sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Recém-nascidos e outros pacientes em Gaza correm risco de morte por falta de combustível em hospitais, alerta MSF

O hospital Nasser, o hospital Al Aqsa e o hospital Europeu, em Gaza, estão prestes a fechar devido à falta de combustível. Essa situação está ameaçando a vida de centenas de pacientes, incluindo recém-nascidos, que dependem de eletricidade para sobreviver, alerta Médicos Sem Fronteiras (MSF). As equipes da organização humanitária estão transferindo combustível para os hospitais Nasser e Al Aqsa, mas essa é somente uma solução temporária pelas próximas 36 a 48 horas.

A partir de 8 de janeiro, a eletricidade para o hospital Nasser, apoiado por MSF, pode ser cortada em alguns departamentos, deixando as pessoas sem cuidados vitais. Na unidade de terapia intensiva neonatal, MSF está atualmente tratando três crianças e quatro recém-nascidos com ventilação mecânica, além de 15 recém-nascidos em incubadoras, todos dependentes da eletricidade fornecida por geradores de combustível.

MSF está alarmada com esta situação catastrófica, que pode ter consequências trágicas e sérias, pois é improvável que a situação melhore. Apelamos a todas as partes envolvidas no conflito para que facilitem a entrada de combustível em Gaza e garantam a entrega segura de combustível às instalações médicas. O desmantelamento do sistema de saúde pelo bloqueio israelense, que está colocando em risco a vida das pessoas, deve parar imediatamente.

"Sem combustível, esses recém-nascidos correm o risco de perder suas vidas. Os bebês em incubadoras dependem de eletricidade constante para os ventiladores que os mantêm vivos. Eles já estão em um estado extremamente vulnerável, e qualquer transferência para outros hospitais colocaria suas vidas em risco diretamente", diz Pascale Coisard, coordenadora de emergência de MSF. "Colocar a vida de crianças em risco dessa forma é inaceitável e é uma consequência do bloqueio contínuo de Israel e do saque criminoso contínuo de suprimentos vitais."

O hospital Nasser tem capacidade para 500 leitos, onde as equipes de MSF estão fornecendo atendimento de emergência, maternidade, pediatria, queimaduras e trauma. O fornecimento de oxigênio é uma das principais necessidades de combustível do hospital. As equipes de MSF estão tratando mais de 100 casos de pneumonia em média a cada mês, alguns dos quais precisam de suporte de oxigênio. Ao mesmo tempo, as equipes têm realizado mais de 100 cesáreas por mês, e todas exigem um fornecimento constante de eletricidade.

“É uma situação impossível porque, mesmo se priorizarmos o pouco combustível que resta para os departamentos mais urgentes, sabemos que eles não durarão mais do que 36 a 48 horas. Enquanto alguns pacientes estão com suas vidas por um fio, a falta de eletricidade sustentada está impactando o nível de atendimento que podemos fornecer àqueles com queimaduras e traumas”, diz Julie Faucon, líder da equipe médica de MSF em Gaza.

Em dezembro de 2024, uma média de apenas 59 caminhões por dia carregando suprimentos vitais conseguiram entrar em Gaza, em comparação com 500 caminhões entrando por dia antes de 7 de outubro de 2023, de acordo com as Nações Unidas. MSF e outras organizações vêm alertando há mais de um ano que o fornecimento lamentavelmente inadequado de ajuda humanitária está ameaçando a vida das pessoas em Gaza. Chegamos agora a um ponto crítico em que um dos últimos hospitais especializados do Sul corre o risco de ficar inoperante por falta de combustível.

¨         Com confrontos em Masisi, mais de 10 mil pessoas se refugiam em hospital e na sede de MSF

A segurança e a situação humanitária no Território de Masisi, em Kivu do Norte, República Democrática do Congo (RDC), permanecem muito voláteis. Os confrontos entre o grupo M23/AFC e o exército congolês e seus aliados continuaram nesta manhã de quinta-feira (9 de novembro) dentro e ao redor da cidade de Masisi. Milhares de pessoas – moradores, profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF) e do Ministério da Saúde e suas famílias – mais uma vez precisaram se refugiar no Hospital Geral de Masisi e na sede de MSF na região.

“É difícil estimar o número exato, mas eu diria que mais de 10 mil pessoas ainda estão abrigadas lá, a maioria mulheres e crianças”, relata Romain Briey, coordenador do projeto de MSF em Masisi.

 “Estamos começando a ter algumas preocupações, porque as instalações sanitárias não são suficientes para atender às necessidades básicas”, continua ele. “As latrinas estão começando a transbordar, e estamos fazendo o possível para responder a essa situação. Mas a grave falta de atores humanitários na área está dificultando as coisas.”

Esta não é a primeira vez que essas estruturas abrigam um grande número de pessoas deslocadas. Nos últimos anos, tais movimentos têm sido frequentes nesta área de conflito.

<><> MSF já tratou 77 pessoas feridas

Na semana passada, as pessoas já haviam buscado refúgio no Hospital Geral de Masisi e no Centro de Saúde de Referência de Nyabiondo. Desde então, equipes de MSF e do Ministério da Saúde do país foram mobilizadas para lidar com o fluxo de feridos. Entre 2 de janeiro e a manhã desta quinta-feira, foram tratadas 77 pessoas feridas.

 “Hoje, além de tratar os feridos e continuar o fornecimento de cuidados regulares, as equipes estão tentando apoiar as famílias que se refugiam nas instalações, garantindo o acesso a água potável e cuidados médicos”, explica Romain Briey. “Mas, em breve, haverá necessidade de alimentos se a situação continuar.”

A situação de segurança na região também está afetando a capacidade de MSF de encaminhar pacientes em estado crítico para a cidade de Goma e de implementar equipes em outras partes do território, impossibilitando a avaliação das necessidades nas demais áreas.

Com a instabilidade e a escala dos confrontos, MSF pede a todas as partes envolvidas no conflito que continuem garantindo a segurança de pacientes, equipes e pessoas deslocadas nas instalações de saúde e humanitárias.

A segurança da população dentro do hospital não pode ser garantida se as partes em conflito não respeitarem suas obrigações sob o direito internacional humanitário.” – Lucien Kandundao, diretor médico do Ministério da Saúde na região de Masisi

“Felizmente, esse respeito está sendo garantido até agora, e estamos trabalhando em nosso nível para assegurar que a neutralidade do hospital também seja totalmente respeitada e que não haja pessoas armadas ou uniformizadas dentro do hospital”, conclui Lucien Kandundao.

As equipes de MSF apoiam o Ministério da Saúde em Masisi desde 2007. Atualmente, apoiamos o Hospital Geral de Referência, o Centro de Saúde de Referência de Nyabiondo e vários centros de saúde próximos.

 

Fonte: MSF

 

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