Infectologista alerta que, apesar da
dengue, Covid-19 não deve ser ignorada
O aumento de mais de 20%
este ano, no número de casos de dengue na Bahia, com registro de três óbitos e
38 municípios em epidemia, assusta. No entanto, a covid-19, cujos sintomas são
comuns ao da dengue, não deve ser desconsiderada, pois também oferece riscos à
saúde da população, especialmente pela ocorrência de casos graves e óbitos.
Segundo dados do
último boletim epidemiológico, divulgado no dia 19 de fevereiro pela Secretaria
de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), desde 2020, a Bahia já contabiliza
1.829.356 casos de covid-19, com 31.937 mortes registradas. Apenas este ano, já
foram 5.613 casos da doença e 37 óbitos no estado.
A médica
infectologista Ana Verena Almeida Mendes alerta que os riscos da doença
persistem e que, após a pandemia e a vacina, existe uma falsa segurança de que
a covid não vai vir mais grave, que não precisa testar, de muito desconforto em
pensar em isolamento. “Isso é até compreensível. O que eu mais escuto no
consultório é: e se for, vai mudar o quê? Então, vai sim mudar. Se for Covid,
nós temos indicações de medicamentos para os casos graves em pessoas que têm
problemas de imunidade deficiente, idosos. Nós temos medicação para essas
pessoas, tanto em uso ambulatorial, que é o Ritonavir e Nirmatrevir, o
Paxlovid, fornecido inclusive pela rede pública, e nós temos tratamento para os
casos que precisam de internação”, pontua.
O Ministério da Saúde
reforça a necessidade de vacinação e de adoção de medidas não-farmacológicas
para evitar casos graves e óbitos por covid-19. Alguns sintomas são comuns aos
da dengue, como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Porém, a covid-19 também
se caracteriza por sintomas respiratórios, como dor de garganta e coriza, e
quem apresentá-los deve procurar os serviços de saúde e seguir as recomendações
médicas.
A infectologista
explica que níveis satisfatórios da vacinação para a covid-19 não foram
atingidos, particularmente, da vacina bivalente. “E essa segurança de que você
vacinou e você está livre é uma falsa segurança, porque assim como para a
influenza a imunização tem que ser anual, para a covid a garantia de um menor
risco estaria relacionada à vacinação, ao reforço com a vacina bivalente”,
explica a médica.
Apesar deste cenário e
da eficácia demonstrada pela redução de casos graves e óbitos nos últimos três
anos, os índices de vacinação estão aquém da meta estabelecida pelo Ministério
da Saúde: apesar da meta de 90% de cobertura, apenas 6,2% das crianças de seis
meses a dois anos de idade e 6,5% das crianças de três a quatro anos concluíram
o esquema vacinal.
• Dados da doença
Quando analisados as
últimas 10 semanas epidemiológicas, que corresponde ao período de 2023 e 2024,
a proporção dos casos confirmados de covid-19 por faixa etária é maior entre
pessoas de 20 a 49 anos, o que representa 52% dos casos. Já com relação ao gênero,
o feminino corresponde a 63,6% dos registros.
Os municípios com mais
casos confirmados são: Salvador (3.160), Feira de Santana (541), Alagoinhas
(223), Itabuna (210 e Lauro de Freitas (196). Já com relação aos óbitos
registrados, a maior incidência está nas cidades de Salvador (29), Feira de
Santana (9) e Vitória da Conquista (5).
Em todo o país, de
acordo com o último levamento divulgado do MS, foram notificados, este ano,
241.640 casos e 1.325 óbitos até 17 de fevereiro, com registro de aumento nos
números de casos e óbitos em comparação com a semana anterior.
• Prevenção
Neste período
pós-Carnaval, época de grande circulação de pessoas e aglomerações, o
Ministério da Saúde recomenda “o uso de máscaras em ambientes de maior risco,
principalmente nos ambientes assistenciais em saúde, e por pessoas em maior
vulnerabilidade a formas graves”. Outro ponto de atenção é para a necessidade
de uso de máscaras por pessoas com sintomas suspeitos de covid-19 ou outras
infecções respiratórias, além de procurar orientação médica para diagnóstico e
aconselhamento.
A médica Ana Verena
Mendes afirma ainda que, em caso de uma infecção respiratória, o contato com
uma pessoa imuno-deficiente, idosa, grávida, pode ser de grande risco, com a
ocorrência de um quadro grave da doença. “O negacionismo que havia para a
vacinação, ele está agora para o diagnóstico e as pessoas não querem se
diagnosticar, porque têm medo de precisar da medicação e têm medo do
isolamento. Mas, não estão pensando nas
consequências da doença, especialmente se não estiverem devidamente vacinados e
nas consequências para aqueles que têm maior risco”, completa.
Fonte: Tribuna da
Bahia
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