nutricionais, disse Smithson. Elas também são fonte de
carboidratos de ação rápida, que entram na corrente sanguínea e elevam
rapidamente o açúcar no sangue, acrescentou.
Esses açúcares vazios em forma líquida são ainda mais
prejudiciais do que aqueles em sobremesas ou alimentos doces, disse Suzanne
Janzi, doutoranda em epidemiologia nutricional na Universidade de Lund, na
Suécia, em um artigo anterior da CNN. Ela não participou da pesquisa mais
recente.
“Os açúcares líquidos são absorvidos mais rapidamente
no sistema digestivo, pois não requerem os mesmos processos de decomposição que
os alimentos sólidos”, disse Janzi por e-mail. “Os açúcares sólidos geralmente
fazem parte de alimentos que contêm outros nutrientes como fibras, proteínas e
gorduras.”
Esses nutrientes retardam a digestão, significando que
há uma liberação mais gradual de açúcar na corrente sanguínea, ela disse.
·
Adoçantes
são a resposta?
E quanto às bebidas adoçadas com algo diferente do
açúcar? Elas podem ser melhores, mas não são a resposta, disse Mozaffarian.
“Pesquisas crescentes mostram que tanto os adoçantes
naturais quanto os artificiais de baixa caloria não são inócuos e podem causar
danos à saúde, então estes devem ser considerados uma alternativa menos
prejudicial a curto prazo, não uma solução a longo prazo”, disse ele.
Por exemplo, adoçantes artificiais podem ser um bom
substituto com moderação para pessoas com diabetes, que podem estar acostumadas
a bebidas açucaradas, disse Smithson.
“Ao fornecer uma maneira adequada para diabéticos de
preparar alimentos que as pessoas estão acostumadas a comer, podemos encontrar
as pessoas onde elas estão, oferecendo suporte para gerenciar efetivamente seu
diabetes”, disse ela.
Mas em vez de depender de adoçantes artificiais,
Mozaffarian aconselha mudar para bebidas não adoçadas, como água com gás, chá
ou café sem açúcar, ou simplesmente água pura.
A hidratação é importante para controlar a pressão
arterial, o açúcar no sangue, a temperatura interna e a digestão, disse
Smithson.
“A melhor bebida hidratante é a água”, disse ela por
e-mail. “Se uma pessoa não gosta de água pura, pode incrementar sua bebida
tomando água aromatizada com fatias de limão, lima ou ervas frescas, ou usando
águas com gás que não contenham açúcar adicionado.”
¨ Bebida e barra de proteína são
saudáveis? Estudo responde
Alimentos proteicos, como bebidas, iogurtes e barras de
proteína, são cada vez mais considerados opções práticas para refeições
intermediárias, como lanche da manhã ou da tarde. Frequentemente, esses
produtos são vendidos como opções saudáveis de “snacks” para o dia a dia, mas
um novo estudo mostrou que isso pode não ser verdade.
O trabalho, publicado neste mês na revista científica Nutrients, analisou o
conteúdo e a salubridade de alimentos proteicos. Para isso, os pesquisadores
avaliaram 4.325 alimentos processados de 12 tipos diferentes. Cerca de 13%
deles exibiram alegações de proteína em suas embalagens.
A maior proporção de alimentos considerados proteicos
foi observada entre produtos de carne à base de plantas (68,2%), seguidos por
barras (35,3%) e substitutos de sobremesas de iogurte ou laticínios (21,3%).
Além disso, aproximadamente 60,4% dos alimentos
analisados tinham proteínas fortificadas,
com a maior taxa sendo observada em barras e carnes à base de plantas (90%).
Por outro lado, substitutos do leite e substitutos do iogurte ou sobremesas
lácteas apresentaram as menores taxas de fortificação (7,9% e 3,3%,
respectivamente).
Proteínas vegetais foram adicionadas com mais frequência
a itens fortificados (41,7%) do que proteínas animais (25,9%). A proteína
vegetal mais comumente adicionada foi o glúten, seguido por proteínas do leite
e da soja.
<><> Produtos proteicos foram considerados
“menos saudáveis”
O estudo avaliou a qualidade nutricional dos alimentos
considerados proteicos com base em um modelo de perfil nutricional desenvolvido
pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), da Organização Mundial da Saúde
(OMS).
O trabalho revelou que cerca de 90,8% dos alimentos proteicos
são classificados como “menos saudáveis” e mais de 50% têm alto teor de gordura
e sódio. Além disso, um em
cada quatro itens tinha alto teor de açúcar livre e gordura saturada, e um em
cada cinco itens tinha adoçantes.
Para somar, ao serem comparados com alimentos sem
alegações de proteína, alimentos proteicos apresentaram 17% mais itens “menos
saudáveis”. As proporções de alimentos com altas quantidades de gordura,
sódio ou adoçantes também foram maiores entre os alimentos com proteína.
Por outro lado, as proporções de alimentos com altas
quantidades de açúcar livre ou gordura saturada foram menores entre os itens
alimentares com alegações de proteína.
Diante dos achados, os autores do estudo consideram o
consumo de alimentos proteicos “representa um risco adicional à nossa saúde que
nunca deve ser justificado pela presença de proteína extra”. “Isso é
particularmente sério porque os consumidores muitas vezes não estão cientes
desse risco e, em vez disso, percebem esses alimentos como saudáveis”, afirmam.
Além disso, os pesquisadores orientam que os
consumidores verifiquem a declaração nutricional e a lista de ingredientes dos
alimentos proteicos para fazer escolhas saudáveis.
Fonte: CNN Brasil
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