Alulose: alternativa ao açúcar pode baixar nível de glicose
A alulose, tomada como uma
forma rara de açúcar, foi identificada pela primeira vez em folhas de trigo na
década de 1940, mas só ganhou espaço na pesquisa científica 50 anos depois,
quando Ken Izumori, um professor da Faculdade de Agricultura da Universidade de
Kagawa, encontrou um microrganismo que convertia a frutose em
alulose, com a ajuda de uma enzima.
Foram necessárias mais três
décadas de pesquisa, até que a alulose ganhasse popularidade como adoçante ou
alternativa ao açúcar nos Estados Unidos e na Coreia do Sul, países onde seu
uso comercial já foi aprovado.
Conhecida nestes lugares
como um "açúcar saudável", a alulose ainda é considerada rara porque
é encontrada apenas em pequenas quantidades em alimentos como figos, passas,
kiwis, trigo e melaço.
Ela chega a ser 70% tão doce
quanto o açúcar convencional, a sacarose, mas tem apenas 10% das calorias. Por
isso, virou ingrediente central na corrida bilionária do mercado de alimentos
por uma alternativa ao açúcar. A substância é anunciada comercialmente como
favorável ao controle de peso ou para quem possui diabetes tipo 2. Mas o que
diz a pesquisa sobre este "novo" açúcar, que já começa a chegar nas
prateleiras dos mercados de alguns países?
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A alulose é um adoçante sem calorias?
O órgão regulador de
alimentos dos Estados Unidos, a FDA, aprovou o uso da alulose como um alimento
"geralmente reconhecido como seguro".
No entanto, a União
Europeia, o Canadá e outros países consideram a alulose um alimento novo, cuja
segurança de consumo ainda não foi completamente avaliada pela pesquisa.
Os cientistas ainda estudam,
por exemplo, os efeitos da substância no corpo humano. Até o momento,
investigações mostram que o corpo consegue absorver a alulose, mas não a
metaboliza, o que indica que ela, de fato, não é transformada em glicose.
Na prática, isso significa
que o corpo não reconhece que a alulose contém energia e, portanto, é
"enganado" a eliminar a maior parte das calorias, sem transformar o
carboidrato do açúcar em glicose.
Isso pode tornar o produto
útil para pessoas que querem diminuir o consumo de açúcar, mas ainda assim
querem consumir alimentos doces. Esse é o mesmo motivo pelo qual a alulose se
tornou a preferida para quem segue uma dieta cetogênica — cujo consumo de
carboidratos, como o açúcar, é o menor possível.
Também há evidências de que
a alulose não causa cáries dentárias, como o açúcar.
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Índice glicêmico: como a alulose se compara ao
açúcar?
O índice glicêmico (IG) é
uma medida que classifica os alimentos com base na velocidade com que eles
aumentam os níveis de glicose no sangue.
O açúcar puro, por exemplo,
tem um IG médio e aumenta os níveis de glicose no sangue em 65 em uma escala de
0 a 100.
O pão branco tem um IG de
100, porque ele demora muito para ser digerido.
Já a alulose não eleva os
níveis de glicose no sangue, segundo os estudos mais recentes.
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A alulose é boa para pessoas com risco de diabetes
tipo 2?
O corpo de pessoas com
diabetes tipo 2 não consegue produz ou não usa a insulina de maneira eficiente
para manter os níveis de glicose no sangue equilibrados.
Como a alulose parece ter
pouco ou nenhum impacto nos níveis de glicose, ela pode ser uma alternativa
ideal ao açúcar para pessoas com diabetes tipo 2 ou em risco de desenvolvê-lo.
Estudos identificaram que
mesmo doses altas de alulose não causaram flutuações nos níveis de glicose em
pessoas com diabetes ou pessoas saudáveis.
Algumas análises mostraram
ainda que o consumo da substância produz o efeito contrário e até reduz os
níveis de glicose e insulina após as refeições.
Isso pode ser uma boa
notícia para que convive com diabetes, cuja insulina não consegue regular os
níveis de açúcar no sangue de forma eficiente.
No entanto, mais evidências
de estudos clínicos de maior porte são necessárias para comprovar os benefícios
do alimento.
·
O natural sempre é saudável?
A alulose não tem um sabor
residual forte, o que a torna um adoçante útil para alimentos comerciais, como
o chocolate, e um forte concorrente do aspartame, o adocente artificial.
"Nós reduzimos as
calorias [em nosso chocolate] em até 40% substituindo o açúcar por algo que é
quase livre de calorias", disse Michelle Oten, fundadora da Goalz, uma
empresa que usa exclusivamente a alulose para adoçar seus produtos.
Oten afirmou que eles
queriam "algo que fosse encontrado na natureza, não criado em um
laboratório testando moléculas". No entanto, a etiqueta da alulose como
algo natural e saudável pode ser enganosa.
Isso porque há indícios de
que o consumo de grandes quantidades da substância pode causar dor abdominal,
diarreia, inchaço ou gases.
Além disso, hoje já é
possível produzir a alulose a partir da frutose, que é o açúcar presente na
fruta, alterando sua forma química por meio de enzimas.
A lista de preocupações de
saúde associadas ao consumo de açúcar, que também é um alimento
"natural" é longa. Para citar algumas: diabetes, doenças cardíacas,
depressão, cáries dentárias, câncer.
Fonte: DW Brasil
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