Áudios revelam que
golpe de Estado foi tramado no Palácio do Planalto
A
situação do tenente-coronel Mauro Cid
Barbosa está
cada vez mais complicada. A Polícia Federal (PF) encontrou áudios no telefone
celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) enviados por outro
auxiliar do ex-presidente, Ailton
Barros,
nos quais é tramado um golpe de Estado.
A
trama teria se desenrolado na antessala do gabinete da Presidência da República,
local em que Mauro Cid e Barros atuavam como ajudantes do ex-presidente. A
revelação do material foi feita pela jornalista Daniela Lima, da CNN,
nesta quinta-feira (4).
O
teor das conversas divulgadas é bombástico. Nos áudios, Ailton fala que o golpe
precisaria da participação do então comandante do Exército, Freire Gomes, ou de
Bolsonaro e que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes deveria ser preso.
·
Teor dos áudios golpistas
A
primeira mensagem foi enviada no dia 15 de dezembro por Barros a Mauro Cid.
“É o seguinte, entre hoje e amanhã,
sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do
Exército] para que ele faça o que tem que fazer” [...] Até amanhã à tarde, ele
aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa
maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que
fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que
você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil.”
Barros ressalta
a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado na
mensagem de voz e destaca que seja, “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro
linhas”.
Ele
prossegue que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro, pela tarde, “todos os atos, todos os decretos da ordem de
operações” prontos.
“Pô [sic], não é difícil. O outro lado tem a caneta,
nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema,
entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós.
Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora
nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”,
indaga.
Barros
prossegue a descrição da trama golpista.
“Se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”.
“Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a
missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o
Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, adiciona.
De
acordo com a mensagem de Barros para Mauro Cid no áudio, a ideia é que na
segunda-feira, 19 de dezembro,
fossem lidas as portarias, decretos de garantia da Lei e da Ordem e “botar [sic] as Forças Armadas, cujo
Comandante Supremo é o presidente da República, pra agir”.
·
Mauro Cid no centro da trama golpista
Conforme
antecipado pela Revista Fórum nesta
quarta-feira (3), Mauro Cid Barbosa está no topo da lista dos que
serão convocados pela Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas.
Mauro
Cid foi preso nesta quarta pela Polícia Federal (PF) na Operação Venire e sua
provável convocação à comissão mista para apurar os atos golpistas de 8 de
janeiro foi antecipada pelo deputado federal
Lindbergh Farias (PT-RJ) com exclusividade à Fórum.
Ailton
também está preso por, assim como o comparsa Mauro Cid, participar de
uma associação criminosa que forjou registros de vacinas.Agora, a situação
de Mauro Cid se complicou ainda mais.
Ø
Alex
Solnik: Bolsonaro envolvido no golpe de estado
A
transcrição de diálogo do ex-major Aílton Barros (preso ontem) com o ajudante
de ordens de Bolsonaro (também preso ontem), revelada, agora há pouco,
pela jornalista Daniela Lima, na CNN Brasil, piorou ainda mais a situação do
ex-presidente da República.
Barros
cobra mais pressão sobre o comandante do Exército, Freire Gomes, para fazer um
pronunciamento golpista “entre hoje e amanhã” e que se não for ele, tem que ser
o próprio então presidente da República. O diálogo é de 15 de dezembro do ano
passado.
O
ex-major também afirma que todos os decretos têm que estar prontos (o que de
cara remete à minuta encontrada na casa de Anderson Torres) e que Alexandre de
Moraes “tem que ser preso no domingo”.
Não
se conhece ainda a resposta de Mauro Cid, mas, qualquer que tenha sido, fica
muito claro que é a continuação de um assunto e não o início. Ou seja: o golpe
estava sendo engendrado com o conhecimento do ajudante de ordens do presidente
da República. E, é óbvio, de Bolsonaro.
Esse
diálogo joga luzes sobre a invasão dos edifícios dos Três Poderes. Os que
estavam no acampamento esperavam o comandante do Exército ou o presidente da
República dar a senha do golpe, mas como a senha não veio decidiram quebrar
tudo, em protesto não só contra o governo Lula mas também contra a inação do
general e do presidente da República.
Ø
Plano
de golpe envolvia uso da GLO e a prisão de Moraes
Aliados
de Jair Bolsonaro (PL) responsáveis por um plano de golpe queriam usar
a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e prender o presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. A informação foi publicada pela
jornalista Daniela Lima, da CNN.
As
conversas aconteceram em dezembro de 2022. Moraes foi empossado presidente do
TSE em agosto do ano passado.
Duas
pessoas que participaram do plano foram o ex-major do Exército Ailton Barros e
o tenente-coronel Mauro Cid. Os dois tiveram um diálogo. “Se for preciso, vai
ser fora das quatro linhas”, afirmou Barros a Cid, ex-ajudante de ordens de
Bolsonaro.
Barros
e Cid foram presos nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema
de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF,
Bolsonaro e Mauro Cid tinham "plena
ciência" da
mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do
Planalto.
A
PF também disse que Supremo que Cid é o elo entre Jair
Bolsonaro (PL) e milícias. Barros afirmou que sabe de informações de quem mandou
matar a ex-vereadora da cidade do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), morta
pelo crime organizado em março de 2018.
Dois
ex-policiais foram presos. Ronnie Lessa, que, de acordo com as investigações,
deu os tiros. O outro detido foi Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos e que,
segundo as apurações, dirigia o carro no momento do crime.
Acusado
por oposicionistas de envolvimento com milícias, Bolsonaro não foi acusado de
participação no crime contra Marielle, mas investigadores apuram a conexão dele
com milicianos. Ronnie Lessa morava no mesmo condomínio de Bolsonaro no Rio.
Queiroz também apareceu em uma foto com o
ex-ocupante do Planalto, que teve o seu rosto cortado na imagem.
Ø
Mauro
Cid testemunhou propostas de golpe após derrota eleitoral de Bolsonaro
O
tenente-coronel Mauro Cid,
pequeno militar preso na última quarta-feira (3) por operar o esquema de
falsificação de cartões de vacinação de Jair Bolsonaro (PL), testemunhou uma série de propostas de golpe feitas por
aliados do ex-presidente após a derrota nas eleições de outubro de 2022. O
jargão comum utilizado era de que Bolsonaro deveria “virar o jogo”.
A
informação foi divulgada na madrugada desta quinta-feira (4) pelo blog da
jornalista Andrea Sadi,
no G1.
De
acordo com os relatos das fontes da jornalista, diversos aliados procuraram
Bolsonaro para apresentar seus ‘planos
infalíveis’ de dar um golpe contra a vontade popular que se
expressou nas urnas. Um desses nomes não foi revelado mas seria um ex-ministro
de Bolsonaro. Outro é o ex-deputado federal Daniel Silveira (expulso do PTB de Roberto Jefferson e ‘padre’ Kelmon),
já citado por Marcos do Val, e que agora tem seu indulto presidencial reavaliado
pelo Supremo Tribunal Federal.
Entre
as “propostas” que Cid testemunhou como ajudante de ordens, aliados queriam que
Jair Bolsonaro encampasse o famoso “Artigo 142” da Constituição – aquele
apontado pelo suposto filósofo Olavo de Carvalho, morto em 2022, como o que justificaria a
chamada “intervenção militar”. Outras propostas previam intervenção no
judiciário com a prisão de Alexandre de Moraes e outros ministros do STF.
A
ideia era que após alguma dessas propostas ser posta em marcha, Bolsonaro
convocaria novas eleições. O voto, obviamente, seria impresso e garantiria uma
vitória do capitão. Mas como todos sabemos, a virada de mesa não aconteceu.
De
acordo com os relatos de Cid, que em diversas ocasiões se esforçou para blindar
o líder de extrema direita, o ex-presidente teria apenas ouvido as propostas
sem esboçar entusiasmo.
Ø
Ex-major
Ailton Barros discutiu golpe de Estado com Mauro Cid, braço direito de
Bolsonaro
O
ex-major do Exército Ailton Barros discutiu com Mauro Cid sobre um golpe de
Estado no Brasil. Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). No dia 15
de dezembro, Barros disse: "É o seguinte, entre hoje e amanhã,
sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [comandante do
Exército] para que ele faça o que tem que fazer", afirmou. “Se for
preciso, vai ser fora das quatro linhas”. Os relatos foram publicados
pela jornalista Daniela
Lima,
da CNN.
O
ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro
“todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos. “Pô (sic),
não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço
forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das
quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das
quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem
mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?", questionou.
"Nos
decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a
missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o
Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele", acrescentou.
No
diálogo, Barros fala sobre Freire Gomes. "Até amanhã à tarde, ele
aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa
maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que
fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que
você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil".
Barros
foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal na Operação Venire, sobre um esquema
de falsificação de informação sobre cartões de vacina. De acordo com a PF,
Bolsonaro e Mauro Cid tinham "plena
ciência" da
mudança ilegal em informação dos cartões de vacinação do ex-ocupante do
Planalto.
Durante
o seu governo, Bolsonaro estimulou um golpe no País ao convocar apoiadores para
atos críticos ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Também defendeu a participação das Forças Armadas na apuração de
eleições.
Em
novembro do ano passado, o TSE multou o PL em R$ 22,9
milhões após
o partido questionar a
confiança das urnas eletrônicas.
Em
8 de janeiro de 2023, bolsonaristas invadiram as partes externas do Planalto,
onde fica o gabinete presidencial, Congresso Nacional e do Supremo Tribunal
Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.390 pessoas
por manifestações terroristas.
Ø
Falta
chegar ao elo dos tios do dinheiro na corrente que sustentava Bolsonaro. Por
Moisés Mendes
Logo
no começo, nas primeiras tentativas de reação às turbas que afrontavam o
Supremo e ameaçavam com o que seria um golpe, prenderam Sara Winter.
Pegaram
depois Daniel Silveira. Encarceraram Anderson Torres e os manés no início do
ano e agora levaram Mauro Cid para a cadeia.
Um
grupo heterogêneo. Uma agitadora que sumiu, um deputado federal muito próximo
da família mas sem expressão, um delegado e ex-ministro e por último um coronel
do Exército.
Tivemos
ou temos na cadeia, entre civis e agora também um fardado, uma turma variada e
simbolicamente representativa do bolsonarismo.
Dos
malucos aos operadores, mesmo que o militar preso não fosse um golpista
clássico, mas um ajudador, e que ainda faltem o líder, seus filhos e os todos
os cúmplices civis e fardados do entorno, tem um conjunto.
Mas,
arredando-se por enquanto o chefe, os filhos e os líderes militares e
milicianos, que em algum momento terão de ser enquadrados, falta o elo do poder
econômico e financeiro do ativismo bolsonarista.
Fonte:
Fórum/Brasil 247
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