Homem preso em Goiás por queimar fazendas
diz que motivação foi política e entrega nome de suposto mandante
O homem preso no
último sábado (24) em Goiás, acusado de provocar incêndios em fazendas da
região, afirmou em depoimento à polícia que o crime foi motivado por questões
políticas, conforme relatado pelo Metrópoles nesta segunda-feira (26). A Polícia
Militar calcula que cerca de 700 hectares foram queimados.
O suspeito,
identificado como Lucas Vieira, declarou ter recebido R$ 300 para incendiar a
fazenda de um desafeto político, mas não forneceu mais detalhes sobre o crime.
“Que a motivação foi
política, mas o interrogado não sabe detalhes sobre os fatos. Que o mandante do
crime não disse o nome do proprietário da terra, afirmou apenas que era um
desafeto político”, afirma documento do interrogatório.
Lucas foi preso em
flagrante por uma patrulha do Batalhão Rural da Polícia Militar, enquanto
tentava atear fogo em um pasto às margens da BR-158, entre Piranhas (GO) e Bom
Jardim (GO). O suspeito confessou o crime e entregou um suposto mandante,
Rogério Silva, um pedreiro de 33 anos.
Silva, por sua vez,
negou qualquer envolvimento. “Eu nem atuo no meio político. Eu faço trabalho
braçal, eu sei o que o pessoal passa com queimada. Não tenho nada a ver com
isso, Deus me livre”, declarou.
O delegado responsável
pelo caso, Fábio Marques, informou que tanto a suposta motivação política
quanto o suposto mandante foram noticiados às autoridades de maneira informal.
“O que se tem até
agora é o dolo de provocar dano”, disse o delegado ao Metrópoles. Ainda não foi
confirmado se a fazenda pertence a algum político.
<><> Preso
por queimar fazendas foi solto após alegar esquizofrenia
O salgadeiro Lucas
Vieira, de 29 anos, preso por queimar fazendas em Goiás, próximo da fronteira
com o Mato Grosso, foi solto um dia após a prisão, no domingo (25/8), depois de
afirmar que possuía problemas psiquiátricos.
Em audiência de
custódia, a juíza Leila Cristina determinou a liberdade provisória de Lucas
desde que ele siga uma série de medidas cautelares. Uma delas é o
comparecimento ao CAPS para tratamento de esquizofrenia no prazo de 15 dias.
Lucas foi preso em
flagrante na rodovia BR-158, entre as cidades de Piranhas (GO) e Bom Jardim
(GO). Os policiais do Batalhão Rural faziam uma patrulha intensificada após
denúncias de incêndios na região. Segundo a PM, cerca de 700 hectares foram
queimados por causa da ação criminosa do salgadeiro.
Ele relatou em
depoimento para a Polícia Civil que recebeu cerca de R$ 300 para provocar os
incêndios na fazenda de um desafeto político. Além disso, apontou um suposto
mandante do crime, um pedreiro de 33 anos, que nega qualquer relação com o
caso.
“Que a motivação foi
política, mas o interrogado não sabe detalhes sobre os fatos. Que o mandante do
crime não disse o nome do proprietário da terra, afirmou apenas que era um
desafeto político”, declarou Lucas no interrogatório.
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Investigação
O caso está sob
investigação da Polícia Civil de Aragarças (GO). O delegado responsável, Fábio
Marques, afirmou ao Metrópoles que, até o momento, a motivação política e o
mandante do crime foram apenas noticiados de maneira informal, sem confirmação
nos autos. Segundo ele, “o que se tem até agora é o dolo de provocar dano”.
Marques também
solicitou uma vistoria para avaliar os estragos causados pelo incêndio, mas
ainda não há clareza sobre a propriedade da fazenda destruída ser de um
político. Durante a prisão do salgadeiro suspeito, a polícia apreendeu um
celular e R$ 307 em espécie.
Várias regiões do
Brasil, entre elas Goiás, estão sofrendo com uma onda de incêndios. A Polícia
Federal (PF) abriu inquéritos para investigar casos de incêndio criminoso. Duas
pessoas foram presas no domingo em São Paulo.
O advogado do
salgadeiro, João Rodrigues D’Souza, afirmou que seu cliente já forneceu todas
as informações de que dispõe à polícia. “Ele aparenta sofrer de esquizofrenia”,
disse Rodrigues, acrescentando que essa questão foi apresentada à juíza, que
determinou a necessidade de uma avaliação no Caps para elaboração de um
relatório médico.
• Noblat: ‘Se estão tocando fogo de
propósito, o nome disso é terrorismo’
Ganhou o nome de
tentativa de golpe de Estado a invasão da Praça dos Três Poderes em 8 de
janeiro de 2023, quando milhares de pessoas saquearam os prédios do Palácio do
Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, revoltadas com a volta de
Lula à presidência da República.
Há quem discorde
disso. Por exemplo: para o ex-presidente do Supremo, Nelson Jobim, atual
diretor de Relações Institucionais e Políticas do banco BTG Pactual, não se
tratou de uma tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
crime previsto no Código Penal. O que aconteceu então? Diz Jobim:
“Aquelas pessoas todas
ficaram um tempo enorme na frente dos quartéis, acampados, aquela coisa toda,
pretendendo que os militares interviessem. Ou seja, dessem um golpe. […] Eu
enxergo aquela manifestação da rua como uma espécie de cara da frustração que
tiveram de não obter o golpe militar”.
Ora, se “aquelas
pessoas” pressionaram os militares para que dessem um golpe; se os militares
que juram respeitar a Constituição assistiram a tudo de braços cruzados; se
antes Bolsonaro os convidou para atentar contra a democracia e não foi preso
nem denunciado por eles, a democracia esteve em perigo.
Seria exagero chamar
de ato terrorista o que vimos no dia 8 de janeiro. Mas não é exagero dizer que
o Brasil é alvo de um atentado terrorista caso se confirme a origem criminosa
dos incêndios que no último fim de semana devastaram áreas gigantescas do país,
ameaçando cidades.
A Organização das
Nações Unidas define o terrorismo “como a prática de atos criminosos planeados
ou calculados para provocar um estado de terror no público em geral, num grupo
de pessoas ou em particulares, por motivos políticos”. A Polícia Federal foi acionada
para investigar a origem dos incêndios.
Segundo Rodrigo
Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, “quase todo incêndio no Brasil é criminoso. Não temos
incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que
pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão.” E completa:
“Em São Paulo, há uma
desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente
no mesmo horário”.
Produtores rurais,
ouvidos pela Folha de S. Paulo, compartilham a hipótese de que os incêndios têm
origem criminosa. Eles afirmam acreditar que o fogo dos últimos dias foi
resultado de ação humana. A forma como as queimadas começaram aponta para uma
ação coordenada. É também o que pensa Lula.
Até ontem, a onda de
incêndios em São Paulo já acumulava mais de 3,4 mil focos detectados por
satélite neste mês: segundo a MetSul Meteorologia, os dados mostram um quadro
“absolutamente fora do normal e extraordinário”. A ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, relembra o “Dia do Fogo” em 2019:
“Do mesmo jeito que
nós tivemos o ‘Dia do fogo’ no Pará, há uma forte suspeita de que esteja
acontecendo de novo. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois
dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa
curva de experiência nesses anos de trabalho com fogo.”
Na última sexta-feira,
São Paulo registrou 1.886 focos de incêndios, e superou até mesmo a Amazônia,
que contabilizou 1.659 focos no mesmo período. No Brasil inteiro, foram
registrados 4.928 focos de calor neste dia. Isso significa que apenas o estado
de São Paulo representou 38% de todas as queimadas do país.
• Calor e fogo: “A gente está assustado”,
afirma presidente do Ibama
O presidente do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), Rodrigo Agostinho, afirmou ao Metrópoles que o Brasil tem passado por
um período de extremos climáticos e que a situação dos incêndios não deve ser
normalizada até meados de outubro.
“Como estou te
dizendo, é previsão, é uma situação extrema. A La Niña já era para estar
operando no sistema, já era para a gente estar em outra situação. Nesta semana,
a frente fria deve durar até quarta-feira [28/8], mas já está entrando uma nova
onda de calor, então a gente está bastante assustado com isso, inclusive porque
uma nova onda de calor está se formando com muita força e deve ser sentida no
Brasil inteiro a partir de quarta-feira”, indicou o presidente do Ibama.
O fenômeno climático
La Niña, responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacifico, estava
previsto para começar no segundo semestre deste ano, em meados de julho e
agosto.
Segundo o presidente
do Ibama, o aumento dos incêndios no Brasil decorre de uma soma de situações
extremas, desde o calor elevado até a baixa umidade do ar. “É uma mistura de
condições meteorológicas extremas – seca extrema, calor extremo, baixa umidade,
ondas de calor muito intensas – com uma outra situação, que é a ideia da
cultura do fogo, a cultura de as pessoas saírem colocando fogo em tudo.”
O Brasil registrou
107.133 focos de calor de 1º de janeiro a 25 de agosto. Esse número representa
um aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme divulgou
o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Conter focos de calor
Rodrigo Agostinho
informou que a sala de situação do Ibama discute estratégias para conter a
quantidade de focos de calor. “Mas, de fato, a gente tem uma crise climática
superpesada, a maior seca da Amazônia e a maior seca do Pantanal da história. E
isso agrava muito a situação. Além do problema, obviamente que as pessoas não
param de colocar fogo e juntar duas coisas.”
O Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta amarelo de perigo potencial de baixa
umidade na região central do país. O alerta abrange Amazonas, Bahia, Ceará,
Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Minas
Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, São
Paulo e Tocantins.
“A previsão
meteorológica é de pelo menos mais dois meses [de incêndios]. Setembro,
outubro”, indicou o presidente do Ibama.
• Sem novos focos, incêndios em SP mataram
duas pessoas. Três foram presos
Pelo menos duas
pessoas morreram vítimas de incêndios no estado de São Paulo. De acordo com
informações divulgadas pela Defesa Civil nesta segunda-feira (26). Em Urupês,
dois funcionários de uma usina faleceram na sexta-feira (23) tentando combater
o fogo. E três pessoas foram presas. Uma delas foi detida na região de São José
do Rio Preto e outra na cidade de Batatais, região de Ribeirão. O homem preso
em Batatais é membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e, de acordo com a
Secretaria da Segurança Pública (SSP), ele gravou vídeo comemorando a ação
criminosa.
O governo estadual
afirmou não existem novos focos no momento, mas o prejuízo provocado ao estado
devido às queimadas supera o valor de R$ 1 bilhão. O número de municípios
atingidos por incêndios criminosos no interior paulista aumentou de 46 para 48,
segundo o Executivo. O estado tem 645 cidades.
O gabinete de crise
informou na manhã desta segunda-feira (26) que, em Altinópolis, na região de
Ribeirão Preto, 60 pessoas precisaram de atendimento médico em razão da
inalação de fumaça dos incêndios em vegetação.
Na última quinta (22),
seis pessoas ficaram feridas em um engavetamento na rodovia Armando Sales de
Oliveira (SP-322), no município de Bebedouro, por causa da falta de
visibilidade causada pela fumaça do fogo em vegetação.
A Defesa Civil afirmou
que 80 pessoas estão desalojadas no estado por causa dos incêndios.
• Ação humana causou 99,9% dos incêndios
em SP, diz Defesa Civil
Secretário nacional de
proteção e da Defesa Civil, Wolnei Wolff afirmou, em entrevista coletiva na
tarde desta segunda-feira (26/8), que 99,99% dos incêndios enfrentados pela
estado de São Paulo nesse fim de semana foram causados pela ação humana. O secretário
disse, ainda, que os incêndios “possivelmente criminosos” serão apurados pela
Polícia Federal.
Além do secretário, o
representante do Departamento de Controle do Desmatamento e Queimadas do
Ministério do Meio Ambiente, Raoni Rajão, definiu a situação como “bem anômala”
e apontou que, apesar das investigações ainda não cravarem uma ação coordenada,
o surgimento simultâneo dos focos de incêndio causaram estranhamento.
Tanto Wolff como Rajão
disseram que a quantidade de incêndios registrados no fim de semana pegou as
autoridades de surpresa. Eles reforçaram que não houve eventos específicos que
justificariam o início do fogo, como raio e acidentes envolvendo rede elétrica.
Rajão chegou, inclusive, a mencionar que o uso de fogo em áreas de canaviais
não faria muito sentido “porque, além de ser uma prática proibida no estado
nesse período de estiagem, a ação prejudicaria o produtor”.
Wolff ressaltou que o
vento forte que atingiu o interior do estado durante o período ajudou a
alastrar o fogo e piorou a situação.
A PF investiga as
causas dos incêndios e já abriu 31 inquéritos em âmbito nacional, sendo dois
deles em São Paulo.
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Causas dos incêndios
Segundo Tarcísio, são
três os fatores que levaram aos incêndios que deixaram 48 cidades em alerta
máximo e o estado em situação de emergência. O primeiro, são as condições
climáticas. “Ventos fortes, baixíssima umidade relativa do ar, estiagem
prolongada e muito calor. Então, qualquer coisa gerava uma ignição. Qualquer
coisa, um caco de vidro, um alumínio que pode provocar ignição e começar esses
incêndios”, disse.
Na manhã desta
segunda-feira, o governador também mencionou os incêndios criminosos — três
suspeitos foram presos em flagrante até o momento, um em São José do Rio Preto,
outro em Batatais e o terceiro em Porto Ferreira. “Vamos aprofundar as
investigações para identificar a motivação”, afirmou Tarcísio. No entanto, o
governador não acredita haver uma ação coordenada.
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Tarcísio diz que ainda não detectou ações coordenadas
O governador Tarcísio
de Freitas (Republicanos) afirmou que o Estado não identificou nenhuma ação
coordenada, até a tarde desta segunda-feira (26/8), nos mais de 3 mil focos de
incêndio que atingiram cidades do interior paulista no mês de agosto.
Segundo o governador,
as queimadas ocorreram em uma condição climática de estiagem aguda e outros
fenômenos, como ocorrência de ventos fortes, que agravaram incêndios criminosos
praticados por pessoas em diferentes regiões do estado.
“Em princípio, até
aqui, não conseguimos constatar nenhum tipo de relação entre essas pessoas,
nenhum tipo de movimento coordenado. Por um lado, existia uma condição
climática adversa. Por outro, dois ou três indivíduos fazendo fogo e cometendo
crime. De outro, pessoa descartando material de forma irregular, fazendo fogo
da mesma forma. O fato é que tivemos essa situação complexa e que tomou essa
proporção gigantesca”, afirmou o governador.
Tarcísio destacou que
São Paulo tem uma média de registros de 700 a 800 focos de queimadas por ano, e
que neste ano, já foram 5 mil. Mas o governador ressaltou que o estado vivia
uma estação particularmente seca, com cidades registrando racionamento de água
e o governo tendo de trabalhar de forma mais intensa em ações de
desassoreamento de rios e abertura de poços.
“A turma está muito
focada na investigação. Mas vamos entender o que esta acontecendo. A gente está
em um ano de estiagem muito severa”, disse Tarcísio.
Nesse cenário, segundo
Tarcísio, “qualquer coisa provoca ignição. Uma bituca de cigarro, uma fogueira
de alguém que foi fazer um pic-nic, um pedaço de alumínio, um vidro, essas
coisas realmente acontecem”, disse.
O governador, contudo,
afirmou que, diante do volume acima do comum dos incêndios florestais neste
ano, “aproveitadores” se valeram da situação para colocar fogo em materiais que
deveriam ser descartado de outras formas, o que agravou o problema.
A fala do governador
vai ao encontro de afirmação feita pela ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, que no fim de semana comparou a situação de São Paulo com o “dia do
fogo”, referindo-se ao episódio ocorrido em agosto de 2019, quando fazendeiros
do Pará agiram de forma coordenada para atear fogo em áreas de mata virgem,
para “limpar” o terreno para outras atividades econômicas.
Fonte: Brasil
247/Metrópoles
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