quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

ONU afirma que palestinos em Gaza estão sendo 'empurrados ao limite' com possível retirada da ONU

A alta funcionária da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA na sigla em inglês), Louise Wateridge, alertou neste domingo (5) que a saída da agência da Faixa de Gaza trará consequências negativas para a ordem social do enclave palestino.

Em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, após ter retornado de Gaza, ela destacou que os dois projetos de lei aprovados pelo parlamento israelense, que bloqueiam a cooperação com a agência, impossibilitarão a distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.

"Se essa agência for eliminada, elimina-se esse amortecedor. Fico surpresa de o ordenamento social não ter desmoronado mais do que já desmoronou. As pessoas [em Gaza] estão sendo empurradas ao limite", afirmou a porta-voz.

"Se a UNRWA não funcionar mais, simplesmente não haverá nenhuma outra agência que possa intervir", disse Wateridge.

A trabalhadora humanitária admitiu não estar ciente de qualquer plano B sobre como continuar operando em Gaza caso Israel bloqueie o trabalho da agência, como o governo de Benjamin Netanyahu planeja fazer no final de janeiro.

Em outubro passado, o parlamento israelense aprovou dois projetos de lei para proibir a UNRWA de realizar "qualquer atividade" em Gaza e declarou a agência como um grupo terrorista.

Isso ocorreu após acusações do Governo de Israel, desmentidas pelos trabalhadores da agência, de que membros do pessoal da UNRWA em território palestino estiveram envolvidos nos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2003, que causaram a morte de mais de 1,2 mil israelenses e o sequestro de centenas de outros.

Wateridge disse ao jornal que a ameaça à operação da UNRWA ocorre em um momento em que o consenso geral em Gaza é o de que foram abandonados pela comunidade internacional.

"Se você falar com qualquer pessoa, qualquer civil, a sensação é de desespero absoluto", disse ela, referindo-se aos residentes da Faixa de Gaza. "Aparece um quadricóptero, depois um drone, [e o tempo todo] você tem que desviar para não ser morto. E, ao mesmo tempo, você tem que conseguir água e comida para sua família e se manter aquecido."

Enquanto isso, a porta-voz alertou que a ordem civil estava se desmoronando em partes do enclave:

"Há áreas em que há anarquia absoluta. Não há outra maneira de descrevê-lo. Aqui operam famílias criminosas locais. Mataram nossos motoristas, o que é absolutamente horrível, e então toda a ajuda foi saqueada".

A funcionária acrescentou que as ações das Forças de Defesa de Israel em Gaza estavam tornando as condições de vida "absolutamente miseráveis em todos os sentidos".

"Os bombardeios e os ataques são uma parte, e a outra grande parte é a vida indigna. Simplesmente, todos os aspectos da vida em sociedade desapareceram", concluiu.

¨      Israel anuncia recrutamento da 1ª brigada de soldados ultraortodoxos

As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram o recrutamento da primeira brigada de soldados ultraortodoxos "Hahashmonaim"; 50 pessoas já foram alistadas no núcleo e outras 100 se juntarão à reserva.

"Cerca de 50 recrutas ultraortodoxos iniciais já foram alistados e formarão o núcleo da primeira companhia da brigada. Além disso, cerca de mais 100 cidadãos ultraortodoxos serão alistados no serviço de reserva", disse o Exército em um comunicado em seu canal do Telegram.

Os recrutas começarão seis meses de treinamento de infantaria, e a brigada é considerada um marco significativo na expansão do setor ultraortodoxo (Haredi) nas FDI.

Para os círculos ultrarreligiosos judaicos, esses jovens cumprem com seu dever público ao estudar os textos sagrados, contribuindo dessa forma para a estabilidade e a inviolabilidade do Estado hebraico.

Até então existia apenas um batalhão composto de judeus haredi voluntários, o 97º Netzah Yehuda, ou Nahal Haredi como também é conhecido. Estabelecido em 1999, o batalhão conta com adaptações especiais para acomodar os estudiosos, como restrição do contato entre homens e mulheres que não são suas esposas e tempo dedicado de leitura da Torá.

Apesar de consistirem uma boa parcela da população israelense, a maioria dos haredi se declara não-sionista. Dessa forma, o batalhão concentra uma minoria mais extremista, tendo sido acusado de crimes de guerra contra palestinos que vão desde a morte de civis à tortura e estupros. Por conta disso, o governo dos Estados Unidos consideraram no ano passado sancionar seus membros, mas abandonou a ideia.

Anteriormente, o Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, apresentou ao Comitê de Relações Exteriores e Segurança do Knesset, parlamento unicameral de Israel, novas diretrizes dentro da estrutura da lei sobre serviço militar, dentro da qual cerca de 50% dos jovens ultraortodoxos estão sujeitos ao recrutamento.

A manobra foi criticada por seu predecessor no cargo, Yoav Gallant, que renunciou a seu cargo de parlamentar em protesto.

Por décadas os jovens haredi estudantes das escolas religiosas (Yeshivá) estiveram isentos de servir no Exército israelense. No entanto, em 2017 a Suprema Corte de Israel (Bagatz) considerou isso uma violação da igualdade entre os cidadãos e anulou a lei.

Desde então, o governo israelense tem continuamente adiado o processo de regularização do fardo militar. Em junho deste ano, a Bagatz decidiu por unanimidade que o Estado não pode mais isentar os alunos das escolas religiosas judaicas o serviço militar devido à falta de uma estrutura legal.

O painel de nove juízes também decidiu que o governo não pode mais fornecer suporte financeiro aos alunos de yeshivás que não receberam dispensa do serviço nas FDI.

¨      Chanceler iraniano adverte Israel sobre possibilidade de 'guerra em larga escala'

Israel corre o risco de desencadear uma guerra em larga escala se lançar outro ataque contra Teerã, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, em entrevista à Televisão Central da China (CCTV).

O conflito encoberto dissimulado de longa data entre Israel e o Irã tem passado a confrontos diretos no ano passado, que poderiam potencialmente ficar fora do controle a menos que a diplomacia prevaleça, disse o chanceler iraniano durante a entrevista transmitida no sábado (4).

"Estamos totalmente preparados para a possibilidade de novos ataques por Israel", observou ele. "Espero que Israel se abstenha de tomar tais ações imprudentes, pois isso poderia levar a uma guerra em larga escala", advertiu.

"Acreditamos que a razão acabará por prevalecer e evitar ações que poderiam ter sérias consequências", acrescentou, ressaltando o compromisso do Irã de se envolver com aliados regionais e internacionais, incluindo a China, para amenizar tensões e buscar a paz.

Em meados de outubro, o general Amir Ali Hajizadeh, comandante das Forças espaciais militares do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), disse que forças estão prontas para dar uma resposta dura aos inimigos do Irã se eles cometerem qualquer erro.

¨      Hamas diz que aprovou com Israel uma lista de reféns para possível cessar-fogo; Netanyahu nega

O movimento palestino Hamas aprovou uma lista de 34 reféns mantidos pelo movimento na Faixa de Gaza que serão trocados como parte de um acordo de cessar-fogo no enclave com Israel, relata a Reuters, citando um oficial não identificado do movimento.

O oficial também acrescentou à agência que qualquer acordo entre o Hamas e Israel depende de se chegar a um acordo sobre a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e um cessar-fogo permanente. Ele diz que não houve progresso do lado israelense a esse respeito.

Por sua vez, o gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu diz que o Hamas não forneceu essa lista "até o momento".

Segundo o jornal Times of Israel, a nação hebraica teria enviado uma lista de 34 reféns vivos que devem ser libertados no início de qualquer acordo. O Hamas, na semana passada, teria concordado com 22 nomes, que seriam mulheres, idosos e doentes, mas se recusado a libertar os demais, supostamente homens em idade militar.

Durante várias rodadas de negociações Netanyahu insistiu que Israel não finalizará sua campanha contra o Hamas e que a luta contra o movimento palestino será mantida dentro de qualquer acordo alcançado.

As negociações estão em andamento em Doha, no Catar, sobre um possível acordo de cessar-fogo e troca de cativos. A informação já havia sido adiantada à Sputnik por Dmitry Gendelman, um conselheiro do gabinete do primeiro-ministro.

Frente a retomada das negociações, Israel aumentou o número de bombardeios realizados contra o enclave palestino. Nos últimos três dias foram mais de 100 ataques do tipo, deixando mais de 200 palestinos mortos, em sua maioria mulheres e crianças.

O movimento xiita Ansar Allah, governante do norte do Iêmen, anunciou o seu primeiro ataque com mísseis contra a usina elétrica de Orot Rabin, localizada perto de Haifa, no norte de Israel.

Anteriormente, os houthis tentaram atacar usinas elétricas perto de Tel Aviv e Jerusalém depois de Israel ter bombardeado centrais elétricas na capital do Iêmen, Sanaa, e na cidade ocidental de Hodeida.

"As Forças Armadas do Iêmen atacaram a usina Orot Rabin ao sul de Haifa, nos territórios palestinos ocupados, usando um míssil balístico hipersônico Palestine 2, atingindo o alvo com sucesso", comentou o porta-voz militar houthi, Yahya Saria, em comunicado à TV Al Masirah.

Ele observou que "a operação foi realizada em apoio à Faixa de Gaza da Palestina" e que as suas "capacidades militares estão em constante evolução".

Em dezembro passado, o líder do Ansar Allah anunciou que as suas forças utilizaram 1.147 mísseis e drones desde novembro de 2023 para atacar Israel.

Em novembro de 2023, o movimento Ansar Allah, que controla parte do Iêmen e tem o apoio do Irã, iniciou uma campanha de ataques a navios mercantes alegadamente relacionados com Israel para impedi-los de transitar pelos mares Arábico e Vermelho até que a Faixa de Gaza receba os alimentos e remédios de que precisa.

Perante o perigo de ataques em uma área fundamental para o comércio mundial e, em particular, para o petróleo, várias companhias marítimas optaram por enviar os seus navios para contornar a África, o que atrasa e encarece o transporte.

Desde meados de dezembro de 2023, os EUA e os seus aliados têm levado a cabo uma operação nesta área que inclui bombardeios em solo iemenita para dissuadir os houthis de ataques a navios mercantes e garantir a liberdade de navegação.

Altos funcionários do Ansar Allah afirmaram em mais de uma ocasião que continuarão realizando as suas operações militares até que Israel cesse "a agressão contra o povo palestino".

¨      Soldado israelense de férias no Brasil deixa o país após ser investigado por crimes de guerra

De férias no Brasil, o soldado das Forças de Defesa de Israel Yuval Vagdani retornou ao seu país mais cedo após a Justiça brasileira determinar a abertura de um inquérito por crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza.

No última segunda-feira, 30 de dezembro, a juíza federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, Raquel Soares Charelli, emitiu uma determinação para que a Polícia Federal abrisse uma investigação contra Yuval Vagdani, com despachos de material enviados ainda no dia 3 de janeiro.

Segundo noticia o site Metrópoles, contudo, horas após o processo ser aberto Vagdani saiu do país. Familiares do acusado relataram ao Times of Israel que um amigo, que viajava junto do militar, recebeu uma mensagem da representação diplomática de Israel informando a existência de um mandato de prisão contra ele.

Yuval Vagdani estava de férias em Morro de São Paulo, na Bahia, mas foi identificado pela Fundação Hind Rajab (HRF). A instituição atua internacionalmente denunciando crimes praticados contra palestinos.

Em imagens e vídeos publicados em suas próprias redes sociais, Vagdani aparece no corredor Netzarim, faixa de terra usada por Israel para dividir as populações da Faixa de Gaza e como base de ações. Na legenda, Vagdani afirma:

"Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus alicerces."

Em outro vídeo, publicado no perfil de outros soldado, Vagdani posa em frente aos escombro de imóveis palestinos enquanto explosivos eram instalados para demoli-los. Conforme explica a HRF, as imagens tratam da demolição do bairro residencial fora da situação de combate.

O pedido de investigação foi feito por meio de uma notícia-crime escrita pelos advogados Maira Machado Frota Pinheiro e Caio Patrício de Almeida. Segundo os juristas, o Brasil como signatário de tratados internacionais como o Estatuto de Roma e a Convenção de Genebra tem o dever de processar tais crimes, mesmo se não forem cometidos em solo brasileiro.

A denúncia primeiro tramitou no estado da Bahia, mas a legislação brasileira estabelece que crimes cometidos foram do território nacional devem ser processados na capital da República se o acusado nunca tiver residido no Brasil.

<><> Ministro israelense e Eduardo Bolsonaro culpam Lula por processo contra soldado que estava no Brasil

O ministro de Assuntos da Diáspora de Israel, Amichai Chikli (Likud), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se juntaram para criticar o inquérito aberto contra Yuval Vagdani, soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) que estava de férias no Brasil.

Em uma carta oficial enviada pelo ministro israelense ao deputado federal, Amichai Chikli acusa a Justiça brasileira, "com apoio do presidente Lula", de consentir com as visões "extremistas" dos fundadores da Fundação Hind Rajab (HRF), nomeada em homenagem a uma menina de cinco anos morta pelas Forças de Defesa de Israel.

Rajab estava em um veículo com sua família quando foi bombardeada por um tanque israelense. A menina sobreviveu aos ataques e conseguiu discar um celular para os serviços de emergência e ficou três horas na chamada enquanto os paramédicos tentavam chegar ao local para resgatá-la. No entanto, a menina e os paramédicos foram encontrados mortos.

Em seu perfil no X, Eduardo Bolsonaro demonstrou orgulho de ser contatado pelo ministro, afirmando que a carta vai decorar a parede do seu gabinete no Congresso ao lado de comunicações do serviço de inteligência estrangeira de Israel, o Mossad, do ex-presidente do Parlamento e atual ministro da Justiça, Yariv Levin, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Nem Levin, nem Netanyahu comentaram o caso do soldado acusado pelas cortes brasileiras. O líder da oposição e ex-membro do gabinete de crise, Yair Lapid, no entanto culpou o governo israelense, afirmando que a situação é "um enorme fracasso político de um governo irresponsável que simplesmente não sabe governar", informa o portal Times of Israel.

A Fundação Hind Rajab atua internacionalmente denunciando crimes de guerra cometidos por soldados israelenses contra palestinos, com foco naqueles que possuam dupla cidadania.

Segundo fontes diplomáticas ouvidas pelo portal israelense Kan, a organização já realizou diversas denúncias do tipo ao redor do mundo, mas ainda não obtiveram sucesso em conseguir emitir um mandato de prisão contra um militar israelense.

<><> Conflito no Oriente Médio

Em 7 de outubro de 2023, um ataque coordenado pelo Hamas, a partir da Faixa de Gaza, contra mais de 20 comunidades israelenses resultou em cerca de 1,1 mil mortos, aproximadamente 5,5 mil feridos e 253 reféns, dos quais cerca de 100 foram posteriormente libertados em trocas de prisioneiros.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas e lançou uma série de bombardeios sobre a Faixa de Gaza. O número total de palestinos mortos devido à ofensiva israelense, iniciada há mais de um ano, ultrapassa os 45,5 mil, com mais de 108.100 feridos. Segundo as autoridades de saúde de Gaza, mulheres e crianças são boa parte das vítimas. Já as FDI afirmam ter matado pelo menos 20 mil combatentes do Hamas.

Países como Rússia e Brasil pedem a Israel e ao Hamas que estabeleçam um cessar-fogo e defendem uma solução de dois Estados, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947, como a única via possível para alcançar uma paz duradoura na região.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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