terça-feira, 4 de julho de 2023

23 expressões racistas para parar de usar

As expressões racistas são ditados ou palavras comuns na linguagem que tem sua origem racistas, e por isso, devem ser eliminadas do vocabulário. No Brasil, o racismo é crime, segundo a Lei Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, sendo a pena para a infração de dois a cinco anos de reclusão.

Na maioria das vezes, o intuito das expressões racistas é de atacar ou diminuir a existência de pessoas negras, pardas, indígenas e asiáticas. Entretanto, existem terminologias já enraizadas no dia a dia, e algumas pessoas não percebem que elas possuem cunho racista. Por isso é importante entender quais são essas palavras e frases. Isso contribui para a luta antirracista, e facilita a convivência em sociedade de pessoas não-brancas.

Caso você perceba que alguém está usando palavras e expressões racistas com intuito de lhe discriminar, a melhor opção é fazer uma denúncia — em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas em crimes de racismo. 

A situação pode ser considerada injúria racial, um tipo de crime de racismo que consiste em toda ofensa à honra subjetiva e pessoal de outra pessoa por questões de raça. A infração é inafiançável e imprescritível, e o acusado não tem direito de liberdade condicional até o dia do julgamento.

A seguir, confira expressões racistas que você precisa eliminar do seu vocabulário.

·          “Boçal” 

O termo “boçal” é comumente utilizado para se referir a pessoas sem educação, grosseiras, rudes e sem cultura. Porém, durante o período da escravatura, a palavra era usada para designar pessoas escravizadas que não sabiam falar português. Sendo assim, ele surge de uma origem preconceituosa e racista, e pode ser facilmente substituído pelas palavras “ignorante” ou “grosseiro”. 

·         “Da cor do pecado”

A frase é usada como “elogio” por pessoas brancas para pessoas negras, porém ela tem uma conotação negativa e preconceituosa. Isso porque se baseia na hiperssexualização de corpos negros, que tem suas raízes no período colonial — quando as mulheres escravizadas eram violentadas pelos “senhores” de engenho. 

·         “Chuta que é macumba”

O nome “macumba” faz referência a um instrumento antigo da cultura africana. No entanto, ele é erroneamente usado para se referir a religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Dizer para alguém “chuta que é macumba” é uma forma de afirmar que você quer manter algo “ruim” longe — essa relação é feita devido a imagem negativa que algumas pessoas têm dessas religiões.

Além de ser uma expressão racista, a frase pode ser encaixada como um ato de intolerância religiosa, que também é considerado crime no Brasil (Decreto-Lei 2.848/1940).

·         “Índio” 

A terminologia correta para povos originários é “indígena”. A palavra “índio” surgiu durante a colonização e tinha suas raízes em uma ideia caricata de “selvageria” relacionada a esses povos, segundo os colonizadores. Além disso, ela faz referência aos povos da Índia, afinal, quando Dom Pedro chegou ao Brasil ele estava à procura do país asiatico.

É preciso reconhecer a pluralidade cultural e religiosa e os costumes dos povos indígenas, e eliminar o uso dessas expressões racistas, que não reconhecem a existência desses indivíduos.

·         “Japa” e “Xing Ling”

O Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão, graças a grande imigração que ocorreu no século XX. Por isso é essencial que as microagressões contra pessoas asiáticas também sejam reconhecidas como expressões racistas que devem ser eliminadas do dia a dia. 

As expressões “japa” e “xing ling” são alguns termos pejorativos usados para se referir a pessoas do leste asiático, que coloca todas essas culturas diversas em uma única caixa de japonês ou chinês, respectivamente. Mesmo que o indivíduo seja descendente de alguma dessas nacionalidades, deve-se evitar apagar seus nomes e individualidades. 

·          “A coisa tá preta”

A promoção da igualdade racial só acontece quando as pessoas entendem que, para serem antirracistas, elas também precisam ter cuidado com suas palavras. O ditado “a coisa tá preta” é a síntese de um conjunto de expressões racistas que associam pessoas negras a coisas ruins.

O sentido da frase é dizer que a situação está difícil ou ruim. Porém, existem formas melhores de fazer essa associação, como falando “a situação é complicada” ou “o caso é complexo”.

·         “Cabelo ruim, cabelo duro, bombril” 

Esse é um conjunto de expressões comumente usadas para se referir a curvatura de cabelos crespos e encaracolados. Não existe cabelo ruim, apenas cabelo. Esse tratamento inferior está ligado à associação desses traços aos cabelos afro. 

·         “Nasceu com um pé na cozinha/senzala”

É uma recordação do período colonial e da escravatura, onde o único local em que mulheres negras podiam entrar na casa grande era a cozinha, e que elas deviam se manter na senzala. O ideal é simplesmente deixar de usar essa expressão em qualquer sentido. 

·         “Programa de índio” 

A utilização desse termo vem da herança discriminatória dos tempos coloniais contra povos originários. Ele dá a entender que indígenas não eram interessantes, ou eram inferiores, dessa forma o “programa de índio” seria um programa ruim e desinteressante.

·         “Abre o olho, japonês”

A frase é muito utilizada como uma piada de mau gosto, que se refere ao formato do olho de pessoas asiáticas. Ela pode ser considerada um tipo de racismo recreativo. Ou seja, tem o intuito de ofender “humoristicamente” aqueles que não se encaixam no padrão estético e intelectual da branquitude. 

·         “Serviço de preto” 

Novamente, uma expressão racista que entende que tudo relacionado ao negro é ruim. Ela é usada para se referir a uma atividade mal feita, com objetivo de desqualificar o trabalho de pessoas negras. Você pode substituir a frase por “serviço mal feito”. 

·         “Samba do crioulo doido”

Foi uma paródia criada pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, em 1968. Ela ironizava a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratar apenas contextos históricos em seus enredos. 

A expressão reforça um estereótipo contra pessoas negras e é usada no Brasil em referência a coisas sem sentido. Ela pode ser facilmente substituída por “confusão” ou “bagunça”.

·         “Nhaca”

Inhaca é uma ilha em Moçambique, na África, e o termo “nhaca” surgiu durante a colonização com intuito de dizer que os escravizados tinham um “cheiro forte”, reforçando estereótipos e preconceitos. Você pode usar “mau cheiro” ou “cheiro ruim” no lugar.

·         “Todo o asiático é igual” 

Fazer essa afirmação impulsiona a inviabilização da identidade e individualidade asiática. Além disso, a frase dá a entender que só existe uma etnia na Ásia, comumente as do leste, ignorando a existência do norte, sul e do oriente médio. 

·         “Mulata/o”  

Em espanhol a palavra “mulata” significa o filho do cruzamento entre uma jumenta e um cavalo. Desta forma, o termo é usado para trazer uma carga pejorativa a pessoas negras ou pardas. 

Outra forma que esse termo é empregado é “mulata tipo exportação”, ou seja, a mulher negra vista como uma mercadoria e hiperssexualizada. 

·         “Moreno/a”

O movimento negro reforça constantemente que o uso da palavra “morena/o” não reconhece a beleza desses individuos, e tem como intuito reduzir sua ancestralidade e traços. Ele é comumente usado para “amenizar” o clima quando é preciso identificar alguém como negro, pois muitas pessoas ainda acham que a palavra é algo negativo.

·         “Meia tigela” 

Na epoca da escravatura os negros faziam trabalho forçado por horas a fio, e nem sempre conseguiam alcançar suas metas devido ao cansaço e suas situações precárias. Quando não conseguiam atingir seus objetivos, eram penalizados com apenas metade de suas refeições. Ou seja, o termo “meia tigela” surgiu para determinar algo ruim ou medíocre, feito com baixa qualidade. 

·         “Inveja branca” 

O branco é sempre visto como algo positivo em uma sociedade que foi construída na escravidão. Consequentemente, reforça que tudo aquilo que é preto ou negro é ruim ou negativo. 

·         “Escravo”

Essa pode parecer novidade para você, mas a verdade é que a palavra “escravo” sugere que essa é uma condição inerente à pessoa, e não algo que lhe foi imposto. Afinal, os povos africanos foram sequestrados e torturados durante a escravatura. Também coloca essas pessoas em um estado de desumanização, como se eles não tivessem lutado pela sua liberdade. O melhor termo para se usar é “escravizado”. 

·         “Tribo” 

Serve para descrever povos, que de acordo com a visão contemporânea e ocidental, ficaram no passado. Sendo assim, é usado para se referir aos povos que já foram dizimados, ou são primitivos, pararam no tempo, entendendo as comunidades originárias como selvagens e animais em extinção.  A alternativa para o termo é povos ou nações.

·         “Pastel de flango” 

Essa é uma das expressões racistas utilizadas para debochar do sotaque que imigrantes asiáticos costumam ter, devido a dificuldade de pronunciar o “r”. Além de racista, o termo é xenofóbico e diminui grupos de imigrantes que lutam para se encaixar em uma cultura e língua em que eles não nasceram.

·         “Não sou tuas negas”

Remete a época da escravidão, onde as mulheres negras eram propriedades sexuais dos senhores. Assim, a frase reforça estereótipos de gênero e raça, colocando a mulher negra como inferior às outras. 

·         “Uma negra bonita” 

Comumente usado para falar que uma pessoa é bonita, essa expressão racista dá a entender que mulheres negras não são bonitas. Logo, o “negra” colocado antes do “bonita” é para dar ênfase em sua aparência física, como se fosse chocante que esses indivíduos pudessem ter alguma beleza. Para elogiar alguém basta dizer “ela é bonita” ou “ele é bonito”. 

Se quiser saber mais expressões racistas, confira a cartilha “Dicionário de expressões (anti) racistas: E como eliminar as microagressões do cotidiano”. 

 

Fonte: eCycle

 

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