Nos EUA,
falsificação de prova de vacina pode ser punida com até 20 anos de prisão
A
falsificação de documentos de vacina nos EUA é um crime federal, de acordo com
acadêmicos do direito da saúde.
O
professor de direito Christopher Robertson, da Boston University, afirma que
nos EUA, falsificação é um crime sério, porque considera-se que um falso
registro de saúde mina a confiança das pessoas em todos os registros de
vacinação, e daí todo o sistema pode ficar sob suspeita.
Nesta
quarta-feira, a Polícia Federal fez buscas na casa do ex-presidente Jair
Bolsonaro em Brasília porque há suspeita de fraude nos cartões de vacinação de
Bolsonaro e da filha de 12 anos. A fraude teria ocorrido em 21 de dezembro do
ano passado, pouco antes da família viajar para os EUA. Após ser lançado no
ConecteSUS, é possível gerar um comprovante de imunização. Os dados foram
retirados do sistema em 27 do mesmo mês.
Quando
Jair Bolsonaro e sua família viajaram nos Estados Unidos, em 30 de dezembro de
2022, ele ainda era presidente, e o visto dele permitia a entrada no país mesmo
sem comprovante de vacina.
Laura,
a filha de Bolsonaro, é menor de 18 anos, e portanto também não precisaria
apresentar um comprovante de vacina para entrar nos EUA.
·
Qual seria a pena nos EUA?
Ao g1, o professor de direito Christopher
Robertson, da Boston University, afirmou que o crime de falsificação de prova
de vacina pode ter diferentes circunstâncias nos EUA:
- Se a
certificação falsa foi anexada a um site do governo dos EUA ou enviada por
correio, a lei de fraude implica uma possível pena de 20 anos de prisão.
- Se o cartão
falso foi apresentado a um oficial de imigração dos EUA, o código também
se aplicaria: são proibidas declarações falsas a funcionários do governo
federal e, especificamente, a quem "faz ou usa qualquer escrita ou
documento falso sabendo que contém qualquer declaração ou entrada
materialmente falsa, fictícia ou fraudulenta". Isso é crime e a pena
é de até 5 anos de reclusão.
<<< Pessoas processadas nos EUA
Em
2021 houve alguns casos de pessoas presas por falsificação de registro de
vacina.
Em
julho daquele ano, uma médica do estado da Califórnia foi presa e processada
por promotores federais dos EUA porque ela vendia cartões com falsos
comprovantes da vacina da Moderna. Ela foi processada por fraude pelos
correios.
Em
abril de 2022, a rede de ensino público de Nova York afastou dezenas de
funcionários que haviam apresentado certificados falsos (a rede de ensino
recebeu um alerta da polícia).
Em
janeiro de 2023, um cirurgião plástico do estado de Utah foi processado por
vender certificados falsos de vacina (o médico jogava fora as vacinas; o médico
vendeu certificados falsos equivalentes a quase 2.000 doses de vacina).
Ø
PF
diz que Bolsonaro e Cid tinham 'plena ciência' de fraude no cartão de vacinação
A Polícia Federal relatou, em representação
enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que Jair Bolsonaro e seu
ajudante de ordens, Mauro Cid, tinham "plena ciência" da fraude no
cartão de vacinação do ex-presidente e pessoas de seu entorno.
A
PF investiga suspeita de fraude nos registros de vacina do ex-presidente e da
filha. Segundo as apurações, a informação da vacina teria sido irregularmente
inserida no sistema do governo para viabilizar a entrada do ex-presidente e da
filha nos Estados Unidos.
Mais
cedo, em com autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a PF
realizou busca e apreensão na casa de
Bolsonaro.
Outras pessoas foram alvo de buscas e seis foram presas, entre elas Cid.
"Os
elementos informativos colhidos demonstraram coerência lógica e temporal desde
a inserção dos dados falsos no sistema SI-PNI até a geração dos certificados de
vacinação contra a Covid-19, indicando que Jair Bolsonaro, Mauro César Cid e,
possivelmente, Marcelo Costa Câmara tinham plena ciência de inserção
fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos
até o presente", diz a PF.
Mais
cedo, a jornalistas, Bolsonaro disse que não fraudou o cartão e que não tomou a
vacina.
·
Operação
A
operação foi autorizada por Moraes dentro do inquérito das "milícias
digitais", que já tramita no STF.
A
TV Globo apurou que a fraude nos cartões de vacinação do Bolsonaro e da filha
de 12 anos aconteceu em 21 de dezembro passado, pouco antes de viajarem para os
Estados Unidos (no penúltimo dia de mandato).
Bolsonaro
diz que não tomou vacina. Segundo investigações, o registro foi incluído no
sistema para o ex-presidente poder entrar nos EUA
Após
ser lançado no ConecteSUS, é possível gerar um comprovante de imunização. Os
dados foram retirados do sistema no dia 27 do mesmo mês.
Ø
Conta
de Bolsonaro emitiu certificado de vacinação no ConecteSUS um dia após suposta
fraude, diz PF
A Polícia Federal afirma que certificados de
vacinação contra Covid-19 foram emitidos pelo usuário do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) no aplicativo ConecteSUS. Um dos documentos foi emitido um dia
após a inserção de dados supostamente falsos
no sistema.
Um
outro certificado também foi emitido da conta da filha caçula de Bolsonaro no
aplicativo, no dia 27 de dezembro, em inglês. No dia seguinte, ela embarcou
para os Estados Unidos, para onde o pai seguiu dois dias depois.
As
informações constam no relatório da PF que serve como base
para a investigação sobre
suspeita de fraude em dados de vacinação de
Bolsonaro, da filha, e de assessores do ex-presidente.
Em
operação nesta quarta-feira (3), a corporação prendeu seis pessoas e
cumpriu 16 mandados de busca e apreensão contra suspeitos. O
ex-presidente nega ter participado de fraudes e
alega que não foi vacinado contra Covid.
·
Comprovantes de vacinação
Segundo
as investigações da PF, em 21 de dezembro do ano passado, foram incluídas
informações sobre a aplicação de duas doses da vacina da Pfizer contra Covid-19
no ex-presidente. Após o lançamento no ConecteSUS, é possível gerar um
comprovante de imunização.
Seis
dias depois, em 27 de dezembro às 20h59, os dados foram excluídos do sistema
pela servidora Claudia Helena Acosta Rodrigues Da Silva, sob alegação de
"erro".
O
relatório da PF aponta que, ao todo, quatro certificados de vacinação foram
emitidos pelo usuário associado a Bolsonaro. Dois deles, publicados antes da
exclusão das informações supostamente falsas, e trazem as informações das duas
doses do imunizante da Pfizer.
Os
comprovantes foram emitidos nas seguintes datas:
- 22 de dezembro
de 2022, às 8h
- 27 de dezembro
de 2022, às 14h19
Já
os outros dois certificados foram emitidos após a exclusão das informações.
Eles não trazem mais informações sobre doses da Pfizer, apenas sobre uma vacina
da Janssen, que teria sido aplicada em 2021.
Eles
foram emitidos nas seguintes datas:
- 30 de dezembro
de 2022, às 12h02
- 14 de março de
2023, às 8h15
<<< Conta acessada por assessores
Ainda
de acordo com o relatório da PF, nas datas de 22 e 27 de dezembro do ano
passado, registros indicam que a conta de Bolsonaro no ConecteSUS foi acessada
usando conexão do Palácio do Planalto.
Já
o acesso no dia 30 de dezembro foi feito pelo celular do tenente-coronel Mauro
Cesar Barbosa Cid, que atuava como ajudante de ordens e era considerado braço
direito de Bolsonaro.
Inclusive,
segundo a PF, até o dia 22 de dezembro, o usuário do ex-presidente no sistema
do MS estava associado a um e-mail de Mauro Cid.
Após
a emissão do primeiro certificado, de acordo com a investigação, a conta passou
a ser associada ao e-mail de um outro assessor do ex-presidente, Marcelo Costa
Câmara, que integrou a comitiva de Bolsonaro aos Estados Unidos, entre janeiro
e março deste ano.
"A
alteração cadastral pode ser atribuída ao fato de que Mauro Cesar Cid deixaria
de assessorar o ex-Presidente Jair Bolsonaro a partir de 01 de janeiro de 2023,
passando tal função a ser exercida por outras pessoas, dentre elas, Marcelo
Câmara, que inclusive viajou para a cidade de Orlando em três oportunidades
para acompanhar Jair Bolsonaro", diz o relatório.
A
PF afirma que as evidências apontam que os certificados de vacinação foram
emitidos por pessoas próximas a Bolsonaro, e que "não se evidenciou
qualquer fato suspeito relacionado à utilização indevida do usuário do
ex-Presidente da República, por terceiros não autorizados".
Para
os investigadores, a apuração aponta que Bolsonaro e os assessores "tinham
plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando
inertes em relação a tais fatos até o presente momento".
·
Viagem aos EUA
As
supostas informações falsas sobre a vacinação de Bolsonaro foram inseridas no
Ministério da Saúde pelo secretário municipal de Governo de Duque de Caxias
(RJ), João Carlos de Sousa Brecha, preso na operação desta quarta-feira
(3).
Em
27 de dezembro, os dados foram excluídos pela servidora Claudia Helena Acosta
Rodrigues Da Silva. Ela foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Três
dias após a exclusão das informações, em 30 de dezembro, Bolsonaro viajou aos
Estados Unidos, onde permaneceu até março deste ano.
Nesta
quarta, após a operação, o ex-presidente voltou a negar que tenha sido vacinado
contra a Covid-19. "Não existe adulteração da minha parte, eu não tomei a
vacina", disse a jornalistas
Ø
Ao
autorizar buscas, Moraes determinou também a apreensão do passaporte de
Bolsonaro e demais investigados
Ao autorizar prisões, buscas e
apreensões nesta
quarta-feira (3), na operação que investiga fraude em cartões de vacinação, o
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF) determinou também a apreensão do
passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro e demais
investigados.
A
PF, no entanto, afirma que não apreendeu o passaporte do ex-presidente.
A
PF investiga suspeita de fraude nos registros de vacina do ex-presidente e da
filha. Segundo as apurações, teria sido falsamente inserida a informação de que
Bolsonaro e a jovem se vacinaram para ambos poderem entrar nos Estados Unidos.
Seis
pessoas foram presas na operação deflagrada pela PF, entre elas Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
"[Determino]
A busca e apreensão de armas, munições, computadores, passaporte, tablets, celulares
e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais
relacionados aos fatos aqui descritos, a ser realizada concomitantemente com
diligências policiais previstas no artigo 6º do Código de Processo Penal",
ordenou Moraes.
Fonte:
g1
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