quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Paulo Henrique Arantes: Possível candidatura de Gusttavo Lima nada tem a ver com antipolítica

O cantor Gusttavo Lima, cujo repertório musical já bastaria para afastá-lo de mentes e ouvidos civilizados, diz almejar a Presidência da República do Brasil. Em tempos de Pablo Marçal e outras aberrações, o lançamento de nome tão pouco recomendável para tocar o país não surpreende. A direita insiste nos ditos “antipolíticos”, como se tais não fossem meros fantoches de políticos tradicionais.

O União Brasil de Ronaldo Caiado e o agro, dito “pop”, estariam incensando-o, afora a sondagem de outros direitistas, como o inelegível Jair Bolsonaro. Por tóxico e quase preso, o capitão já teria sido escanteado pelo cantor, que, ademais, ainda não convenceu ninguém da lisura de seus negócios com bets etc.

O discurso antipolítica é eleitoralmente eficaz, mas a verdadeira antipolítica nada tem a ver com a candidatura de figuras exóticas – e cheias de esqueletos no armário – a serviço de velhos caciques sem votos. Já tratamos disso neste espaço, e até arriscamos certa profundidade – era 2022. Recordemos, por oportuno.

“Um símbolo global da antipolítica, aquela conceitualmente justificável, foi o presidente da antiga Checoslováquia e primeiro mandatário da atual República Checa, Vaclav Havel, um intransigente defensor da resistência não-violenta, além de escritor e dramaturgo. Líder da Revolução de Veludo, Havel é um ícone da “política da antipolítica”, tendo atuado contra o monopólio ideológico da vida pública, na qual, entendia, deveria prevalecer o pluralismo.

“Também simbolizam a antipolítica em seu melhor sentido nomes como o de Gandhi, que esteve à frente do movimento de descolonização no período Pós-Guerra, e o de Martin Luther King, líder antissegregacionista americano dos anos 1960. Ambos conduziram verdadeiras rebeliões de massa de forma pacífica, absolutamente descasadas da negação da política como instrumento de superação de conflitos que a pior direita prega hoje.

“Não é tarefa simples definir a antipolítica, algo maior do que o mero repúdio aos políticos em geral. Assim a conceituou o ensaísta húngaro Gyorgy Konrad, dissidente durante a dominação soviética em seu país: “A antipolítica é a atividade política daqueles que não querem ser políticos e que recusam sua cota de poder. A antipolítica não apoia nem se opõe a governos – é diferente. Seus adeptos vigiam o poder político, exercem pressão com base apenas no seu estatuto cultural e moral. A antipolítica é a rejeição ao monopólio do poder pela classe política. Se a oposição política ganhar o poder, a antipolítica mantém-se à mesma distância e mostra a mesma independência em relação ao novo governo.

“Corrupção, fisiologismo, patrimonialismo, caciquismo, mandonismo e nepotismo - e, atualmente, negacionismo - somados a uma notável incompetência na gestão pública, têm caracterizado a política brasileira ao longo da História, salvo breves espasmos de correção e acerto. Não é de surpreender o surgimento de um forte sentimento antipolítico no seio da população. Só que parcela dessa população, conceitualmente perdida, fatalmente abraça a extrema-direita e seu discurso falso-moralista.”

¨         Petistas despreocupados com candidatura de Gusttavo Lima

A possível candidatura do cantor Gusttavo Lima à Presidência da República em 2026, revelada pelo Metrópoles na coluna Grande Angular na quinta-feira (2/1), não preocupou caciques do PT nem aliados de Lula.

Segundo petistas ouvidos pela coluna, a avaliação é de que quem deve se preocupar, no momento, com a chance do sertanejo se candidatar é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda alimenta a esperança de ser candidato no pleito.

Como destacou a coluna, o futuro líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), chegou a “comemorar” a iniciativa de Gusttavo Lima, pois isso indicaria que Bolsonaro “não tem mais controle” da direita.

Isso porque, além de Lima, o próprio Bolsonaro ainda acredita na possibilidade de se candidatar à Presidência da República. Caso o sertanejo realmente se lance, a candidatura dele deve dividir os votos da direita no primeiro turno.

No entorno de Bolsonaro, a avaliação é de que Lima faz um “jogo casado” com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que deseja concorrer ao Planalto. A candidatura do cantor serviria para blindar Caiado de críticas de bolsonaristas

¨      Para ministros de Lula, candidatura de Gusttavo Lima é “jogo armado” com Caiado

 A possível candidatura do cantor Gusttavo Lima à Presidência da República em 2026 provocou reações intensas no cenário político brasileiro. De acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, ministros do governo Lula (PT) veem a movimentação como um "jogo armado" entre o cantor sertanejo e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), que também é pré-candidato ao Palácio do Planalto. A relação próxima entre Caiado e Lima levanta suspeitas de articulação política.

A percepção de que Caiado estaria utilizando Lima como parte de uma estratégia eleitoral não é apenas do campo lulista. Bolsonaristas também consideram a possibilidade de que o governador esteja planejando fortalecer sua base política no Senado em 2026, com a candidatura de sua esposa, Gracinha Caiado, e do próprio Gusttavo Lima. Nesse cenário, Lima poderia desistir da disputa presidencial para apoiar Caiado e, eventualmente, concorrer ao Senado.

No campo bolsonarista, a suposta aliança entre Lima e Caiado foi encarada ainda como uma "traição". O cantor teria conversado recentemente com Jair Bolsonaro (PL) sem mencionar suas pretensões presidenciais, o que foi visto como um desrespeito ao ex-presidente, que ainda se considera a principal liderança da direita, mesmo inelegível até 2030. 

Um ministro de Lula ironizou: "isso parece jogo armado com Caiado. O negócio do Gusttavo Lima é apostar, é um homem das bets. Não passa de uma grande aposta.

O cantor foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e organização criminosa, em uma investigação relacionada a esquemas de apostas ilegais. No ano passado, chegou a ter a prisão preventiva decretada, mas a decisão foi posteriormente revogada.

“É tudo fake. Tudo é para confundir, o interessante é que eles estão brigando entre si, um canta e os outros dançam", avaliou mais um ministro. “Caiado é candidatíssimo”, disse outro.

<><> Fragmentação como trunfo para Lula

No campo petista, a fragmentação da direita e extrema direita é vista como positiva para o presidente Lula. Segundo um auxiliar próximo ao chefe do Executivo, uma candidatura de Gusttavo Lima poderia ampliar o número de concorrentes no primeiro turno, beneficiando a reeleição de Lula. 

¨      Caiado, que perderia para Lula de 54% a 20%, diz que "governo acabou"

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), voltou a criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que a gestão petista “acabou no segundo ano”. As declarações, divulgadas pela revista Veja, contrastam com os dados recentes da pesquisa Genial/Quaest, que indicam uma ampla vantagem de Lula em um possível segundo turno contra diversos adversários, inclusive o próprio Caiado.

De acordo com o levantamento, realizado pela Quaest entre os dias 4 e 9 de dezembro, com 8.598 pessoas entrevistadas pessoalmente, o presidente Lula derrotaria, em um eventual segundo turno em 2026, nomes como Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Pablo Marçal (PRTB) e o próprio Ronaldo Caiado (União). Neste cenário, o petista aparece com 54% das intenções de voto, enquanto o governador de Goiás registra 20%. A margem de erro da pesquisa é de 1 ponto percentual para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Apesar dos números, Caiado sustenta que o atual governo não entrega resultados. “Até hoje, Lula ancorou o governo no acontecimento de 8 de janeiro. Como o assunto está sendo julgado pelo Supremo, ele fica sem discurso e sem nenhuma entrega. O governo acabou no segundo ano”, declarou o governador, sem mencionar diretamente os resultados da pesquisa.

Caiado também criticou o aumento de gastos públicos e a ausência de reformas. “Já se passaram dois anos e o governo Lula só fez aumentar gastos. Reformas estruturais, nem cogitou fazê-las”, disse, reforçando o que considera como falta de ação no campo fiscal. O governador ainda ressaltou o que julga ser a falta de novos programas efetivos. “O único programa de governo que foi bem avaliado é o pé de meia, cópia do meu programa instalado desde 2021”, acrescentou.

<><> Cenários divulgados pela Genial/Quaest

·        Lula x Bolsonaro: 51% x 35%Indecisos: 3% | Branco/nulo/não vai votar: 11%

·        Lula x Tarcísio: 52% x 26%Indecisos: 5% | Branco/nulo/não vai votar: 17%

·        Lula x Pablo Marçal: 52% x 27%Indecisos: 4% | Branco/nulo/não vai votar: 17%

·        Lula x Caiado: 54% x 20%Indecisos: 5% | Branco/nulo/não vai votar: 21%

Apesar das declarações de Caiado, o cenário político segue com o amplo favoritismo do presidente Lula.

¨      Gusttavo Lima se enfurece após ser esnobado por comentarista da GloboNews

Durante uma de suas intervenções na programação da GloboNews, na última sexta-feira (3), o comentarista Demétrio Magnoli, ao ser questionado sobre o anúncio da candidatura do cantor sertanejo Gusttavo Lima, fez pouco caso e esnobou.

"Quem é Gusttavo Lima? Prefiro não saber", debochou Demétrio Magnoli. Ao tomar conhecimento da esnobada que levou de Magnoli, Gusttavo Lima se enfureceu e fez alguns posts em seu perfil no Instagram.

Na primeira publicação, Gusttavo Lima apenas compartilhou o momento em que é esnobado por Demétrio Magnoli. Na sequência, o cantor compartilhou um vídeo com o empresário Elon Musk criticando a existência de impostos.

No terceiro story, Lima respondeu Magnoli: "Eu sou o povo, sou o cidadão, pagador de impostos que sustenta toda essa máquina chamada Brasil."

¨      Gusttavo Lima quer distribuir cachaça mensalmente se eleito em 2026

O cantor Gusttavo Lima anunciou sua intenção de se candidatar à Presidência da República em 2026, mas sua entrada na política já parece mais uma piada do que algo sério. 

Durante um show, prometeu o inusitado “bolsa cachaça”, garantindo cachaça mensal aos brasileiros caso seja eleito, informou o portal Metrópoles neste sábado (4). O show ocorreu na sexta-feira (3). 

“Quem votar em mim vai ganhar seis anos de cachaça para beber todo mês. Não terá desculpa para não beber”, afirmou o cantor sertanejo, ignorando que o mandato presidencial no Brasil tem duração de apenas quatro anos. 

¨      Danilo Gentili detona Eduardo Bolsonaro: "Vagabundo"

O comediante Danilo Gentili se revoltou ao tomar conhecimento, a partir de uma publicação da página Análise Política, de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) trabalhou apenas 72 dias ao longo de 2024, ou seja, tirou 293 folgas.

De acordo com informações do portal Análise Política, para sustentar o tempo de trabalho e de folga, Eduardo Bolsonaro "gastou R$ 340 mil reais da cota parlamentar, R$ 1,3 milhão em contratação de assessores e mais R$ 528 mil em salários, totalizando R$ 2,2 milhões".

Revoltado com o alto custo para sustentar as folgas de Eduardo Bolsonaro, o comediante Danilo Gentili afirmou que os paulistas deveriam exigir que o parlamentar tirasse "São Paulo" de seu nome nas redes sociais e ainda classificou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro como "vagabundo".

Cabe destacar que o deputado Eduardo Bolsonaro é um ferrenho militante contra o fim da escala 6x1, que visa dar dignidade e descanso para a classe trabalhadora. A pauta tem sido liderada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-RJ) e o vereador Ricardo Azevedo (PSOL-RJ), que fundou o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que atua pelo fim da escala 6x1.

¨      Bolsonaristas ainda creem que Trump ajudará em anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta seu momento mais difícil desde que deixou o Planalto. Indiciado em três inquéritos, sem poder se candidatar até 2030 e impedido de viajar ao exterior, o ex-presidente segue no alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) — instância que ele atacou ao longo de todo o seu mandato e que, de acordo com a Polícia Federal, seria um dos pilares de um suposto plano de golpe. Não surpreende, portanto, que os ministros da Corte não deem sinais de recuo nos processos em andamento.

Segundo reportagem da revista Veja, apoiadores próximos de Bolsonaro veem no presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, uma tábua de salvação para interromper as investigações contra o ex-presidente e articular, no Congresso Nacional brasileiro, uma anistia que o habilitaria a disputar as eleições de 2026.

O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta seu momento mais difícil desde que deixou o Planalto. Indiciado em três inquéritos, sem poder se candidatar até 2030 e impedido de viajar ao exterior, o ex-presidente segue no alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) — instância que ele atacou ao longo de todo o seu mandato e que, de acordo com a Polícia Federal, seria um dos pilares de um suposto plano de golpe. Não surpreende, portanto, que os ministros da Corte não deem sinais de recuo nos processos em andamento.

Segundo reportagem da revista Veja, apoiadores próximos de Bolsonaro veem no presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, uma tábua de salvação para interromper as investigações contra o ex-presidente e articular, no Congresso Nacional brasileiro, uma anistia que o habilitaria a disputar as eleições de 2026.

“Ainda que o Congresso Nacional (americano) não faça nada, se o Executivo quiser, pode fazer várias medidas para brecar o avanço do autoritarismo no Brasil. Podem esperar: a conduta vai mudar e a cobra vai fumar.”

A fala, de Eduardo Bolsonaro, filho “Zero Três” do ex-presidente e agora secretário de Relações Internacionais do PL, foi feita em uma live no final de novembro. Segundo ele, Trump teria prometido pressionar, inclusive com sanções, as autoridades brasileiras que estariam conduzindo uma “perseguição” contra o ex-mandatário. Nesse pacote de medidas, figurariam o cancelamento de vistos de magistrados do STF, a criação de dificuldades em relações comerciais e, em um cenário extremo, o congelamento de ativos de autoridades brasileiras no exterior.

Apesar da empolgação com o suposto suporte de Washington, não está claro o quanto tais medidas poderiam realmente influenciar os rumos das investigações em Brasília. Há quem diga que as promessas de Trump, famoso por declarações polêmicas, poderiam ser simples retórica para agradar os bolsonaristas de plantão.

 

Fonte: Brasil 247/Metrópoles/Fórum

 

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