domingo, 27 de agosto de 2023

Partido da Igreja Universal quer Ministério do Esporte para cooptar  e ‘evangelizar’ jovens, diz jornal

A possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atrair uma parcela dos setores evangélicos por meio de uma inclusão na reforma ministerial tem gerado debates dentro das comunidades religiosas. 

Além da especulação em torno do Ministério de Portos e Aeroportos, que ganhou destaque recentemente, uma das pastas em consideração é a dos Esportes, vista como atraente devido ao seu potencial de engajamento com o público jovem - um segmento que as igrejas e grupos conservadores têm se interessado há algum tempo.

A possibilidade de designar um representante evangélico para o ministério dos Esportes é respaldada por alguns grupos internos na administração de Lula. Eles enxergam nessa abordagem uma maneira de atrair o público jovem frequentador de igrejas, um segmento eleitoral relevante que não tem sido central nas prioridades governamentais.

No entanto, essa proposta se contrapõe ao grupo que inclui a primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja. Esse grupo resiste a qualquer ideia de substituir a atual titular da pasta, Ana Moser, ex-jogadora de vôlei, por um homem.

Contudo, entre aqueles que defendem a alteração, o principal fundamento reside na importância do eleitorado evangélico no Brasil. Pesquisas têm revelado que a comunidade religiosa composta por várias vertentes evangélicas, que representava menos de 10% da população na década de 70, atualmente abrange mais de 40% do total.

 “Houve uma mudança muito significativa do perfil religioso em nosso País. A academia ainda tem preconceito, mas é preciso aceitá-lo e perceber que, no Congresso, por exemplo, tem um peso muito grande”, afirmou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica na Câmara, Carlos Viana (Podemos-MG), que compartilha a visão do grupo que apoia uma oposição baseada em programas e que pode endossar iniciativas do governo desde que não estejam relacionadas à chamada pautas de identidade, como questões de aborto, drogas e similares.

 “Nós somos uma frente que defende nossos interesses e nossa visão sobre os temas que nos dizem respeito. Mas não temos nenhum interesse em participar do governo”, completou.

A proposta ainda encontra oposição de parlamentares como Silas Câmara (Republicanos-AM), líder da bancada evangélica na Câmara. Embora Silas seja menos resistente a discutir com o governo Lula em comparação com seu antecessor no comando da bancada, o deputado Eli Borges (PL-TO), ele ainda acredita que não há espaço para negociações sobre ministérios.

"A Frente Parlamentar não tem nenhum interesse em participar deste governo de esquerda progressista. Não queremos o Esporte e tampouco qualquer outra pasta”, afirmou Silas.

A oferta para ocupar um ministério provavelmente seria dirigida a um membro do partido Republicanos. Ao contrário do PL, que mantém um amplo apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o partido Republicano tem adotado uma abordagem mais pragmática. Inclusive, o partido tem até auxiliado Lula a superar a considerável oposição do setor religioso desde o período da campanha eleitoral.

Nesse processo de aproximação, Lula tem aproveitado o papel crucial desempenhado pelo Advogado-Geral da União, Jorge Messias. Isso porque, ele dedica parte de sua agenda para se encontrar com líderes evangélicos.

Messias, que é evangélico devido à influência de sua mãe, que frequenta a Igreja Batista, se tornou o principal intermediário entre o governo e essas lideranças.

•        Nome já anunciado por ministro e rusga com Tarcísio de Freitas

Embora ainda não tenha sido oficializado no base, o Republicanos já tem um nome ministeriável. O deputado federal Silvio Costa Filho (PE) já chegou a ser anunciado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como nome a compor a Esplanada, faltando apenas a definição sobre a pasta. O Esporte foi um dos primeiros a ser cogitado, embora na última semana tenha ganhado força a articulação para colocar a sigla no Ministério de Portos e Aeroportos, deslocando Márcio França (PSB) para a Ciência e Tecnologia, e colocando Luciana Santos (PCdoB) no Ministério das Mulheres. Neste caso, quem perderia o cargo é Cida Gonçalves (PT).

A possível entrada do Republicanos no governo, porém, também gera rusgas na legenda com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. No último dia 10, ele chegou a colocar em xeque a permanência no partido caso a aliança com os petistas fosse formalizada. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, porém, tem afirmado a seus correligionários que o apoio a Lula não será formalizado, e que a eventual entrada de um membro da legenda na Esplanada se daria na cota pessoal do presidente. A aproximação, porém, afastou o Republicanos ainda mais do grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ponto de o deputado federal Eduardo Bolsonaro dizer que a legenda seria hoje “um partido de esquerda”.

 

       Dissidência da Igreja Católica Apostólica Brasileira quebra o silêncio sobre o "padre armamentista" da instituição

 

A Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB), uma dissidência da Igreja Católica Romana e que não segue o Vaticano, se pronunciou através de nota oficial divulgada na última terça-feira (22) sobre o padre Edivaldo Ferreira dos Reis, que pertence à instituição e celebra cultos em Joinville (SC). No comunicado, a ICAB diz que seus sacerdotes "têm o direito de opinião em questões particulares", mas ressalta que "não encoraja o uso de arma de fogo" [Leia a íntegra ao final desta matéria].

O religioso, coordenador regional no município catarinense do Pró-Armas, movimento lobista pela liberação das armas, vêm causando polêmica por conta de sua conduta nas redes sociais.

Além de encampar discurso armamentista, Edivaldo Ferreira dos Reis é um bolsonarista ferrenho que utiliza trechos bíblicos para encampar a narrativa em defesa das armas de fogo, sob o pretexto da "legítima defesa", e que incita ódio contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a esquerda de um modo geral e até mesmo contra o Papa Francisco.

No final de julho, Ferreira se encontrou com Jair Bolsonaro e parte do clã após dar uma palestra, de batina, sobre o tema "o cristão e a legítima defesa" na "Shot Fair", feira armamentista que aconteceu em Santa Catarina. O padre posou com Eduardo Bolsonaro, Jair Renan e deputados que fazem parte da bancada da bala. Aproveitou o momento para fazer oração e idolatrar o ex-presidente. 

Em meio à polêmica gerada por suas pregações de ódio contra Lula e a esquerda concomitantes à defesa das armas, o padre, através das redes sociais, divulgou no dia 9 de agosto uma nota em que  nega ser a favor do "direito de matar", mas que defende a "legítima defesa". E que isso justificaria o armamento da população.

"Venho através desta rede social me manifestar publicamente contra diversas matérias tendenciosas que querem fazer acreditar que eu, enquanto padre seria defensor do direito de matar. O direito a legitima defesa pode ser justificado a partir de uma compreensão adequada dos princípios cristãos, da ética e do contexto bíblico", afirmou em sua página no Instagram.

Diocese de Joinville, da Igreja Católica Romana, fala em "ritos ilícitos"

O comunicado do padre Edivaldo Ferreira dos Reis veio um dia após a Diocese de Joinville (SC) divulgar uma nota afirmando que o sacerdote não faz parte da Igreja Católica Apostólica Romana e que os ritos do bolsonarista seriam "ilícitos" aos católicos.

"A Diocese de Joinville explica que o padre Edivaldo Ferreira pertence à Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB). Esta Igreja, apesar de se autodenominar 'católica', não está em comunhão com o Santo Padre, Papa Francisco, e NÃO faz parte da Igreja Católica Apostólica Romana. Sendo assim, o padre Edivaldo Ferreira NÃO faz parte da Diocese de Joinville", diz um trecho da nota.

"É importante destacar também que todos os ritos e cerimônias religiosas realizadas por esta Igreja são ilícitos para os fiéis católicos. Assim sendo, recomenda-se vivamente aos fiéis que não frequentem os edifícios onde eles se reúnem e nem participem de qualquer celebração promovida por esses grupos. Do mesmo modo, os fiéis católicos devem se atentar às orientações pastorais que são próprias da Igreja Católica Apostólica Romana", prossegue a Diocese.

•        O que diz a Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB)

Em nota oficial, o presidente da Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB), Dom José Carlos Ferreira Lucas, afirma que "sacerdotes têm o direito de opinião em questões particulares", mas ressalta que  "tais opiniões não podem ser confundidas com o Pensamento da Igreja já exposto conforme o que determina nosso Estatuto".

"Com isso, ressaltamos nosso compromisso no respeito à individualidade dos ministros, desde que suas condutas/opiniões não sejam divergentes à doutrina e aos ensinamentos em geral da Instituição", destaca o dirigente da igreja.

O comunicado prossegue com a afirmação de que "o pressuposto da legitima defesa trata-se de um direito de todos os cidadãos na esfera do direito penal" e que "a Igreja defende as garantias constitucionais, princípio de seu viés democrático, que lhe é característico desde à sua fundação, porém, nunca se contrapondo ao Evangelho de Cristo, base e fundamento de sua existência".

Ao final, o presidente da ICAB declara que a instituição "não encoraja o uso de armas de fogo ou quaisquer outros tipos de armamentos entre os seus fiéis, pois acredita no que Nosso Senhor Jesus Cristo afirmou nos Santos Evangelhos a favor da não-violência, entre outras passagens".

 

       Brunini cassado: redes pedem em massa cassação de deputado acusado de fazer gesto supremacista

 

Durante o dia todo, nesta sexta-feira (25), o termo "BRUNINI CASSADO" permaneceu no topo da lista de assuntos mais comentados do X, o antigo Twitter, e foi um dos temas  mais comentados em outras redes sociais. Trata-se da reação de internautas à cena protagonizada pelo deputado federal bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT) em sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas na quinta-feira (24).

O momento foi registrado durante uma intervenção do deputado Duarte Jr (PSB-MA). Enquanto o parlamentar falava, Abílio Brunini pegou um celular, começou a gravar um vídeo, sorriu e fez com as mãos um gesto que parece remeter ao símbolo “WP”, em referência a lema “white power” (“supremacia branca”), movimento de extrema direita e associado ao neonazimo com forte atuação nos Estados Unidos.

O sinal feito pelo bolsonarista, normalmente, tem como objetivo incitar grupos de supremacia branca, atitude conhecida como “dog whistle” (“apito de cachorro”, em português).

•        Deputado nega e se descontrola

Parlamentares da base governista, ao verem a cena, acusaram Abílio Brunini de ter feito gesto supremacista, ao que o bolsonarista pediu a palavra para negar. Ele se justificou dizendo que, na verdade, fez um sinal de "três" com as mãos, indicando que estava sugerindo que o presidente da CPMI concedesse "três minutos" de fala ao deputado Duarte Jr.

Brunini foi confrontado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE) e, ao tentar se defender, se descontrolou e passou a berrar com os colegas de parlamento.

 

       Elogiado por bolsonaristas e esculhambado por petistas, Cristiano Zanin disse a que veio”

 

Com um texto implacável, o jornalista Mauro Lopes, da Revista Fórum, definiu a estreia surpreendente do ex-advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal (STF):

“Numa velocidade estonteante, Cristiano Zanin disse a que veio”, escreveu.

A seguir, tão vertiginoso quanto certeiro, Mauro prossegue: “em 3 de agosto, tomou posse. Em apenas 23 dias, empilhou quatro decisões, uma atrás da outra, que o destacam como um dos mais reacionários ministros da Corte desde a Constituinte. Talvez apenas Nunes Marques o ombreie na duvidosa honra. Mas, mesmo o nomeado por Bolsonaro não colecionou tantas decisões retrógradas como o novato”.

Ao final da introdução, o experiente jornalista enumera sem dó os quatro votos de Zanin:

•        contra aplicação do princípio da insignificância para dois homens que furtaram objetos de valor inferior a 100 reais (é o relator do caso na 1ª Turma);

•        a favor de os juízes poderem julgar casos de escritórios onde trabalham seus parentes;

•        contra equiparação de atos de homofobia e transfobia ao crime de injúria racial (equiparação, foi aprovada por 9 votos contra o de Zanin nem Nunes Marques ousou a afronta);

•        contra a descriminalização da maconha para uso pessoal (até agora, o único ministro com este voto, dentre os 6 que já votaram).

A grita na esquerda, é claro, só não foi maior do que as comemorações nas hordas bolsonaristas.

Enquanto uns xingam e outros tripudiam, Zanin, o protagonista de toda a barafunda, se mantém com a sua discrição habitual.

•        “Hiperpoliciamento”

O ministro – alvo de fartos elogios na última quinta (24), em jantar da Associação Brasileira de Juristas Conservadores, entidade controlada pelos bolsonaristas – afirmou a pessoas do meio jurídico, segundo informações da coluna de Bela Megale, no Globo, que vê nessas críticas um “hiperpoliciamento” de suas manifestações e avalia que estão tentando usá-los para pressionar Lula em relação ao perfil de quem ocupará a segunda vaga no STF.

A colunista afirma ainda que, em conversas com advogados mais próximos, Zanin reforçou que seus posicionamentos tiveram base técnica e nenhum viés ideológico.

•        Conservador

O comentarista da GloboNews, Valdo Cruz, por sua vez, lembrou que Zanin, de acordo com colegas que convivem com ele, sempre foi conservador na pauta de costumes.

No final das contas, a piada do dia ficou por conta do perfil de humor Sensacionalista, que lascou em sua conta do Twitter: “Petistas estão com medo que Zanin reabra o caso do tríplex”.

 

       O vídeo que Júlia Zanatta, a ‘deputada do fuzil’, não quer que você veja

 

Está circulando nas redes sociais nesse mês de agosto um vídeo produzido pelo Instituto Humaniza SC que a deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) não quer que você veja. A edição começa com uma colagem de imagens sobrepostas em que a ‘deputada do fuzil’ aparece fazendo militância contrária ao que considera como “censura”. Em seguida, o vídeo mostra os nomes e fotografias de uma série de jornalistas, políticos e personalidades processados pela bolsonarista.

A lista foi elaborada por pesquisadores brasileiros radicados nos EUA, que monitoram as figuras ligadas ao lobby armamentista e se organizam em torno da sigla Graf (Global Researchers Against Fascism). São os mesmos pesquisadores que fornecem informações para as reportagens da Revista Fórum sobre o tema. Eles explicaram à reportagem que obtiveram os nomes após uma pesquisa simples no site Jusbrasil a respeito de processos movidos por Zanatta contra terceiros por calúnia, injúria, difamação ou dano moral.

O jornalista Guga Noblat, atualmente no ICL Notícias, é um dos processados por Zanatta que o vídeo do Instituto Humaniza SC cita. Ele postou as imagens nas suas redes sociais com a seguinte legenda: “Júlia Zanatta é a deputada que finge ser uma leoa para lutar pelo que chama de liberdade de expressão, mas vira um poodle quando recebe críticas. Olha a lista de gente que ela tá processando, no meu caso foi por compará-la à Barbie Fascista após ela posar com metralhadora enquanto fazia uma alusão ao Lula. Quanto mi mi mi”.

Também são listados os políticos Giovana Mondardo (PcdoB-SC), Ideli Salvatti (PT-SC e HumanizaSC), Angela Albino (PcdoB-SC), Ana Paula Lima (PT-SC), Gleisi Hoffman (PT-PR) e Jucélia Vargas (PDT); além dos jornalistas Kiko Nogueira (DCM) e Nayara Felizardo (The Intercept Brasil), e a escritora Deise Duarte, de Florianópolis.

Segundo a fonte que fez o levantamento, após a veiculação do vídeo a lista de processados por Zanatta aumentou consideravelmente - não necessariamente por causa das imagens. A deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS), o vereador suplente de Florianópolis Leonel David Jesus Camasão (Psol-SC), o ex-prefeito de Blumenau Décio Lima (PT-SC) e Prudente Mello, advogado do HumanizaSC são alguns dos nomes que compõem os novos nomes da lista.

 

Fonte: Terra/Fórum

 

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