terça-feira, 2 de janeiro de 2024

As pessoas para quem ainda não entramos em 2024

Chegou o Ano Novo para muitas pessoas... mas, para outras, não.

Enquanto muita gente comemora a chegada de 2024, há outros calendários em uso no mundo todo que indicam um ano completamente diferente.

O fato é que estamos entrando no ano de 2024 de acordo com o calendário gregoriano, que é adotado na prática pela maior parte dos países.

Esse calendário, baseado no ciclo solar, foi introduzido pelo papa Gregório 13 em 1582.

E surgiu como uma reformulação do calendário juliano, criado pelo líder romano Júlio César, que correspondia à rotação da Terra ao redor do Sol, mas não era tão preciso.

Até então, muitos países cristãos celebravam o Ano Novo em 25 de março, data que marca a aparição do arcanjo Gabriel à Virgem Maria, mas o Papa Gregório restabeleceu o 1º de janeiro como início oficial do ano.

Há, no entanto, outros calendários em uso ao redor do mundo.

·        Calendário judaico

Pelo calendário judaico, estamos no ano 5784.

E, de acordo com ele, o Ano Novo é celebrado no fim de setembro, durante o chamado mês de Tishrei.

Há, na verdade, quatro calendários diferentes no judaísmo, incluindo um dedicado às árvores.

O de Tishrei se refere ao aniversário da criação do universo.

Trata-se de um calendário lunissolar, ou seja, que leva em consideração os ciclos do Sol e da Lua.

É costume mergulhar um pedaço de fruta no mel para ter um ano novo doce.

Mas também é tempo de penitência e reflexão.

Um dos rituais, chamado Tashlich, consiste em jogar migalhas de pão na água corrente para simbolizar a purificação dos pecados.

·        Calendário islâmico

De acordo com o calendário islâmico ou hegírico, estamos no ano 1445, que começou em agosto.

O calendário islâmico data de quando o profeta Maomé fugiu da cidade de Meca para Medina.

É um calendário baseado nos ciclos da Lua. É por isso que as datas de todos os rituais islâmicos variam.

Embora as pessoas celebrem o ano novo hegírico, o calendário gregoriano é o oficial na maioria dos países árabes.

·        Calendário chinês

Assim como o calendário judaico, o tradicional calendário chinês também é lunissolar. E o ano novo chinês cai numa data diferente a cada ano.

Em 2024, por exemplo, vai ser celebrado no dia 10 de fevereiro.

Cada ano recebe o nome de um dos 12 animais do horóscopo chinês, que têm um papel importante na cultura do país.

O próximo ano será o ano do dragão.

O ano novo chinês também é conhecido como Festival da Primavera.

É um feriado de uma semana e remonta à Antiguidade.

·        Coreia do Sul

O Ano Novo lunar é comemorado em muitos países asiáticos, como a Coreia do Sul.

Os sul-coreanos comemoram o ano novo duas vezes.

O primeiro dia do tradicional ou "antigo" calendário lunar coreano é chamado Seollal.

Assim como na China, é um dos maiores feriados do ano e será comemorado em 10 de fevereiro.

Mas os sul-coreanos também celebram 1º de janeiro como o "novo" ano novo, de acordo com o calendário gregoriano, introduzido na Coreia no fim do século 19.

Mas sua instituição é mais uma questão simbólica e administrativa.

·        Coreia do Norte

Na Coreia do Norte, por outro lado, nenhum deles é considerado um feriado importante.

Eles colocam o ano novo em segundo plano em relação aos feriados socialistas.

·        Índia

Na Índia, por sua vez, há bem mais de duas datas.

Os hindus de diferentes partes do país celebram o ano novo com base em seus próprios calendários — que podem seguir os ciclos solar, lunar ou ambos.

O ano novo Tamil, que é comemorado principalmente no estado indiano de Tamil Nadu, no sul da Índia, geralmente cai no dia 14 de abril.

E, geralmente, é perto ou na mesma data do ano novo bengalês, birmanês e cingalês.

·        O calendário Tamil mais comum compreende ciclos de 60 anos.

Persa

Para os iranianos, estamos no ano 1402.

O Ano Novo persa é comemorado no equinócio da primavera, mais precisamente, no primeiro dia da estação, quando a luz solar incide da mesma forma sobre os dois hemisférios, fazendo com que os dias e as noites tenham a mesma duração (12 horas cada).

O calendário é baseado no movimento da Terra ao redor do Sol.

E o ano novo ou Nowruz, que significa novo dia em persa, geralmente cai por volta de 20 de março.

Nowruz é comemorado há mais de 3 mil anos, não apenas pelos iranianos, por outras comunidades também.

Para celebrar, eles preparam uma mesa decorada com sete itens simbólicos, e os jovens visitam o membro mais velho da família por respeito.

 

Ø  Por que o ano não acaba à meia-noite de 31 de dezembro, nem dura sempre o mesmo tempo

 

Brindes, ondas, uvas, resoluções, simpatias... A meia-noite do dia 31 de dezembro costuma ser um momento de esperança e balanço para milhões de pessoas em todo o planeta.

Um ano "acaba" e outro "começa" e, com ele, as aspirações de dias melhores e de inúmeros propósitos e novas metas.

É o último dia do calendário gregoriano, o convencional de 365 dias (mais um nos anos bissextos, como foi 2020 e será 2024) que rege o Ocidente desde que o calendário juliano deixou de ser usado, em 1582.

A virada celebra o fim de um ciclo que marca o tempo de várias culturas há milênios: uma volta completa da Terra em torno de sua estrela.

"O que tradicionalmente entendemos por ano, tanto em astronomia quanto em muitas culturas, é o tempo que nosso planeta leva para girar em torno do Sol", explica à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) o astrônomo e acadêmico Eduard Larrañaga, do Observatório Astronômico Nacional da Universidade Nacional da Colômbia.

Porém, como o físico teórico também relata, a data em que um ano começa e termina não é baseada na Ciência — é, na verdade, uma convenção, ou seja, um sistema, em última análise, "inventado".

"Partir do pressuposto de que o ano termina à meia-noite do dia 31 de dezembro e começa no dia 1º de janeiro é uma construção social, uma definição que foi feita em um momento da história", afirma.

Segundo Larrañaga, dado que a base para medir um ano é o tempo que a Terra leva para dar a volta no Sol, contar quando esse ciclo começa e termina pode ocorrer, na prática, a qualquer momento.

"Do ponto de vista astronômico, nada de especial acontece no dia 31 de dezembro para dizer que é aqui que termina o ano, tampouco nada de especial acontece no dia 1º de janeiro para dizer que é quando começa", explica.

"Na realidade, em toda a órbita da Terra não há nada de especial ou fora do comum que aconteça para marcar a mudança de um ano."

Mas não para por aí.

A duração exata de 365 dias do ano (ou 366, no caso dos bissextos) é outra convenção social.

"Na verdade, há muitas formas de medir a duração de um ano", diz Larrañaga.

E, dependendo da forma utilizada, a duração não é a mesma.

Mas como isso é possível?

·        A duração do ano

Desde que foi introduzido pelo imperador Júlio César, em 46 a.C., o calendário juliano serviu para contar a passagem dos anos e da história da Europa até o fim do século 16.

Porém, desde a Idade Média, vários astrônomos perceberam que essa forma de medir o tempo produzia um erro acumulado de aproximadamente 11 minutos e 14 segundos a cada ano.

Foi então que, em 1582, o Papa Gregório 13 promoveu a reforma do calendário que usamos até hoje, fazendo ajustes para aperfeiçoar o modelo introduzido por Júlio César, que já previa os anos bissextos. Uma das alterações instituídas pelo pontífice para lidar com o excedente acumulado foi deixar de tornar um ano bissexto aquele divisível por 100, mas não por 400. Por exemplo, 2000 e 1600 foram anos bissextos, mas 1700 e 1900 não.

Larrañaga explica que, do ponto de vista da astronomia, a base para a definição do que é um ano, não existe uma unidade de medida única, mas pelo menos quatro para contar o tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do Sol:

  • Ano ou calendário juliano: "É uma convenção e é usada na astronomia como uma unidade de medida em que se considera que a Terra dá a volta no Sol em 365,25 dias."
  • Ano sideral: "É o tempo que a Terra leva para dar uma volta no Sol em relação a um sistema de referência fixo. Neste caso, um grupo de estrelas é usado como referência, e esse ano tem uma duração de 365,25636 dias."
  • Ano trópico: "Leva em consideração a longitude eclíptica do Sol, ou seja, o ângulo do Sol no céu em relação à Terra ao longo do ano, principalmente nos equinócios. E dura um pouco menos que o ano sideral, 365,242189 dias."
  • Ano anomalístico: "A Terra, assim como os outros planetas, se move em elipse. Essa elipse faz com que, em algumas ocasiões, o Sol esteja mais perto e mais distante da Terra. Mas há um ponto em que ambos estão o mais perto possível, chamado periélio. E o ano anomalístico é o tempo decorrido entre duas passagens consecutivas da Terra por seu periélio. Dura 365,2596 dias."

Embora Larrañaga indique que todos são da ordem de 365 dias, presumir que este é o período exato da duração de um ano se torna uma simplificação.

Mas também não leva em consideração outro fator.

"Há uma outra questão. É que, embora tenhamos esses cálculos, nem todos os anos duram o mesmo, não têm a mesma duração todas as vezes", diz.

·        Influências externas

De acordo com o especialista, embora os astrônomos tenham tentado calcular com precisão ao longo dos séculos o tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do Sol, há um problema básico que os impede de obter um número definitivo.

"É preciso levar em conta que a duração dos anos nunca é a mesma porque tudo muda no Sistema Solar. Veja o caso do ano anomalístico: enquanto a Terra gira em torno do Sol, o periélio muda como resultado da ação gravitacional de outros planetas, como Júpiter", explica.

O físico teórico lembra que algo semelhante ocorre com o chamado ano trópico, que mede o intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do Sol pelo Ponto Áries ou o equinócio de primavera.

"O ano trópico também muda, uma vez que depende do eixo da Terra, que é torcido. É como um pião que vai balançando. Então a data e a hora do equinócio também são diferentes", afirma.

"E se compararmos quanto tempo durou o ano sideral em 2020 com quanto tempo durou em 1300, certamente notaremos uma diferença. Seria sempre em torno de 365 dias, mas não seria exatamente a mesma duração, porque o movimento da Terra nem sempre é o mesmo."

 

Fonte: BBC News Mundo

 

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