O aquecimento que o Atlântico está sofrendo é um fenômeno sem
precedentes
O nosso planeta está esquentando e nossos oceanos
estão sentindo esse calor. Um aumento notável na temperatura dos oceanos é uma
das marcas indiscutíveis do aquecimento global. À medida que nos aproximamos do
verão no Hemisfério Norte, os especialistas estão se preparando para mais um
ano de condições recordes. O termômetro em ascensão do nosso planeta não é
apenas uma preocupação para os habitantes da terra. O reino aquático, que cobre
mais de 70% da superfície da Terra, também está soando os alarmes.
Os céus têm testemunhado essas tendências
preocupantes por quase meio século. Satélites em órbita ao redor do nosso
planeta azul monitoraram incansavelmente a temperatura do oceano. Hoje, nos
encontramos em águas desconhecidas. Nossos registros passados foram quebrados à
medida que a temperatura média do Oceano Atlântico ultrapassa 21ºC pela primeira
vez.
O renomado meteorologista Juan Jesús González
Alemán expressa sua preocupação com essas temperaturas em escalada. Segundo
ele, 2023 está estabelecendo um patamar alto com anomalias de temperatura sem
precedentes na superfície do mar, seguindo uma tendência alarmante observada em
2020, 2021 e 2022, segundo a NatGeo.
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Consequências da Elevação da
Temperatura nos Oceanos
À medida que navegamos por essas águas mais
quentes, nos encontramos no meio do desconhecido. Prever todo o espectro de
consequências é uma tarefa desafiadora. No entanto, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC) fornece alguns insights. O painel relata um
aumento global de cerca de 0.6°C na temperatura média da superfície do mar de
1900 a 2017. E, a trajetória está pronta para continuar subindo.
Um aumento de temperatura nos oceanos tem
ramificações de amplo alcance. Para começar, as águas mais quentes se expandem,
contribuindo para o aumento do nível do mar. Juntamente com o derretimento das
geleiras e das calotas polares devido ao aquecimento global, esse efeito pode
se provar desastroso para as comunidades costeiras em todo o mundo.
O aumento da temperatura é uma enorme ameaça à
biodiversidade do nosso planeta. As águas quentes podem levar ao branqueamento
de corais, matando esses habitats marinhos vitais, lar de uma infinidade de
vida marinha. Além disso, o delicado equilíbrio das correntes
oceânicas pode ser interrompido, levando a
impactos de longo alcance nos padrões climáticos globais.
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Impactos na Biodiversidade
Marinha e na Economia Global
Outro efeito insidioso do aumento da temperatura do
oceano é a acidificação dos oceanos. À medida que os oceanos absorvem mais
dióxido de carbono da atmosfera, as águas mais quentes se tornam mais ácidas.
Este aumento na acidez pode ser catastrófico para a vida marinha, especialmente
organismos que possuem conchas, como moluscos e certos tipos de plâncton.
Por último, mas não menos importante, esse aumento
de temperatura pode causar estragos nas pescarias e na aquicultura. As mudanças
na distribuição e produtividade podem impactar significativamente as economias
que dependem dessas indústrias.
Em conclusão, o aumento da temperatura nos oceanos
é um perigo claro e presente para o nosso planeta. É um chamado urgente para a
humanidade intensificar seus esforços para combater o aquecimento global. O
relógio está correndo e nossos oceanos estão com febre. Será que vamos atender
ao chamado antes que seja tarde demais?
Ø Colapso de corrente do Atlântico pode ocorrer em breve, alerta estudo
Um novo estudo feito por pesquisadores da
Universidade de Copenhague (Dinamarca) e publicado no periódico Nature Communications nesta
terça-feira (25) recalculou um prazo alarmante para o meio ambiente. Os autores
acreditam que o sistema de correntes oceânicas que atualmente distribui frio e
calor entre a região do Atlântico Norte e os trópicos irá parar completamente
em 2060 se os níveis de gases de efeito estufa que emitimos hoje permanecerem
os mesmos.
A previsão se baseia em observações de sinais de
alertas precoces do colapso que as correntes oceânicas exibem à medida que se
tornam instáveis. De acordo com os pesquisadores, os primeiros indícios já
haviam sido relatados anteriormente por cientistas, mas só agora, com métodos
estatísticos mais avançados, foi possível prever um período para o colapso.
O estudo levou em conta dados de temperatura
oceânica dos últimos 150 anos. Com isso, foi determinado que a chamada
Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês)
vai falhar entre 2025 e 2095 – sendo que 2037 é o ano mais provável para essa
crise. A análise destaca que a taxa de certeza sobre essa ocorrência é de 95%.
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A importância da AMOC
A AMOC faz parte de um sistema global de correntes
oceânicas. Esses fluxos de água são movidos por mudanças na salinidade e na
temperatura dos oceanos, num processo chamado circulação termoalina.
Nas latitudes mais ao norte da Terra, a circulação
garante que a água da superfície seja convertida em correntes oceânicas
profundas e voltadas para o sul. Esse movimento cria espaço para que mais águas
superficiais sejam movidas para o norte a partir das regiões equatoriais.
Assim, a circulação termoalina é crítica para manter o clima relativamente
ameno da região do Atlântico Norte.
Como a AMOC atua nessa redistribuição de calor dos
trópicos para as regiões mais setentrionais da região atlântica, ela vem sendo
continuamente monitorada desde 2004. Essas análises são feitas por instrumentos
ancorados, cabos submarinos e medições de superfície feitas por satélites.
Os pesquisadores da Universidade de Copenhague
checaram as temperaturas da superfície do mar em uma área específica do
Atlântico Norte desde 1870 até os dias atuais. Essas medições funcionam como
"impressões digitais" da força da AMOC.
Os autores observaram que a circulação termoalina
tem operado em seu modo atual desde a última era glacial, quando a circulação
de fato entrou em colapso. Além disso, saltos climáticos abruptos entre o
estado atual da AMOC e o estado em declínio ocorreram 25 vezes em conexão com o
clima da era glacial.
Esses são os eventos de Dansgaard-Oeschger, que
foram observados pela primeira vez na camada de gelo da Groenlândia. Nesses
períodos, as mudanças climáticas foram extremas, com mudanças de 10 a 15 graus
celsius ao longo de uma década, enquanto a mudança climática atual é de 1,5
graus de aquecimento em um século.
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Alerta
O estudo da Universidade de Copenhague não é o
primeiro a apontar que a AMOC pode entrar em declínio. Uma pesquisa alemã
publicada no periódico Nature Climate Change em agosto de 2021 já havia chamado
atenção para a causa, apesar de não oferecer uma previsão de colapso como a
análise mais recente.
Além disso, o estudo dinamarquês contradiz o
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na
sigla em inglês) publicado em março, que, com base em simulações de modelos
climáticos, considerou muito improvável uma mudança abrupta na circulação
termoalina no século 21.
"O declínio da AMOC pode ter consequências
muito sérias para o clima da Terra. Isso pode, por exemplo, alterar a forma
como o calor e a precipitação são distribuídos globalmente”, alerta Peter
Ditlevsen, coautor do estudo e professor do Instituto Niels Bohr, em
comunicado. “Embora um resfriamento da Europa possa parecer menos severo à
medida que o globo como um todo se torna mais quente e as ondas de calor
ocorrem com mais frequência, esse colapso contribuirá para um aumento do
aquecimento dos trópicos, onde a elevação das temperaturas já deu origem a
condições de vida desafiadoras."
O autor conclui: “Nosso resultado reforça a
importância de reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa o mais
rápido possível”.
Fonte: Mistérios do Mundo/Revista Galileu
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