quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Se Jesus nasceu judeu, por que ele foi batizado por João Batista?

Jesus nasceu no seio duma família judaica, em que tudo que era “hebreu” lhe foi ensinado. Era letrado, circuncidado, praticava os rituais judeus, e sabia muito bem as escrituras, e a Lei judaica (Halacka).

Ao contrário do que muita gente pensa, o judaísmo é muito variado, com muitos tipos de “seitas” e com correntes amplamente diferentes, especialmente na altura de Jesus, em que era muito comum haver “falsos profetas”, ou simplesmente pessoas interessadas nas mais variadas correntes judaicas.

Acontece que o baptismo não era uma tradição comum no judaísmo, nem o é hoje. Há sim rituais de purificação, chamados de “távila” que acontecem mais para certos rituais como casamentos.

Acontece que Jesus era apocalíptico, isto é, acreditava que o fim estava próximo dos tempos de então. João Baptista, era uma das principais figuras dos Apocalípticos, os Essénios, em que dizia que o fim está próximo, mas também que o Messias virá. Jesus e outros milhares de judeus eram também apocalípticos, e era meio que moda ser apocalíptico em então.

Para João Baptista, o baptismo, significava um baptismo de arrependimento dos pecados, com o fim de serem recebidos pelo Messias.

Todavia, após esse ritual, nota-se que Jesus distanciou-se cada vez mais de João Baptista.

João Baptista era claramente apocalíptico, mas era essencialmente a favor da Lei judaica, chamada de Halacka, em que só aqueles que cumprirem os requisitos dessa lei podem ser salvos. Também João Baptista parecia bastante mais interessado em altas figuras do judaísmo, do que Jesus, que em geral se focava muito mais nos desfavorecidos e em geral os menos sabiam sobre a lei Judaica ou tradições judaicas ou tudo que seja mais intelectual.

Lembre-se que os Judeus são o “povo do livro”, mas acima de tudo são o “povo da interpretação do livro”. Isto é, o foco na opinião, na interpretação dá azo a que haja sempre muita discussão, e a figura do rabi não é um intermediário de Deus, e sim o que seria hoje equivalente a um catedrático universitário.

Jesus, entendia exatamente o contrário. Que não é pela Lei que se salva, e sim através da retidão de comportamento, de qualquer pessoa, independentemente da lei judaica, já que para Jesus, Deus não era acima de tudo um legislador. Deus não queria muito saber da Lei, e para Jesus a Lei é algo humano, e não divino. Ou seja, Deus não tem interesse nenhum se tu és circuncidado ou cumpres qualquer tipo de exquisitisse da lei, e sim se tu és realmente bom, e ajudas o próximo.

Para Jesus, Deus era acima de tudo amor, assim como para alguns outros profetas como Isaías ou Daniel, e por isso, o trabalho de Jesus foi mostrar que a Halacka não tem sentido, ou pelo menos não deve ser interpretada de forma literal. Algo que claro, João Baptista não concordava nada.

O facto da Halacka não ser assim interpretada, faz com que Jesus também possa ser considerado o Messias, porque pela Halacka ele jamais poderia sê-lo.

Por que Jesus se distanciou tanto da lei judaica? Os hebreus desde há muitos séculos foram romanizados, e mesmo as próprias sinagogas são um produto romano-judaico. Enquanto que o foco dos judeus eram particular e criar leis particulares, que só servissem aquele povo, os romanos e gregos estavam interessados no que é absolutamente universal. Havia muitos conflitos, mas também muita troca cultural positiva, entre os quais a arquitectura. As sinagogas são muito parecidas a templos romanos.

Jesus provavelmente foi contagiado pela “interpretação romana da lei”, e por isso, interpretou a Halacka como um advogado romano, e não como um rabi convencional do seu tempo. Todavia, vários profetas tendiam a interpretar a Halacka de uma forma mais próxima do que Jesus dizia. Jesus aliás vivia muito perto de aldeias de língua grega, e parece que ele sabia falar também grego, exatamente porque em alguns contextos ele usava palavras e expressões gregas, que não têm muito sentido se forem ditas em aramaico ou hebraico.

Ao invés da lei, para Jesus, preferir-se-ia um amor ao próximo, uma rectidão de valores, e ser-se puro. Basicamente, Jesus aboliu a lei judaica. Ele usou o baptismo como um símbolo de purificação e como exemplo para os demais.

É bom realçar que foi a partir desse momento, que Jesus se interessou mais por assuntos mais "religiosos" e é como um começar da sua verdadeira aventura mais conectada ao sagrado.

Hoje a doutrina cristã, diz que Jesus nasceu sem pecados e só foi como exemplo, mas isso não passa de óbvia propaganda sem sentido nenhum, em que sequer Jesus nunca o disse, nem os seus próprios apóstolos nem ninguém próximo a ele. Nem tampouco é lógico, sendo que Jesus era humano e várias são as passagens de seus pecados. O facto de Jesus cometer pecados, como qualquer homem só o torna mais divino. E é preciso notar que a sagrada trindade é muito posterior a Jesus, e óbvio que pode encaixar na doutrina cristã de hoje, mas em termos lógicos não tem sentido dizer que Jesus era sem pecado, especialmente porque isso nunca foi sequer entendido no tempo de então.

Jesus era um homem como os outros, mas para uns fez-se Deus, em correspondência com o universo. O baptismo supostamente ajudou a essa purificação. É bom afirmar que Jesus só parece se ter interessado em assuntos mais "religiosos" já bem tarde na vida, mesmo que o seu interesse em criança era notório.

 

       Se Jesus é filho de Deus, então ele não é Deus certo?

 

A crença de que Deus e o Filho de Deus (Jesus Cristo) são a mesma pessoa é uma doutrina central do cristianismo trinitário, que é a perspectiva teológica predominante em muitas denominações cristãs. Essa doutrina é conhecida como a doutrina da Trindade. No entanto, é importante notar que nem todos os grupos cristãos compartilham essa crença, e existem algumas variações nas crenças cristãs em relação à natureza de Deus e Jesus.

A doutrina da Trindade afirma que Deus é uma única substância ou essência divina que existe em três pessoas distintas: Deus Pai, Deus Filho (Jesus Cristo) e Deus Espírito Santo. Essas três pessoas são consideradas coiguais e coeternas, compartilhando a mesma natureza divina. Isso significa que, embora eles sejam distintos em suas funções e relações, eles são um só Deus em essência.

A crença na Trindade baseia-se em uma interpretação das escrituras cristãs, incluindo o Antigo e o Novo Testamento, que, em várias passagens, sugerem a divindade de Jesus Cristo e sua relação com Deus Pai e o Espírito Santo. Além disso, ao longo da história do cristianismo, teólogos e líderes religiosos elaboraram essa doutrina para compreender a complexidade das relações divinas.

Vale ressaltar que outras correntes do cristianismo, como o Unitarismo, contestam a doutrina da Trindade, argumentando que Deus é uma única pessoa e que Jesus é uma entidade separada, mas não divina da mesma forma que o Pai. Essas diferenças doutrinárias têm sido uma fonte de debate e divergência dentro do cristianismo ao longo dos séculos.

Em resumo, os cristãos que acreditam na doutrina da Trindade consideram Deus e o Filho de Deus como a mesma essência divina em três pessoas distintas, enquanto outras perspectivas cristãs divergem dessa interpretação. A crença na Trindade é uma questão complexa e profundamente enraizada na teologia cristã.

 

       Por que há inúmeras interpretações da Bíblia se a palavra escrita é a mesma?

 

Porque o autor do texto está muito longe de nós no tempo e na distância.

Eles tinham um senso comum diferente do senso comum moderno, a mulher era propriedade do homem, a escravidão era normal, guerras eram normais, e você podia matar quem você quisesse dentro da tua casa.

Algumas coisas que eles escreveram não servem mais para nós, algumas coisas que eles deixaram de escrever porque era óbvio para eles, agora é um mistério para nós. Algumas coisas que eles explicam a gente fica sem saber porque, e tem coisas que a explicação não cola.

Tudo isso dá margem para mal-entendidos.

Eu falei da barreira linguística? Palavras que tem mais de um significado, ou pior, palavras em que só foram escritas as consoantes porque era óbvio para quem escreveu quais eram e onde ficavam as vogais, mas a gente não sabe. E expressões idiomáticas que a gente acha que não são, e vice-versa.

Um exercício muito interessante para fazer é tentar traduzir um texto bíblico do pergaminho utilizado e comparar com a tradução "oficial".

 

Fonte: Quora

 

Nenhum comentário: