Com Bolsonaro
inelegível, PL começa a correr para os braços de Lula e entra no DNIT
Com
o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, o PL começou a participar da
distribuição de cargos no governo Lula. O presidente nacional do partido,
Valdemar Costa Neto, liberou parlamentares da bancada para negociarem com o
Palácio do Planalto, enquanto a ala bolsonarista faz a oposição mais radical. O
movimento começou a surtir efeito e o partido emplacou um aliado no
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Lula
indicou o engenheiro Fábio Pessoa da Silva Nunes para a Diretoria de
Infraestrutura Rodoviária do DNIT, uma das mais importantes do órgão, que cuida
das obras em rodovias pelo País, e cobiçada pelos políticos. Homem de confiança
do ex-ministro da Infraestrutura e atual governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos-SP), Nunes foi diretor de planejamento e projetos
especiais do Ministério da Infraestrutura na gestão Bolsonaro. A indicação de
Nunes foi aprovada pela Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira, 4,
responsável por confirmar as indicações encaminhadas pelo Planalto. A aprovação
ocorreu com ampla maioria em uma votação secreta: 19 dos 20 senadores presentes
foram favoráveis.
Nunes
é ligado à bancada do PL e foi chancelado pelo senador Wellington Fagundes
(PL-MT), líder do bloco que reúne PL e Novo no Senado, para a vaga. Fagundes
foi o relator da indicação e trabalhou pela aprovação. No mesmo dia, a comissão
do Senado aprovou outros três diretores pelo DNIT, indicados por senadores do
MDB, legenda que ocupará a maioria dos cargos importantes do departamento em
Brasília e nos Estados.
“Não
tenho conhecimento de que ele tenha sido indicado pelo PL. Nunes foi
coordenador de um diretor do DNIT, natural do Mato Grosso, que também era
funcionário de carreira”, afirmou Fagundes.
O
senador do PL admite que já votou alinhado com o governo Lula e chegou a
prestigiar eventos do presidente em seu Estado. “O governo é para todos. Eu
sempre vou apresentar demandas republicanas”, afirmou.
Com
sete diretorias e um orçamento de R$ 18,4 bilhões para construir e conservar
estradas, ferrovias e hidrovias, o DNIT é uma das joias cobiçadas pelo Centrão
em qualquer governo. Dos quatro novos diretores aprovados na Comissão de
Infraestrutura na terça-feira, 4, três deles também ocuparam cargos de
confiança no governo de Jair Bolsonaro (PL). As quatro nomeações ainda precisam
ser aprovadas no plenário do Senado.
Com
base favorável no Senado, o governo tenta ampliar seus votos na Câmara dos
Deputados. Para isso, articuladores políticos de Lula negociam, dia a dia, com
dissidentes do PL, do Republicanos e do PP, enquanto tentam ampliar a
fidelidade de partidos como União Brasil, MDB e PSD, contemplados cada um com
três ministérios.
• Comando do DNIT com Renan
Nessa
nova rodada de cargos no DNIT, o MDB do Senado foi o grupo mais fortalecido. O
senador Renan Calheiros (MDB-AL) emplacou o diretor-geral da autarquia,
Fabricio de Oliveira Galvão, funcionário de carreira do órgão, aprovado por
unanimidade com 20 votos na Comissão de Infraestrutura. Ex-superintendente do
DNIT em Alagoas, Galvão já despachava como substituto na chefia do órgão desde
fevereiro.
Também
ficou com o MDB do Senado a diretoria-executiva do DNIT, reservada para Carlos
Antonio Rocha de Barros, igualmente servidor de carreira, aprovado no colegiado
com só um voto contrário.
Para
a Diretoria de Infraestrutura Ferroviária, o senador Confúcio Moura (MDB-RO),
presidente da Comissão de Infraestrutura, indicou o engenheiro civil José
Eduardo Guidi, ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagem de Rondônia.
Ele só teve também um voto contrário no colegiado. Das quatro nomeações desta
leva, só Guidi não pertence ao corpo técnico do DNIT.
Em
maio, o senador Eduardo Braga, líder do MDB, já tinha emplacado o engenheiro
Erick Moura de Medeiros para o cargo de diretor de infraestrutura aquaviária do
DNIT.
Em
nota, a Associação dos Engenheiros do DNIT (AEDNIT) comemorou o avanço e a
indicação dos quatro novos diretores para a autarquia.
“Ressaltamos,
com orgulho, que a maioria dos diretores agora empossados são servidores de
carreira do próprio DNIT. Essa conquista é uma prova do valor inestimável dos
servidores públicos, que dedicam seu talento, esforço e comprometimento para o
aprimoramento contínuo do órgão e o atendimento das demandas da sociedade”,
exaltou a AEDNIT no comunicado.
Expurgar os golpistas que tentam manter
seu poder até novo assalto. Por Mario Vitor Santos
O
que aconteceu nos meses de novembro e dezembro de 2022 será objeto de pesquisa,
descobertas e debate ao longo de anos.
Muitos
detalhes ainda serão conhecidos quando os controles forem relaxados na sucessão
das conjunturas.
Houve
um fascinante deslizamento de elites que até as eleições prometiam tomar o
poder "na lei ou na marra", à margem da legalidade se fosse
necessário.
Dentre
os atores dessa peça bufa, de falsos disfarces e versões conhecidos de todos,
destacam-se os atos comandos militares e, em movimento combinado e desigual,
parcela expressiva dos empresários.
Por
que ambos resolveram abortar a fermentação golpista e sucumbir diante da força
"opressora" da inércia institucional vitaminada pela realidade das
urnas? Esses movimentos foram coordenados, ou seja, obedeceram a algum tipo de
acerto comum?
A
cúpula militar, que antes trabalhava para minar a credibilidade do sistema
eleitoral migrou para um recuo organizado.
Em
paralelo, expoentes do bolsonarismo mais caricato no meio empresarial recuaram.
O ativismo de Havan, Madero, Centauro, Habibs e outros foi dando lugar ao
silêncio disciplinado e daí a uma conversão de retórica conciliadora, de
torcida pelo governo de Lula, "para o bem do Brasil".
Em
ambos os casos, os processos guardam tantas coincidências cronológicas no
proscênio que suscitam suspeitas sobre o que ocorria nos bastidores.
Não
é de hoje a afinidade de conteúdo ideológico e forma golpista entre a cúpula
militar e setores poderosos do empresariado. O arranjo desta vez foi
dificultado pela característica da frente nucleada pelo PT. A adesão de
elementos simpáticos ao poder econômico, representados especialmente pelo
ex-tucano Geraldo Alckmin, acabou servindo como álibi ou rota para a
neutralidade dos trânsfugas e oportunistas.
Estes
buscaram refúgio organizado na "nova ordem", à espera de novas
conjunturas. Desse esconderijo aguardam preservados o advento de momento
favorável a novo assalto, pela via das urnas ou das armas.
Até
lá, tentam evitar mais desgaste de suas respectivas imagens. No refluxo,
recarregam as baterias e mantêm intacto seu domínio das corporações.
Apresentando-se como respeitáveis defensores da democracia.
Seria
o momento de devassar seus envolvimentos, desmontando, o mais possível, em
especial no meio militar, o seu domínio, submetendo-o de uma vez por todas, à
democracia e ao poder civil.
Seria
uma reversão necessária e rara dessa longa convivência com o inimigo ao lado,
mas haverá vontade e conveniência política? Não existem realidades puras na
vida real. Em algum nível, para além dos moralismos, impõe-se eliminar os
bandidos da máquina ou o comércio com eles e mesmo seu trânsito para o poder. O
preço histórico dessa farsa é caro e não se deve desperdiçar oportunidades
quando elas aparecem.
Líderes partidários na Câmara pedem
investigação de Campos Neto
Dirigentes
e lideranças do PT e de oito partidos apresentaram na tarde desta quarta-feira
ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a abertura de um
procedimento para apurar possível "motivação viciada" e "vício
de finalidade" do Banco Central para manter a Selic em 13,75% ao ano na
última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No
documento, visto pela Reuters, os partidos, liderados pela presidente do PT, a
deputada federal Gleisi Hoffmann, cobram também a apuração de eventuais
responsabilidades do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em não cumprir em
momento adequado e oportuno o controle da inflação, do emprego e do
desenvolvimento econômico e social, em postura "reiteradamente
inexitosa" ao previsto na lei de 2021 que garantiu autonomia à autoridade
monetária.
O
pedido, de 20 páginas, destaca que não há "minimamente lógica" em se
manter a taxa básica de juros no mesmo patamar em um cenário inflacionário de
8,73%, na época da alta, para o atual de 3,94%, no acumulado em 12 meses.
Para
os partidos, a política de alta de juros sacrifica o trabalhador brasileiro,
colocando em risco seu emprego, poder de consumo e a própria subsistência; as
empresas, por impor retração no crescimento e até mesmo falência; boas práticas
de crédito; e o crescimento do país, impondo retração do PIB.
"Sob
esse contexto, revela-se temerária a decisão do Copom de manter a taxa de juros
em 13,75% quando todas as circunstâncias fáticas e até mesmo os motivos
apresentados na Ata de Reunião, indicam que a queda na taxa de juros é o melhor
remédio econômico para o contexto do Brasil, pois possibilitaria uma retomada
do crescimento econômico, aumento de empregos, redução na inadimplência,
retomando o giro da roda econômica", destacou o documento.
A
investida do PT e de aliados ocorre no momento em que a maioria dos membros do
Copom vê a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário "parcimonioso"
na próxima reunião, em agosto, desde que um cenário de inflação mais benigno se
consolide, enquanto uma minoria adotou uma postura mais cautelosa.
Mas
a cruzada do PT e de partidos aliados ao governo Luiz Inácio Lula da Silva pela
queda dos juros passou a encontrar guarida fora do campo dos aliados mais
próximos.
Na
semana passada, o próprio presidente do Senado disse que o presidente do BC vai
ao plenário da Casa em agosto explicar as razões pelas quais a Selic está em
13,75% ao ano, em nova cobrança pela redução da taxa básica de juros do país.
Em
fala durante seminário jurídico em Lisboa, Pacheco afirmou que a lei aprovada
pelo Congresso que concedeu autonomia ao BC prevê que o presidente da
autoridade monetária explique a cada semestre, em arguição pública no Senado,
as bases da sua política monetária.
"Vamos
cumprir fielmente, sem prejuízo de convites feitos por comissões, mas vamos
cumprir no plenário do Senado Federal, já nos primeiros dias de agosto, a
arguição pública do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto... para
que possa sua excelência demonstrar as razões pelas quais a taxa de juros ainda
está 13,75% no Brasil, considerando todos esses fatores econômicos e
financeiros que nós temos hoje muito propícios para a redução da taxa de
juros", disse ele, na ocasião.
Fonte:
Agencia Estado/Brasil 247/Reuters
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