sexta-feira, 5 de maio de 2023

Como é 1ª vacina do mundo contra VSR aprovada nos EUA

A Food and Drug Administration (FDA), a agência regulatória dos Estados Unidos, acaba de aprovar uma vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR) — uma doença que mata milhares de pessoas todos os anos.

O imunizante ainda precisa da chancela dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA antes de chegar ao público.

As autoridades dizem que o produto, batizado de Arexvy e desenvolvido pela farmacêutica GSK, é um grande avanço que salvará muitas vidas.

Ele pode estar disponível para pessoas com mais de 60 anos nos próximos meses, dizem as autoridades americanas.

"A aprovação de hoje da primeira vacina contra o VSR é uma importante conquista de saúde pública para prevenir uma doença que pode ser fatal", disse o médico Peter Marks, que lidera o Centro de Avaliação e Pesquisa Biológica da FDA.

O VSR é uma doença respiratória que geralmente resulta em sintomas semelhantes aos do resfriado em adultos, mas pode ser perigosa para crianças pequenas, idosos e pessoas com problemas de saúde ou sistema imune comprometido.

Em média, o patógeno mata entre 100 e 300 crianças com menos de 5 anos todos os anos nos EUA, de acordo com o CDC.

Um estudo publicado no periódico acadêmico The Lancet calculou que, só em 2019, esse agente infeccioso foi o responsável pela morte de 100 mil crianças em todo o mundo.

Em terras americanas, ele também mata cerca de 6 mil a 10 mil indivíduos com mais de 65 anos e causa entre 60 mil e 120 mil internações hospitalares anualmente.

Em casos graves, a infecção por VSR pode causar bronquiolite, que inclui um acúmulo de inflamação nos pulmões e dificuldade para respirar.

A vacina levou mais de 60 anos para ser produzida e é a primeira a obter aprovação para prevenir e evitar esse vírus em qualquer lugar do mundo.

Um estudo da GSK encontrou uma eficácia da vacina de 82,6% deste imunizante.

Os efeitos colaterais foram em sua maioria "leves ou moderados" e terminaram em dois dias. Os eventos adversos mais comuns descritos nos testes clínicos foram dor ao redor do local da injeção e fadiga.

A Arexvy é feita a partir de uma subunidade proteica, ou um "pedacinho" do VSR. Quando ele é injetado no organismo, gera uma reação do sistema imunológico capaz de proteger contra o patógeno de verdade.

Por ora, a vacina só está indicada nos EUA para indivíduos com mais de 60 anos, mas a GSK declarou que está realizando estudos para conferir se as doses são efetivas e seguras em outros públicos e faixas etárias.

<<< Como identificar o VSR em crianças

  • A infecção pelo VSR geralmente começa com nariz entupido ou escorrendo e pode progredir para tosse seca, febre e, às vezes, problemas respiratórios;
  • Para a maioria das crianças, o quadro será leve e pode ser tratado em casa com remédios que aliviam os sintomas;
  • Procure um médico ou procure orientação de um profisisonal de saúde se seu filho não se alimentar normalmente, respirar rápido demais ou apresentar uma temperatura alta que não baixa de jeito nenhum;
  • Ligue para os serviços de emergência se a criança estiver exausta de tentar respirar — você pode ver os músculos sob as costelas contraindo a cada respiração. Outros sinais de alarme são palidez ou suor em excesso.

 

Ø  Pegar resfriado é mais comum no inverno ou no verão? Por Fidelma Fitzpatrick

 

A maioria de nós associa resfriados e gripes com o clima mais frio. Mas isso não significa que você não pode pegar um resfriado durante o verão.

Alguns vírus são até mais comuns no verão do que no inverno.

O vírus da gripe e o vírus sincicial respiratório (VSR) são mais comuns nos meses de inverno, uma vez que as temperaturas mais frias e a maior permanência em ambientes fechados junto a outras pessoas proporcionam condições favoráveis ​​à sua propagação.

Mas no verão, os enterovírus e o parainfluenza 3 são muito mais comuns, com as infecções por estes vírus tendendo a atingir o pico no verão e no início do outono, quando o clima é mais quente e úmido.

Ambos os vírus provocam sintomas típicos de resfriado, incluindo coriza, baixa de energia, dores musculares, tosse, dor de cabeça e dor de garganta.

O parainfluenza às vezes pode levar à bronquite e pneumonia em pessoas que possuem um sistema imunológico fragilizado.

Embora estes sintomas sejam semelhantes aos de alergias respiratórias, a principal diferença é que as alergias tendem a não causar febre ou dores no corpo — e raramente provocam tosse.

Os resfriados duram de alguns dias a duas semanas, mas, dependendo do que desencadeou a alergia, os sintomas da mesma podem durar todo o verão para algumas pessoas.

Parece estranho que certas infecções virais sejam mais comuns nos meses mais quentes, quando passamos mais tempo ao ar livre.

Mas nos meses mais quentes, também socializamos e viajamos mais — o que significa que estamos nos misturando com um número maior de pessoas, às vezes de diferentes partes do mundo.

Muitos de nós também buscam ambientes fechados com ar-condicionado quando o clima está quente.

Mas a estrutura de um vírus também pode explicar por que alguns se espalham mais facilmente nos meses mais quentes.

Para que um vírus se propague e infecte células saudáveis, ele precisa sobreviver tanto fora quanto dentro do corpo — e também precisa usar o maquinário das células humanas (como seu DNA) para criar cópias de si mesmo.

Os vírus são envoltos por um "revestimento" de proteína, chamado capsídeo, que não apenas dá forma ao vírus, como também protege seu material genético interno.

O capsídeo também ajuda o vírus a se ligar às células humanas para causar infecções.

·         Diferenças estruturais

Alguns vírus (chamados de "vírus envelopados") também são envoltos por um envelope lipídico (ácido graxo).

Este envelope viral ajuda o vírus a evitar ser destruído pelo sistema imunológico. E também desempenha um papel na interação com células humanas para causar infecção.

Muitos vírus "de inverno" (incluindo influenza e RSV) são vírus envelopados. Os vírus envelopados tendem a ser mais vulneráveis ​​ao calor e à secura do que os vírus que não possuem envelopes.

Esta é uma das razões pelas quais se acredita que os vírus do resfriado de inverno sobrevivem melhor no ambiente mais frio da estação.

Enquanto alguns vírus causadores de resfriados de verão (como os enterovírus) não possuem envelope, outros (parainfluenza 3) têm envelope.

Na verdade, o vírus parainfluenza 3 é mais comum quando as temperaturas são altas e a umidade é baixa (embora possa sobreviver em diferentes umidades).

Isso sugere que outras partes da estrutura de um vírus, além do envelope, podem desempenhar algum papel sobre em que condições ele pode sobreviver e se espalhar melhor — mas são necessárias mais pesquisas para entender melhor isso.

A interação entre a temperatura e a resposta imune a um vírus também pode exercer um papel nisso.

Um estudo mostrou que camundongos expostos a temperaturas de 36°C apresentam uma resposta imune reduzida contra o vírus da gripe.

No entanto, mais pesquisas são necessárias para confirmar esta descoberta em humanos.

·         Resposta imune

Muita gente relatou ter tido resfriado de verão neste ano, deixando muitos se perguntando por que isso aconteceu — e se a pandemia de covid-19 desempenhou um papel nisso.

A imunidade ao vírus do resfriado comum é de curta duração. Assim, a cada estação, quando somos expostos a novas variantes, nosso sistema imunológico precisa se adaptar.

Mas durante a pandemia de covid-19, várias medidas — como lockdown, distanciamento e uso de máscaras — limitaram a exposição que muita gente teve a estes vírus.

Quando voltamos a nos reunir após o lockdown, os vírus do resfriado começaram a circular, mas nossa imunidade não havia sido reforçada pela exposição a estes vírus no ano anterior.

Embora a previsibilidade dos vírus sazonais tenha mudado desde o surgimento da covid-19, os aumentos nos resfriados de verão observados neste ano provavelmente se devem ao fato de estarmos viajando mais, de haver mais interação social, menos uso de máscara e distanciamento e menos exposição a vírus respiratórios no ano anterior.

Neste ano, muitas partes do mundo também registraram temperaturas extremamente altas e uma série de ondas de calor.

Estas flutuações de temperatura e umidade podem ter desempenhado um papel na transmissão do vírus do resfriado comum neste ano.

Estes fatores também vão se tornar ainda mais relevantes no futuro — e podem até mudar a época do ano em que vemos certos vírus.

As mudanças climáticas podem piorar ainda mais a propagação dos vírus no futuro.

Como não há vacina para resfriados de verão, a melhor coisa que você pode fazer para evitar pegar é ficar longe de pessoas doentes (se possível), lavar as mãos e evitar tocar o rosto.

Se você der o azar de pegar, o conselho para se recuperar é o mesmo de um resfriado de inverno: tome muito líquido, descanse bastante e coma alimentos nutritivos.

Para proteger os outros, também é recomendado cobrir o nariz e a boca com a parte interna do cotovelo ou usar lenço de papel ao tossir ou espirrar.

Também pode valer a pena pensar em como você pode se proteger de ficar doente à medida que as temperaturas esfriam nos próximos meses (no hemisfério norte).

A vacina contra a gripe é recomendada todo inverno para certas pessoas, por isso é aconselhável verificar se você deve tomar a vacina contra a gripe neste ano.

Neste ano, a gripe foi particularmente ruim para a Austrália, e as previsões sugerem que será o mesmo cenário para muitas partes do mundo no inverno.

 

Fonte: BBC News/The Conversation

 

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