quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Urticária colinérgica: entenda o que causa alergia ao suor

Sente coceira após fazer algum exercício físico mais intenso ou em um dia de forte calor? Esse é um sinal sugestivo de urticária colinérgica, conhecida popularmente como alergia ao suor.

“A urticária colinérgica é um dos tipos da urticária crônica e está relacionada à atividade física”, explica Beni Grinblat, dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, à CNN.

Urticária é um tipo de irritação na pele caracterizada por lesões avermelhadas e levemente inchadas que levam à coceira intensa. Existem dois tipos, classificados conforme a duração dos sintomas: a aguda, quando desaparecerem em menos de seis semanas, e a crônica, que persistem por mais tempo.

A urticária colinérgica, por estar relacionada ao suor, é comumente ligada à prática de atividade física, com os sintomas surgindo após o exercício. No entanto, outras situações podem desencadear a alergia.

“A principal característica da urticária colinérgica é o aparecimento de lesões na pele, como uns pequenos carocinhos, principalmente quando o paciente faz exercício. Mas isso pode ocorrer em outras situações em que há o aumento da temperatura corporal e a sudorese”, completa Régis de Albuquerque Campos, coordenador do departamento científico de urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).

Os principais sintomas da urticária colinérgica, de acordo com os especialistas, são:

  • Pequenas lesões na pele, como “bolinhas”, que aparecem, principalmente, na região do tórax, rosto e pescoço;
  • Vermelhidão na pele;
  • Coceira intensa;
  • Em casos raros, podem surgir inchaço, dor de cabeça, diarreia e queda da pressão arterial.

<><> Quais são as causas e fatores de risco?

As causas exatas da urticária colinérgica ainda não estão totalmente determinadas, de acordo com Campos. “Uma das suspeitas é que alguns componentes do suor podem desencadear um processo alérgico, mas ninguém sabe exatamente por que isso acontece em algumas pessoas”, afirma.

O especialista afirma que, de forma geral, os pacientes que possuem urticária colinérgica são mais jovens, entre 20 e 30 anos, mas a condição pode acometer outras idades. “Além disso, são pacientes que, muitas vezes, têm outras alergias, como rinite ou asma. Então, acredita-se que pode ser uma combinação de predisposição individual com idade e presença de alergia respiratória”, completa.

<><> Como tratar a alergia ao próprio suor?

O tratamento da urticária colinérgica pode ser feito com medicações do grupo de anti-histamínicos, específicos para tratar sintomas de reações alérgicas. “Existem, ainda, algumas medicações que chamamos de imunobiológicos, indicados para os casos mais crônicos e de difícil controle”, afirma Grinblat.

No entanto, Campos ressalta que é importante ter o diagnóstico correto da urticária colinérgica antes de iniciar o tratamento. “É importante identificar os fatores desencadeantes da urticária, como piora [dos sintomas] com o banho quente, o tipo de exercício e o estilo de vida do paciente”, orienta o especialista.

“Alguns pacientes precisam usar anti-alérgicos de modo contínuo. Nesses casos, é necessário que sejam medicamentos que não comprometam a qualidade de vida, chamados de anti-alérgicos de segunda geração. Eles não dão sono para o paciente, nem aumentam o apetite, por exemplo”, acrescenta.

Os especialistas ressaltam, ainda, que é importante estar atento aos sinais de alerta da urticária para buscar a consulta médica quando necessário. “O aparecimento dessas lesões de modo frequente, principalmente quando o paciente começa a ter esses sintomas com atividades cada vez menos intensas, é um grande sinal de alerta. Ou seja, é o caso em que ocorre o comprometimento da qualidade de vida do paciente, podendo deixar de trabalhar, de frequentar universidades, entre outros”, afirma Campos.

<><> É possível prevenir?

Não existe uma forma de prevenir a alergia ao suor, ou seja, uma forma de evitar que a condição apareça pela primeira vez. “Não existe prevenção primária. O que existe é, depois do diagnóstico, descobrir qual o limite de exercício físico que pode ser feito e iniciar o tratamento adequado”, afirma Campos.

Para evitar episódios intensos de alergia, é importante tomar alguns cuidados, como:

  • Tomar banho logo após o exercício, evitando água quente;
  • Evitar alimentos com condimentos;
  • A depender da orientação do dermatologista ou alergista, tomar medicação antes da atividade física;
  • Repousar após a atividade física.

 

¨      Ansiedade te faz transpirar mais? Especialistas explicam se há relação

Embora esteja popularmente associado à prática de exercícios físicos ou longa exposição solar, em alguns casos, o suor também pode ser reflexo do estado mental. Então, é comum transpirar mais diante da ansiedade?

Antes de mais nada, é necessário entender do que se trata o suor e de que maneira ele é produzido pelo organismo. Em conversa com a CNN, o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que ele é um líquido incolor, composto principalmente por água, sais minerais e pequenas quantidades de outras substâncias.

“Ele é produzido por dois tipos principais de glândulas: as écrinas, responsáveis pelo controle da temperatura e distribuídas por todo o corpo, e as apócrinas, localizadas em áreas específicas, como axilas, e relacionadas ao odor corporal”, conta.

Segundo Lucas, o sistema nervoso simpático controla a atividade das glândulas sudoríparas, estimulando a produção de suor em resposta a estímulos como aumento da temperatura, esforço físico ou fatores emocionais.

Assim, sua função no organismo é regular a temperatura corporal. “Quando a temperatura do corpo aumenta, as glândulas sudoríparas produzem suor, que, ao evaporar da superfície da pele, reduz o calor e ajuda a manter o equilíbrio térmico”, comenta.

 “Além disso, o suor também contribui para a hidratação da pele e a eliminação de toxinas, desempenhando um papel importante na manutenção da saúde do organismo”, acrescenta.

<><> Fatores emocionais aumentam a produção de suor?

A resposta é sim. Conforme explica o profissional, fatores emocionais como estresse e ansiedade, por exemplo, têm influência direta na produção de suor.

“Essas condições ativam o sistema nervoso simpático, que desencadeia a liberação de adrenalina. Esse hormônio estimula as glândulas sudoríparas, resultando em aumento da sudorese, principalmente em áreas como mãos, pés e axilas. Essa resposta é parte do mecanismo de “luta ou fuga”, uma adaptação evolutiva do organismo para situações de perigo ou tensão”, diz.

Com isso, é comum transpirar mais em momentos de maior ansiedade, afinal, quando o corpo está sob tensão, o sistema nervoso entra em estado de alerta, liberando substâncias químicas que aceleram os batimentos cardíacos e a atividade metabólica.

“Como consequência, ocorre um aumento da temperatura corporal, estimulando as glândulas sudoríparas a produzirem mais suor, mesmo em ausência de esforço físico. Esse é um mecanismo fisiológico que reflete o estado emocional do indivíduo”, garante.

<><> Como perceber que o suor está excessivo?

Também em entrevista à CNN, o biomédico Thiago Martins, mestre em medicina estética, conta que o suor por ser considerado excessivo, ou caracterizado como hiperidrose, quando ocorre em volume desproporcional ao necessário para a regulação da temperatura corporal.

“Pessoas que transpiram intensamente mesmo em ambientes frescos, em repouso ou sem razão aparente podem estar apresentando essa condição. Geralmente, a hiperidrose é localizada, afetando regiões como axilas, palmas das mãos, plantas dos pés e rosto, mas também pode ser generalizada, dependendo da causa subjacente”, detalha.

<><> Tratamentos disponíveis no mercado

Hoje, a indústria médica disponibiliza uma série de opções de tratamento para aqueles que sofrem de suor excessivo. A escolha, no entanto, depende da gravidade do quadro e da região afetada.

Thiago explica que, o uso de antitranspirantes tópicos, à base de cloreto de alumínio, é indicado para casos leves, pois ajuda a reduzir temporariamente a produção de suor. Já em situações moderadas, medicamentos orais, como anticolinérgicos, podem ser prescritos, embora os efeitos colaterais precisem ser monitorados.

Em casos mais intensos, a toxina botulínica, ou seja, o botox, é uma solução eficiente, bloqueando temporariamente a ação das glândulas sudoríparas por quatro a seis meses.

“Outras abordagens incluem a iontoforese, um tratamento não invasivo que utiliza corrente elétrica para reduzir a atividade das glândulas, e tecnologias como laser ou radiofrequência, que eliminam de forma seletiva e definitiva as glândulas sudoríparas em áreas localizadas. Em casos graves, a simpatectomia, cirurgia minimamente invasiva, pode ser indicada para interromper os sinais nervosos responsáveis pela sudorese excessiva”, conclui.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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