Quase meio milhão de
adolescentes se tornam mães anualmente no Brasil
Com a maior taxa das Américas, o Brasil tem cerca
de 434,5 mil mães adolescentes por ano. Em números ainda mais específicos,
cerca de 930 adolescentes e jovens dão à luz todos os dias. Por hora, são 44
bebês nascidos no país nesse contexto, de acordo com dados recentes do Sistema
Único de Saúde (SUS).
Com esses altos índices, a gravidez na adolescência
tem sido objeto de investigação e de construção de políticas públicas que visam
abordar e conscientizar a sociedade a respeito dos impactos sociais e também
sobre os riscos à própria adolescente, uma vez que a gravidez nessa fase é mais
propícia a ter complicações, como prematuridade, anemia, aborto espontâneo,
eclampsia (elevação da pressão arterial da gestante), depressão pós-parto,
entre outros.
·
Debate sobre gravidez na
adolescência precisa ser estratégico
Com tantas adolescentes brasileiras sendo mães de
forma precoce, o debate sobre gravidez na adolescência precisa ser estratégico
e levar informações seguras para esse público, tanto como forma de
conscientização voltada à prevenção para reduzir os números, como também para
nortear a adolescente grávida durante esse processo complexo.
Como assinala Danielle Orlandi, chefe da Unidade de
Saúde da Mulher do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão
(HU-UFMA), gerido pela Ebserh, “Tema muito importante, que traz um impacto
social, não só para a mãe adolescente, como também para o bebê e para toda a
família. Ainda é muito frequente em toda a América
Latina, aqui no Brasil e, especialmente nos estados do
Norte e do Nordeste. Só por meio da educação em saúde que nós vamos conseguir
tentar reverter esse quadro”.
·
Mesmo com baixas, gravidez
na adolescência ainda é preocupante
Segundo dados do Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, desde 2021, a ocorrência de gravidez na
adolescência no Brasil vem sendo diminuída, mas ainda é uma pauta preocupante
que merece atenção.
Erika Krogh, presidente da Associação de
Ginecologia e Obstetrícia do Maranhão (Sogima), em virtude do seminário realizado no HU-UFMA/Ebserh em fevereiro desse
ano, pontuou aspectos importantes:
É algo que precisamos comemorar? {diminuição da gravidez
na adolescência] Sim, tivemos uma redução importante entre 2015 e 2019 de até
32,7% dos casos de adolescentes grávidas. Mas temos que ter uma certa
preocupação quando falamos em números relativos e números absolutos. Quando
olhamos o percentual, a diminuição foi importante; entretanto, ainda temos
números absolutos muito altos, muito aquém do desejado. Um a cada sete bebês
brasileiros é filho de mãe adolescente. Por dia, 1.043 adolescentes se tornam
mãe no Brasil. E, por hora, são 44 bebês que nascem de mães adolescentes, sendo
que dessas 44, duas tem idade entre 10 e 14 anos.
·
Vida sexual e problemática
Embora tenha havido uma diminuição no número de
gravidez na adolescência no Brasil, um dado continua sendo alarmante: “Nesse
faixa etária, sequer teve queda, mas sim um aumento. Nós sabemos que a vida
sexual abaixo de 14 anos é considerada estupro de vulnerável. Se meninas de 10
a 14 anos estão engravidando, mesmo que seja uma relação consentida, isso pode
se caracterizar um casamento infantil. E ela é, perante a nossa lei, um abuso
sexual. É muito sério”, disse Erika.
Além disso, cerca de 32% adolescentes voltam a
engravidar no primeiro ano pós-parto, o que reforça os problemas relacionados à
gravidez na adolescência e “reflete em evasão escolar, dependência em casos de
estar se relacionando com uma pessoa mais velha, violência doméstica,
postergamento da independência da vida financeira, entre outros”, pontua Erika
de forma assertiva.
·
Desigualdades entre mães
adolescentes no país
Uma pesquisa recente desenvolvida por meio
de uma parceria entre o Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, o Centro de
Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e o Fundo
de População das Nações Unidas (Unfpa) mostra que há uma série de desigualdades
entre as mães adolescentes, sobretudo desigualdades estruturais de raça e
gênero:
A pesquisa expõe que, de 2008 a 2019, dos 6.118.205
bebês nascidos de mães adolescentes no Brasil, 296.959 (4,86%) são de mães com
idade entre 10 a 14 anos e 5.821.246 (95,14%) nascidos de mães com idade entre
15 e 19 anos. Na primeira faixa etária, de 10 a 14 anos, o maior percentual de
nascidos vivos foi identificado entre as meninas indígenas e o número chegou a
ser 4 vezes maior quando comparado com dados encontrados sobre meninas brancas.
Sobre a escolaridade, a maioria (57,5%) das mães adolescentes têm 8 a 11 anos
de estudo, seguido de 34,3% que estudaram por 4 a 7 anos. Um a três anos de
estudo é a escolaridade de 3,8% das mães; 2,4% das meninas estudaram 12 anos ou
mais.
Ø Pesquisadores descobrem moléculas para diagnóstico precoce do câncer de
ovário
Pesquisadores da Universidade de Pequim
identificaram sete moléculas no fluido uterino de mulheres com câncer de
ovário. Esta descoberta promissora pode auxiliar no diagnóstico precoce da
doença, que é o oitavo câncer mais comum em mulheres.
O novo teste desenvolvido pelos pesquisadores busca
proteínas alteradas, produzidas pelos genes BRCA1 e BRCA2. Estes genes,
localizados na tuba uterina, estão relacionados a este tipo de tumor. Apesar de
ainda estar em fase preliminar, o teste tem apresentado resultados
encorajadores.
A detecção precoce do câncer de ovário é um dos
grandes desafios da medicina atualmente. Isso se deve ao fato de que a doença
costuma ser descoberta em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e
aumenta a taxa de mortalidade. O teste chinês tem a potencialidade de mudar
esse cenário.
Para desenvolver o teste, os pesquisadores
coletaram fluido uterino de 219 mulheres com câncer. Esse fluido contém células
e metabólitos (moléculas) provenientes dos ovários e das tubas uterinas. Eles
identificaram sete metabólitos, incluindo os aminoácidos tirosina e fenilalanina,
que poderiam ser usados para o diagnóstico.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido antes
que esse teste possa ser aplicado clinicamente. A coleta do fluido uterino
apresenta dificuldades logísticas e ainda é necessário determinar se esse método
é viável para a população geral.
O câncer de ovário geralmente não apresenta
sintomas específicos na fase inicial. À medida que o tumor cresce, pode causar
pressão, dor ou inchaço no abdômen, náusea, indigestão, prisão de ventre, falta
de apetite e cansaço constante.
Fatores que aumentam o risco de desenvolver câncer
de ovário incluem idade avançada, fatores hormonais, história familiar de
cânceres do ovário, colorretal e de mama, mutações genéticas e excesso de
gordura corporal.
Fonte: Só Cientifica
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