Mauro Cid discutiu
golpe de Estado com “01 de Bolsonaro”: “Que (o comandante) faça o que tem que
fazer”
Preso preventivamente em
operação da Polícia Federal por supostamente fraudar dados de vacinação
contra Covid-19, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa
Cid,
conhecido como Coronel Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), participou de
conversa na qual um golpe de Estado teria sido tramado no Brasil. A informação
é da apresentadora da CNN Brasil Daniela Lima.
Segundo
a reportagem, Cid e Ailton Barros, ex-major do Exército Brasileiro e advogado,
discutiram, em dezembro de 2022, um eventual golpe de Estado, no qual as Forças
Armadas tomariam o poder no país. A conversa foi registrada em três áudios que
estão com a Polícia Federal (PF). Ailton foi candidato pelo PL a deputado
estadual no Rio de Janeiro em 2022 e, durante a campanha, apresentava-se como
“01 do Bolsonaro”.
Datado
de 15 de dezembro, um dos áudios mostra Barros dizendo: “É o seguinte: entre
hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes
[então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.
“Até amanhã à tarde, ele aderindo, bem, ele
faça um pronunciamento, então, posicionando-se dessa maneira, para defesa do
povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é
o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Está abalada em
todo o Brasil”, complementa Barros.
O
acusado de conversar com Mauro Cid também foi preso na Operação Venire,
deflagrada pela PF nessa quarta-feira (3/5) para investigar uma associação
criminosa acusada de inserir dados falsos de vacinação contra Covid-19 nos sistemas
do Ministério da Saúde.
No
total, a PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão
preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Os policiais também fizeram
análise do material apreendido durante as buscas e colherão depoimentos de
pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
·
Após
prisão de aliados, Bolsonaro descarta habeas corpus preventivo
Após
a prisão de aliados, Bolsonaro descarta, ao menos por ora, pedir habeas corpus
preventivo ao STF. Advogados que atuam para o ex-presidente afirmam que a
manobra está “fora de cogitação”.
O
HC preventivo pode ser pleiteado pela defesa mediante ameaça concreta de prisão
do cliente.
Nesta
quarta-feira (3/5), a Polícia Federal (PF) prendeu seis pessoas ligadas a
Bolsonaro, sob suspeita de fraude em cartões de vacinação.
·
Aliados
de Bolsonaro começam a abandonar Mauro Cid
Um
dia após a Polícia Federal prender o
tenente-coronel Mauro Cid, aliados e
auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro já começaram
a abandonar o ex-ajudante de ordens.
Nas
últimas horas, aliados e integrantes da defesa de Bolsonaro vêm tentando
emplacar a tese de que Cid seria o único responsável pela fraude no certificado
de vacinação contra a Covid-19 do ex-presidente.
Em
conversas reservadas, auxiliares de Bolsonaro insistem na tese de que o
ex-presidente não sabia da adulteração e acusam Cid de ter feito tudo sozinho
em busca de “benefício próprio”.
Segundo
relatório da PF, além de Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura, o próprio
Cid, a esposa e as filhas do militar também conseguiram fraudar seus cartões de
vacinação.
·
“Cid está morto”
Sob
reserva, aliados próximos a Bolsonaro consideram que a situação jurídica do
ex-ajudante de ordens é muito complicada. “O Cid está morto”, avaliou à coluna
um membro da defesa do ex-presidente.
Auxiliares
dizem que o próprio Bolsonaro tem admitido que a situação de seu ex-ajudante de
ordens é difícil. Mas ponderam que, por ora, o ex-presidente não fará movimentos
públicos para queimar o militar.
Ao
comentar as buscas realizadas
pela Polícia Federal em sua residência, Bolsonaro afirmou que, “da minha parte”,
não existe adulteração. Ele não fez, porém, qualquer menção ao nome de Cid.
Ø
Antes
de operação, diretor da PF ligou para comandante do Exército
Na
véspera da deflagração da operação que prendeu o tenente-coronel Mauro César
Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o diretor-geral
da Polícia Federal, Andrei Rodrigues (foto), procurou o comandante do Exército, general Tomás Miguel Paiva.
Como
é praxe em situações do tipo, Rodrigues pediu ao general que deixasse um
oficial de prontidão para acompanhar diligências que a PF faria nesta quarta e
que teriam como alvo graduados integrantes da corporação.
Os
dois se falaram por telefone.
Fontes
a par da conversa garantem que Andrei Rodrigues não desceu a detalhes sobre a
operação.
Além
do próprio Mauro Cid, havia na lista de alvos outros militares do
Exército,
todos integrantes do restrito núcleo de assessores e conselheiros de Bolsonaro.
Cid
e o QG
Desde
o cancelamento de sua nomeação para comandar um batalhão de forças especiais
com sede em Goiânia, resultado de reportagem publicada
pela coluna em janeiro que mostrou seu papel de gestor do caixa paralelo que
servia à família Bolsonaro, Cid estava lotado em uma das seções do
quartel-general do Exército, em Brasília.
A
celeuma em torno do cancelamento da nomeação do tenente-coronel, ordenado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levou à demissão do então
comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda.
Ø
Noblat:
Bolsonaro desce mais alguns degraus na direção da porta da cela
São
tantas as emoções… Como viveremos sem Bolsonaro, um dia, se ele for condenado,
preso e sair de circulação por um longo tempo? O Rio de Janeiro viveu por
muitos anos sem Sérgio Cabral porque antes dele, e depois, houve quem pintasse
e bordasse no governo, alimentando a indignação ou a indiferença dos cariocas.
Mas
no caso do Brasil, presidente algum, desde o enterro da Velha República em
1930, foi como Bolsonaro e a gangue que o cercou durante quatro anos, capazes de
coisas inacreditáveis, e todas em prejuízo do país. E, apesar disso, pasmem,
conta com o apoio de uma fatia expressiva da população cega ou à semelhança
deles.
Já
existiram no Congresso o Colégio dos Cardeais, o Baixo Clero e Bolsonaro. O
Colégio reunia as mais distintas cabeças do Senado e da Câmara, que, em época
de crises, independentemente de partidos, buscaram saídas para desinflá-las. Do
Baixo Clero faziam parte, principalmente, os deputados de escassa projeção.
Nada
impedia que, com a experiência e o respeito adquiridos, alguns deles se
destacassem e fossem admitidos no Colégio. Bolsonaro destacou-se por sua
estridência, ignorância que o incapacitava para a discussão de qualquer
assunto, e assumida vocação para enriquecer ilicitamente, às favas escrúpulos e
leis.
Como
o acaso, porém, é o que na maioria das vezes determina nossas vidas (a
propósito: recomendo a leitura do livro “O andar do bêbado”, escrito por
Leonard Mlodinow), Bolsonaro estava no lugar certo e na hora certa em 2018,
quando para espanto dos seus amigos, e sobretudo dele mesmo, elegeu-se
presidente.
Era
mais do que previsível que fosse um desastre como presidente, a empurrar o país
a lugar algum, a não ser para o buraco. Mas quem imaginaria que, durante uma
pandemia, ele preferisse estimular a morte ao invés de salvar vidas? Quem
imaginaria que, ao invés de se vacinar, preferisse falsificar seu cartão de
vacina?
Quis
fazer de um dos filhos medíocres o embaixador do Brasil em Washington, e isso
por si só dá a medida de sua estupidez. Quis que um jato da FAB sobrevoasse
baixinho o prédio do Supremo Tribunal Federal para estilhaçar o vidro de suas
janelas, e isso por si só dá a medida a medida do seu desprezo à democracia.
Quis
apoderar-se de joias milionárias que entraram ilegalmente no país, um golpe que
garantiria o exílio dele e da mulher por muitos anos se fracasse o golpe que
deixou pronto antes de partir – jogada esperta em causa própria. Deu tudo
errado. O Brasil paga por seus erros. Mentiroso compulsivo, só lhe resta seguir
mentindo.
Voltou
a fazê-lo diante da quebra do sigilo de 100 anos que ele decretou em torno de
seu cartão de vacina. À pergunta tantas vezes repetida sobre a falsificação do
cartão limita-se a responder que jamais se vacinou, só quem o fez foi Michelle.
Pergunta-se uma coisa, ele responde outra. Truque antigo.
Vai
sobrar para o tenente-coronel Mauro Cid, seu ajudante de ordens, que esteve à
frente da tramoia, mas com o pleno conhecimento dele. Vai sobrar para outros
malfeitores que, sob o comando do militar que envergonha a farda que veste, se
meteram na bizarra fraude para beneficiar um presidente fraudulento.
Diz-se
há muito tempo que a hora de Bolsonaro ser condenado e preso está chegando.
Inverta-se o anunciado: parece estar próxima a hora de ele ser preso e, mais
tarde, condenado.
Ø
Evento conservador
em Portugal é adiado após operação contra Bolsonaro
Após
operação contra Bolsonaro, o partido Chega
adiou evento que reuniria lideranças do segmento conservador em Portugal.
“A
apreensão do passaporte do ex-presidente Bolsonaro teve como objetivo impedir
sua vinda a Lisboa e é uma retaliação direta ao protesto do Chega contra o
presidente Lula no 25 de abril”,
disse André Ventura, líder do Chega, ao anunciar o adiamento. A “Cimeira
Mundial da Direita” estava prevista para ocorrer no próximo dia 13.
Apesar
da declaração de Ventura, o passaporte de
Bolsonaro não foi apreendido, conforme destacou a coluna nesta
quarta-feira (3/5). Apesar da determinação de Moraes para apreender o
passaporte, investigadores da Polícia Federal consideraram que a medida
desnecessária e ignoraram a ordem.
Ø
Valdemar,
do PL, calcula que Bolsonaro se “fortalece” com operação
Alvo
de uma operação da Polícia
Federal nesta
quarta-feira, Jair Bolsonaro correu para
conversar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, em um encontro ainda
pela manhã, na sede do partido, em Brasília.
O
ex-presidente, tido como maior ativo eleitoral do partido, aguardou a chegada
de Valdemar ao lado dos filhos 01, o senador Flávio Bolsonaro, e 03, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro.
Depois,
apareceram o líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, o ex-ministro João Roma e o
deputado federal Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin.
Quando
Valdemar chegou, Bolsonaro explicou que ele poderia ficar tranquilo e reafirmou
o que já havia dito antes: que não tem participação alguma na adulteração dos
registros de vacina.
O
ex-presidente argumentou que não se vacinou e que, por isso, não faria sentido
falsear os dados. Disse ainda que, de sua família, apenas a ex-primeira-dama
Michelle Bolsonaro foi vacinada, e que a filha do casal, Laura, não tomou o
imunizante contra a Covid por orientação médica, porque é alérgica.
Valdemar
ouviu com atenção todas as explicações do ex-presidente. A conversa durou menos
de meia hora. Ao final, o presidente do PL transmitiu a interlocutores a
impressão de que a operação, questionada pela base bolsonarista, tende a
fortalecer a imagem de Bolsonaro entre seus apoiadores.
Os
apoiadores de Jair Bolsonaro já exploram, especialmente nas redes sociais, a
ideia de que ele está sendo “perseguido” pelo governo Lula.
Fonte:
Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário