sexta-feira, 5 de maio de 2023

Mauro Cid discutiu golpe de Estado com “01 de Bolsonaro”: “Que (o comandante) faça o que tem que fazer”

Preso preventivamente em operação da Polícia Federal por supostamente fraudar dados de vacinação contra Covid-19, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como Coronel Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), participou de conversa na qual um golpe de Estado teria sido tramado no Brasil. A informação é da apresentadora da CNN Brasil Daniela Lima.

Segundo a reportagem, Cid e Ailton Barros, ex-major do Exército Brasileiro e advogado, discutiram, em dezembro de 2022, um eventual golpe de Estado, no qual as Forças Armadas tomariam o poder no país. A conversa foi registrada em três áudios que estão com a Polícia Federal (PF). Ailton foi candidato pelo PL a deputado estadual no Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, apresentava-se como “01 do Bolsonaro”.

Datado de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo: “É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.

 “Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em todo o Brasil”, complementa Barros.

O acusado de conversar com Mauro Cid também foi preso na Operação Venire, deflagrada pela PF nessa quarta-feira (3/5) para investigar uma associação criminosa acusada de inserir dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

No total, a PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Os policiais também fizeram análise do material apreendido durante as buscas e colherão depoimentos de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

·         Após prisão de aliados, Bolsonaro descarta habeas corpus preventivo

Após a prisão de aliados, Bolsonaro descarta, ao menos por ora, pedir habeas corpus preventivo ao STF. Advogados que atuam para o ex-presidente afirmam que a manobra está “fora de cogitação”.

O HC preventivo pode ser pleiteado pela defesa mediante ameaça concreta de prisão do cliente.

Nesta quarta-feira (3/5), a Polícia Federal (PF) prendeu seis pessoas ligadas a Bolsonaro, sob suspeita de fraude em cartões de vacinação.

·         Aliados de Bolsonaro começam a abandonar Mauro Cid

Um dia após a Polícia Federal prender o tenente-coronel Mauro Cid, aliados e auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro já começaram a abandonar o ex-ajudante de ordens.

Nas últimas horas, aliados e integrantes da defesa de Bolsonaro vêm tentando emplacar a tese de que Cid seria o único responsável pela fraude no certificado de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente.

Em conversas reservadas, auxiliares de Bolsonaro insistem na tese de que o ex-presidente não sabia da adulteração e acusam Cid de ter feito tudo sozinho em busca de “benefício próprio”.

Segundo relatório da PF, além de Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura, o próprio Cid, a esposa e as filhas do militar também conseguiram fraudar seus cartões de vacinação.

·          “Cid está morto”

Sob reserva, aliados próximos a Bolsonaro consideram que a situação jurídica do ex-ajudante de ordens é muito complicada. “O Cid está morto”, avaliou à coluna um membro da defesa do ex-presidente.

Auxiliares dizem que o próprio Bolsonaro tem admitido que a situação de seu ex-ajudante de ordens é difícil. Mas ponderam que, por ora, o ex-presidente não fará movimentos públicos para queimar o militar.

Ao comentar as buscas realizadas pela Polícia Federal em sua residência, Bolsonaro afirmou que, “da minha parte”, não existe adulteração. Ele não fez, porém, qualquer menção ao nome de Cid.

 

Ø  Antes de operação, diretor da PF ligou para comandante do Exército

 

Na véspera da deflagração da operação que prendeu o tenente-coronel Mauro César Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues (foto), procurou o comandante do Exército, general Tomás Miguel Paiva.

Como é praxe em situações do tipo, Rodrigues pediu ao general que deixasse um oficial de prontidão para acompanhar diligências que a PF faria nesta quarta e que teriam como alvo graduados integrantes da corporação.

Os dois se falaram por telefone.

Fontes a par da conversa garantem que Andrei Rodrigues não desceu a detalhes sobre a operação.

Além do próprio Mauro Cid, havia na lista de alvos outros militares do Exército, todos integrantes do restrito núcleo de assessores e conselheiros de Bolsonaro.

Cid e o QG

Desde o cancelamento de sua nomeação para comandar um batalhão de forças especiais com sede em Goiânia, resultado de reportagem publicada pela coluna em janeiro que mostrou seu papel de gestor do caixa paralelo que servia à família Bolsonaro, Cid estava lotado em uma das seções do quartel-general do Exército, em Brasília.

A celeuma em torno do cancelamento da nomeação do tenente-coronel, ordenado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levou à demissão do então comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda.

 

Ø  Noblat: Bolsonaro desce mais alguns degraus na direção da porta da cela

 

São tantas as emoções… Como viveremos sem Bolsonaro, um dia, se ele for condenado, preso e sair de circulação por um longo tempo? O Rio de Janeiro viveu por muitos anos sem Sérgio Cabral porque antes dele, e depois, houve quem pintasse e bordasse no governo, alimentando a indignação ou a indiferença dos cariocas.

Mas no caso do Brasil, presidente algum, desde o enterro da Velha República em 1930, foi como Bolsonaro e a gangue que o cercou durante quatro anos, capazes de coisas inacreditáveis, e todas em prejuízo do país. E, apesar disso, pasmem, conta com o apoio de uma fatia expressiva da população cega ou à semelhança deles.

Já existiram no Congresso o Colégio dos Cardeais, o Baixo Clero e Bolsonaro. O Colégio reunia as mais distintas cabeças do Senado e da Câmara, que, em época de crises, independentemente de partidos, buscaram saídas para desinflá-las. Do Baixo Clero faziam parte, principalmente, os deputados de escassa projeção.

Nada impedia que, com a experiência e o respeito adquiridos, alguns deles se destacassem e fossem admitidos no Colégio. Bolsonaro destacou-se por sua estridência, ignorância que o incapacitava para a discussão de qualquer assunto, e assumida vocação para enriquecer ilicitamente, às favas escrúpulos e leis.

Como o acaso, porém, é o que na maioria das vezes determina nossas vidas (a propósito: recomendo a leitura do livro “O andar do bêbado”, escrito por Leonard Mlodinow), Bolsonaro estava no lugar certo e na hora certa em 2018, quando para espanto dos seus amigos, e sobretudo dele mesmo, elegeu-se presidente.

Era mais do que previsível que fosse um desastre como presidente, a empurrar o país a lugar algum, a não ser para o buraco. Mas quem imaginaria que, durante uma pandemia, ele preferisse estimular a morte ao invés de salvar vidas? Quem imaginaria que, ao invés de se vacinar, preferisse falsificar seu cartão de vacina?

Quis fazer de um dos filhos medíocres o embaixador do Brasil em Washington, e isso por si só dá a medida de sua estupidez. Quis que um jato da FAB sobrevoasse baixinho o prédio do Supremo Tribunal Federal para estilhaçar o vidro de suas janelas, e isso por si só dá a medida a medida do seu desprezo à democracia.

Quis apoderar-se de joias milionárias que entraram ilegalmente no país, um golpe que garantiria o exílio dele e da mulher por muitos anos se fracasse o golpe que deixou pronto antes de partir – jogada esperta em causa própria. Deu tudo errado. O Brasil paga por seus erros. Mentiroso compulsivo, só lhe resta seguir mentindo.

Voltou a fazê-lo diante da quebra do sigilo de 100 anos que ele decretou em torno de seu cartão de vacina. À pergunta tantas vezes repetida sobre a falsificação do cartão limita-se a responder que jamais se vacinou, só quem o fez foi Michelle. Pergunta-se uma coisa, ele responde outra. Truque antigo.

Vai sobrar para o tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, que esteve à frente da tramoia, mas com o pleno conhecimento dele. Vai sobrar para outros malfeitores que, sob o comando do militar que envergonha a farda que veste, se meteram na bizarra fraude para beneficiar um presidente fraudulento.

Diz-se há muito tempo que a hora de Bolsonaro ser condenado e preso está chegando. Inverta-se o anunciado: parece estar próxima a hora de ele ser preso e, mais tarde, condenado.

 

Ø  Evento conservador em Portugal é adiado após operação contra Bolsonaro

 

Após operação contra Bolsonaro, o partido Chega adiou evento que reuniria lideranças do segmento conservador em Portugal.

“A apreensão do passaporte do ex-presidente Bolsonaro teve como objetivo impedir sua vinda a Lisboa e é uma retaliação direta ao protesto do Chega contra o presidente Lula no 25 de abril”, disse André Ventura, líder do Chega, ao anunciar o adiamento. A “Cimeira Mundial da Direita” estava prevista para ocorrer no próximo dia 13.

Apesar da declaração de Ventura, o passaporte de Bolsonaro não foi apreendido, conforme destacou a coluna nesta quarta-feira (3/5). Apesar da determinação de Moraes para apreender o passaporte, investigadores da Polícia Federal consideraram que a medida desnecessária e ignoraram a ordem.

 

Ø  Valdemar, do PL, calcula que Bolsonaro se “fortalece” com operação

 

Alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta-feira, Jair Bolsonaro correu para conversar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em um encontro ainda pela manhã, na sede do partido, em Brasília.

O ex-presidente, tido como maior ativo eleitoral do partido, aguardou a chegada de Valdemar ao lado dos filhos 01, o senador Flávio Bolsonaro, e 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Depois, apareceram o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, o ex-ministro João Roma e o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin.

Quando Valdemar chegou, Bolsonaro explicou que ele poderia ficar tranquilo e reafirmou o que já havia dito antes: que não tem participação alguma na adulteração dos registros de vacina.

O ex-presidente argumentou que não se vacinou e que, por isso, não faria sentido falsear os dados. Disse ainda que, de sua família, apenas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi vacinada, e que a filha do casal, Laura, não tomou o imunizante contra a Covid por orientação médica, porque é alérgica.

Valdemar ouviu com atenção todas as explicações do ex-presidente. A conversa durou menos de meia hora. Ao final, o presidente do PL transmitiu a interlocutores a impressão de que a operação, questionada pela base bolsonarista, tende a fortalecer a imagem de Bolsonaro entre seus apoiadores.

Os apoiadores de Jair Bolsonaro já exploram, especialmente nas redes sociais, a ideia de que ele está sendo “perseguido” pelo governo Lula.

 

Fonte: Metrópoles

 

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