As pessoas para quem ainda não entramos em 2024
Chegou o Ano Novo para
muitas pessoas... mas, para outras, não.
Enquanto muita gente comemora a chegada de 2024,
há outros
calendários em uso no mundo todo que indicam um ano completamente diferente.
O fato é que estamos entrando no ano de
2024 de acordo com o calendário gregoriano, que é adotado na prática
pela maior parte dos países.
Esse calendário, baseado no ciclo solar, foi introduzido pelo
papa Gregório 13 em 1582.
E surgiu como uma reformulação do calendário
juliano, criado pelo líder romano Júlio César, que correspondia à rotação da
Terra ao redor do Sol, mas não era tão preciso.
Até então, muitos países cristãos celebravam o Ano
Novo em 25 de março, data que marca a aparição do arcanjo Gabriel à Virgem
Maria, mas o Papa Gregório restabeleceu o 1º de janeiro como início oficial do
ano.
Há, no entanto, outros calendários em uso ao redor
do mundo.
·
Calendário judaico
Pelo calendário judaico, estamos no ano 5784.
E, de acordo com ele, o Ano Novo é celebrado no fim
de setembro, durante o chamado mês de Tishrei.
Há, na verdade, quatro calendários diferentes no
judaísmo, incluindo um dedicado às árvores.
O de Tishrei se refere ao aniversário da criação do
universo.
Trata-se de um calendário lunissolar, ou seja, que
leva em consideração os ciclos do Sol e da Lua.
É costume mergulhar um pedaço de fruta no mel para
ter um ano novo doce.
Mas também é tempo de penitência e reflexão.
Um dos rituais, chamado Tashlich, consiste em jogar
migalhas de pão na água corrente para simbolizar a purificação dos pecados.
·
Calendário islâmico
De acordo com o calendário islâmico ou hegírico,
estamos no ano 1445, que começou em agosto.
O calendário islâmico data de quando o profeta
Maomé fugiu da cidade de Meca para Medina.
É um calendário baseado nos ciclos da Lua. É por
isso que as datas de todos os rituais islâmicos variam.
Embora as pessoas celebrem o ano novo hegírico, o
calendário gregoriano é o oficial na maioria dos países árabes.
·
Calendário chinês
Assim como o calendário judaico, o tradicional
calendário chinês também é lunissolar. E o ano novo chinês cai numa data
diferente a cada ano.
Em 2024, por exemplo, vai ser celebrado no dia 10
de fevereiro.
Cada ano recebe o nome de um dos 12 animais do
horóscopo chinês, que têm um papel importante na cultura do país.
O próximo ano será o ano do dragão.
O ano novo chinês também é conhecido como Festival
da Primavera.
É um feriado de uma semana e remonta à Antiguidade.
·
Coreia do Sul
O Ano Novo lunar é comemorado em muitos países
asiáticos, como a Coreia do Sul.
Os sul-coreanos comemoram o ano novo duas vezes.
O primeiro dia do tradicional ou "antigo"
calendário lunar coreano é chamado Seollal.
Assim como na China, é um dos maiores feriados do
ano e será comemorado em 10 de fevereiro.
Mas os sul-coreanos também celebram 1º de janeiro
como o "novo" ano novo, de acordo com o calendário gregoriano,
introduzido na Coreia no fim do século 19.
Mas sua instituição é mais uma questão simbólica e
administrativa.
·
Coreia do Norte
Na Coreia do Norte, por outro lado, nenhum deles é
considerado um feriado importante.
Eles colocam o ano novo em segundo plano em relação
aos feriados socialistas.
·
Índia
Na Índia, por sua vez, há bem mais de duas datas.
Os hindus de diferentes partes do país celebram o
ano novo com base em seus próprios calendários — que podem seguir os ciclos
solar, lunar ou ambos.
O ano novo Tamil, que é comemorado principalmente
no estado indiano de Tamil Nadu, no sul da Índia, geralmente cai no dia 14 de
abril.
E, geralmente, é perto ou na mesma data do ano novo
bengalês, birmanês e cingalês.
·
O calendário Tamil mais comum compreende ciclos de 60 anos.
Persa
Para os iranianos, estamos no ano 1402.
O Ano Novo persa é comemorado no equinócio da
primavera, mais precisamente, no primeiro dia da estação, quando a luz solar
incide da mesma forma sobre os dois hemisférios, fazendo com que os dias e as
noites tenham a mesma duração (12 horas cada).
O calendário é baseado no movimento da Terra ao
redor do Sol.
E o ano novo ou Nowruz, que significa
novo dia em persa, geralmente cai por volta de 20 de março.
O Nowruz é comemorado há mais de 3
mil anos, não apenas pelos iranianos, por outras comunidades também.
Para celebrar, eles preparam uma mesa decorada com
sete itens simbólicos, e os jovens visitam o membro mais velho da família por
respeito.
Ø Por que o
ano não acaba à meia-noite de 31 de dezembro, nem dura sempre o mesmo tempo
Brindes, ondas, uvas, resoluções, simpatias... A
meia-noite do dia 31 de dezembro costuma
ser um momento de esperança e balanço para milhões de pessoas em todo o
planeta.
Um ano "acaba" e outro "começa"
e, com ele, as aspirações de dias melhores e de inúmeros propósitos
e novas metas.
É o último dia do calendário
gregoriano, o convencional de 365 dias (mais um nos anos
bissextos, como foi 2020 e será 2024) que rege o Ocidente desde que o calendário
juliano deixou de ser usado, em 1582.
A virada celebra o fim de um ciclo que marca o
tempo de várias culturas há milênios: uma volta completa da Terra em torno de
sua estrela.
"O que tradicionalmente entendemos por ano,
tanto em astronomia quanto
em muitas culturas, é o tempo que nosso planeta leva para girar em torno do
Sol", explica à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) o astrônomo e
acadêmico Eduard Larrañaga, do Observatório Astronômico Nacional da
Universidade Nacional da Colômbia.
Porém, como o físico teórico também relata, a data
em que um ano começa e termina não é baseada na Ciência — é, na verdade, uma
convenção, ou seja, um sistema, em última análise, "inventado".
"Partir do pressuposto de que o ano termina à
meia-noite do dia 31 de dezembro e começa no dia 1º de janeiro é uma construção
social, uma definição que foi feita em um momento da história", afirma.
Segundo Larrañaga, dado que a base para medir um
ano é o tempo que a Terra leva para dar a volta no Sol, contar quando esse
ciclo começa e termina pode ocorrer, na prática, a qualquer momento.
"Do ponto de vista astronômico, nada de
especial acontece no dia 31 de dezembro para dizer que é aqui que termina o
ano, tampouco nada de especial acontece no dia 1º de janeiro para dizer que é
quando começa", explica.
"Na realidade, em toda a órbita da Terra não
há nada de especial ou fora do comum que aconteça para marcar a mudança de um
ano."
Mas não para por aí.
A duração exata de 365 dias do ano (ou 366, no caso
dos bissextos) é outra convenção social.
"Na verdade, há muitas formas de medir a
duração de um ano", diz Larrañaga.
E, dependendo da forma utilizada, a duração não é a
mesma.
Mas como isso é possível?
·
A duração do ano
Desde que foi introduzido pelo imperador Júlio
César, em 46 a.C., o calendário juliano serviu para contar a passagem dos anos
e da história da Europa até o fim do século 16.
Porém, desde a Idade Média, vários astrônomos
perceberam que essa forma de medir o tempo produzia um erro acumulado de
aproximadamente 11 minutos e 14 segundos a cada ano.
Foi então que, em 1582, o Papa Gregório 13 promoveu
a reforma do calendário que usamos até hoje, fazendo ajustes para aperfeiçoar o
modelo introduzido por Júlio César, que já previa os anos bissextos. Uma das
alterações instituídas pelo pontífice para lidar com o excedente acumulado foi
deixar de tornar um ano bissexto aquele divisível por 100, mas não por 400. Por
exemplo, 2000 e 1600 foram anos bissextos, mas 1700 e 1900 não.
Larrañaga explica que, do ponto de vista da
astronomia, a base para a definição do que é um ano, não existe uma unidade de
medida única, mas pelo menos quatro para contar o tempo que a Terra leva para
dar uma volta em torno do Sol:
- Ano ou
calendário juliano: "É uma convenção e é
usada na astronomia como uma unidade de medida em que se considera que a
Terra dá a volta no Sol em 365,25 dias."
- Ano
sideral: "É o tempo que a Terra leva para dar uma volta no Sol em
relação a um sistema de referência fixo. Neste caso, um grupo de estrelas
é usado como referência, e esse ano tem uma duração de 365,25636
dias."
- Ano
trópico: "Leva em consideração a longitude eclíptica do Sol, ou
seja, o ângulo do Sol no céu em relação à Terra ao longo do ano,
principalmente nos equinócios. E dura um pouco menos que o ano sideral,
365,242189 dias."
- Ano
anomalístico: "A Terra, assim como os outros planetas, se move em
elipse. Essa elipse faz com que, em algumas ocasiões, o Sol esteja mais
perto e mais distante da Terra. Mas há um ponto em que ambos estão o mais
perto possível, chamado periélio. E o ano anomalístico é o tempo decorrido
entre duas passagens consecutivas da Terra por seu periélio. Dura 365,2596
dias."
Embora Larrañaga indique que todos são da ordem de
365 dias, presumir que este é o período exato da duração de um ano se torna uma
simplificação.
Mas também não leva em consideração outro fator.
"Há uma outra questão. É que, embora tenhamos
esses cálculos, nem todos os anos duram o mesmo, não têm a mesma duração todas
as vezes", diz.
·
Influências externas
De acordo com o especialista, embora os astrônomos
tenham tentado calcular com precisão ao longo dos séculos o tempo que a Terra
leva para dar uma volta em torno do Sol, há um problema básico que os impede de
obter um número definitivo.
"É preciso levar em conta que a duração dos
anos nunca é a mesma porque tudo muda no Sistema Solar. Veja o caso do ano
anomalístico: enquanto a Terra gira em torno do Sol, o periélio muda como
resultado da ação gravitacional de outros planetas, como Júpiter",
explica.
O físico teórico lembra que algo semelhante ocorre
com o chamado ano trópico, que mede o intervalo de tempo entre duas passagens
consecutivas do Sol pelo Ponto Áries ou o equinócio de primavera.
"O ano trópico também muda, uma vez que
depende do eixo da Terra, que é torcido. É como um pião que vai balançando.
Então a data e a hora do equinócio também são diferentes", afirma.
"E se compararmos quanto tempo durou o ano
sideral em 2020 com quanto tempo durou em 1300, certamente notaremos uma
diferença. Seria sempre em torno de 365 dias, mas não seria exatamente a mesma
duração, porque o movimento da Terra nem sempre é o mesmo."
Fonte: BBC News Mundo
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