Paulo Henrique Arantes: Possível
candidatura de Gusttavo Lima nada tem a ver com antipolítica
O cantor Gusttavo Lima, cujo
repertório musical já bastaria para afastá-lo de mentes e ouvidos civilizados,
diz almejar a Presidência da República do Brasil. Em tempos de Pablo Marçal e
outras aberrações, o lançamento de nome tão pouco recomendável para tocar o
país não surpreende. A direita insiste nos ditos “antipolíticos”, como se tais
não fossem meros fantoches de políticos tradicionais.
O União Brasil de Ronaldo
Caiado e o agro, dito “pop”, estariam incensando-o, afora a sondagem de outros
direitistas, como o inelegível Jair Bolsonaro. Por tóxico e quase preso, o
capitão já teria sido escanteado pelo cantor, que, ademais, ainda não convenceu
ninguém da lisura de seus negócios com bets etc.
O discurso antipolítica é
eleitoralmente eficaz, mas a verdadeira antipolítica nada tem a ver com a
candidatura de figuras exóticas – e cheias de esqueletos no armário – a serviço
de velhos caciques sem votos. Já tratamos disso neste espaço, e até arriscamos
certa profundidade – era 2022. Recordemos, por oportuno.
“Um símbolo global da
antipolítica, aquela conceitualmente justificável, foi o presidente da antiga
Checoslováquia e primeiro mandatário da atual República Checa, Vaclav Havel, um
intransigente defensor da resistência não-violenta, além de escritor e
dramaturgo. Líder da Revolução de Veludo, Havel é um ícone da “política da
antipolítica”, tendo atuado contra o monopólio ideológico da vida pública, na
qual, entendia, deveria prevalecer o pluralismo.
“Também simbolizam a
antipolítica em seu melhor sentido nomes como o de Gandhi, que esteve à frente
do movimento de descolonização no período Pós-Guerra, e o de Martin Luther
King, líder antissegregacionista americano dos anos 1960. Ambos conduziram
verdadeiras rebeliões de massa de forma pacífica, absolutamente descasadas da
negação da política como instrumento de superação de conflitos que a pior
direita prega hoje.
“Não é tarefa simples
definir a antipolítica, algo maior do que o mero repúdio aos políticos em
geral. Assim a conceituou o ensaísta húngaro Gyorgy Konrad, dissidente durante
a dominação soviética em seu país: “A antipolítica é a atividade política
daqueles que não querem ser políticos e que recusam sua cota de poder. A
antipolítica não apoia nem se opõe a governos – é diferente. Seus adeptos
vigiam o poder político, exercem pressão com base apenas no seu estatuto
cultural e moral. A antipolítica é a rejeição ao monopólio do poder pela classe
política. Se a oposição política ganhar o poder, a antipolítica mantém-se à
mesma distância e mostra a mesma independência em relação ao novo governo.
“Corrupção, fisiologismo,
patrimonialismo, caciquismo, mandonismo e nepotismo - e, atualmente,
negacionismo - somados a uma notável incompetência na gestão pública, têm
caracterizado a política brasileira ao longo da História, salvo breves espasmos
de correção e acerto. Não é de surpreender o surgimento de um forte sentimento
antipolítico no seio da população. Só que parcela dessa população,
conceitualmente perdida, fatalmente abraça a extrema-direita e seu discurso
falso-moralista.”
¨
Petistas
despreocupados com candidatura de Gusttavo Lima
A possível candidatura do cantor Gusttavo Lima à Presidência da República em 2026, revelada
pelo Metrópoles na coluna Grande Angular na quinta-feira (2/1), não preocupou caciques do PT nem aliados
de Lula.
Segundo petistas ouvidos pela coluna, a avaliação é
de que quem deve se preocupar, no momento, com a chance do sertanejo se
candidatar é o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ainda alimenta a esperança de ser candidato
no pleito.
Como destacou a coluna, o futuro líder do PT na
Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), chegou a “comemorar” a iniciativa de Gusttavo Lima, pois isso indicaria que Bolsonaro “não tem mais
controle” da direita.
Isso porque, além de Lima, o próprio Bolsonaro
ainda acredita na possibilidade de se candidatar à Presidência da República.
Caso o sertanejo realmente se lance, a candidatura dele deve dividir os votos
da direita no primeiro turno.
No entorno de Bolsonaro, a avaliação é de que Lima
faz um “jogo casado” com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que
deseja concorrer ao Planalto. A candidatura do cantor serviria para blindar
Caiado de críticas de bolsonaristas
¨ Para
ministros de Lula, candidatura de Gusttavo Lima é “jogo armado” com Caiado
A possível candidatura do cantor Gusttavo Lima à Presidência da
República em 2026 provocou reações intensas no cenário político brasileiro. De
acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, ministros do
governo Lula (PT) veem a movimentação como um "jogo armado" entre o
cantor sertanejo e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), que
também é pré-candidato ao Palácio do Planalto. A relação próxima entre Caiado e
Lima levanta suspeitas de articulação política.
A percepção de que Caiado
estaria utilizando Lima como parte de uma estratégia eleitoral não é apenas do
campo lulista. Bolsonaristas também consideram a possibilidade de que o
governador esteja planejando fortalecer sua base política no Senado em 2026,
com a candidatura de sua esposa, Gracinha Caiado, e do próprio Gusttavo Lima.
Nesse cenário, Lima poderia desistir da disputa presidencial para apoiar Caiado
e, eventualmente, concorrer ao Senado.
No campo bolsonarista, a
suposta aliança entre Lima e Caiado foi encarada ainda como uma
"traição". O cantor teria conversado recentemente com Jair Bolsonaro
(PL) sem mencionar suas pretensões presidenciais, o que foi visto como um
desrespeito ao ex-presidente, que ainda se considera a principal liderança da
direita, mesmo inelegível até 2030.
Um ministro de Lula
ironizou: "isso parece jogo armado com Caiado. O negócio do Gusttavo Lima
é apostar, é um homem das bets. Não passa de uma grande aposta.
O cantor foi indiciado pela
Polícia Civil de Pernambuco por lavagem de dinheiro e organização criminosa, em
uma investigação relacionada a esquemas de apostas ilegais. No ano passado,
chegou a ter a prisão preventiva decretada, mas a decisão foi posteriormente
revogada.
“É tudo fake. Tudo é para
confundir, o interessante é que eles estão brigando entre si, um canta e os
outros dançam", avaliou mais um ministro. “Caiado é candidatíssimo”, disse
outro.
<><>
Fragmentação como trunfo para Lula
No campo petista, a
fragmentação da direita e extrema direita é vista como positiva para o
presidente Lula. Segundo um auxiliar próximo ao chefe do Executivo, uma
candidatura de Gusttavo Lima poderia ampliar o número de concorrentes no
primeiro turno, beneficiando a reeleição de Lula.
¨ Caiado, que
perderia para Lula de 54% a 20%, diz que "governo acabou"
O
governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), voltou a criticar o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que a gestão petista
“acabou no segundo ano”. As declarações, divulgadas pela revista Veja, contrastam com os
dados recentes da pesquisa Genial/Quaest, que indicam uma ampla vantagem de
Lula em um possível segundo turno contra diversos adversários, inclusive o
próprio Caiado.
De
acordo com o levantamento, realizado pela Quaest entre os dias 4 e 9 de
dezembro, com 8.598 pessoas entrevistadas pessoalmente, o presidente Lula
derrotaria, em um eventual segundo turno em 2026, nomes como Jair Bolsonaro
(PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Pablo Marçal (PRTB) e o próprio
Ronaldo Caiado (União). Neste cenário, o petista aparece com 54% das intenções
de voto, enquanto o governador de Goiás registra 20%. A margem de erro da
pesquisa é de 1 ponto percentual para mais ou para menos, com nível de
confiança de 95%.
Apesar
dos números, Caiado sustenta que o atual governo não entrega resultados. “Até
hoje, Lula ancorou o governo no acontecimento de 8 de janeiro. Como o assunto
está sendo julgado pelo Supremo, ele fica sem discurso e sem nenhuma entrega. O
governo acabou no segundo ano”, declarou o governador, sem mencionar
diretamente os resultados da pesquisa.
Caiado
também criticou o aumento de gastos públicos e a ausência de reformas. “Já se
passaram dois anos e o governo Lula só fez aumentar gastos. Reformas
estruturais, nem cogitou fazê-las”, disse, reforçando o que considera como
falta de ação no campo fiscal. O governador ainda ressaltou o que julga ser a
falta de novos programas efetivos. “O único programa de governo que foi bem
avaliado é o pé de meia, cópia do meu programa instalado desde 2021”,
acrescentou.
<><> Cenários divulgados pela
Genial/Quaest
·
Lula x Bolsonaro: 51%
x 35%Indecisos: 3% | Branco/nulo/não vai votar: 11%
·
Lula x Tarcísio: 52%
x 26%Indecisos: 5% | Branco/nulo/não vai votar: 17%
·
Lula x Pablo Marçal: 52%
x 27%Indecisos: 4% | Branco/nulo/não vai votar: 17%
·
Lula x Caiado: 54%
x 20%Indecisos: 5% | Branco/nulo/não vai votar: 21%
Apesar
das declarações de Caiado, o cenário político segue com o amplo favoritismo do
presidente Lula.
¨ Gusttavo
Lima se enfurece após ser esnobado por comentarista da GloboNews
Durante uma de suas
intervenções na programação da GloboNews, na última sexta-feira
(3), o comentarista Demétrio Magnoli, ao ser questionado sobre o anúncio da
candidatura do cantor sertanejo Gusttavo Lima, fez pouco caso e esnobou.
"Quem é Gusttavo
Lima? Prefiro não saber", debochou Demétrio Magnoli. Ao tomar conhecimento da esnobada que levou de Magnoli, Gusttavo
Lima se enfureceu e fez alguns posts em seu perfil no Instagram.
Na primeira publicação,
Gusttavo Lima apenas compartilhou o momento em que é esnobado por Demétrio
Magnoli. Na sequência, o cantor compartilhou um vídeo com o empresário Elon
Musk criticando a existência de impostos.
No terceiro story, Lima
respondeu Magnoli: "Eu sou o povo, sou o cidadão, pagador de impostos que
sustenta toda essa máquina chamada Brasil."
¨ Gusttavo
Lima quer distribuir cachaça mensalmente se eleito em 2026
O cantor Gusttavo Lima
anunciou sua intenção de se candidatar à Presidência da República em 2026, mas
sua entrada na política já parece mais uma piada do que algo sério.
Durante um show, prometeu o
inusitado “bolsa cachaça”, garantindo cachaça mensal aos brasileiros caso seja
eleito, informou o portal Metrópoles neste sábado (4). O show
ocorreu na sexta-feira (3).
“Quem votar em mim vai
ganhar seis anos de cachaça para beber todo mês. Não terá desculpa para não
beber”, afirmou o cantor sertanejo, ignorando que o mandato presidencial no
Brasil tem duração de apenas quatro anos.
¨ Danilo
Gentili detona Eduardo Bolsonaro: "Vagabundo"
O comediante Danilo Gentili se revoltou ao tomar conhecimento, a partir de uma publicação
da página Análise Política, de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) trabalhou apenas 72 dias ao longo de 2024, ou seja,
tirou 293 folgas.
De acordo com
informações do portal Análise Política, para sustentar o tempo de trabalho e de
folga, Eduardo Bolsonaro "gastou R$ 340 mil reais da cota parlamentar, R$
1,3 milhão em contratação de assessores e mais R$ 528 mil em salários,
totalizando R$ 2,2 milhões".
Revoltado com o alto
custo para sustentar as folgas de Eduardo Bolsonaro, o comediante Danilo
Gentili afirmou que os paulistas deveriam exigir que o parlamentar tirasse
"São Paulo" de seu nome nas redes sociais e ainda classificou o filho
do ex-presidente Jair Bolsonaro como "vagabundo".
Cabe destacar que o
deputado Eduardo Bolsonaro é um ferrenho militante contra o fim da escala 6x1,
que visa dar dignidade e descanso para a classe trabalhadora. A pauta tem sido
liderada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-RJ) e o
vereador Ricardo Azevedo (PSOL-RJ), que fundou o movimento Vida Além do
Trabalho (VAT), que atua pelo fim da escala 6x1.
¨ Bolsonaristas
ainda creem que Trump ajudará em anistia
O ex-presidente Jair
Bolsonaro enfrenta seu momento mais difícil desde que deixou o Planalto.
Indiciado em três inquéritos, sem poder se candidatar até 2030 e impedido de
viajar ao exterior, o ex-presidente segue no alvo do Supremo Tribunal Federal
(STF) — instância que ele atacou ao longo de todo o seu mandato e que, de
acordo com a Polícia Federal, seria um dos pilares de um suposto plano de
golpe. Não surpreende, portanto, que os ministros da Corte não deem sinais de
recuo nos processos em andamento.
Segundo reportagem da revista Veja, apoiadores próximos de Bolsonaro veem no presidente eleito dos Estados
Unidos, Donald Trump, uma tábua de salvação para interromper as investigações
contra o ex-presidente e articular, no Congresso Nacional brasileiro, uma
anistia que o habilitaria a disputar as eleições de 2026.
O ex-presidente Jair
Bolsonaro enfrenta seu momento mais difícil desde que deixou o Planalto.
Indiciado em três inquéritos, sem poder se candidatar até 2030 e impedido de
viajar ao exterior, o ex-presidente segue no alvo do Supremo Tribunal Federal
(STF) — instância que ele atacou ao longo de todo o seu mandato e que, de
acordo com a Polícia Federal, seria um dos pilares de um suposto plano de
golpe. Não surpreende, portanto, que os ministros da Corte não deem sinais de
recuo nos processos em andamento.
Segundo reportagem da revista Veja, apoiadores próximos de Bolsonaro veem no presidente eleito dos Estados
Unidos, Donald Trump, uma tábua de salvação para interromper as investigações
contra o ex-presidente e articular, no Congresso Nacional brasileiro, uma
anistia que o habilitaria a disputar as eleições de 2026.
“Ainda que o
Congresso Nacional (americano) não faça nada, se o Executivo quiser, pode fazer
várias medidas para brecar o avanço do autoritarismo no Brasil. Podem esperar:
a conduta vai mudar e a cobra vai fumar.”
A fala, de Eduardo
Bolsonaro, filho “Zero Três” do ex-presidente e agora secretário de Relações
Internacionais do PL, foi feita em uma live no final de novembro. Segundo ele,
Trump teria prometido pressionar, inclusive com sanções, as autoridades
brasileiras que estariam conduzindo uma “perseguição” contra o ex-mandatário.
Nesse pacote de medidas, figurariam o cancelamento de vistos de magistrados do
STF, a criação de dificuldades em relações comerciais e, em um cenário extremo,
o congelamento de ativos de autoridades brasileiras no exterior.
Apesar da empolgação com o
suposto suporte de Washington, não está claro o quanto tais medidas poderiam
realmente influenciar os rumos das investigações em Brasília. Há quem diga que
as promessas de Trump, famoso por declarações polêmicas, poderiam ser simples
retórica para agradar os bolsonaristas de plantão.
Fonte: Brasil
247/Metrópoles/Fórum
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