Carlos
Bolsonaro: pivô de esquema de corrupção de R$ 2 milhões, militar pagou contas
do vereador
Chefe
de gabinete de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro desde 2018,
o primeiro-sargento da Marinha, Jorge Luiz Fernandes - que passou para a reserva em 2005 - pagou
sistematicamente contas pessoais do filho "02", como faturas de
cartão de crédito, plano de saúde, impostos e multas de trânsito.
A
informação, divulgada por Juliana Dal Piva no ICL Notícias, consta no relatório
da investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ)
sobre o esquema de corrupção, conhecido como "rachadinha", que foi
montado no gabinete do vereador.
Segundo
a reportagem, os investigadores encontraram ao menos 23 contas de Carlos,
totalizando cerca de R$ 28 mil, pagas por Fernandes entre 2012 e 2019. Desde
dezembro, o filho de Bolsonaro repassou ao chefe de gabinete apenas R$ 8 mil.
Laudo
do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do
MP-RJ comprovou a movimentação atípica a partir da análise das contas de Jorge
Luiz Fernandes, que desde 2018 atua como chefe de Gabinete de Carlos Bolsonaro
na Câmara do Rio.
Em
outra reportagem, Juliana Dal Piva revela que o MP-RJ tem provas de que Carlos
acessou um cofre que possuía no Banco do Brasil, em agência no Centro do Rio,
menos de três horas antes de pagar em dinheiro vivo um apartamento declarado
muito abaixo do valor.
Carlos
declarou o imóvel com valor de R$ 70 mil, sendo que a prefeitura já havia
avaliado o mesmo apart-hotel por R$ 236 mil.
·
Pivô das rachadinhas
Fernandes
é primeiro-sargento da Marinha, está reformado desde setembro de 2005, e
recebeu salário de R$ 26,6 mil da Câmara do Rio de Janeiro em maio. O militar
ainda acumula o salário de reservista, de cerca de R$ 10 mil mensais.
Segundo
o MP-RJ, o militar recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos
provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo filho de Jair
Bolsonaro.
O
documento constatou que, entre 2009 e 2018, Fernandes recebeu créditos dos
seguintes funcionários: Juciara da Conceição Raimundo (R$ 647 mil, em 219
lançamentos), Andrea Cristina da Cruz Martins (R$ 101 mil, em 11 lançamentos),
Regina Célia Sobral Fernandes (R$ 814 mil, 304 lançamentos), Alexander Florindo
Batista Júnior (R$ 212 mil, em 53 lançamentos), Thiago Medeiros da Silva (R$ 52
mil, em 18 lançamentos) e Norma Rosa Fernandes Freitas (R$ 185 mil, em 83
lançamentos).
O
chefe de gabinete de Carlos também fez 858 saques com valores superiores a R$
500, de acordo com laudo do MP-RJ.
Além
disso, os investigadores comprovaram que Fernandes usou dinheiro de suas contas
para pagar despesas pessoais de Carlos.
Segundo
o MP-RJ, a movimentação financeira é a prova mais consistente na investigação
sobre o esquema de corrupção.
·
Cargos comissionados
Além
de Fernandes, ao menos quatro investigados pelo MP-RJ no caso seguem
trabalhando como assessores de Carlos Bolsonaro.
Um
deles é Alexander Florindo Baptista, que, segundo o MP do Rio, repassou um
montante de R$ 212 mil para Fernandes entre 2015 e 2018. O salário dele é de R$
17.391,99 na Câmara Municipal do Rio.
Thiago
Medeiros da Silva, com remuneração de R$ 18.000 da Câmara, exerce desde 2014 o
cargo de consultor no gabinete de Carlos. Ele é investigado pelo MP do Rio por
ter repassado R$ 52.800, em 52 lançamentos, para o chefe de gabinete do
vereador entre 2015 e 2018.
Edir
Barbosa Góes, com salário de R$ 12 mil, foi o único que sobrou de sua família
no gabinete de Carlos Bolsonaro. Ele é investigado pelo MP por colocar a
família para trabalhar no gabinete como supostos funcionários fantasmas. O
assessor, a mulher, os filhos e a irmã sacaram um total de R$ 4.743.072 entre
2005 e 2019.
·
Ponta do iceberg
A
investigação sobre as rachadinhas no gabinete de Carlos Bolsonaro é a ponta do
iceberg do esquema de corrupção do clã, que fez Bolsonaro enriquecer em mais de
três décadas atuando como político.
Embora
o MP-RJ tenha focado a investigação atual a partir de 2009, o esquema das
rachadinhas no gabinete de Carlos teria começado no primeiro mandato do
vereador, em 2001.
Em
2000, Carlos foi emancipado pelo pai para que vencesse a mãe na disputa a uma
vaga na Câmara do Rio.
À
época, Bolsonaro havia se separado de Rogéria Nantes - mãe de Carlos, Flávio e
Eduardo - para ficar com Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan, que foi alçada
a chefe de gabinete do filho "02", então com 17 anos.
"Quando
o Carlos foi eleito, era uma criança. Vivia no gabinete dele jogando videogame,
à época. Com 17, 18 anos, tanto que foi ela que assumiu a chefia do gabinete do
Carlos. Foi onde ela [Ana Cristina] começou com isso [rachadinhas]",
contou Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-funcionário do clã em entrevista em
setembro de 2021.
Ana
Cristina teria sido a primeira operadora do esquema de rachadinha, que anos
depois foi montado também no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Na
Alerj, Ana Cristina replicou o modelo de corrupção criado no gabinete de
Carlos, que foi comandado anos depois pelo ex-PM Fabrício de Queiroz.
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FASCISMO BOLSONARISTA:
PT vai acionar Carla Zambelli por racismo contra Benedita da Silva
A
bancada do PT na Câmara dos Deputados anunciou nesta quarta-feira (3) as ações
por racismo que serão movidas na Justiça e na Câmara contra a bolsonarista
Carla Zambelli (PL-SP) que desferiu uma série de ataques conta Benedita da
Silva (PT), primeira senadora negra do Brasil, que segue na ativa como deputada
aos 82 anos.
"Repudiamos
as agressões proferidas pela parlamentar do PL e exigimos sua punição, de forma
a se restabelecerem o decoro, o respeito e a conduta ética no Parlamento
brasileiro", afirma em nota a bancada petista.
A
Secretaria Nacional de Mulheres do PT também deve acionar judicialmente a
deputada, que já é ré no Supremo Tribunal Federal (STF) por perseguição armada
ao jornalista negro Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de
2022.
Em
declaração ao jornal O Globo, Benedita afirmou que a deputada bolonsonarista
"terá a correção necessária".
"Estava
ali como coordenadora geral do encontro, preocupada com o encontro. Quando eu
soube, já tinham tomado providências na Câmara, o PT já tinha se manifestado
com uma nota de repúdio, e as mulheres (do evento) já estavam também se
posicionando nos seus núcleos. Eu acredito que ela terá a correção necessária,
se jurídica, se política, mas já tomaram providência. Eu acho que isso ela vai
ter que responder, porque já tem gente entrando com ações".
No
ataque racista, a deputada bolsonarista chamou Benedita, coordenadora da
Bancada Feminina e da Secretaria da Mulher da Câmara, de "Chica da
Silva".
A
declaração de Zambelli se deu ao reclamar de não ter sido autorizada a
discursar na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20 em Maceió (AL), evento de
parlamentares dos países que compõem o G20, grupo atualmente presidido pelo
Brasil. Benedita da Silva discursou no encontro.
“Eu
não vou ter poder de fala, né? Eu não vou falar porque provavelmente... não sei
por que que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher,
que é a Chica da Silva”, disparou Zambelli.
Francisca
da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva, é uma figura histórica.
Trata-se de uma mulher escravizada do século 18 que obteve alforria e rompeu
barreiras sociais ao se tornar uma figura proeminente e poderosa em Arraial do
Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Sua história inspirou livros, filmes
e novela.
Apesar
de Chica da Silva ser uma personalidade destacada, a declaração de Zambelli, se
referindo a Benedita da Silva com o nome da mulher escravizada que ganhou
alforria, foi feita com tom de deboche e, por isso, vem sendo apontada como um
ataque.
"Ao
fazer esta comparação com a personagem histórica, uma mulher negra escravizada
e alforriada, Zambelli se utiliza do racismo para tentar constranger e humilhar
a deputada Benedita", diz a bancada do PT em nota - leia a íntegra ao
final da reportagem.
"Benedita
é um patrimônio não só do nosso partido mas de todos os que acreditam na
democracia e em uma sociedade mais justa e igualitária, sem racismo, machismo
ou misoginia. A Bancada do PT e, em especial, a Bancada Feminina do PT na
Câmara, não aceitarão que se naturalizem atos de racismo, discriminação e
violência política de gênero e raça no Parlamento brasileiro", diz ainda o
texto.
·
Solidariedade
O
ataque de Carla Zambelli gerou uma onda de solidariedade a Benedita da Silva.
Em nota, o PT do Rio de Janeiro repudiou a fala racista da deputada
bolsonarista contra a parlamentar que, além de referência na luta do movimento
negro, foi a primeira mulher a governar seu estado.
"Nossa
solidariedade e apoio a nossa grande referência e exemplo de luta Benedita da
Silva, que foi chamada de 'Chica da Silva' pela deputada bolsonarista Carla
Zambelli. Benedita tem uma trajetória política exemplar, principalmente na luta
do povo preto. Racistas não passarão", diz a legenda.
Ministros
do governo Lula também estão entre aqueles que se manifestaram sobre o assunto.
O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que Benedita "é uma
das maiores referências da política nacional".
"Uma
inspiração para homens e mulheres que lutam por um país democrático,
desenvolvido e sem racismo. Deputada Benedita, amamos a senhora e sempre
estaremos ao seu lado", escreveu.
O
ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, por sua vez, repudiou
"as manifestações de cunho racista proferidas contra a nossa
guerreira".
"Benedita
da Silva tem trajetória política exemplar de luta, principalmente na luta do
povo preto e das minorias. É a única parlamentar negra eleita deputada federal
constituinte e é um grande exemplo para nós do Partido dos Trabalhadores e para
o Brasil. Não podemos aceitar que discursos racistas e de ódio encontrem espaço
em nossa sociedade e muito menos vindas de parlamentares, que devem seguir uma
conduta ética e exemplar. Estamos com você, Bené!".
<><>
Leia a nota da bancada do PT na Câmara na íntegra
>>>> Bancada do PT repudia manifestações racistas
contra a deputada Benedita da Silva
A
Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados manifesta sua solidariedade
à deputada Benedita da Silva (PT-RJ), vítima de manifestações de cunho racista
proferidas pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
Carla
Zambelli, em mais de uma oportunidade, no decorrer do evento do P20, nos dias
1º e 2 de julho, se referiu à deputada Benedita de forma desrespeitosa a
chamando de Chica da Silva ou Chica.
Ao
fazer esta comparação com a personagem histórica, uma mulher negra escravizada
e alforriada, Zambelli se utiliza do racismo para tentar constranger e humilhar
a deputada Benedita.
A
trajetória de Benedita da Silva, a nossa Bené, é orgulho para as
mulheres, para o povo negro e os trabalhadores do nosso País.
Benedita
da Silva, em seus 82 anos, foi deputada constituinte, senadora, ministra de
Estado, governadora e vice-governadora, e hoje conduz a Secretaria da Mulher na
Câmara dos Deputados e atua como vice-coordenadora da primeira Bancada Negra da
Câmara.
Benedita
é um patrimônio não só do nosso partido mas de todos os que acreditam na
democracia e em uma sociedade mais justa e igualitária, sem racismo, machismo
ou misoginia.
A
Bancada do PT e, em especial, a Bancada Feminina do PT na Câmara, não aceitarão
que se naturalizem atos de racismo, discriminação e violência política de
gênero e raça no Parlamento brasileiro.
Repudiamos
as agressões proferidas pela parlamentar do PL e exigimos sua punição, de forma
a se restabelecerem o decoro, o respeito e a conduta ética no Parlamento
brasileiro.
Brasília,
2 de julho de 2024.
Bancada
do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados
¨
O ataque racista de
Carla Zambelli
A
deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) promoveu um ataque racista contra Benedita da Silva (PT-RJ),
coordenadora da Bancada Feminina e da Secretaria da Mulher da Câmara. Em
uma live transmitida através de seus perfis nas redes sociais, na noite desta
terça-feira (2), a bolsonarista chamou a petista de "Chica da
Silva".
A
declaração de Zambelli se deu ao reclamar de não ter sido autorizada a
discursar na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20 em Maceió (AL), evento de
parlamentares dos países que compõem o G20, grupo atualmente presidido pelo
Brasil. Benedita da Silva discursou no encontro.
“Eu
não vou ter poder de fala, né? Eu não vou falar porque provavelmente... não sei
por que que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher,
que é a Chica da Silva”, disparou Zambelli.
Francisca
da Silva de Oliveira, ou simplesmente Chica da Silva, é uma figura
histórica. Trata-se de uma mulher escravizada do século 18 que obteve alforria
e rompeu barreiras sociais ao se tornar uma figura proeminente e poderosa
em Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Sua história
inspirou livros, filmes e novela.
Apesar
de Chica da Silva ser uma personalidade destacada, a declaração de Zambelli, se
referindo a Benedita da Silva com o nome da mulher escravizada que ganhou
alforria, foi feita com tom de deboche e, por isso, vem sendo
apontada como um ataque racista.
É o
que explica o historiador Douglas Belchior, ativista e cofundador da
UneAfro e Coalização Negra por Direitos.
"Atrevida
e muito inteligente, Xica da Silva foi uma mulher escravizada que virou rainha
no século 18 no Brasil. Benedita da Silva nasceu favelada, uma forma moderna de
manutenção da escravidão. E se tornou rainha na política brasileira. Poderia
ser esse o paralelo. Mas não foi isso que Carla Zambelli quis dizer em uma
live, quando chamou Benedita da Silva de 'Chica da Silva'. Ao vivo, para todo o
Brasil, com imagens, cometeu o crime de racismo".
Belchior
ainda cobrou providências da Câmara contra Carla Zambelli.
"Quais
serão as providências tomadas pelas autoridades!? Como se posicionará
Arthur Lira, que chefia a Casa onde atuam as duas parlamentares? Deixo aqui
minha solidariedade com Benedita da Silva, companheira querida de longas
batalhas e militante histórica do movimento negro. Revoltante! Carla
Zambelli, lave sua boca para falar de Benedita!".
Fonte:
Fórum
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