O que é sustentabilidade, exemplos e como
adotar
O termo
sustentabilidade deriva do latim sustentare, que significa sustentar, defender,
favorecer, apoiar, conservar e/ou cuidar. O conceito de sustentabilidade
vigente teve origem em Estocolmo, na Suécia, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, que aconteceu entre os dias 5 e 16 de junho de
1972.
A Conferência de
Estocolmo chamou atenção internacional principalmente para as questões
relacionadas à degradação ambiental e à poluição. Foi a primeira conferência
sobre meio ambiente realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Os
participantes buscavam entender as necessidades do presente do planeta. Além
disso, a ONU também criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
Mais tarde, em 1992,
na Eco-92 (ou Rio-92), que aconteceu no Rio de Janeiro, foi consolidado o
conceito de desenvolvimento sustentável. Este passou a ser entendido como o
desenvolvimento a longo prazo, de maneira que não sejam exauridos os recursos
naturais utilizados pela humanidade. Tudo isso através de práticas sustentáveis
que incentivem a melhora na qualidade de vida das gerações presentes. Além
disso, sem comprometer a capacidade de obter recursos das próximas gerações.
• Contribuições da Agenda 21 para a
sustentabilidade
A Eco-92 também deu
origem à Agenda 21, um documento que estabeleceu a importância do
comprometimento de todos os países com as soluções dos problemas sociais e
ambientais e no incentivo da educação ambiental. A Agenda 21 trouxe reflexões
sobre o planejamento participativo em nível global, nacional e local. Sua meta
era estimular a criação de uma nova organização econômica e civilizatória.
A Agenda 21 do Brasil,
tem como ações prioritárias os programas de inclusão social (incluindo
distribuição de renda, acesso à saúde e educação) e desenvolvimento sustentável
(incluindo sustentabilidade urbana e rural; preservação dos recursos naturais e
minerais, ética e política para o planejamento).
Essas ações
prioritárias foram reforçadas em 2002, na Cúpula da Terra sobre Desenvolvimento
Sustentável de Joanesburgo. Lá, foi sugerida a maior integração entre as
dimensões social, econômica e ambiental por meio de programas e políticas cada
vez mais centrados nas questões sociais e, em especial, nos sistemas de
proteção social.
A partir de então, o
termo “sustentabilidade” foi incorporado no meio político e empresarial. Sem
contar os meios de comunicação de massa de organizações da sociedade civil.
Entretanto, os que
utilizam o termo “sustentabilidade” não parecem entender as causas da
insustentabilidade. Isso porque o desenvolvimento econômico dos países continua
a ser medido por meio do crescimento perpétuo da produção. Que, por sua vez, se
dá por meio da exploração dos recursos naturais e matérias-primas.
Em contraste com esse
paradigma surgiu a proposta do decrescimento econômico. Ao lado desse debate,
outras visões competem para se posicionar de acordo com a sustentabilidade
ambiental, sustentabilidade social ou sustentabilidade econômica. Como exemplos
de sustentabilidade empresarial e socioambiental, temos as economias solidária,
circular, criativa e regenerativa.
• Qual é o conceito de sustentabilidade?
A preocupação com a
sustentabilidade está em evidência. Questões ambientais continuam em ascensão,
como:
• O uso consciente dos recursos naturais;
• Novas alternativas e ações sustentáveis
em relação ao planeta e as implicações para o bem-estar coletivo e as gerações
futuras;
• Métodos de preservação ambiental;
• Mitigação das mudanças climáticas;
• Responsabilidade social sobre os
impactos ambientais humanos.
O tempo distante, em
que sofreríamos as desvantagens do uso irracional dos recursos naturais, já é
algo concreto. E, infelizmente, não é mais um enredo de livros de ficção
científica. Agora, a questão está presente em nosso cotidiano, nas escolas,
organizações, empresas e nas ruas de nossas cidades.
O desequilíbrio
causado por uma inconsciência ambiental é problema do presente, mas sua origem
remonta à Idade Antiga. A pretensa superioridade de nossa espécie e uma errônea
interpretação da cultura como algo superior à natureza é uma das bases de nossa
civilização. Porém, ela deve ser discutida para que seja possível pensarmos
novos caminhos para nossa economia em longo prazo, sociedade e cultura. Isso de
modo a garantir a continuidade da existência de nossa espécie no planeta Terra.
• Origens do problema
Relatos da “batalha da
humanidade contra a natureza” estão presentes desde as primeiras civilizações.
Vejamos o exemplo da grande epopeia de Gilgamesh, texto da antiga Mesopotâmia.
Em seu estudo, Estela Ferreira nos mostra como essa narrativa é indício do
surgimento do antagonismo da cisão entre civilização e natureza, em pleno
surgimento do pensamento Ocidental.
A luta de Gilgamesh
contra Humbaba, o guardião da floresta, simboliza a suposta “vitória” da
humanidade contra o mundo natural. Essa que perpassou toda a nossa História e
ainda está na arquitetura de nossas cidades, nos nossos padrões de nutrição e
em nossas atividades rotineiras.
No início da Idade
Contemporânea, a Revolução Industrial e os avanços tecnológicos proporcionaram
a exploração de recursos naturais em escala nunca antes vista. Toda a inovação
ocorrida nesse período gerou a necessidade de extração de recursos. Como petróleo
e cobre, de maneira sistemática e em grande quantidade.
Essa guinada
tecnológica foi responsável por melhorias e crescimento econômico. Mas também
grandes problemas decorreram da falta de noção da responsabilidade acerca da
necessidade de um crescimento sustentável e socialmente equânime.
Imersos na mentalidade
da época, os ingleses encaravam a poluição das fábricas como característica de
uma civilização vitoriosa e próspera. Como diziam na época da Segunda Revolução
Industrial, “onde há poluição, há progresso”. Um princípio que não leva em
conta os possíveis efeitos colaterais do modelo industrial. Que é marcado pela
desigualdade social e pelas péssimas condições de vida dos operários.
• O progresso do debate
Nas décadas de 1960 e
1970, iniciam-se as grandes reflexões sobre os danos causados ao meio ambiente.
Algo que gerou os primeiros esforços de uma consciência ecológica.
Gradualmente, o tema deixa de ser uma esquisitice de grupos específicos e se
torna desafio global.
O lançamento do livro
“A Primavera Silenciosa” (1962), torna-se um dos primeiros best-sellers sobre a
questão ambiental. A obra de Rachel Carson marca a inovação do alerta sobre o
uso indiscriminado de agrotóxicos.
Nessa mesma época,
tem-se a primeira aparição do conceito de desenvolvimento sustentável, seguida
pela ECO 92 e suas 21 proposições. Esses acontecimentos proporcionaram o avanço
da discussão sobre a questão ambiental em diversas esferas da sociedade. Assim,
promovendo a ideia de gerar novos modos de produção levando em consideração a
conservação e preservação do meio ambiente.
• Uma nova definição de sustentabilidade
Em 2020, uma equipe de
pesquisadores liderada pelo dr. Christoph Rupprecht, do Instituto de Pesquisas
para a Humanidade e a Natureza, propôs uma nova definição de sustentabilidade.
Ela expande o conceito para espécies não humanas e suas necessidades.
Com essa nova
definição, os pesquisadores abordaram uma falha crítica no conceito original de
sustentabilidade que acaba atravancando os esforços de transformação global. O
estudo foi publicado na revista Global Sustainability.
A equipe identificou
uma contradição no cerne do conceito de sustentabilidade. Sua abordagem de
gestão de recursos ignora que o bem-estar e as necessidades de todos os seres
vivos são interdependentes, de maneira ecologicamente complexa.
Para superar essa
falha, eles combinaram os avanços recentes na etnografia multiespécies com
pesquisas feitas por acadêmicos indígenas e percepções da cibernética. Com base
nesse trabalho, a equipe formulou um conjunto de seis princípios e um novo
conceito de sustentabilidade multiespécies. Ele é definido como atender às
necessidades interdependentes dos seres vivos. Ao mesmo tempo que aumenta a
capacidade das gerações futuras de todas as espécies de atender às suas
próprias necessidades.
Os pesquisadores
apresentaram aplicações potenciais que ajudam a permitir a coexistência
humano-vida selvagem. Além de repensar radicalmente a estrutura do espaço verde
urbano com base no microbioma recente e nas percepções de saúde pública.
A equipe acredita que
suas descobertas possam ser um ponto de partida para a exploração e a discussão
em torno do conceito. Desde questões sobre como as cidades multiespécies devem
ser, até as implicações de um conceito de saúde pública que leve em conta as
espécies. Muitas áreas poderão sofrer mudanças fundamentais, e para melhor,
caso seja feita uma abordagem multiespécies.
• A sustentabilidade e nossas atitudes
Os problemas a serem
combatidos estão tanto nas atitudes empresariais e governamentais quanto nas
nossas escolhas do cotidiano. A sustentabilidade é um conceito relacionado à
vida em vários âmbitos, ou seja, é algo sistêmico. Está em jogo a continuidade da
sociedade humana, suas atividades econômicas, seus aspectos culturais e sociais
e, é claro, ambientais.
Nesse sentido, a
sustentabilidade se sustenta sobre o conceito de desenvolvimento sustentável,
que propõe um novo modo de vida. É uma nova maneira de configurar a vida
humana, buscando que as sociedades possam satisfazer as necessidades e
expressar seu potencial. Como mostra o pensador Henrique Rattner, o conceito de
sustentabilidade “não se resume apenas explicar a realidade, exige o teste de
coerência lógica em aplicações práticas, onde o discurso é transformado em
realidade objetiva”. Sustentabilidade é, de fato, a capacidade de atender as
necessidades da geração presente sem comprometer as futuras gerações, mantendo
a qualidade de vida das pessoas.
Certamente a transição
para esse novo modelo sustentável não acontecerá abruptamente. Como já vimos,
foram anos de História até a formação do sistema atual, o que gerou em nossa
sociedade arraigados maus hábitos. Mas não é preciso pessimismo: há quem diga
que a adaptação gradual já está em andamento.
O funcionamento da
sociedade de consumo pode deixar de ser predatório e inconsequente. Para então,
investir em soluções baseadas na inovação, como a tendência ao uso do
ecodesign, por exemplo. No entanto, vale ressaltar que a mudança de
comportamento é a principal forma de contribuir com a sustentabilidade.
Confira o documentário
A história das coisas. Ele aborda o modelo de consumo predominante no mundo
atual e suas implicações para o meio ambiente.
• Sustentabilidade nas corporações
Com o passar dos anos,
o mundo corporativo também estabeleceu um conjunto de boas práticas de
governança corporativa, com foco em desenvolvimento sustentável e
responsabilidade social. O tema, conhecido como ESG, é uma sigla para
Environmental, Social and Governance, que foi criado por volta de 2005, pelo
ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan.
O termo ESG surgiu
pela primeira vez num relatório publicado pela ONU em conjunto com o Banco
Mundial, o Who Cares Wins.
O relatório carregava
uma provocação aos 50 CEOs das maiores financeiras do mundo. O desafio era a
integração de fatores ambientais, sociais e de governança aos seus negócios.
Ainda assim, o ESG só
se popularizou por volta de 2020, impulsionado pela carta do CEO de uma grande
investidora, Larry Fink. Na carta, Fink relacionou lucro a propósito, dando
importância ao tripé da sustentabilidade na condução dos negócios.
A partir daí, a
prática do ESG tem sido buscada por cada vez mais organizações. A integração de
práticas ambientais, sociais e de governança corporativa tem se tornado
primordial para a boa gestão dos negócios.
Fonte: eCycle
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