quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Homem preso em Goiás por queimar fazendas diz que motivação foi política e entrega nome de suposto mandante

O homem preso no último sábado (24) em Goiás, acusado de provocar incêndios em fazendas da região, afirmou em depoimento à polícia que o crime foi motivado por questões políticas, conforme relatado pelo Metrópoles nesta segunda-feira (26). A Polícia Militar calcula que cerca de 700 hectares foram queimados.

O suspeito, identificado como Lucas Vieira, declarou ter recebido R$ 300 para incendiar a fazenda de um desafeto político, mas não forneceu mais detalhes sobre o crime.

“Que a motivação foi política, mas o interrogado não sabe detalhes sobre os fatos. Que o mandante do crime não disse o nome do proprietário da terra, afirmou apenas que era um desafeto político”, afirma documento do interrogatório.

Lucas foi preso em flagrante por uma patrulha do Batalhão Rural da Polícia Militar, enquanto tentava atear fogo em um pasto às margens da BR-158, entre Piranhas (GO) e Bom Jardim (GO). O suspeito confessou o crime e entregou um suposto mandante, Rogério Silva, um pedreiro de 33 anos.

Silva, por sua vez, negou qualquer envolvimento. “Eu nem atuo no meio político. Eu faço trabalho braçal, eu sei o que o pessoal passa com queimada. Não tenho nada a ver com isso, Deus me livre”, declarou.

O delegado responsável pelo caso, Fábio Marques, informou que tanto a suposta motivação política quanto o suposto mandante foram noticiados às autoridades de maneira informal.

“O que se tem até agora é o dolo de provocar dano”, disse o delegado ao Metrópoles. Ainda não foi confirmado se a fazenda pertence a algum político.

<><> Preso por queimar fazendas foi solto após alegar esquizofrenia

O salgadeiro Lucas Vieira, de 29 anos, preso por queimar fazendas em Goiás, próximo da fronteira com o Mato Grosso, foi solto um dia após a prisão, no domingo (25/8), depois de afirmar que possuía problemas psiquiátricos.

Em audiência de custódia, a juíza Leila Cristina determinou a liberdade provisória de Lucas desde que ele siga uma série de medidas cautelares. Uma delas é o comparecimento ao CAPS para tratamento de esquizofrenia no prazo de 15 dias.

Lucas foi preso em flagrante na rodovia BR-158, entre as cidades de Piranhas (GO) e Bom Jardim (GO). Os policiais do Batalhão Rural faziam uma patrulha intensificada após denúncias de incêndios na região. Segundo a PM, cerca de 700 hectares foram queimados por causa da ação criminosa do salgadeiro.

Ele relatou em depoimento para a Polícia Civil que recebeu cerca de R$ 300 para provocar os incêndios na fazenda de um desafeto político. Além disso, apontou um suposto mandante do crime, um pedreiro de 33 anos, que nega qualquer relação com o caso.

“Que a motivação foi política, mas o interrogado não sabe detalhes sobre os fatos. Que o mandante do crime não disse o nome do proprietário da terra, afirmou apenas que era um desafeto político”, declarou Lucas no interrogatório.

<><> Investigação

O caso está sob investigação da Polícia Civil de Aragarças (GO). O delegado responsável, Fábio Marques, afirmou ao Metrópoles que, até o momento, a motivação política e o mandante do crime foram apenas noticiados de maneira informal, sem confirmação nos autos. Segundo ele, “o que se tem até agora é o dolo de provocar dano”.

Marques também solicitou uma vistoria para avaliar os estragos causados pelo incêndio, mas ainda não há clareza sobre a propriedade da fazenda destruída ser de um político. Durante a prisão do salgadeiro suspeito, a polícia apreendeu um celular e R$ 307 em espécie.

Várias regiões do Brasil, entre elas Goiás, estão sofrendo com uma onda de incêndios. A Polícia Federal (PF) abriu inquéritos para investigar casos de incêndio criminoso. Duas pessoas foram presas no domingo em São Paulo.

O advogado do salgadeiro, João Rodrigues D’Souza, afirmou que seu cliente já forneceu todas as informações de que dispõe à polícia. “Ele aparenta sofrer de esquizofrenia”, disse Rodrigues, acrescentando que essa questão foi apresentada à juíza, que determinou a necessidade de uma avaliação no Caps para elaboração de um relatório médico.

 

•        Noblat: ‘Se estão tocando fogo de propósito, o nome disso é terrorismo’

Ganhou o nome de tentativa de golpe de Estado a invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, quando milhares de pessoas saquearam os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, revoltadas com a volta de Lula à presidência da República.

Há quem discorde disso. Por exemplo: para o ex-presidente do Supremo, Nelson Jobim, atual diretor de Relações Institucionais e Políticas do banco BTG Pactual, não se tratou de uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, crime previsto no Código Penal. O que aconteceu então? Diz Jobim:

“Aquelas pessoas todas ficaram um tempo enorme na frente dos quartéis, acampados, aquela coisa toda, pretendendo que os militares interviessem. Ou seja, dessem um golpe. […] Eu enxergo aquela manifestação da rua como uma espécie de cara da frustração que tiveram de não obter o golpe militar”.

Ora, se “aquelas pessoas” pressionaram os militares para que dessem um golpe; se os militares que juram respeitar a Constituição assistiram a tudo de braços cruzados; se antes Bolsonaro os convidou para atentar contra a democracia e não foi preso nem denunciado por eles, a democracia esteve em perigo.

Seria exagero chamar de ato terrorista o que vimos no dia 8 de janeiro. Mas não é exagero dizer que o Brasil é alvo de um atentado terrorista caso se confirme a origem criminosa dos incêndios que no último fim de semana devastaram áreas gigantescas do país, ameaçando cidades.

A Organização das Nações Unidas define o terrorismo “como a prática de atos criminosos planeados ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral, num grupo de pessoas ou em particulares, por motivos políticos”. A Polícia Federal foi acionada para investigar a origem dos incêndios.

Segundo Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, “quase todo incêndio no Brasil é criminoso. Não temos incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão.” E completa:

“Em São Paulo, há uma desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário”.

Produtores rurais, ouvidos pela Folha de S. Paulo, compartilham a hipótese de que os incêndios têm origem criminosa. Eles afirmam acreditar que o fogo dos últimos dias foi resultado de ação humana. A forma como as queimadas começaram aponta para uma ação coordenada. É também o que pensa Lula.

Até ontem, a onda de incêndios em São Paulo já acumulava mais de 3,4 mil focos detectados por satélite neste mês: segundo a MetSul Meteorologia, os dados mostram um quadro “absolutamente fora do normal e extraordinário”. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, relembra o “Dia do Fogo” em 2019:

“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘Dia do fogo’ no Pará, há uma forte suspeita de que esteja acontecendo de novo. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo.”

Na última sexta-feira, São Paulo registrou 1.886 focos de incêndios, e superou até mesmo a Amazônia, que contabilizou 1.659 focos no mesmo período. No Brasil inteiro, foram registrados 4.928 focos de calor neste dia. Isso significa que apenas o estado de São Paulo representou 38% de todas as queimadas do país.

 

•        Calor e fogo: “A gente está assustado”, afirma presidente do Ibama

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou ao Metrópoles que o Brasil tem passado por um período de extremos climáticos e que a situação dos incêndios não deve ser normalizada até meados de outubro.

“Como estou te dizendo, é previsão, é uma situação extrema. A La Niña já era para estar operando no sistema, já era para a gente estar em outra situação. Nesta semana, a frente fria deve durar até quarta-feira [28/8], mas já está entrando uma nova onda de calor, então a gente está bastante assustado com isso, inclusive porque uma nova onda de calor está se formando com muita força e deve ser sentida no Brasil inteiro a partir de quarta-feira”, indicou o presidente do Ibama.

O fenômeno climático La Niña, responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacifico, estava previsto para começar no segundo semestre deste ano, em meados de julho e agosto.

Segundo o presidente do Ibama, o aumento dos incêndios no Brasil decorre de uma soma de situações extremas, desde o calor elevado até a baixa umidade do ar. “É uma mistura de condições meteorológicas extremas – seca extrema, calor extremo, baixa umidade, ondas de calor muito intensas – com uma outra situação, que é a ideia da cultura do fogo, a cultura de as pessoas saírem colocando fogo em tudo.”

O Brasil registrou 107.133 focos de calor de 1º de janeiro a 25 de agosto. Esse número representa um aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme divulgou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

<><> Conter focos de calor

Rodrigo Agostinho informou que a sala de situação do Ibama discute estratégias para conter a quantidade de focos de calor. “Mas, de fato, a gente tem uma crise climática superpesada, a maior seca da Amazônia e a maior seca do Pantanal da história. E isso agrava muito a situação. Além do problema, obviamente que as pessoas não param de colocar fogo e juntar duas coisas.”

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta amarelo de perigo potencial de baixa umidade na região central do país. O alerta abrange Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, São Paulo e Tocantins.

“A previsão meteorológica é de pelo menos mais dois meses [de incêndios]. Setembro, outubro”, indicou o presidente do Ibama.

 

•        Sem novos focos, incêndios em SP mataram duas pessoas. Três foram presos

Pelo menos duas pessoas morreram vítimas de incêndios no estado de São Paulo. De acordo com informações divulgadas pela Defesa Civil nesta segunda-feira (26). Em Urupês, dois funcionários de uma usina faleceram na sexta-feira (23) tentando combater o fogo. E três pessoas foram presas. Uma delas foi detida na região de São José do Rio Preto e outra na cidade de Batatais, região de Ribeirão. O homem preso em Batatais é membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), ele gravou vídeo comemorando a ação criminosa.

O governo estadual afirmou não existem novos focos no momento, mas o prejuízo provocado ao estado devido às queimadas supera o valor de R$ 1 bilhão. O número de municípios atingidos por incêndios criminosos no interior paulista aumentou de 46 para 48, segundo o Executivo. O estado tem 645 cidades.

O gabinete de crise informou na manhã desta segunda-feira (26) que, em Altinópolis, na região de Ribeirão Preto, 60 pessoas precisaram de atendimento médico em razão da inalação de fumaça dos incêndios em vegetação.

Na última quinta (22), seis pessoas ficaram feridas em um engavetamento na rodovia Armando Sales de Oliveira (SP-322), no município de Bebedouro, por causa da falta de visibilidade causada pela fumaça do fogo em vegetação.

A Defesa Civil afirmou que 80 pessoas estão desalojadas no estado por causa dos incêndios.

•        Ação humana causou 99,9% dos incêndios em SP, diz Defesa Civil

Secretário nacional de proteção e da Defesa Civil, Wolnei Wolff afirmou, em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (26/8), que 99,99% dos incêndios enfrentados pela estado de São Paulo nesse fim de semana foram causados pela ação humana. O secretário disse, ainda, que os incêndios “possivelmente criminosos” serão apurados pela Polícia Federal.

Além do secretário, o representante do Departamento de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente, Raoni Rajão, definiu a situação como “bem anômala” e apontou que, apesar das investigações ainda não cravarem uma ação coordenada, o surgimento simultâneo dos focos de incêndio causaram estranhamento.

Tanto Wolff como Rajão disseram que a quantidade de incêndios registrados no fim de semana pegou as autoridades de surpresa. Eles reforçaram que não houve eventos específicos que justificariam o início do fogo, como raio e acidentes envolvendo rede elétrica. Rajão chegou, inclusive, a mencionar que o uso de fogo em áreas de canaviais não faria muito sentido “porque, além de ser uma prática proibida no estado nesse período de estiagem, a ação prejudicaria o produtor”.

Wolff ressaltou que o vento forte que atingiu o interior do estado durante o período ajudou a alastrar o fogo e piorou a situação.

A PF investiga as causas dos incêndios e já abriu 31 inquéritos em âmbito nacional, sendo dois deles em São Paulo.

<><> Causas dos incêndios

Segundo Tarcísio, são três os fatores que levaram aos incêndios que deixaram 48 cidades em alerta máximo e o estado em situação de emergência. O primeiro, são as condições climáticas. “Ventos fortes, baixíssima umidade relativa do ar, estiagem prolongada e muito calor. Então, qualquer coisa gerava uma ignição. Qualquer coisa, um caco de vidro, um alumínio que pode provocar ignição e começar esses incêndios”, disse.

Na manhã desta segunda-feira, o governador também mencionou os incêndios criminosos — três suspeitos foram presos em flagrante até o momento, um em São José do Rio Preto, outro em Batatais e o terceiro em Porto Ferreira. “Vamos aprofundar as investigações para identificar a motivação”, afirmou Tarcísio. No entanto, o governador não acredita haver uma ação coordenada.

<><> Tarcísio diz que ainda não detectou ações coordenadas

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que o Estado não identificou nenhuma ação coordenada, até a tarde desta segunda-feira (26/8), nos mais de 3 mil focos de incêndio que atingiram cidades do interior paulista no mês de agosto.

Segundo o governador, as queimadas ocorreram em uma condição climática de estiagem aguda e outros fenômenos, como ocorrência de ventos fortes, que agravaram incêndios criminosos praticados por pessoas em diferentes regiões do estado.

“Em princípio, até aqui, não conseguimos constatar nenhum tipo de relação entre essas pessoas, nenhum tipo de movimento coordenado. Por um lado, existia uma condição climática adversa. Por outro, dois ou três indivíduos fazendo fogo e cometendo crime. De outro, pessoa descartando material de forma irregular, fazendo fogo da mesma forma. O fato é que tivemos essa situação complexa e que tomou essa proporção gigantesca”, afirmou o governador.

Tarcísio destacou que São Paulo tem uma média de registros de 700 a 800 focos de queimadas por ano, e que neste ano, já foram 5 mil. Mas o governador ressaltou que o estado vivia uma estação particularmente seca, com cidades registrando racionamento de água e o governo tendo de trabalhar de forma mais intensa em ações de desassoreamento de rios e abertura de poços.

“A turma está muito focada na investigação. Mas vamos entender o que esta acontecendo. A gente está em um ano de estiagem muito severa”, disse Tarcísio.

Nesse cenário, segundo Tarcísio, “qualquer coisa provoca ignição. Uma bituca de cigarro, uma fogueira de alguém que foi fazer um pic-nic, um pedaço de alumínio, um vidro, essas coisas realmente acontecem”, disse.

O governador, contudo, afirmou que, diante do volume acima do comum dos incêndios florestais neste ano, “aproveitadores” se valeram da situação para colocar fogo em materiais que deveriam ser descartado de outras formas, o que agravou o problema.

A fala do governador vai ao encontro de afirmação feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que no fim de semana comparou a situação de São Paulo com o “dia do fogo”, referindo-se ao episódio ocorrido em agosto de 2019, quando fazendeiros do Pará agiram de forma coordenada para atear fogo em áreas de mata virgem, para “limpar” o terreno para outras atividades econômicas.

 

Fonte: Brasil 247/Metrópoles

 

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