sábado, 1 de julho de 2023

Tensões EUA-China podem atingir países da região do Sul da Ásia, segundo oficial da Índia

Na opinião de um veterano indiano, os avanços dos EUA no oceano Índico, particularmente com países como a Índia, podem trazer problemas a países como o Bangladesh, Mianmar e Sri Lanka.

Um ex-oficial da Diretoria de Inteligência Militar da Índia disse à Sputnik que o "agravamento" das tensões entre Pequim e Washington no mar do Sul da China pode se espalhar para a Região do Oceano Índico (IOR, na sigla em inglês) e afetar a dinâmica regional na região do Sul da Ásia.

"A maior parte do Sul da Ásia [com exceção do Paquistão] e a Região do Oceano Índico [IOR] agora fazem parte do Comando Indo-Pacífico dos EUA [USINDOPACOM]", destacou o coronel reformado R. Hariharan, que supervisionou as operações de inteligência do Exército da Índia no Sul da Ásia.

"[...] Uma maior coordenação e cooperação entre suas marinhas [dos EUA e da Índia] significa maior preocupação, especialmente quando essas potências menores [Bangladesh, Mianmar e Sri Lanka] estão tentando equilibrar seu relacionamento com a crescente presença da China no sul da Ásia", observou o veterano do Exército, que também fez parte da Força de Manutenção da Paz da Índia (IPKF, na sigla em inglês) no Sri Lanka na década de 1980.

À exceção da Índia e do Butão, todos os outros países do Sul da Ásia fazem parte do projeto Um Cinturão, Uma Rota, apoiado por Pequim. A China também está entre os dois maiores parceiros comerciais de todos os países da região, incluindo a Índia.

Hariharan advertiu que, como Nova Deli era o único membro do Quad que compartilha uma "longa fronteira" com Pequim, e devido ao impasse militar entre os dois, isso torna a Índia uma "parceira importante" nos cálculos estratégicos dos EUA para competir com a China.

'Aumento da coordenação' militar entre a Índia e os EUA

O especialista previu um "nível crescente de coordenação" entre as marinhas da Índia e dos EUA nos próximos meses.

R. Hariharan observou que os EUA e a Índia já assinaram todos os quatro "pactos fundamentais" que Washington pede a um país para fornecer-lhe tecnologia militar avançada. Esses pactos são:

Acordo de Segurança Geral de Informações Militares (GSOMIA, na sigla em inglês);

Acordo Básico de Intercâmbio e Cooperação (BECA, na sigla em inglês);

Acordo de Segurança e Compatibilidade de Comunicações (COMCASA, na sigla em inglês);

Memorando de Acordo de Intercâmbio Logístico (LEMOA, na sigla em inglês).

Hariharan notou que, com o LEMOA, Washington poderia usar as bases navais indianas para reparos e manutenção.

"O COMCASA prevê a comunicação segura entre as duas partes. Mas, o mais importante é o Acordo Básico de Intercâmbio e Cooperação [BECA] assinado em 2020, que permite o compartilhamento de informações geoespaciais e melhora a eficiência operacional dos equipamentos dos EUA usados pela Índia", comentou o ex-oficial indiano.

Além disso, o especialista referiu que Nova Deli e Washington concluíram o Acordo Principal de Reparo de Navios para potencialmente tornar a Índia em um "centro de manutenção e reparo para os ativos da Marinha dos EUA implantados no exterior".

Hariharan mencionou ainda que os EUA designaram Nova Deli como um "importante parceiro de defesa" e a trataram "no mesmo nível" de um aliado da OTAN.

Ao mesmo tempo, o governo indiano rejeitou as propostas de Washington de a integrar no acordo OTAN+5.

A Estratégia de Segurança Nacional (NSS, na sigla em inglês) da Casa Branca, divulgada em 2022, descreveu Pequim como o desafio global "mais consequente" dos EUA.

 

       Eixo sino-russo na Ásia Central só está se fortalecendo, e não enfraquecendo, diz mídia americana

 

A China não vai querer entrar em confronto com a Rússia para tentar aumentar sua influência na Ásia Central, os dois países vão aumentar a cooperação nesta região, diz um artigo sobre política externa na revista americana Foreign Affairs.

O artigo menciona que há uma opinião, segundo a qual, se começarem fricções entre a Rússia e a China, elas estarão relacionadas à sobreposição de interesses na Ásia Central, e Pequim estaria agora usando a situação na Ucrânia para fortalecer sua própria influência – e isso teria sido alegadamente demonstrado pela recente cimeira China-Ásia Central em Xian.

No entanto, os autores do artigo na Foreign Affairs não compartilham dessa visão.

Assim, no artigo destaca-se que na Ásia Central a Rússia continua sendo a potência dominante e está mais, e não menos, preparada para coordenar suas ações com a China.

Os autores enfatizam que Moscou ainda tem um conjunto significativo de alavancagem e poder suave na Ásia Central. Por exemplo, o comércio da Rússia com a região está crescendo rapidamente e milhões de migrantes dessa região continuam trabalhando na Federação da Rússia.

"A base desses laços econômicos está na profunda confiança que une as elites políticas em toda a região", diz a revista, apontando que os líderes de todos esses países vêm das elites soviéticas.

Assim como não é correto falar sobre a perda de influência da Rússia, também é errado dizer que a China quer substituir Moscou como potência hegemônica regional, diz o artigo.

Por exemplo, o crescimento do comércio e do investimento da China na Ásia Central está principalmente ligado às importações por Pequim de commodities de que a Rússia, como grande exportador de matérias-primas, simplesmente não precisa.

 

       China envia ministro à Itália para tentar manter país na Nova Rota da Seda; EUA pressionam Roma

 

O acordo entre Roma e Pequim no âmbito da Nova Rota da Seda da China termina no dia 22 de dezembro com renovação automática por mais cinco anos, caso não seja suspenso antes da data.

Em meio às mudanças de posições na geopolítica atual, vários países têm reconsiderado suas relações bilaterais e acordos, um exemplo desse movimento é o que acontece entre a Itália e a China, visto que Roma não quer renovar sua parceria no programa Nova Rota da Seda.

Nesta quarta-feira (28), a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, disse aos legisladores que a Itália pode ter excelentes relações com a China mesmo sem fazer parte da iniciativa.

"Existem avaliações em andamento. A questão deve ser tratada com cuidado e respeito, envolvendo também o parlamento", afirmou a premiê segundo a Bloomberg.

Anteriormente, em meados de maio perto da cúpula do G7, o assunto já tinha vindo a público com o governo italiano afirmando que a possível não renovação seria feita "tendo em conta a reflexão mais ampla em curso com a OTAN, G7 e parceiros da UE sobre a relação com a China", conforme noticiado.

Diante deste contexto, a China enviou nesta semana Liu Jianchao, ministro do Departamento Internacional do Partido Comunista, enquanto Pequim tenta persuadir a nação europeia a não deixar o principal pacto de investimento global chinês.

Liu manteve reuniões com o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, o presidente do Senado, Ignazio La Russa, e o ex-primeiro-ministro Massimo D'Alema, de acordo com mídia.

"Foi uma decisão correta da China e da Itália assinarem o acordo da Nova Rota da Seda", disse Liu, acrescentando que o acordo "não se concentra apenas no presente, mas também olha para o futuro", segundo comunicado oficial do Partido Comunista.

A Itália entrou para o acordo em 2019, quando Giuseppe Conte era primeiro-ministro, tornando-se a única nação do G7 a aderir ao pacto.

Jia Guide, embaixador chinês no país europeu, alertou na semana passada que haveria "consequências negativas" se Roma "decidir imprudentemente" se retirar.

A Bloomberg afirma que a Itália está no meio das crescentes tensões entre Washington e Pequim, e que os Estados Unidos pressionaram Roma a assumir uma posição pública e abandonar a Nova Rota da Seda, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

Pequim está tentando persuadir não só a Itália, mas toda a Europa, a adotar uma postura menos agressiva do que os EUA, que recentemente impuseram uma série de controles de exportação à China para restringir seu acesso à tecnologia avançada.

 

       Balão da China que sobrevoou os EUA não coletou nem transmitiu dados, segundo Pentágono

 

O Departamento de Defesa confirmou sua avaliação anterior de que o aeróstato chinês não enviou dados, e acrescentou agora que também não os coletou.

O Pentágono declarou na quinta-feira (29) que o balão chinês que sobrevoou o território dos Estados Unidos no início deste ano não coletou nenhum dado durante seu voo.

"Nossa avaliação agora é de que [o balão] não coletou dados enquanto estava transitando pelos Estados Unidos ou sobrevoando os EUA", disse o general de brigada Patrick Ryder durante uma coletiva de imprensa, citado na quinta-feira (29) pelo portal Air Force Times.

"E, como dissemos na época, também tomamos medidas para mitigar possíveis esforços de coleta", acrescentou o membro do Departamento de Defesa.

As autoridades de defesa disseram anteriormente que o balão não transmitiu dados para Pequim, mas não contaram se os dispositivos conectados conseguiram coletar dados.

Ryder se recusou a confirmar um artigo de quinta-feira (29) do jornal norte-americano The Wall Street Journal de que partes dos sistemas do balão foram construídas com tecnologia americana disponível comercialmente, e também não quis explicar se fatores como a guerra eletrônica norte-americana impediram o balão de coletar dados.

O balão entrou no espaço aéreo dos EUA em 28 de janeiro sobre as ilhas Aleutas, no Alasca, e depois atravessou o Canadá e os Estados Unidos continental. Segundo o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, o aeróstato voou perto de instalações militares, incluindo silos de mísseis nucleares.

Um F-22 da Força Aérea dos EUA o abateu em 4 de fevereiro usando um míssil AIM-9X Sidewinder na costa da Carolina do Sul. A China explicou que o balão estava sendo usado para rastrear padrões climáticos, e criticou os EUA por abater o balão.

 

       Taipé relata passagem de 11 aviões da China perto do estreito de Taiwan

 

O Ministério da Defesa Nacional de Taiwan relatou na sexta-feira (30) uma incursão de aviões e navios perto do território autogovernado.

Um total de 11 aviões militares chinesas foi detectado como tendo cruzando a linha mediana do estreito de Taiwan na manhã de sexta-feira (30), comunicou o Ministério da Defesa Nacional taiwanês.

Assim, cita o agência taiwanesa CNA, por volta das 08h00, horário local (21h00, horário de Brasília), 24 aeronaves do Exército de Libertação Popular (ELP) da China foram vistas perto de Taiwan, e 11 delas cruzaram a linha de fronteira não oficial entre Taiwan e a China.

As 24 aeronaves do ELP incluíam caças J-11, J-10 e J-16, além de Su-30 e bombardeiros H-6, detalhou o ministério.

Em resposta, segundo o ministério, Taipé enviou aviões para monitorar as aeronaves chinesas, emitiu avisos por rádio, mobilizou patrulhas aéreas e navais de combate, e implantou sistemas de mísseis antiaéreos.

Além disso, cinco navios chineses teriam sido detectados perto de Taiwan na sexta-feira (30), apesar de o ministério não fornecer detalhes sobre a localização ou o movimento dos navios.

O evento vem após o anúncio feito pelo governo dos EUA no dia anterior, de que aprovou a venda de US$ 440 milhões (R$ 2,11 bilhões) em armas e peças de reposição para Taiwan.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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